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2.2 Gerenciamento ambiental em estabelecimentos de saúde

2.2.3 Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde

2.2.3.1 Critérios associados ao gerenciamento dos RSS

Entre os critérios relacionados ao gerenciamento ambiental dos ES, que devem ser abordados e avaliados pelo PGRSS, estão associados ao abastecimento de água, efluentes líquidos, efluentes gasosos e aos resíduos sólidos.

O abastecimento de água é um dos itens tratados no PGRSS, pois a água é essencial para o bom funcionamento de um estabelecimento de saúde e é utilizada em todos os setores de um ES. Conforme este Plano, a água utilizada pelos ES deve ter qualidade compatível ao seu uso, obedecendo a um tratamento que segue a parâmetros estabelecidos em legislação.

Há riscos relacionados à água utilizada, os quais estão relacionados à ingestão de água contaminada por agentes biológicos e os derivados de poluentes, dispostos nos esgotos industriais ou causados por acidentes ambientais.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que 80% de todas as doenças existentes no mundo estão associadas à má qualidade da água. No Brasil existem aproximadamente 5,5 milhões de casos de esquistossomose e, 30% das mortes de crianças com menos de 1 ano de idade, são por desidratação causada por diarréia e, no mundo, 10 milhões de pessoas morrem todo ano por doenças com veiculação hídrica (BRASIL, 2002).

No Brasil a água utilizada deve satisfazer os critérios definidos pela Resolução nº 20/86 do CONAMA e o ES deve possuir os laudos que atestem a qualidade da água utilizada. As informações sobre o tratamento utilizado para potabilizar a água pelas empresas terceirizadas, devem ser fornecidas aos estabelecimentos que a utilizarem.

Um dos pontos mais importantes no tratamento da água, abordado pelo PGRSS, é a desinfecção dos reservatórios. Assim, com a utilização de técnicas de desinfecção, com base nos parâmetros legais, é possível manter a qualidade da água armazenada nos reservatórios.

Quanto aos efluentes líquidos, eles podem tornar-se um fator potencialmente poluente e causar problemas ambientais e de saúde pública, caso não sejam devidamente tratados. A água, após seu uso se tornará um efluente líquido, um esgoto sanitário que transporta outros resíduos, tais como: fezes, urina, sabões, detergentes, gorduras, partículas de alimentos e outros componentes.

Conforme Brasil (2002), “tratar o esgoto significa adequar os efluentes líquidos ao corpo receptor”. Desta forma, é necessário verificar os líquidos liberados nas estações de tratamento, se eles podem influenciar o meio ambiente.

Os efluentes são regulados por normas ambientais municipais, estaduais ou do Distrito Federal que estabelecem parâmetros para análise dos mesmos antes destes serem lançados na rede de esgoto público e nos locais onde não exista rede de esgoto, faz-se necessário o tratamento antes do seu lançamento no corpo receptor.

Outro critério a ser abordado são os efluentes gasosos, que podem ser gerados de várias origens, tais como os provenientes da queima de combustíveis do tipo lenha, óleo ou gás; de gases/vapores utilizados como anestésicos, ou desinfetantes e gases oriundos do processo de incineração, entre outros (PRÜSS, 1999).

A legislação brasileira estabelece padrões para alguns efluentes, estabelecendo um limite de concentração máxima no ambiente de trabalho e através da Resolução nº 3/90, CONAMA, apresenta os padrões nacionais de qualidade do ar.

Dentre os critérios abordados no PGRSS, o mais amplo é referente aos resíduos sólidos. A NBR 10004/2004 – Classificação de Resíduos Sólidos define resíduo sólido como:

resíduo, nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídas nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível. Os resíduos sólidos podem ser classificados de várias formas. De acordo com IPT/Cempre (2000), eles podem ser classificados por:

• natureza física: seco ou molhado;

• composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica;

• riscos potenciais ao meio ambiente; e

Porém, existem outras classificações adotadas por normas e resoluções que classificam os resíduos sólidos em função dos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde, como também, em função da natureza e origem.

Com relação aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública a NBR 10004/2004 classifica os resíduos sólidos em duas classes: classe I e classe II.

Nela os resíduos classe I, denominados como perigosos, são aqueles que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou biológicas, podem apresentar riscos à saúde e ao meio ambiente. Eles se caracterizam por apresentarem uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenecidade.

Os resíduos classe II, denominados não perigosos, são subdivididos em duas classes: classe II-A e classe II-B.

Os resíduos classe II-A - não inertes, podem ter as seguintes propriedades: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água e os resíduos classe II-B – inertes, não apresentam nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, com exceção dos aspectos cor, turbidez, dureza e sabor.

Ainda quanto à classificação em relação à origem e natureza, os resíduos sólidos são classificados em: domiciliar, comercial, varrição e feiras livres, serviços de saúde, portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários, industriais, agrícolas e resíduos de construção civil. Já com relação à responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos sólidos pode-se agrupá-los em dois grandes grupos: o primeiro refere-se aos resíduos sólidos urbanos, compreendido pelos: resíduos domésticos ou residenciais; resíduos comerciais; resíduos públicos e o segundo grupo, dos resíduos de fontes especiais, que abrangem os resíduos industriais; resíduos da construção civil; rejeitos radioativos; resíduos de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários; resíduos agrícolas e resíduos de serviços de saúde.