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4 ELABORAÇÃO DA MEDIDA DE DESEMPENHO AMBIENTAL DOS ES,

4.1 Sistematização da MDAES

4.1.1 Procedimento teórico

4.1.1.2 Elaboração do instrumento

Esta etapa já havia sido realizada anteriormente, para o projeto “Saúde Ambiental e Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde”, financiado pelo Ministério da Saúde, através do Reforsus, e aplicado no de 2002. O instrumento de pesquisa sobre o gerenciamento dos RSS (questionário) foi desenvolvido por profissionais da área ambiental, numa parceria entre a Universidade Federal de Santa Catarina e a Fundação Getúlio Vargas, para o Diagnóstico Preliminar dos ES. Desta forma, utilizando-se dos dados coletados nesta pesquisa elaborou-se a Escala de Desempenho Ambiental dos ES, quanto ao gerenciamento dos RSS.

Nesta pesquisa são identificados três procedimentos básicos: definições, operacionalização e análise dos itens, conforme a seguir:

a) Definições

Considerando o pressuposto de se estar medindo apenas um construto (unidimensionalidade), definido como desempenho ambiental quanto ao

gerenciamento dos RSS nos ES, estabeleceu-se para este trabalho o construto e a sua decomposição em critérios, conforme as definições encontradas nas Resoluções RDC 306/2004 da ANVISA e Resolução 358/2005 do CONAMA. Estas resoluções tratam do gerenciamento dos RSS, no campo da teoria, definindo normas para seu gerenciamento. Neste sentido é o melhor referencial para incrementar o desempenho ambiental quanto ao gerenciamento dos RSS. Os pontos principais sobre esse gerenciamento são apontados no capítulo 2 deste trabalho.

b) Operacionalização

Como o instrumento de pesquisa já estava elaborado (utilizado na capacitação “Saúde Ambiental e Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde”), optou-se por analisar-se as fontes de itens utilizadas. Observou-se que a sua construção foi baseada na literatura específica sobre o gerenciamento de RSS; em entrevista, realizada com profissionais ligados a área, principalmente com profissionais do Hospital Universitário (HU), da Universidade Federal de Santa Catarina.

Na construção dos itens, notou-se que o instrumento foi elaborado observando-se alguns critérios como: simplicidade, pois cada item expressa uma única idéia; clareza, primando pela compreensão das frases; relevância, com perguntas relevantes para a análise do traço latente; variedade, pois os itens foram construídos de forma a oferecer respostas favoráveis e desfavoráveis; tipicidade, com frases que utilizam termos referentes ao construto; credibilidade, apresentando itens bem formulados com itens de fácil entendimento, conduzindo ao respeito do respondente.

O instrumento utilizado possui 87 itens (Anexo A) para cobrir a extensão do traço latente a ser mensurado, bem superior ao número sugerido pelos psicometristas, que gira em torno de 20 itens. A maior quantidade de itens se justifica pelas características e abrangência do traço latente a ser mensurado.

Ao analisar os itens do instrumento de pesquisa verificou-se que os itens 82 e 83, assim como os itens 84 e 85, poderiam não refletir o desempenho do ES, pois os mesmos davam margem à dupla interpretação. Desta forma, optou-se por recodificá- los, a fim de se evitar distorções na análise.

Na questão 83, caso o ES esteja implantando um PGRSS, a questão 82 não deverá possuir uma resposta “Não” (não possui um PGRSS). Na análise dos dados, identificou-se os ES que preencheram incorretamente as respostas desta questão e as mesmas foram recodificadas para “Sim”. O mesmo ocorreu com as perguntas 85 e 86, quanto à implementação de algum programa de qualidade, procedendo-se da mesma forma que nas perguntas 82 e 83.

