contabilidade exigida pela legislação.
Pena: reclusão de 1 (um) a 5 (cinco) anos e multa.
- artigo 2º da Lei dos Crimes Tributários (Lei 8.137/90): Artigo 2º: Constitui crime da mesma natureza (tributária):
Inciso V – utilizar ou divulgar programa de processamento de dados
que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Pena: detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
- previsão expressa do crime de caixa dois na legislação eleitoral: não existe;
- o caixa dois pode ser enquadrado perfeitamente como infração eleitoral não criminal do artigo 30-A da Lei das Eleições (Lei 9.504/97);
- a prática de caixa dois pode caracterizar captação ilícita de sufrágio247 e também abuso de poder econômico248;
- havendo solicitação de vantagem por agente público (para si ou para outrem) a conduta pode caracterizar o crime de corrupção passiva (artigo 317 do Código Penal Brasileiro);
245 Trata-se da situação em que o corruptor passivo possui pouca escolaridade e pouco conhecimento – pessoa simples (neste caso o Ministério Público pode optar por não denunciar o réu).
246
De forma mais técnica, caixa dois é a movimentação financeira sem registro de escrituração contábil. 247 Artigo 30-A da Lei das Eleições (Lei 9.504/97).
248
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- a conduta ainda pode, do ponto de vista eleitoral criminal, se amoldar ao artigo 350 do Código Eleitoral;
Art. 350249. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dêle devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais:
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se
o documento é público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular.
Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é funcionário
público e comete o crime prevalecendo-se do cargo ou se a falsificação ou alteração é de assentamentos de registro civil, a pena é agravada.
- projeto de lei de tipificação específica: busca criminalizar especificamente a prática de caixa dois criando o artigo 350-A do Código Eleitoral;
- crime de publicação e impulsionamento ilegal de conteúdo250: - trata-se de tipo penal novo trazido pela Lei 13.488/2017;
- é crime no dia da eleição (artigo 39, §5º da Lei 9.504/97) a conduta de publicar novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas aplicações de internet de que trata o artigo 57-B da Lei das Eleições;
- excludente de ilicitude manutenção em funcionamento das aplicações e dos conteúdos publicados anteriormente;
Art. 39. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou
eleitoral, em recinto aberto ou fechado, não depende de licença da polícia.
§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de
seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:
IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de
conteúdos nas aplicações de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser mantidos em funcionamento as aplicações e os conteúdos publicados anteriormente.
- artigo 354-A do Código Eleitoral:
- traz o crime de apropriação indébita de recursos de financiamento de
campanha eleitoral;
249 Crime de falsidade ideológica eleitoral.
250 Como usuário de rede e de forma bastante simples, defino impulsionamento de conteúdo como contratação da plataforma virtual para aumentar a exposição de determinado conteúdo produzido pelo usuário patrocinador, levando ao feed de pessoas que normalmente não receberiam aquela publicação caso não houvesse o citado impulsionamento. Exemplo bem claro desta técnica são os post´s PATROCINADOS do Instagram.
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- trata-se de novidade trazida pela Lei 13.488/2017;
Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o administrador financeiro da campanha,
ou quem de fato exerça essa função, de bens, recursos ou valores destinados ao financiamento eleitoral, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
- a conduta pune a apropriação de dinheiro público que deve ser utilizado para o financiamento de campanha – com a novidade do financiamento público de campanha surgiu a necessidade de tal tipo penal;
- artigo 326-A do Código Eleitoral:
- traz o crime de denunciação caluniosa qualificada ou denunciação
caluniosa com finalidade eleitoral;
- trata-se de novidade trazida pela Lei 13.834/2019;
Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial,
de investigação administrativa, de inquérito civil ou ação de improbidade administrativa, atribuindo a alguém a prática de crime ou ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade eleitoral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve do anonimato ou
de nome suposto.
§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.
§ 3º (VETADO – VETO DERRUBADO – REPUBLICADO EM 11.11.2019) Incorrerá nas
mesmas penas deste artigo quem, comprovadamente ciente da inocência do denunciado e com finalidade eleitoral, divulga ou propala, por qualquer meio ou forma, o ato ou fato que lhe foi falsamente atribuído.
