• Nenhum resultado encontrado

Critérios de avaliação da gestão do conhecimento em instituições de ensino superior

2.5 AVALIAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.5.2 Critérios de avaliação da gestão do conhecimento em instituições de ensino superior

Os estudos sobre gestão do conhecimento em IES, de forma geral, intentam analisar aspectos da gestão do conhecimento nessas instituições e, portanto, fazem uso de critérios de avaliação relacionados a processos e facilitadores/capacitadores da gestão do conhecimento. Metaxiotis e Psarras (2003) em sua pesquisa objetivou apresentar os principais conceitos da interação humano- computador na gestão do conhecimento em uma IES. Para tanto, como resultado do estudo foi elaborado um ciclo do conhecimento, conforme representado na Figura 6, utilizando os processos de GC: compartilhar, usar/reusar, encontrar/criar, organizar.

Figura 6 – Ciclo do conhecimento

Fonte: Metaxiotis e Psarras (2003).

O modelo teórico proposto por Metaxioti e Psarras (2003) apresenta a interação do humano-computador na GC e sua aplicabilidade nas IES, em face da aceleração da criação de novos conhecimentos. Os autores propõem a criação de organizações de aprendizagem como forma de aplicar a GC.

Dagli et al. (2009), em seu estudo sobre a importância que desempenha a gestão do conhecimento nos estudos de pesquisas em cinco diferentes universidades (Near East University (NEU); Girne American University (GAU); Cyprus International University (CIU); European University of Lefke (EUL) e Eastern Mediterranean University (EMU)), relacionaram as seguintes ferramentas para cada fase, conforme o Quadro 7:

Quadro 7 – Ferramentas da GC para determinadas fases

Fases Ferramentas

Identificar Deficiência da Gestão do Conhecimento

Reuniões para identificar falta de conhecimento; Sessões de brainstorming; Avaliação de competências dos

assistentes de ensino; Pesquisa para descobrir o método mais eficaz; Cenários futuros.

Melhorando ou Comprando o Conhecimento

Estudo de pesquisa e desenvolvimento; Uso de tecnologia; Comprando educação de terceiros; Faça os funcionários participarem de workshops e conferências; Ideias de estudantes; Ideias de consultores; Observação. Compartilhamento do

Conhecimento

Uso de rede de trabalho; Parceria contínua; Organização de grupos de trabalho; Reuniões informais; Reuniões sociais em base regulares; Discussões em grupo.

Avaliação do Conhecimento

Controles internos e externos; Entrevistas com os alunos e assistentes de ensino; Comparações com as ofertas de serviços de outras universidades; Avaliação de relatórios; Entrevista com os alunos de pós-graduação e ex-

assistentes de ensino.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Dessa forma, Dagli et al. (2009) objetivaram analisar se o conselho de administração está utilizando ferramentas de gestão do conhecimento de forma eficaz em áreas como a melhoria do conhecimento, compra de conhecimento, compartilhamento e avaliação de conhecimento. O estudo foi desenvolvido em 5 universidades do Chipre, entrevistando um total de 25 diretores universitários (funcionários administrativos) e 52 auxiliares de ensino (pessoal acadêmico) através de uma pesquisa qualitativa com entrevista semiestruturada, perguntas abertas e perguntas fechadas. Como resultado, os autores constataram que o conselho de administração não está utilizando as ferramentas de gestão do conhecimento: aquisição, compartilhamento e avaliação do conhecimento.