c) Análise dos itens

Esta atividade consiste em medir o quanto os itens representam adequadamente o traço latente. O instrumento utilizado fez uso de procedimentos de análise semântica dos itens, ou validação semântica; e análise dos juízes, ou validação dos juízes, pois ele foi submetido à apreciação de especialistas de alguns ES de Florianópolis, antes de ser aplicado à amostra. Primeiramente, os responsáveis pelo preenchimento destes estabelecimentos foram chamados para uma explicação sobre o instrumento e após foi permitido que todos os participantes colocassem suas observações sobre o instrumento. Neste sentido, foi possível corrigir algumas falhas na compreensão dos itens. Além disto, o instrumento foi submetido a pesquisadores da área, para a análise do conteúdo. Participaram desta análise cinco pesquisadores ambientais, sendo dois mestrandos e três doutores. Além destes, participou deste procedimento um funcionário do Ministério da Saúde, especialista em resíduos de serviços de saúde. Todos fizeram suas considerações sobre o instrumento, melhorando seus itens.

4.1.2 Procedimentos experimentais

Esta fase contempla duas etapas: planejamento da aplicação e aplicação. Com base nos dados do Projeto “Saúde Ambiental e Gestão de Resíduos”, a amostra utilizada na aplicação foi de 495 estabelecimentos de saúde. Estes não foram separados em especialidades. Estão contemplados hospitais, laboratórios estaduais de saúde pública, unidades integrantes da rede hemoterápica e postos de saúde. O instrumento foi aplicado em 728 ES, sendo que 495 responderam o mesmo. O instrumento foi enviado aos profissionais responsáveis pela área de gerenciamento de RSS das instituições.

O percentual de estabelecimentos de saúde, por estado, inscritos no Projeto “Saúde Ambiental e Gestão de Resíduos” e que receberam o instrumento de pesquisa para preencher está descrito na Tabela 1 e, no Anexo B estão relacionados os ES, em uma ordem que não os identifique na pesquisa.

Tabela 1 – Distribuição dos ES respondente do instrumento de pesquisa por estado

Estado % ES Respondente n°. ES Respondente

Acre 0,8 6 Alagoas 1,6 12 Amazonas 2,9 21 Amapá 0,7 5 Bahia 6,2 45 Ceará 5,4 39 Distrito Federal 2,1 15 Espírito Santo 1,1 8 Goiás 3,7 27 Maranhão 3,2 23 Minas Gerais 18,7 136 Mato Grosso 1,8 13

Mato Grosso do Sul 1,8 13

Pará 3,4 25 Paraíba 0,8 6 Pernambuco 4,4 32 Piauí 1,9 14 Paraná 6,0 44 Rio de Janeiro 2,9 21

Rio Grande do Norte 1,9 14

Rondônia 1,6 12

Roraima 0,8 6

Rio Grande do Sul 5,1 37

Santa Catarina 6,9 51

Segipe 1,9 14

São Paulo 10,4 76

Tocantins 1,9 14

Total 100,0 728

Na Tabela 1 verifica-se que os estados de Minas Gerais e São Paulo foram os que mais manifestaram interesse em se adaptar à legislação vigente, quanto ao gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, inscrevendo 18,7% e 10,4%, respectivamente, do total de ES participantes da pesquisa.

4.1.3 Procedimentos analíticos

Neste modelo, esta fase contempla a etapa de construção da escala, que se divide em três atividades: dimensionalidade, análise dos itens e criação da escala; descritas a seguir:

a) Dimensionalidade

A unidimensionalidade se confirma com a aplicação do ML2 (equação 2), visto que com este modelo se obtiveram valores bons para o (a) demonstrando assim que θ (desempenho ambiental) dominante pode ser representado pelo conjunto de itens empregados nesta pesquisa.

b) Análise dos itens

Para a análise dos itens utiliza-se a TRI, empregando o Modelo Logístico de 2 parâmetros (ML2), implementado no software BILOG-MG, em três fases. A primeira fase, onde se faz a entrada e leitura dos dados, obtendo-se a correlação bisserial. A segunda fase, onde se estimam os parâmetros dos itens: a (discriminação) e b (dificuldade) e a terceira fase, onde estima-se o θ (desempenho).

c) Criação da escala

Esta é a última etapa da sistematização, composta pelos procedimentos de construção da escala de medida.

