• Nenhum resultado encontrado

3 Metodologia da pesquisa

3.3 Critérios para a seleção dos entrevistados

A regional do SERPRO pesquisada, como já explicitado, foi a do Recife, que contava em 2004 com, incluindo-se os seus escritórios – João Pessoa, Natal e Maceió –, 577 funcionários (SERPRO, 2004d), dos quais 272 pertenciam ao quadro interno e 305

compunham o quadro externo, este último denominado de Pessoal de Serviço Externo (PSE). O quadro externo é composto por empregados que, para facilitar o atendimento, exercem suas atividades, lotados fisicamente nos clientes do SERPRO. Salienta-se que, em razão dos novos empregados admitidos na empresa, esse total de funcionários do quadro interno hoje é de 385.

No prédio-sede do Recife, foram pesquisados padrões de interação entre indivíduos e grupos que compunham a estrutura dessa organização. Nesse particular, ela foi confrontada com os modelos de estruturas mecânica e orgânica, bem como se buscou delimitar as fronteiras organizacionais, no pressuposto de que evidenciassem características daquelas baseadas no conhecimento.

Para tanto, o contexto organizacional, em seus elementos estruturais e cognitivos, próprios das categorias de capital social, foi situado, recorrendo-se ao modelo de Uphoff (2000) apresentado no quadro 2 (2).

Para este trabalho, as pessoas a serem entrevistadas foram selecionadas em duas etapas, passando a constituírem dois grupos pesquisados. As que participaram de entrevistas mais abrangentes foram escolhidas, dentre os empregados lotados nas unidades organizacionais existentes no SERPRO-Recife, pelos chefes de suas respectivas divisões. Contudo, este primeiro grupo, composto por sete empregados, mesmo tendo sido indicado pelo seu superior hierárquico, foram convidados a participar atendendo a critérios mínimos estabelecidos para esse tipo de entrevista.

Esses critérios, definidos pelo pesquisador, foram de que o funcionário deveria ter mais de seis anos na empresa e que no grupo houvesse representantes dos três cargos existentes na instituição. O tempo de seis anos foi estabelecido em função de se procurar os esquemas interpretativos em correspondência com os fatos pesquisados, por meio dos funcionários que estivessem na instituição, antes do início das atividades de gestão do conhecimento, ou seja, entre os anos 1999 e 2000. Com relação aos cargos atualmente

existentes na empresa – analista, técnico e auxiliar –, escolheu-se este critério em razão de serem os cargos contemplados no regimento da instituição para a realização das tarefas. Para os chefes de divisão, os critérios utilizados determinavam que o empregado tivesse uma visão sistêmica da instituição e envolvimento com a gestão do conhecimento.

Decidiu-se pela pouca quantidade de critérios, uma vez que, segundo González Rey (2005, p. 109), na escolha de um grupo, sugere-se evitar o risco de serem ignorados “sujeitos em sua condição diferenciada e em suas capacidades para aportar aspectos diferentes sobre o problema estudado, pois estas são definidas com o objetivo de aplicar instrumentos padronizados”. Mesmo sendo adotados poucos critérios, é relevante tê-los para assegurar a presença das mínimas características do sujeito-tipo (RICHARDSON, 1999).

O segundo grupo foi constituído no decorrer da pesquisa, visando a se obter um melhor entendimento de questões levantadas em quaisquer dos três instrumentos de pesquisa utilizados neste trabalho. Segundo González Rey (2005), podem ser incorporados novos sujeitos em decorrência de necessidades, num grupo de pesquisa. Nesse sentido, Lima (2005) declara que, na definição de um grupo, “novos casos podem ser escolhidos para se confrontar os resultados do estudo dos casos precedentes com novos resultados”.

Dessa forma, esse grupo, cuja finalidade era esclarecer melhor alguns aspectos surgidos durante a pesquisa, foi composto por nove funcionários do quadro interno, dos quais quatro eram chefes de divisão, e quatro não pertencentes a empresa – a permissionária do restaurante da Associação dos Empregados do SERPRO (ASES), uma funcionária terceirizada do serviço da copa e dois funcionários da Receita Federal. Assim, observa-se que, nesse outro grupo, o critério de participação foi de o entrevistado poder dirimir dúvidas e enriquecer as informações anteriormente coletadas, podendo ou não ter sido indicado por algum empregado.

Contudo, ressalta-se que, no segundo grupo, de um total de sete chefes de divisão, também conhecidos como gerentes de divisão, foram entrevistados apenas quatro, tendo-se em vista que três deles se mostraram mais arredios no contato pessoal, sem permitir que se agendasse uma entrevista. Posteriormente, notou-se que esses gestores eram quase sempre apontados como pessoas com dificuldades de relacionamento em suas divisões. Também não foi possível entrevistar o presidente da ASES, embora lhe tenha sido feitos alguns convites diretamente em diferentes momentos.

Quanto à participação de entrevistados extra-quadro do SERPRO, buscou-se, por intermédio deles, fortalecer o complexo ambiente a ser pesquisado, procurando-se revelações, mesmo que singulares, para os temas pesquisados. Nesse sentido, Franco (2003) destaca:

a vida cotidiana não se resume no aqui e agora. Ao contrário, é, sobretudo, fruto de um longo, conflitivo e complexo processo histórico e social. Portanto, para compreender as situações que ocorrem cotidianamente, é indispensável considerar que essas situações ocorrem em determinado ambiente (situações, espaços temporais específicos) e no bojo de certos campos de interação pessoal e institucional (FRANCO, 2003, p. 30).

Os funcionários da Receita Federal foram escolhidos dentre os que tivessem bom conhecimento da história do SERPRO, trabalhassem na instituição desde o início da década de 90 – período do concurso público para a seleção de técnicos de informática que realizariam as atividades de aprimoramento dos sistemas de informação utilizados –, e que tivessem experiência na homologação dos sistemas desenvolvidos pelo SERPRO.

Quanto à permissionária do restaurante da Associação dos Servidores e à terceirizada do serviço de copa, as suas escolhas deveu-se a necessidade de se obter mais informações sobre a freqüência de utilização do refeitório, dos espaços da Associação, inclusive nos finais de semana, pontos de café, sala de espera e demais ocorrências de encontros informais, fatos esses considerados importantes para o compartilhamento do conhecimento.

A tabela 1 (3) resume o conjunto dos participantes dos dois grupos selecionados nesta pesquisa, registrando-se que também foram realizadas conversas informais.

Tabela 1 (3) – Perfil dos entrevistados por função

Quantidades Categoria do

entrevistado

Total Analistas Técnicos Auxiliares

Chefes de divisão 04 02 01 01

Demais funcionários 12 04 05 03

Não-empregados 04 --- --- ---

Total 20 06 06 04

Fonte: Elaborado pelo autor