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2.3 Teoria da Resposta ao Item (TRI)

2.3.2 Histórico

No Brasil, o uso da TRI aconteceu a partir de 1995, quando o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) implantou-a, num esforço de coleta e sistematização de dados, além de análise de informações sobre o Ensino Básico, na busca da melhoria da educação fundamental e média no país. A partir de 2000, a aplicação da TRI se consolida no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB). Assim, a TRI tem sido utilizada em diversos órgãos, tanto nacionais como internacionais, que a utilizam em seus sistemas de avaliação educacionais.

Entretanto, esta ferramenta estatística não é somente utilizada em avaliações educacionais, ela pode ter diversas aplicações e tem vantagens em relação ao uso da TCT, principalmente por desenvolver medidas equivalentes entre testes e respondentes.

As principais diferenças encontradas entre a TRI e TCT, são apontadas por Embretson e Reise (2000, p.15). O Quadro 4.traça um paralelo entre os princípios das duas teorias.

TCT TRI

O erro padrão de medida refere-se a todos os

escores em uma população particular O erro padrão de medida difere através dos escores (ou padrões de respostas), mas generaliza-se através da população

Testes mais longos são mais confiáveis que

testes mais curtos Testes mais curtos podem ser mais confiáveis que testes mais longos Comparar escores de testes através de formas

múltiplas é ótimo quando as formas são paralelas Comparar escores de testes através de formas múltiplas é ótimo quando os níveis de dificuldade do teste variam entre os respondentes

Estimativas não tendenciosas das propriedades

dos itens dependem de se ter amostras representativas

Estimativas não tendenciosas podem ser obtidas de amostras não representativas

Escores do teste obtêm significados por

comparar sua posição em um grupo normal Escores do teste têm significados quando são comparados de distâncias a partir de itens

Propriedades de escala intervalar são

alcançadas por obter distribuições de escores normais

Propriedades de escala intervalar são alcançadas por ajustar modelos de medidas justificáveis

Formatos mesclados de itens conduzem a

impacto desequilibrado nos escores total do teste Formatos mesclados de itens podem resultar ótimos escores de teste

Mudanças nos escores não podem ser

comparadas significativamente quando diferem os níveis de escores iniciais

Mudanças nos escores podem ser comparadas significativamente quando diferem os níveis de escores iniciais

Análise fatorial em itens dicotômicos produz

antes artifícios que fatores

Análise fatorial em dados de itens brutos produz análise fatorial de informação plena.

Itens característicos de estímulos são sem

importância comparados às propriedades psicométricas

Itens característicos de estímulos podem ser diretamente relacionados às propriedades psicométricas

Quadro 4 – Comparativo TCT e TRI Fonte: Vargas (2007)

Considerando as características da TRI, Andrade, Tavares e Valle (2000, p.3), afirmam que ela

propõe modelos para os traços latentes, ou seja, características do indivíduo que não podem ser observadas diretamente. Esse tipo de variável deve ser inferida a partir da observação de variáveis secundárias que estejam relacionadas a ela [....] sugere formas de representar a relação entre a probabilidade de um indivíduo dar uma certa resposta a um item e seus traços latentes, proficiências ou habilidades na área de conhecimento avaliada.

Neste sentido, Vergara (2005, p. 51) corrobora com autores Andrade, Tavares e Valle (2000), considerado que a TRI sugere modelos probabilísticos para variáveis que não são medidas diretamente, tendo como característica principal o item, podendo se entender por item, tarefas ou ações empíricas que constituem a representação do traço latente, ou seja, a habilidade que se pretende medir.

Conforme a mesma autora, por meio de vários modelos matemáticos, a TRI possibilita analisar e comparar dados. Entre esses modelos, os logísticos de um, dois ou três parâmetros, envolvem basicamente a determinação dos níveis de discriminação (a) e dificuldade (b) dos itens e a resposta aleatória (c), que se diferenciam em termos do número de parâmetros que avaliam.

Neste contexto, a TRI tem sido utilizada em várias áreas do conhecimento, entre elas: economia, psicologia, médica, sistemas de informação, marketing, qualidade, entre outros, podendo-se obter mais detalhes sobre a fundamentação da teoria nas obras de Baker (2001), Andrade, Tavares e Valle (2000), Pasquali (1997).

2.3.2.1 Conceitos de medidas

A medição consiste, conforme Nunnally (1978), de procedimentos explicitamente declarados ou padronizados para atribuir números a objetos, de modo a representar quantidades de atributos. O termo atributo, neste contexto, indica que não se medem objetos e sim suas características. Neste sentido, a medição requer um processo de abstração. Desta forma, deve-se considerar cuidadosamente a natureza do atributo antes de tentar medi-lo.

O mesmo autor supra citado salienta que os números são usados para representar quantidades. Para a quantificação, interessa quanto de um atributo está presente em um objeto, comunicado por meio do número.

Assim, numerosos padrões podem ser aplicados para se obter a utilidade de um método de medição, incluindo (1) a extensão para que os dados obtidos do método se ajustem a um modelo matemático, (2) a confiabilidade da medida, (3) a validade em vários sentidos e (4) a extensão para que o método de medição produza relações de interesse com outras medidas científicas (NUNNALLY, 1978).

Conforme Pasquali (1997, 2003) há três formas diferentes de mensuração: medida fundamental, medida derivada e medida por teoria. Para este autor, a medida por teoria é utilizada quando não há leis declarando variáveis. Neste caso, recorre-se a teorias que apresentam hipóteses sobre as relações entre os atributos da realidade. Por meio dos fenômenos associados aos atributos pela teoria, obtém- se uma medida indireta, por meio de instrumentos calibrados. Nas ciências sociais, a medida por teoria é obtida por variáveis hipotéticas, com base nas teorias da

estrutura latente, ou da modelagem latente. A representação que permite o tratamento científico dos processos latentes se dá por meio das ações observáveis expressas por variáveis.

Nesta pesquisa, para a avaliação do desempenho ambiental dos ES, propõe- se estabelecer uma medida, a partir da teoria que abrange procedimentos abordados no PGRSS, por meio de um instrumento que modele as variáveis observáveis no gerenciamento dos RSS. Para isso, a TRI fornece o respaldo teórico e prático fundamentado cientificamente, para se estabelecer uma escala de medida padronizada, que possibilita avaliar esse desempenho.