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PROCESSO PENAL ELEITORAL  Noções essenciais:

- crime eleitoral:

- para um crime ser considerado eleitoral ele deve preencher dois requisitos simultâneos:

- previsão na legislação eleitoral; - finalidade eleitoral219;

- pena mínima:

- quando o Código Eleitoral não indicar o mínimo de pena, será ela de220: - crime punido com detenção  15 dias;

- crime punido com reclusão  1 ano; - natureza da ação penal: ação penal pública incondicionada;

215 A competência é do STJ.

216 Neste caso, em tese, caberia recurso especial. 217

Neste caso, em tese, caberia recurso ordinário. 218

Recurso extemporâneo.

219 Produção de consequência dentro do processo eleitoral. 220

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- os crimes contra a honra no Código Eleitoral não seguem a regra do Código Penal e são de ação penal pública incondicionada;

- recursos: em regra vão para o Tribunal Regional Eleitoral;

- recursos das decisões processuais penais do TRE vão para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE);

- institutos despenalizadores: é possível a aplicação da transação penal (artigo 76 da Lei 9.099/95) e da suspensão condicional do processo (artigo 89 da Lei 9.099/95); - pena de multa:

- fixação em dias-multa: - mínimo  1 dia; - máximo  300 dias;

- conexão: nos termos do artigo 35, inciso II do Código Eleitoral compete aos juízes eleitorais processar a julgar os crimes eleitoras e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência originária do Tribunal Superior Eleitoral e Tribunais Regionais Eleitorais;

- a conexão é tratada no artigo 76 do Código de Processo Penal; - o STF entendeu pela constitucionalidade da regra221;

- caixa dois eleitoral: na falta de tipo penal próprio, é aplicado o artigo 350 do Código Eleitoral (falsidade ideológica eleitoral);

- o STF222 confirmou a jurisprudência no sentido de que, não havendo uma tipificação específica, deve ser aplicado o artigo 350 do Código Eleitoral ao crime de caixa dois eleitoral;

 Competência da Justiça Penal Eleitoral:

- não recepção do artigo 22 do Código Eleitoral: tal artigo (que trata da competência do TSE) não foi recepcionado pela CRFB/88;

- deve ser aplicada a regra da CRFB/88:

- crime eleitoral cometido por Ministro do TSE  julgado pelo STF;

221 Considerando que a competência da Justiça Federal também é constitucional, creio que a aplicação irrestrita do artigo 35, inciso II do Código Eleitoral desconsidera a fixação constitucional de competências e faz que uma legislação ordinária se sobreponha ao espírito constitucional. Esta posição é crítica e não é adotada pelo STF – que entendeu pela constitucionalidade e aplicabilidade da regra de conexão presente no Código Eleitoral. O tema foi decidido de forma “apertada” no STF. A apostila de Processo Penal trata do tema de forma crítica e mais detalhada.

222 Na ocasião houveram 6 (seis) votos favoráveis a esta interpretação do artigo 35, inciso II do Código Eleitoral e 5 (cinco) votos desfavoráveis, entendendo correto a cisão da competência entre a Justiça Federal Comum e a Justiça Eleitoral. A decisão se os crimes conexos ao de caixa dois eleitoral devessem ser julgados na Justiça Federal foi tomada de forma apertada – mantendo a jurisprudência do STF por um placar apertado.

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- crime eleitoral cometido por desembargador/juiz do TRE  julgado pelo STJ;

- crime eleitoral cometido por juiz eleitoral  julgado pelo TRE223;

- competência para julgamento do Presidente da República, Vice-Presidente, Deputados Federais e Senadores: compete ao STF julgar tais autoridades;

- não se trata de competência do Tribunal Superior Eleitoral;

- deve ser aplicado o artigo 102, inciso I, alínea b da CRFB/88 – competência absoluta prevista na Carta Constitucional;

- competência para julgamento dos Deputados Estaduais: a aplicação conjunta dos artigos 96, inciso III da CRFB/88 e do artigo 29, inciso I do Código Eleitoral traz a regra de que todas as autoridades que tenham foro por prerrogativa de função no Tribunal de Justiça do Estado sejam julgadas no Tribunal Regional Eleitoral quando praticarem crimes eleitorais;

- competência para julgamento dos Governadores de Estado: aplicável a “alínea a” do incido I do artigo 105 da CRFB/88 que atribui a competência ao Superior Tribunal de Justiça (STJ);

