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Critérios de seleção do corpus de análise

2. APORTES TEÓRICO-METODOLÓGICOS: ANÁLISE DIALÓGICA DO

2.2. BASES METODOLÓGICAS OPERACIONAIS

2.2.6. Critérios de seleção do corpus de análise

Em virtude dessa compreensão ampliada de violência escolar, obtivemos então um número bastante elevado de achados; o que exigiu critérios de seleção que pudessem compor um corpus razoável para análise em consonância aos limites temporais e que se mantivesse suficientemente consubstancial a ponto de possibilitar o alcance dos objetivos propostos. Por

isto, optamos por considerar todas as peças, mas no nível de percepção contextual entre o que toma caráter de violência escolar ou não para o veículo em estudo.

Conquanto, tomamos para análise apenas duas peças por ano, desde que obedecessem a dois critérios: conteúdo característico de violência escolar, manifesto e assumido como tal pelo discurso jornalístico; matérias com maior visibilidade – com chamadas de capa, e editoriais. A escolha das matérias e editoriais deu-se em virtude do maior número de elementos discursivos, como imagens, infográficos e da própria dimensão do texto. O que nos conferiu um montante de vinte (20) peças jornalísticas objeto de análise.

Isto, por se considerar a capa como o local onde se faz a primeira oferta de sentido para o leitor, direcionando o olhar e lhe ofertando um roteiro, uma espécie de índice, sobre como acessar o conhecimento e percorrer as informações e que também define o nível de importância das notícias e do agendamento proposto ao leitor, como nos adverte Lima (2010b).

E os editorias, por se configurarem à rigor como o posicionamento assumido do veículo na abordagem de uma questão dada, configurando-se assim, enquanto corpus privilegiado de análise nesta empreitada de ressalte de sentido e posicionamento do jornal impresso “O Liberal” sobre a violência escolar. Como apresenta Lima (2010a, p.8), a qual considera o editorial como um gênero jornalístico que,

embora não se trate de uma notícia assinada [...] é reconhecidamente o espaço em que os dispositivos de comunicação assumem abertamente sua posição. É o lugar por excelência onde os media marcam sua posição na enunciação, constituindo-se, portanto, num dos espaços de autorreferenciação dos veículos de comunicação. No editorial, o enunciador se revela na enunciação através da narrativa em primeira pessoa, rompendo com a gramática na narrativa impessoal proposta na construção das notícias. Ali, os media não mascaram a subjetividade, pelo contrário, reconhecem-na, e fazem dela uma aliada para ofertar ao leitor uma visão mais emotiva, uma vez que os fatos narrados em primeira pessoa adquirem maior carga dramática.

O editorial é um texto que se distingue de todos os outros do jornal, segundo Gradim (2000), porque uma vez construído pela direção deste, sobre os acontecimentos mais marcantes da atualidade ou de uma edição, tece uma opinião que diferentemente das opiniões de outros redatores que possam usar de maior ou menor autonomia para discursar num certo tom mais subjetivo; o editorial tem a marca da materialização da opinião do jornal – revela mais que qualquer outro a política editorial institucional, os interesses da empresa-jornal. De acordo com Gradim (2000, p.81), “o editorial tem sempre de tomar partido, pois sua finalidade é aconselhar e dirigir as opiniões dos leitores”.

Os editoriais também são diretrizes para a composição dos outros textos do jornal; por este discurso, em especial, e por sua essência constitutiva é mais visível à tomada de posicionamento do media, frente a um acontecimento, uma questão e/ou problema social. É fundamentalmente isto que um editorial faz: procura estabelecer de forma esclarecida o significado dos acontecimentos, mas não quaisquer uns, pois estes também se submetem a lógica do agendamento, da seleção da notícia.

Segundo Gradim (2000), o espaço editorial dos jornais revela-se como um espaço estratégico, pois é a partir deste que se orienta toda a construção discursiva dos demais cadernos do veículo, visto que este demarca, de forma assumida, o posicionamento do jornal em relação à temática que aborde. O que, para Njaine e Minayo (2002) e Santos (2010), funciona como um regulador da ação jornalística e, consequentemente, das práticas discursivas, que devem ser autorizadas pelo sistema de relações que regula. É, então, o crivo editorial que determina as formulações enunciativas e os discursos que serão circulados em cada edição.

Tomar a análise dos editoriais do jornal impresso “O Liberal” fez-se imprescindível no ressalte dos sentidos e em suma, do posicionamento tomado por este mass media, assim como nos subsidiou certos indícios de compreensão das demais peças, que se destacam a partir de outros espaços do jornal, nos cadernos de atualidades e Polícia.

Assim sendo, a realização da análise discursiva proposta nas assertivas metodológicas restringiu-se as vinte (20) peças jornalísticas descritas abaixo.

Quadro 2 – Peças submetidas à análise: editoriais e matérias com chamadas de capa

Título

1. 22/mai/01 Violência nas escolas

2. 30/out/01 Capa: Pará é campeão em registros de violência contra aluno e professor Pará é Campeão da violência nas escolas

3. 07/abr/02 Capa: Gangues, armas e drogas se alastram nas escolas Violência impõe o medo ao cotidiano das escolas

4. 09/abr/02 Capa: Insegurança Seduc contesta os dados da violência Seduc faz ressalvas à pesquisa sobre insegurança 5. 18/out/03 Capa: Terra Firme Escola leva planos de paz às ruas

Escola Estadual faz caminhada em Belém para pedir o fim da violência 6. 28/nov/03 Capa: Pará tem arma contra violência nas escolas

Observatório deve propor soluções para combater violência nas escolas 7. 09/set/04 Capa: Briga de Estudante Polícia vai vigiar escola pública

Polícia vai vigiar as escolas 8. 16/set/04 Capa: Gangues impõem terror às escolas Gangues deixam escolas sem merenda 9. 04/fev/05 Violência na escola espanta estudante

10. 29/out/05 VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS Especialistas apresentam soluções para o problema 11. 24/mai/06 Escola Sitiada

Escolas de terror 13. 17/fev/07 A educação acuada

14. 23/set/07 Capa: Escola acuada pela droga Pesquisa desvenda violência nas escolas 15. 21/jun/08 A escola sob reflexos

16. 02/set/08 Capa: Escolas são reféns da insegurança na periferia Escolas vivem com medo da violência

17. 26/mar/09 Escolas sem autoridade

18. 19/dez/09 Capa: Violência tira alunos da escola Insegurança afasta quase 8% da escola 19. 15/ago/10 A indisciplina nas escolas

20. 07/mai/10 Capa: Sala de aula vira reduto do medo

Violência tem portas abertas na escola Seduc busca soluções para insegurança