- o §3º traz a punição para a propagação de fake news (somente punido no caso de denunciação caluniosa antecedente);
- elemento subjetivo do tipo: dolo direto – o autor deve dar causa ao procedimento sabendo inocente o caluniado (não se pune o dolo eventual);
- é importante frisar que é exigido também o elemento subjetivo especial (dolo específico) de finalidade eleitoral; - consumação: o delito se consuma quando a autoridade dá início ao procedimento;
- tentativa: possível (em tese) nos casos em que o autor esgota os meus de execução mas o procedimento não se inicia por circunstâncias alheias a sua vontade (exemplo: diligência da autoridade);
- conflito aparente de normas com a calúnia eleitoral: o conflito é apenas aparente, visto que na calúnia se exige que o fato seja divulgado na propaganda eleitoral ou com finalidade de propaganda eleitoral;
- o tipo penal é muito parecido com a denunciação caluniosa do artigo 339 do Código Penal Brasileiro – a introdução do tipo penal eleitoral específico
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pela Lei 13.834/2019 atraiu a competência da Justiça Eleitoral para julgamento do feito251;
- ademais o tipo penal é muito parecido com o artigo 324, §1º do Código Eleitoral (calúnia eleitoral – analisada abaixo);
- tratamento da fake news eleitoral:
- conforme já mencionado, para configuração de crime eleitoral é necessário o preenchimento de dois requisitos simultâneos: previsão expressa na legislação eleitoral + finalidade eleitoral;
- a divulgação de notícias falsas pode vir a configurar vários crimes eleitorais diversos:
- calúnia eleitoral artigo 324 do Código Eleitoral;
Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou
visando fins de propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e pagamento
de 10 a 40 dias-multa.
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a
imputação, a propala ou divulga.
- para a tipificação da calúnia eleitoral é necessário o cometimento na propaganda eleitoral ou visando fins de propaganda;
- a divulgação de fake news normalmente é realizada por redes sociais e não possui um tipo penal específico no ordenamento jurídico – há alguns projetos de lei em trâmite no Congresso Nacional buscando criminalizar especificamente a prática da conduta;
- atualmente a divulgação de notícias sabidamente falsas tem normalmente a seguinte consequência penal:
- notícias falsas sem cunho eleitoral crime contra a honra do Código Penal;
- notícias falsas com cunho eleitoral crime contra a honra do Código Eleitoral;
- crime de falsidade na propaganda eleitoral:
Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inveridicos, em
relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado:
Pena - detenção de dois meses a um ano, ou pagamento de 120 a
150 dias-multa.
Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela
imprensa, rádio ou televisão.
251 A consequência prática foi determinar a Justiça Eleitoral como competente para julgamento da conduta – os processos em trâmites (não findos) devem ser encaminhados à Justiça Eleitoral.
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- neste caso a intenção não é caluniar (imputar um crime) a uma pessoa em específico (nem mesmo um fato), mas apenas há divulgação de um fato que se sabe falso;
- crime de difamação na propaganda eleitoral:
Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins
de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção de três meses a um ano, e pagamento de 5 a 30 dias-
multa.
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se ofendido
é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
- neste caso há imputação de um fato ofensivo a alguém – fato este que não constitui crime (se constituísse trataria de calúnia eleitoral);
- crime de injúria na propaganda eleitoral:
Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins
de propaganda, ofendendo-lhe a dignidade ou o decôro:
Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa. § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a
injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua
natureza ou meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 20 dias-
multa, além das penas correspondentes à violência prevista no Código Penal.
- neste tipo penal há ofensa à dignidade ou decoro de alguém na propaganda eleitoral – não se imputa um fato definido como crime nem um fato certo ofensivo à reputação;
- a divulgação de fake news ainda pode acarretar a incidência do crime previsto no §1º do artigo 57-H da Lei eleitoral (Lei 9.504/97):
Art. 57-H. Sem prejuízo das demais sanções legais cabíveis, será
punido, com multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), quem realizar propaganda eleitoral na internet, atribuindo indevidamente sua autoria a terceiro, inclusive a candidato, partido ou coligação. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
§ 1o Constitui crime a contratação direta ou indireta de grupo de pessoas com a finalidade específica de emitir mensagens ou comentários na internet para ofender a honra ou denegrir a imagem de candidato, partido ou coligação, punível com detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a R$
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§ 2o Igualmente incorrem em crime, punível com detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, com alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), as pessoas contratadas na forma do § 1o.
- o tipo penal requer a contratação (direta ou indireta) – não havendo contratação252 não pode ser tipificado tal delito; - o artigo 243, inciso IX do Código Eleitoral (combinado com o §1º do mesmo artigo) traz hipótese de conduta vedada (que abarca as fake news) e que não constitui crime:
Art. 243. Não será tolerada propaganda:
IX - que caluniar, difamar ou injuriar quaisquer pessoas, bem como
órgãos ou entidades que exerçam autoridade pública;
§ 1º O ofendido por calúnia, difamação ou injúria, sem prejuízo e
independentemente da ação penal competente, poderá demandar, no Juízo Civil a reparação do dano moral respondendo por êste o ofensor e, solidariamente, o partido político dêste, quando responsável por ação ou omissão a quem que favorecido pelo crime, haja de qualquer modo contribuído para êle.
- neste caso o ofendido se valerá do processo de propaganda vedada – buscando cessar a propaganda feita de forma irregular (sem prejuízo das sanções civis – como ação de indenização);
- o artigo 33 da Resolução 23.551/2017 traz a regra de que “a atuação da Justiça Eleitoral em relação a conteúdos divulgados na internet deve ser realizada com a menor interferência possível no debate democrático”;
PARTIDOS POLÍTICOS