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2.5 AVALIAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.5.1 Critérios de avaliação da gestão do conhecimento

Heisig (2009) ao analisar 160 estruturas de GC advindas da ciência, prática, associações e organismos de padronização em todo o mundo, no período de 1995 a 2003, detectou um consenso subjacente para descrever as atividades e os fatores críticos de sucesso da GC. O autor identificou 61 termos diferentes para denotar as atividades de GC. O Quadro 3 apresenta os termos mais frequentemente utilizados.

Quadro 3 – Termos mais utilizados para expressar as atividades da GC

Ordem Termo Frequência

1 Usar 41 2 Identificar 37 3 Criar 36 4 Adquirir 33 5 Compartilhar 31 6 Armazenar 24 7 Transferir 23 8 Distribuir 23 9 Gerar 22 10 Aplicar 22

Fonte: Heisig (2009), adaptado pelo autor.

Com base em sua análise, Heisig (2009) sugere que uma estrutura de GC deve ser composta por, pelo menos, cinco atividades centrais: identificar, criar, armazenar, compartilhar e aplicar conhecimento. A alteração das atividades selecionadas por Heisig (2009), em relação ao Quadro 3, ocorreu em face de um consenso relativamente amplo sobre as principais atividades por trás da heterogeneidade semântica dos termos encontrados na pesquisa para descrever as atividades.

Os fatores críticos de sucesso da GC conforme a pesquisa efetuada por Heisig (2009) nas estruturas de GC foram organizados pelo autor em quatro categorias principais e 10 subcategorias que estão relacionadas, conforme Quadro 4.

Quadro 4 – Fatores críticos de sucesso da GC

Categorias principais Subcategoria

Fator humano Cultura, pessoas, liderança

Organização Processos e estruturas

Tecnologia Infraestrutura e aplicações Processo de gestão Estratégia, metas e mensuração

Fonte: Heisig (2009), adaptado pelo autor.

Também a partir de um mapeamento da literatura sobre estruturas de avaliação da GC, Machado (2016) elaborou uma proposta de avaliação da GC contemplando duas dimensões chave: capacitadores e processos de GC. Os

processos definidos pelo autor para a proposta de avaliação da GC foram: criação, aquisição, compartilhamento, armazenamento, proteção, avaliação e utilização do conhecimento.

Os capacitadores que o autor denominou de “áreas de preocupação” da GC agruparam seis elementos para a sua proposta de avaliação da GC:Políticas e Estratégias de Gestão do Conhecimento; Cultura Organizacional; Estrutura Organizacional; Tecnologia da Informação; Gestão de Pessoas e Liderança. Cada uma destas áreas é composta por um conjunto de subáreas de preocupação, conforme apresenta o Quadro 5.

Quadro 5 – Áreas e subáreas de preocupação da GC

Áreas de

preocupação Subáreas de preocupação

Estrutura Organizacional Estruturação e formalização Atribuições Tipologia Canais de comunicação Liderança Estilo

Suporte, comprometimento e participação na GC Gestão de Pessoas Gestão do tempo de dedicação dos profissionais

Gestão dos profissionais Cultura Organizacional Práticas Valores Políticas e Estratégias de GC Avaliação da GC GC além da organização Papel da GC na estratégia Planejamento da GC

Conhecimento de GC e das áreas de competência Tecnologia da

Informação

Uso da TI

Qualidade do conhecimento Qualidade da TI

Fonte: Adaptado de Machado (2016).

As Políticas e Estratégias de Gestão do Conhecimento refletem a preocupação da organização em desenvolver a GC, de forma estruturada e planejada. Portanto, essa área envolve o nível de conhecimento da organização sobre GC, bem como o reconhecimento das suas áreas de competência (MACHADO, 2016). A área

de preocupação Cultura Organizacional compreende os valores e práticas organizacionais voltados ao conhecimento. Dentre os valores estão a cooperação a inovação e a humanização (MACHADO, 2016). A área de preocupação Estrutura e Liderança

envolve o desenvolvimento e a sustentação de uma estrutura organizacional propícia à GC, compreendendo aspectos como descentralização, pouca formalidade, canais de comunicação formais e informais, estrutura baseada em equipes, gestão participativa (MACHADO, 2016, p. 73).

A área de preocupação Tecnologia da Informação compreende as subáreas uso da TI, qualidade do conhecimento, e qualidade da TI (MACHADO, 2016).

Hsieh et al. (2009) em seu estudo para desenvolver um modelo para avaliar a maturidade da GC, efetuaram revisão da literatura, entrevistas em profundidade, grupos focais e análise de conteúdo, elaboraram, conforme descrito por eles, o knowledge Navigator Model (KNM), aplicado a uma amostra de indústrias de Taiwan, que compreende duas estruturas: estrutura de avaliação e cálculo.

A estrutura de avaliação consiste em três “objetos de gerenciamento de metas”: cultura, processo de GC e tecnologia da informação. O objeto de gerenciamento “Cultura” aborda a Cultura e as Pessoas – referem-se à “mentalidade” e se relacionam com os atributos de avaliação de pessoas e cultura. “Processo de GC” remetem a processos, política e estratégia que facilitam e orientam os esforços das pessoas para capturar e usar o conhecimento na organização para obter benefícios para os negócios. “Tecnologia da Informação” envolve atributos ajudam as pessoas a aproveitar ao máximo a iniciativa da GC (HSIEH et al., 2009).