Devi Ramachandran et al. (2013), ao efetuar o estudo, que tinha como objetivo examinar a lacuna entre as práticas da gestão do conhecimento e os principais facilitadores estratégicos da universidades, aplicaram um questionário com

57 questões em quatro universidades públicas da Malásia, para avaliar duas dimensões: uso e grau de importância dos principais facilitadores estratégicos da GC. Para tanto, considerou em seu modelo três práticas da GC (geração, codificação e transferência do conhecimento) e os facilitadores estratégicos (cultura, liderança, TI, medição de desempenho). O resultado obtido pelos autores mostra que os acadêmicos das universidades consideram as práticas de GC e os facilitadores estratégicos importantes, mas não são muito usados pelas IES. Constatou-se que muito poucas IESs possuem um departamento específico de GC e, portanto, o grau e a natureza do compartilhamento de conhecimento dependem inteiramente das iniciativas individuais de professores ou de pequenos grupos de membros acadêmicos.

Tan e Noor (2013) pesquisaram em cinco universidades da Malásia, em um estudo quantitativo, o impacto dos facilitadores da GC (confiança, autoeficácia do conhecimento, benefícios recíprocos, suporte da alta gerência, recompensas organizacionais, cultura organizacional, infraestrutura do sistema da GC e qualidade do sistema da GC, abertura na comunicação e comunicação interativa) sobre um dos processos da GC, qual seja, o compartilhamento do conhecimento, que auxilia as pesquisas dos membros do corpo docente da universidade. Os autores identificaram como resultado que o compartilhamento do conhecimento foi influenciado pela confiança, recompensas organizacionais, cultura organizacional, qualidade do sistema da GC. A pesquisa utilizou um questionário com 55 itens, aplicado para um total de 9.776 membros do corpo docente, obtendo 421 respostas, utilizando a escala Likert de 1 a 7.

Brito e Bolson (2014) ao analisarem as práticas da GC em uma IES privada e familiar do Nordeste do Brasil, como eram percebidas pelos diretores, coordenadores e professores, utilizou o modelo de Bukowitz e Williams (2002). O modelo de avaliação de abordagem quantitativa é denominado de DGC, e em seu modelo original é composto por sete fases distintas: obtenha, utilize, aprenda, contribua, avalie, construa e descarte. A pesquisa encontrou os seguintes resultados dos objetivos específicos conforme Quadro 8.

Quadro 8 – Resultados dos objetivos específicos

Obtenha O conhecimento é obtido de forma moderada. Utilize

O conhecimento é utilizado através da construção de parcerias para favorecer os beneficiários e, de forma moderada, com promoção de espaços para reflexão e compartilhamento do conhecimento.

Aprenda

Observou-se que a IES aprende de forma moderada, quando a IES consegue conectá-lo das estruturas físicas e organizacionais onde estão armazenados para direcionar as contribuições das pessoas.

Contribua

Constatou-se que o conhecimento contribui apenas de forma moderada, quando: através da interação e responsabilização das pessoas pelo compartilhamento do conhecimento.

Avalie

Levantou-se que o conhecimento é avaliado na IES, moderadamente, através de especialistas do conhecimento, como parte do processo de inovação; e o conhecimento, de forma também moderada, sendo avaliado como capaz de gerar valor.

Construa/ Mantenha

Identificou-se que o conhecimento se constrói/mantém, moderadamente, quando a IES utiliza de tecnologias compartilhadas como fonte confiável de informação de que necessita para realizar o trabalho; quando a instituição percebe que não é apropriado compartilhar o conhecimento externamente, e internamente o comunica para que todos se beneficiem.

Fonte: Brito e Bolson (2014).

Brito e Bolson (2014) concluíram neste estudo que há um paradoxo – a IES pesquisada tem como finalidade uma instituição criadora e disseminadora de conhecimento, no entanto a GC organizacional se encontra em estágio inicial.

Colauto e Beuren (2006) ao apresentar uma proposta de indicadores para avaliar a GC em IES privadas, denominada de Monitor da Gestão do Conhecimento, utilizaram os modelos de GC apresentados por Sveiby (1998), Edvinsson e Malone (1998) e Stewart (1997). O Monitor proposto é composto dos capitais humanos, estrutural e de clientes. A Instituição de Ensino Superior privada em que Colauto e Beuren (2006) realizaram o estudo está estabelecida na Grande Florianópolis, no Estado de Santa Catarina – Brasil, encontrando-se em estágio inicial de implantação da GC. Atualmente, possui, aproximadamente, setecentos alunos. Os indicadores para avaliação da gestão do conhecimento são medidas de desempenho de ações desenvolvidas na instituição, quando aplicados em IES, buscam monitorar as ações empregadas nos vários níveis da gestão acadêmica.

