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Importância do capital social para a gestão do conhecimento Dada a necessidade de uma maneira mais eficiente de se criar, compartilhar e usar o

2 Fundamentação teórica

2.3 Capital social

2.3.2 Importância do capital social para a gestão do conhecimento Dada a necessidade de uma maneira mais eficiente de se criar, compartilhar e usar o

conhecimento visando a obter a vantagem competitiva, torna-se necessário entender capital social de uma maneira mais integrada ao nível organizacional. Para Lesser (2000), o capital social serve como óleo lubrificante que possibilita levar grupos díspares a colaborarem na gestão do conhecimento, considerando que seja possível estruturar a organização para absorver esses novos encargos.

De acordo com Silveira, Kuniyoshi e Santos (2005), para as empresas serem capazes de construir posições de vantagem, elas precisam:

Contratar administradores e colaboradores com capacidade para identificar, nutrir e explorar as competências essenciais da empresa. Com esses colaboradores no qual residem essas competências, a criação de um ambiente adequado para a valorização e utilização do conhecimento torna-se

uma necessidade real a ser desenvolvida pela organização.

Segundo Lesser (2000), o capital social é importante para possibilitar a gestão do conhecimento explícito e implícito. Para o autor, o grau com o qual os documentos são compartilhados com os membros da organização baseia-se em questões como confiança, pois, se ela não existir numa relação, é improvável que as pessoas invistam tempo e recursos para contribuir no compartilhamento de suas informações e de seus conhecimentos umas com as outras.

Complementando a importância do capital social, o autor acima citado considera ainda que a relevância aumenta quando do compartilhamento do conhecimento implícito, tendo em vista que esse conhecimento tem como forma mais eficiente de compartilhamento o contato direto entre componentes de um grupo. Para isso, constroem-se relacionamentos, linguagem comum e disposição para repartir as informações.

Muitas instituições, segundo Lesser (2000), encorajam a formação de relacionamentos fora do horário de trabalho, utilizando-se dos clubes da empresa e outras atividades externas. Assim, tais incentivos também ensejam uma maneira informal de compartilhar conhecimento dentro da organização (HUBER, 1991). Contudo, Lesser (2000) mostra que esse modelo de relacionamento fora do horário do trabalho é geralmente uma exceção nas organizações atuais, tendo-se em vista que elas têm se tornado mais globais e virtuais, ficando mais difícil conhecer um colega de trabalho em um nível mais pessoal.

Os relacionamentos sociais, de acordo com Lucena (2001), colaboram no processo de formação de opiniões e aquisição de informações importantes para o exercício do trabalho. O autor destaca os programas de treinamentos e de educação como sendo atividades importantes dos relacionamentos sociais, dentre outras.

Segundo Lesser (2000), quando da realização de treinamentos em locais remotos, as pessoas dispõem de mais oportunidades para formar redes, comunicando suas culturas, valores e linguagens. Esses contatos, de acordo com o autor, podem ocorrer nas salas de ginásticas, de refeições ou de esportes, fatos esses que podem colaborar para que surjam novas conexões.

Numa abordagem gerencial, Spender (2001) declara que o sistema de conhecimento é animado e social. O autor faz relações desse sistema com aspectos do capital social para descrever como o conhecimento pode estar presente e influenciar os processos sociais:

a) definição do grau de incorporação – aspecto que indica que a informação conduz à ação, preferência, valor e carga moral que podem apenas ser percebidas e entendidas pelo referencial do sistema hospedeiro;

b) definição de fronteiras – delimitações, interorganizacionais ou intraorganizacionais, que indicam as práticas adotadas em função dos valores culturais do grupo;

c) natureza do conhecimento dos bens públicos – complexidade que torna difícil lhes atribuir preço; eles são valiosos e podem ser compartilhados pela comunidade sem reduzir os seus estoques.

Quanto ao sistema hospedeiro, Spender (2001) observa a importância que deve ser dada ao conhecimento tácito, principalmente porque nele o conhecimento vai além das possibilidades do que a linguagem pode expressar. O autor também lembra que essa dificuldade de externalização por intermédio da linguagem tem a ver com a falta de idéias ou de habilidades verbais, o que dificulta exteriorizar o conhecimento implícito. Para Alves (1997), um dos primeiros e mais significativos padrões culturais colocados para o ser humano é a linguagem.

Por outro lado, destaca-se que Friedrich Wilhelm Nietzsche apresentou a linguagem como um instrumento que pode distorcer a realidade. À linguagem, deve-se o conceito de

verdade e de falsidade nas relações entre as pessoas, que podem fazer da linguagem um objeto de disfarce, comunicando e embriagando a todos com o enriquecimento da mesma (NIETZSCHE, 2000).

No que se refere às fronteiras de um sistema de conhecimento, Spender (2001) considera que os gerentes necessitam de um senso acirrado de como administrá-las em torno de um grupo social nos quais estão inseridos e possuem responsabilidades especiais. As fronteiras em torno do sistema do conhecimento podem, então, ser definidas em função das mudanças que são produtivas e aumentam a capacidade da equipe vs aquelas que não são produtivas e apenas mantêm as práticas adotadas pela equipe (SPENDER, 2001).

Finalmente, quanto ao conhecimento como bem público, nunca é demais enfatizar que ele torna possível a atividade de colaboração, principalmente, sob condições de incerteza, pois, sob condições de certeza, os processos de colaboração podem ser desenhados antes de seu uso. Assim, os gerentes podem e devem interferir na criação, aquisição e disseminação dos bens públicos (SAMUELSON, 1955; SPENDER, 2001), para melhor preparar suas equipes ante situações de incerteza as quais requerem, como já mencionado, a construção de confiança, sobretudo pelas expectativas embutidas nos processos de solução de problemas na organização.

Em conjunto, a adoção de mecanismos de gerenciamento na gestão do conhecimento e do capital social exige esforços de todos, ao lado de uma modelagem de estruturas organizacionais mais adequadas.

Diante do exposto, esta pesquisa estabeleceu conexões entre capital social, estrutura organizacional e gestão do conhecimento no caso da regional do SERPRO-Recife, tendo-se em vista a necessidade de se realizar estudos interdisciplinares, importantes na compreensão de relações sociais complexas. Assim, em razão dos aspectos mencionados ao longo deste

capítulo, apresentam-se, na próxima seção, os mecanismos de gestão do conhecimento pesquisados na regional do SERPRO-Recife.