Os autores propõem que esses objetos devem ser enfatizados e gerenciados como os determinantes da efetividade da implementação da GC. Compondo os três objetos de gerenciamento de metas, os autores consolidam 16 áreas chaves e 68 atividades de GC. As áreas chave são assim definidas:Sistema da GC, Promoção da GC, Avaliação da GC, Capital intelectual, Identificação e classificação de conhecimentos, Compartilhamento de conhecimento, Captura de conhecimento, Repositório de conhecimento, Aplicativo de conhecimento, Criação de conhecimento e inovação, Proteção do conhecimento, Aprendizado e treinamento de conhecimento, Melhor prática, Comunidades de prática (CoPs), Infraestrutura de TI,

Sistema da GC. A estrutura de cálculo permite identificar a GC na organização em um dos 5 estágios de maturidade propostos: estágio caótico de conhecimento, estágio consciente de conhecimento, estágio da GC, estágio avançado da GC e estágio de integração da GC.

Oliveira et al. (2011) também desenvolveram um modelo de avaliação da maturidade da GC, partindo do mapeamento sobre os fatores presentes nos modelos de maturidade de GC disponíveis na literatura. O modelo apresenta quatro dimensões: contexto interno, conteúdo, processo e contexto externo, conforme Quadro 6. Essas dimensões foram relacionadas a 22 fatores: Parceiros, Consumidores, Competidores, Fornecedores, Conhecimento Explícito, Recrutamento, Conhecimento Tácito, Sistema de Recompensa, Treinamento, Legislação, Tempo, Tecnologia, Fase de Disseminação, Fase de Armazenamento, Fase de Criação do Conhecimento, Comunicação, Orçamento, Objetivos, Benefícios, Alinhamento com os Objetivos de Negócio, Conhecimento Crítico, Estrutura Organizacional, Cultura Organizacional, Suporte da Alta Administração.

Quadro 6 – As dimensões e seus respectivos fatores

Dimensão Fatores

Contexto interno

Cultura Organizacional – Relação entre cultura organizacional e a GC; Suporte da Alta Administração – Relação entre a alta administração e a GC; Estrutura Organizacional – Relação entre a estrutura organizacional e a GC.

Conteúdo

Benefícios – Definição dos benefícios esperados com a GC; Objetivos – Definição dos objetivos de GC; Alinhamento com os Objetivos de Negócio – Relação entre os objetivos de GC e os objetivos do negócio; Conhecimento Crítico – Identificação do conhecimento relevante para o negócio; Conhecimento Tácito – Processos e tecnologias para contemplar conhecimento tácito; Conhecimento Explícito – Processos e tecnologias para contemplar conhecimento explícito.

Processos

Comunicação – Comunicação significa informar as pessoas da organização sobre as iniciativas de GC; Tecnologia – Tecnologia de informação utilizada nos projetos GC; Treinamento – Treinamento dos funcionários para GC; Tempo – Disponibilização do tempo necessário para realizar atividades de GC; Sistema de Recompensa – O tipo de sistema de recompensa usado para garantir o envolvimento das pessoas nas atividades de GC; Recrutamento de Pessoal – O comportamento de partilha de conhecimentos é considerado na seleção de pessoal; Orçamento – Disponibilização de recursos financeiros para a GC; Fases de Disseminação – Definição das atividades de disseminação do conhecimento; Fases de Armazenamento – Definição das atividades de armazenamento do conhecimento; Fases de Criação – Definição das atividades de criação do conhecimento.

Contexto Externo

Parceiros – Participação dos parceiros na GC; Legislação – Influência da legislação na GC; Competidores – Participação dos competidores na GC; Fornecedores – Participação dos fornecedores na GC; Clientes – Participação dos clientes na GC.

Fonte: Oliveira et al. (2011).

Batista (2012), ao defender que os modelos de avaliação da gestão do conhecimento para o setor público precisam observar as suas peculiaridades, elaborou um modelo da Gestão do Conhecimento para a administração pública. O autor buscou criar um modelo de GC genérico que pudesse atender às especificidades das organizações públicas de forma holística, com foco em resultados, conforme apresentado na Figura 5.

Figura 5 – Modelo de gestão do conhecimento para administração pública

Fonte: Batista (2012).

Batista (2012, p. 7) descreve

um modelo de GC para a administração pública brasileira formado por seis componentes: i) direcionadores estratégicos: visão, missão, objetivos estratégicos, estratégias e metas; ii) viabilizadores: liderança, tecnologia, pessoas e processos; iii) processo de GC: identificar, criar, armazenar, compartilhar e aplicar; iv) ciclo KDCA; v) resultados de GC; e vi) partes interessadas: cidadão-usuário e sociedade.

O ciclo KDCA refere-se ao Conhecimento (Knowledge), Executar (Do), Verificar (Check) e Atuar corretamente (Act).

2.5.2 Critérios de avaliação da gestão do conhecimento em instituições de ensino