No Quadro 9 são apresentados os indicadores propostos para o Monitor da Gestão do Conhecimento para Instituições de Ensino Superior privadas.

Quadro 9 – Monitor da gestão do conhecimento

Crescimento e Renovação Crescimento e Renovação Crescimento e Renovação Tempo médio de profissão

dos docentes

Investimento em estrutura

interna (5) Número de clientes (9) Titulação dos docentes (1)

Investimento em sistema de processamento de dados (6)

Lucratividade por cliente Investimento na

participação de eventos e publicações científicas per capita

Número médio de publicações e produções intelectuais

Índice de acadêmicos que voltam para novos cursos Rotatividade da

competência (2)

Periodicidade de aquisição e renovação do acervo

Número de candidatos nos processos seletivos

Eficiência Eficiência Eficiência

Proporção de profissionais na empresa (3)

Sugestões feitas versus sugestões implementadas (7)

Índice de clientes satisfeitos quanto à estrutura (10) Habilidades dos docentes

valorizadas pelos acadêmicos (4)

Número de cursos reconhecidos

Frequência média da participação dos alunos em atividades eventos Percentual de coordenadores com formação em gestão acadêmica Proporção de pessoal de suporte Percentual de alunos envolvidos em atividades extracurriculares Percentual do faturamento total em capacitação do pessoal de suporte Número de projetos de iniciação científica

Índice de satisfação quanto ao projeto pedagógico

Estabilidade Estabilidade Estabilidade

Percentual de docentes em regime de dedicação exclusiva

Idade da organização Estrutura etária (11) Grau de satisfação dos

docentes e funcionários

Rotatividade anual do

pessoal de suporte (8) Índice de evasão Percentual do tempo dos

docentes dedicado à pesquisa

Número de núcleos de

pesquisas Número de bolsas integrais Taxa de rotatividade de

docentes e funcionários Taxa de novatos Número de bolsas parciais Notas:

(1) A titulação refere-se: doutores, mestres e especialistas; (2) Rotatividade da competência: está relacionada ao percentual de substituição dos profissionais; (3) Proporção de profissionais na instituição: obtido em relação ao total de funcionários da instituição; (4) Habilidades dos docentes valorizadas pelos acadêmicos: analisado a partir de uma pesquisa direcionada; (5) Investimento na estrutura interna – percentual da receita total destinado a novos métodos ou sistemas, banco de dados, manuais, padrões de qualidade, propagandas, design; (6) Investimento em sistema de processamento de informações – percentual sobre a receita total; (7) Sugestões feitas versus sugestões implementadas – proporção de sugestões dos funcionários e clientes implantadas; (8) Rotatividade do pessoal de suporte: proporção de substituição em relação ao total de funcionários; (9) Número de clientes – refere-se ao número de clientes atendidos no ano; (10) Número de clientes satisfeitos – apurado através de pesquisa direcionada; (11) Estrutura etária – indica a média de anos que o cliente frequenta a instituição.

O estudo de Colauto e Beuren (2006) propõe acompanhar o crescimento e renovação, a eficiência e a estabilidade da instituição de ensino superior. A proposta do Monitor da Gestão do Conhecimento sugere que cada instituição pode criar indicadores próprios, de acordo com as necessidades e possibilidades de se acompanhar e comparar ao longo do tempo o desempenho de ações desenvolvidas pela instituição.