- competência para julgamento do Vice-Governador: tal autoridade não se encontra presente no artigo 105, inciso I, alínea a da CRFB/88;

- havendo previsão por foro de prerrogativa aos Tribunais de Justiça nas Constituições Estaduais (para crimes comuns) ele será julgado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE);

- não havendo foro por prerrogativa de função na Constituição do Estado ele será julgado pelo juiz eleitoral;

- competência para julgamento de prefeitos: deve ser aplicado o princípio da simetria com o Tribunal de Justiça no foro por prerrogativa de função;

- julgamento a ser realizado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE);

- competência para julgamento de vereadores: não há foro por prerrogativa de função aos vereadores na Justiça Eleitoral;

- o vereador é julgado pelo juiz eleitoral de 1º grau quando cometer crime eleitoral – mesmo nos casos em que haja na Constituição Estadual foro por prerrogativa de função para vereadores224;

- creio que o atual entendimento do STF seja pela inconstitucionalidade do foro de prerrogativa de função para vereadores – estabelecido na Constituição do Estado do Rio de Janeiro (a Corte Suprema cada vez mais

223

Aplicação do artigo 29, inciso I, alínea d do Código Eleitoral combinada com o artigo 96, inciso III da CRFB/88.

224 A regra de prerrogativa de foro para vereadores na Justiça Comum já foi aceita pela STF como constitucional (neste sentido: STF, RE 464.935).

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tem restringido o âmbito de incidência do foro por prerrogativa de função)225;

- competência para execução da pena eleitoral:

- o STJ entendeu na Súmula 192 pela competência do Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual;

- Polícia Judiciária Eleitoral: cabe a Polícia Federal, por ser polícia judiciária da União, exercer o papel de polícia judiciária nas matérias eleitorais;

- artigo 144, §4º da CRFB/88  traz regra de exclusão expressa da atividade de polícia judiciária da União das Polícias Civis Estaduais;

- Resolução 23.936/13 do TSE  cabe à Polícia Federal o exercício, com prioridade, da função de polícia judiciária em matéria eleitoral;

- ausência de Polícia Federal no local da infração = atuação supletiva da Polícia Civil Estadual;

- segundo o TSE “o fato de a Polícia Civil haver feito o auto de prisão, em vez da Polícia Federal, não constitui ilicitude”;

- investigação dos crimes eleitorais:

- regra do Código Eleitoral226 = todo crime deve ser comunicado previamente ao juiz (até mesmo os boletins de ocorrência devem ser encaminhados pela autoridade policial ao magistrado);

- Resolução 23.424/14 do TSE  o inquérito policial somente será instaurado mediante requisição do Ministério Público Eleitoral ou determinação da Justiça Eleitoral, salvo a hipótese de prisão em flagrante;

- o delegado de polícia não pode instaurar inquérito policial de ofício (salvo os casos de flagrante delito);

- prazo para conclusão do inquérito:

- investigado preso  10 dias227; - investigado solto  30 dias;

- aplicação subsidiária das demais normas processuais que tratam do inquérito policial;

- notícia de crime eleitoral:

- todo cidadão que tiver conhecimento da existência de crime eleitoral deve comunicar ao juiz eleitoral da zona onde o crime ocorreu;

- a comunicação verbal deve ser reduzida a termo pela autoridade judicial;

225

No sentido do defendido pelo autor da presente apostila: LINK. 226

Artigos 356 e 357, §5º do Código Eleitoral.

227 Atualmente o Pacote Anticrime prevê a prorrogação (realizada pelo juiz das garantias) por mais 15 (quinze) dias no caso de indiciado preso.

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- caso o Ministério Público julgue necessário maiores esclarecimentos e documentos complementares (ou outros elementos informativos) deverá requisitá-los diretamente de qualquer autoridade ou funcionário que possa fornecê-lo228;

- a Resolução do TSE permite a requisição de instauração de inquérito por parte do magistrado: tal norma me parece flagrantemente contrário ao sistema acusatório (esta providência deve, em um sistema acusatório, ser tomada pelo Ministério Público – não pelo magistrado229);

- a regra do juiz das garantias (aplicáveis ao processo penal comum) deve ser aplicada no processo penal eleitoral230;

- ação penal eleitoral:

- deve observar os procedimentos previstos no Código Eleitoral, com a aplicação obrigatória dos artigos 395, 396, 396-A, 397 e 400 do Código de Processo Penal;

- institutos aplicáveis ao processo eleitoral: rejeição liminar da denúncia + defesa prévia 231 + absolvição sumária + interrogatório ao final da instrução;

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta;

II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da

ação penal; ou

III - faltar justa causa para o exercício da ação penal;

Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a

denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la- á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa

começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.

Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e

alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.

§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.

228 Pode o Ministério Público requisitar a instauração de inquérito policial para apurar o fato. 229

O mais recomendável (na minha opinião) é que o juiz das garantias receba a notícia do crime e encaminhe ao Ministério Público Eleitoral para tomada das medidas procedimentais cabíveis – inclusive eventual requisição de instauração de inquérito policial.

230

Interessante verificar a situação do julgamento do STF no que tange ao juiz das garantias – inicialmente a regra estava suspensa pelo Ministro Dias Toffoli – e posteriormente pelo presidente do STF Ministro Luiz Fux.

231

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§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.

Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:

I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do

agente, salvo inimputabilidade;

III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente.

Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no

prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.

§ 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

§ 2o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes.

- após a fase acima mencionada aplicar-se-ão os artigos 359 e seguintes do Código Eleitoral;

- procedimento na ação penal:

- oferecimento da denúncia pelo Ministério Público (em dez dias232);

- em caso de pedido de arquivamento não se aplica o artigo 28 do Código de Processo Penal233 - deve haver remessa à Câmara de Coordenação e Revisão234;

- segundo a redação do Pacote Anticrime deve o arquivamento ser promovido pelo Ministério Público com o posterior encaminhamento à Câmara

232 Em caso de indiciado preso há entendimento doutrinário de que deve ser aplicado o prazo de 5 (cinco) dias previsto na legislação processual penal comum – e não o prazo de 10 (dez) dias previsto para o processo eleitoral. O professor Marcos Ramayana entende que a opção do Código Eleitoral foi estabelecer o prazo de 10 (dez) dias para ambos os casos (posição minoritária).

233

Redação originária – antes do Pacto Anticrime. 234

Atualmente deve ainda ser levada em conta a regra trazida pelo Pacote Anticrime no trato do

arquivamento ministerial – o Poder Judiciário não mais analisa arquivamento (que passou a ser

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de Coordenação e Revisão (sem participação do Poder Judiciário);

- é cabível ação penal privada subsidiária da pública em caso de inércia do órgão ministerial;

- benefícios processuais: são aplicáveis os benefícios das leis 9.099/95 e 10.259/01 (transação penal + suspensão condicional do processo);

- rejeição da denúncia: cabível recurso em sentido estrito235 ou apelação criminal eleitoral236 (sentença terminativa de mérito);

- a jurisprudência ora entende pelo cabimento de um dos recursos acima especificados, ora entende pelo cabimento do outro;

- recebimento da denúncia: com o prosseguimento da ação penal237;

- número de testemunhas: segue a regra do Código de Processo Penal;

- rito ordinário: 8 (oito) testemunhas; - rito sumário: 5 (cinco) testemunhas; - apelação criminal eleitoral:

- embora o Código Eleitoral utilize o termo genérico “recurso”, o mecanismo de impugnação previsto no artigo 362 do referido código é chamado pela doutrina de Apelação Criminal Eleitoral;

Art. 362. Das decisões finais de condenação ou absolvição cabe

recurso para o Tribunal Regional, a ser interposto no prazo de 10 (dez) dias.

- prazo: 10 (dez) dias;

- oferecimento de razões: deve ocorrer conjuntamente à petição de interposição;

- efeito devolutivo amplo (total e absoluto) – devolve ao Tribunal toda a questão jurídica debatida no processo;

- efeito suspensivo: por aplicação do artigo 597 do Código de Processo Penal tal recurso deve ser recebido no efeito suspensivo;

- há quem entenda que tal efeito deve ser expressamente determinado pelo juiz (que receber a apelação) ou conferido pelo Tribunal Regional Eleitoral;

235 Com fundamento nas regras do Código de Processo Penal. O prazo é de 5 (cinco) dias – nos termos do CPP – ou de 3 (três) dias – se aplicada a regra geral do Código Eleitoral. O tema é polêmico.

236

Fundamento: artigo 362 do Código Eleitoral. O prazo é de 10 (dez) dias.

237 A decisão é irrecorrível. É cabível, no máximo, habeas corpus em casos teratológicos (que preveem pena privativa de liberdade).

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CRIMES ELEITORAIS