Para a sua construção, os parâmetros dos itens e dos desempenhos são estimados em uma mesma métrica. Esta, inicialmente, é representada na escala (0,1). Além de serem estimados parâmetros, pode-se estabelecer outros valores quaisquer para a média e para o desvio padrão, sempre mantendo as relações de ordem existentes entre seus pontos. Nesta fase, também são fixados os níveis âncoras.

Com base nos dados coletados com o instrumento de pesquisa, já comentado no item 4.1.1.2 (Elaboração do instrumento, deste trabalho), foram analisadas as saídas do software BILOG-MG.

Na primeira fase de execução do BILOG-MG, registrou-se a entrada e leitura dos dados, obtendo-se a correlação bisserial (Apêndice A). Os resultados desta

correlação indicam que 6 itens ficaram com correlação bisserial negativa (itens: 7, 10, 14, 42, 53 e 58) e 22 ficaram com valores abaixo de 0,4 (itens: 9, 11, 12, 15, 19, 20, 23, 25, 28, 29, 37, 44, 45, 48, 49, 50, 52, 55, 62, 65, 71 e 74). Conforme Soares (2005), os valores aceitáveis para a correlação bisserial são acima de 0,3. Nesta pesquisa, optou-se por considerar itens com correlação bisserial com valores acima de 0,4. Assim, passou-se à segunda fase, onde estimam-se os parâmetros dos itens.

Nesta segunda fase fez-se uma análise da convergência dos dados, no processo de estimação dos parâmetros dos itens e dos desempenhos dos respondentes. Esta convergência é verificada pela aplicação do algoritmo Newton- Raphson e o método “Scoring” de Fisher. Para isso, determinam-se que os valores dos parâmetros a e b, para os itens, inicialmente seguem a distribuição normal, com

0 =

µ e σ =1, numa escala (0, 1). O Apêndice B apresenta os parâmetros dos itens. O parâmetro a permite investigar a qualidade dos itens, de modo que bons itens refletem uma escala bem elaborada. Segundo Hambleton e Swaminathan (1985), itens com a ≥ 1 apresentam bom poder de discriminação. Valores de a < 1 indicam que o item tem pouco poder de discriminação e apresentam um formato mais achatado da CCI e valores de a ≥ 1 significam que os itens discriminam bem e nesse caso a CCI tem um formato mais íngreme. Nesta pesquisa os itens com valores de a < 0,7 foram considerados inadequados e, consequentemente, eliminados do estudo.

Nesta fase confirmou-se a necessidade de eliminação dos itens com correlação negativa, e dos itens com correlação abaixo de 0,4, mas optou-se por não eliminar os itens 52, 55, 62, 63 e 71, pois os mesmos têm o parâmetro a com valor próximo de 1, o que faz com que sejam considerados itens com boa discriminação. Observa-se que todos os itens restantes têm valores de a próximos ou superiores a 1. Os itens que discriminam melhor são o 57, 69, 70, 81 e 82, que têm suas CCIs com inclinação mais acentuada.

Observam-se, também, os valores do parâmetro b, que representam o desempenho mínimo necessário, com probabilidade igual a 0,5. Quanto maior o valor de b, maior é a dificuldade para a realização da prática e vice-versa. Observa- se que o item 32 apresentou um valor baixo para o parâmetro b, logo, este item possui uma dificuldade menor para ser realizado (Apêndice B). O item 62

apresentou o maior valor para o parâmetro b, representado que este item possui uma dificuldade maior para ser realizada. Este item, na análise da primeira rodada apresentou uma correlação bisserial abaixo de 0,3 (0,283), mas na segunda rodada, apresentou um parâmetro a acima de 0,7 (0,828) e um parâmetro b alto (3,739). A saída da segunda rodada está contemplada no Apêndice B.

Com base nesta análise foram realizadas as eliminações dos itens considerados inadequados, restando 63 itens para rodar a terceira fase do BILOG- MG. Assim, os itens que permaneceram validados para estimação do parâmetro θ

(desempenho) encontram-se nos Apêndices C e D.