De Cuffa et al. (2014) ao elaborarem um estudo para avaliar a percepção dos acadêmicos de uma IES do Paraná/Brasil, quanto às práticas de gestão do conhecimento no ensino utilizaram um questionário adaptado de Cuffa e Nogueira (2012) composto por três variáveis: instituição (estrutura), convívio (entre os colegas/instituição/docentes) e ferramentas para criação e compartilhamento de conhecimento e 12 questões de avaliação, conforme Quadro 10.

Quadro 10 – Práticas da Gestão do Conhecimento em um curso superior em Administração

Variáveis Questões Descrição

Instituição

1

A instituição disponibiliza em sua estrutura acervo bibliográfico suficiente, salas de aula em bom estado, laboratórios (de pesquisa/experimentos, de informática, por exemplo), espaço para realização de refeição. 2

A instituição promove encontros (semanas acadêmicas, congressos, simpósio, etc.) que permitam a troca de experiências, conhecimento.

3 Há incentivos (financeiros) para a realização de pesquisa científica.

Convívio

4 Em relação ao seu convívio com seus colegas de classe, existe bom relacionamento/comunicação.

5 Em relação ao seu convívio entre acadêmicos e instituição, existe bom relacionamento/comunicação. 6 Em relação à comunicação entre acadêmicos e

docentes, existe bom relacionamento/comunicação.

Criação e

Compartilhamento do Conhecimento

7 Em sala de aula são formados grupos para discutir os assuntos que estão sendo abordados.

8 Para a realização das aulas, os docentes utilizam técnicas como slides, vídeos, seminários etc.

9 Os docentes cultivam nos alunos o gosto pela descoberta e busca de novos conhecimentos.

10

Além da teoria abordada, os docentes buscam relacioná-la com exemplos práticos, buscando fazer com que os acadêmicos possam melhor assimilar o assunto estudado.

11

Há conscientização por parte dos docentes para com os acadêmicos quanto à importância da realização da pesquisa científica.

12

Costuma-se utilizar e-mails, fórum e/ou outro meio de comunicação para troca de informações (esclarecimento de dúvidas, fornecimento de materiais, por exemplo) entre colegas e docentes.

Fonte: De Cuffa et al. (2014).

Rodrigues e Maccari (2007) para avaliar a existência e o processo da Gestão do Conhecimento em cinco melhores IES do Brasil, (Unifesp, USP, UFMG, PUC-RJ e UFSC) segundo o Guia do Estudante 2001, utilizaram o modelo de Silveira (1989) que foi desenvolvido em sua tese de doutorado em Ciências da Comunicação. As variáveis utilizadas foram: Significado da GC; Conceito da GC; Funções da GC; Construção da GC; Fatores, procedimentos e ações à GC; Primeiro passo para a construção da GC; seguintes passos da GC; Estrutura conceptiva x gerenciamento. Ao efetuar entrevistas com os pró-reitores de todos os cursos, os autores identificaram diferenças entre as percepções do significado de GC de cada pró-reitor (Administração, Graduação, e Pesquisa e Pós-graduação) especialmente para cada variável: significado da GC, conceito da GC, funções da GC.

Os pró-reitores de Administração, falam da Gestão do Conhecimento como sendo um processo de armazenagem e recuperação para transmissão do conhecimento. Já os pró-reitores de Graduação, falam mais sobre o processo de busca e criação para transmissão do conhecimento. Finalmente, os pró-reitores de Pesquisa e Pós-graduação, falam sobre aspectos de formação continuada dos recursos humanos para gerenciamento e produção intelectual dos pesquisadores da instituição. Nas respostas referentes ao conceito da Gestão do Conhecimento, percebe-se que os pró-reitores de Administração estão mais voltados aos aspectos do gerenciamento dos dados e informações, com a finalidade de gerar informações gerenciais relevantes às instituições. No que tange as funções da Gestão do Conhecimento, os pró-reitores foram unânimes em mencionar os mecanismos para uma gestão mais eficaz, demonstrando clara preocupação com as ferramentas que permitem seu gerenciamento. Em relação aos mecanismos estruturais, estão fragmentados, não existe uma estrutura centralizada que abranja toda a Gestão do Conhecimento. Os resultados da pesquisa mostraram que em sua maioria os pró- reitores pesquisados demonstram não ter conhecimento dos processos de

implementação de GC. Embora externem a importância estratégica da GC, mas provam não ter qualquer familiaridade com a estruturação e direção de um sistema de GC.

A pesquisa de Arntzen et al. (2009) utilizou uma estrutura genérica de GC conforme Quadro 11, e teve como objetivo apresentar como a Bangkok University (BU) implantou a gestão do conhecimento examinando como os processos de gestão de conhecimento poderiam contribuir para melhorar o ambiente educacional, fornecendo novos estilos de ensino e aumentando as relações entre professores, alunos e funcionários.

Quadro 11 – Estrutura genérica de GC

Liderança forte

Envolvimento da alta direção

Competências/conhecimentos Base de gestão do conhecimento Cultura-Motivação, confiança, recompensas, incentivos. Aprimorar os ambientes de conhecimento do trabalhador Comunicação externa Colaboração Sistemas de informação adequados e infraestrutura informática. Treinamento e Educação Suporte para atividades de pesquisa

Outros elementos: tempo; Recursos; Financiamento; Métricas

Redes informais e formais: CoP, seminários,

conferências, eventos sociais.

Fonte: Arntzen et al. (2009).

O conhecimento externo interage com o sistema e desta forma cria um ambiente de aprendizagem, baseado no conhecimento. Mesmo em fase inicial, segundo os pesquisadores, a partir da GC na Bangkok University, já é possível identificar uma melhora na comunidade educativa, como: comunicação e cooperação entre alunos e funcionários; criação de um ambiente que apoie de forma eficiente os processos de aprendizagem interorganizacional; compartilhamento de conhecimento entre os estudantes e os funcionários.

Leite e Costa (2007) investigaram a relação, em nível conceitual, entre a gestão do conhecimento e os processos de comunicação científica, tendo em vista as peculiaridades do contexto e do conhecimento científico. Segundo os autores, os processos de comunicação constituem uma questão fundamental na GC tanto para organizações como para o contexto acadêmico. Os autores elaboraram uma proposta teórica de um modelo conceitual de gestão do conhecimento científico no contexto acadêmico, tendo por base os processos de comunicação científica, conforme Figura 7.

O modelo proposto pelos autores tem foco em: 1) identificação (mapeamento) – mapear o conhecimento tácito e explícito, interno e externo relacionado com as competências, localizar grupos de pesquisa, e todas as possíveis fontes de conhecimento; 2) aquisição – conhecimento explícito externo, especialmente de comunidades científicas, pode ser adquirido de diversas formas, respeitados os direitos autorais; 3) organização/armazenamento – neste modelo, pressupõe-se o livre acesso ao conhecimento científico, para uma melhor eficiência recomenda-se utilizar protocolos adequados para permitir a interoperacionalidade dos conteúdos armazenados; 4) compartilhamento – tem-se, neste caso, o compartilhamento do conhecimento tácito, de interações sociais e a comunicação informal são imprescindíveis. O segundo ângulo de análise diz respeito ao conhecimento explícito, especialmente formado por publicações formais, criando a oportunidade e o aumento da visibilidade do conhecimento produzido pela comunidade científica; 5) criação – a gestão do conhecimento tendo seu escopo tanto no âmbito interno como externo da comunidade científica propicia a integração entre pesquisadores e o sistema global de repositórios propiciando a conversão de novos conhecimentos da comunidade acadêmica.

Figura 7 – Modelo conceitual de gestão do conhecimento científico no contexto acadêmico

De Freitas e Oltra (2015) elaboraram uma proposta de sistema de computação da gestão do conhecimento para as IES (Figura 8), com o objetivo de captura e difusão do conhecimento a todas as pessoas que atuam na instituição. O modelo proposto não foi aplicado em uma situação real pelos pesquisadores. A arquitetura é composta por seis camadas: interface, autorização e acesso, aplicação, processos da Gestão do Conhecimento, repositórios e infraestrutura.

Figura 8 – Proposta da arquitetura do Sistema de Computação da Gestão do Conhecimento para as IES

Fonte: De Freitas; Oltra (2015).

A arquitetura proposta por De Freitas e Oltra (2015) é orientada para processos de gestão do conhecimento, tais como: identificação, captura, estruturação,

armazenamento, recuperação, revisão, uso e transferência de conhecimento, focados nos processos-chave das IES. Os autores ressaltam que uma cultura organizacional adequada para poder obter o melhor resultado de qualquer tecnologia, e em particular da gestão do conhecimento, é fundamental.

Asma e Abdellatif (2016), em seu modelo proposto, sugerem que a combinação do tipo (tácito ou explícito) e da origem (interno ou externo) do conhecimento são importantes para o processo da GC. O modelo permite uma boa implementação da GC em IES. Conforme Figura 9, o modelo para o impacto da GC no desempenho da universidade é constituído por três dimensões: fatores da GC (entradas), funções da GC (processo) e o desempenho organizacional (saídas).

Figura 9 – Um novo modelo para o impacto da GC no desempenho da universidade

Fonte: Asma e Abdellatif (2016).

Os fatores de entrada são compostos por: conhecimento acadêmico, conhecimento organizacional, conhecimento externo e conhecimento técnico, (Quadro 12) (ASMA; ABDELLATIF, 2016). O conhecimento acadêmico é explícito quando vem de apostilas, lições, planos, slides de ensino, livros e programas, por outro lado é tácito quando vem da experiência dos professores. O conhecimento organizacional está codificado em práticas organizacionais, procedimentos e rotinas, bem como nas políticas organizacionais que afetam o comportamento dos indivíduos em uma organização. O conhecimento externo vem da comunicação entre a universidade e o ambiente externo, que tende a afetar a cultura organizacional, assim

como o ambiente técnico. O conhecimento técnico refere-se a como as informações e os conhecimentos são organizados na instituição para que possam ser pesquisados.

Quadro 12 – Definição e classificação do conhecimento na universidade

Tipo Explícito Tácito

Interno Acadêmico Suporte pedagógico - Plano de aula - Slides de ensino - Livros - Programas de ensino Praticas pedagógicas - Estilo de ensino - Estilo de aprendizagem - Projeto do curso Conhecimento das atividades do professor - Conhecimento básico do objeto material - Conhecimento de como os alunos aprendem - Capacidade de usar tecnologias relevantes, - Métodos de avaliação - Conhecimento das implicações de garantia da qualidade e procedimentos de desenvolvimento Organizacional Os procedimentos e práticas administrativas - Reuniões, procedimentos As estruturas - Estrutura de comunicação, - Padrões organizacionais, - Políticas de comportamento O know-how de gestão - Tomada de decisão participativa - Estilo de gerenciamento - Visão estratégica - Experiência Cultura Organizacional - Valores organizacionais \ “visão, missão, sistemas de recompensa" - Confiança e cooperação \ “mecanismo" Externo Leis e regulamentos governamentais

Impacto dos regulamentos do governo

O exterior da interpenetração meio ambiente-universidade - Colaboração com empresas para determinar as necessidades socioeconômicas

- Colaboração com universidades (convenções, cossupervisão, supervisão conjunta, estágio de curta duração, formação em PNE)

Colaboração informal com o mundo externo

- Com empresas ou universidades estrangeiras (discussão informal)

Técnico

Digitalização do meio ambiente - Sistema de informação, base de dados, e-portfolio, ensino

telemétrico, e-learning, e-training

Ferramentas de comunicação entre os clientes

- E-mails, videoconferências, groupware, redes de intranet de discussão online, fórum