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Cultura Açores: Centro de Conhecimento dos Açores

Através do portal Web da DRaC – Cultura Açores108 – é disponibilizada informação recolhi-

da ou produzida pelo Centro de Conhecimento dos Açores (CCA) no âmbito do Arquivo Digital, Arquivo de Imagem, Atlas Linguístico-etnográfico, Biblioteca Digital, Documen- tação sobre Teatro Popular, Enciclopédia Açoriana, Inventário Genealógico, Património Cultural, Património Arqueológico, Património Baleeiro, Registo Fonográfico, Registo de Bens Culturais, bem como o Espólio Francisco de Lacerda, um projeto do Museu de Angra do Heroísmo, e o Inventário do Património Imóvel dos Açores, um projeto desenvolvido para a DRaC pelo Instituto Açoriano de Cultura.

No início deste processo que visa a salvaguarda do património sonoro da Região, pelo facto de se tornar indispensável o acompanhamento da rápida e significativa evolução tecnológica no que se refere aos suportes de gravação e como forma de preservar os registos existentes para uma memória futura, surge o Registo Fonográfico dos Açores, cujo primeiro acervo a ser integrado resultou de um protocolo de cooperação estabelecido entre a DRaC e o Rádio Clube de Angra (RCA), uma rádio local da Ilha Terceira, cujos estatutos foram aprovados pelo Governo Civil de Angra do Heroísmo a 3 de abril de 1947. O acervo do RCA abrange diversas áreas, que vão desde os registos musicais, tais como concertos de agrupamentos de música erudita, de bandas filarmónicas, danças de carnaval e de temas do folclore aço- riano, ao registo de teatro radiofónico, conferências, palestras e debates. Dos conteúdos áudio deste arquivo disponíveis para consulta online, constam os seguintes registos: cân- tico de romeiros “Ave Maria” (1959); foliões da Vila Nova com “Cântico de Foliões” (1959); interpretação da “Chamarrita” (1959) por José Martins (José da Lata) e Maria Conceição (Garajau); “Discurso na Cimeira das Lajes” (1971) do presidente Georges Pompidou; palestra “Despedida” (1961), por Vitorino Nemésio. Na época, a discoteca do RCA incluía discos que não estavam à venda em Portugal (ou a que acedia mais cedo do que o mercado nacional), porque os obtinha através do mercado norte-americano na Base Aérea das Lajes.

Todavia, na sua grande maioria, os conteúdos listados que integram o Registo Fonográfico dos Açores, encontram-se ainda só disponíveis para consulta presencial no CCA, como é o caso dos registos sonoros em suporte digital do espólio de Joanne Purcell que resultam do trabalho de recolha de literatura oral realizado em 1969 e 1970 em algumas ilhas do arquipéla- go, assim como os registos sonoros em suporte digital da coleção José Noronha Bretão sobre as manifestações de teatro popular no Carnaval na ilha Terceira, ou o espólio do Clube Asas do Atlântico, a rádio da ilha de Santa Maria cuja atividade de emissão teve início no final da década de 40 do séc. XX, e por último, vários registos sonoros em suporte digital das recolhas realizadas por Artur Santos, maioritariamente das campanhas que decorreram nos Açores. Para além do trabalho realizado no âmbito de ação direta da DRaC, importa salientar a políti- ca desenvolvida por esta direção regional ao nível da colaboração, patrocínio ou financiamen- to, em projetos que vão sendo desenvolvidos por diversas entidades e organismos, privados

e públicos, na Região, que por sua vez contribuem para o enriquecimento e salvaguarda do património cultural regional. No âmbito do património sonoro, importa referir a edição de dois projetos que se enquadram nessa política de salvaguarda: a edição do CD José da Lata: o Pas-

tor do Verbo (2004), constituído por gravações de 1962 que integram o arquivo fonográfico

do Rádio Clube de Angra, assim como por vários dos registos realizados por Artur Santos aquando da campanha da ilha Terceira em 1952, e que resulta de um projeto idealizado pela Junta de Freguesia da Terra-Chã, na ilha Terceira, com o intuito de perpetuar a figura e a voz do “cantador” popular José da Lata, assim como o projeto de edição do conjunto de dois CDs com o título Tradições Orais: Corvo, São Jorge e Terceira (2003), pelo Instituto Açoriano de Cultura, na sequência das, então recentes, recolhas efetuadas por Paulo Henrique Silva em três ilhas do arquipélago. Considerando todo o trabalho que vem sendo desenvolvido no domínio da preservação e salvaguarda do património sonoro, importa ainda referir a reedição em 2001 em 4 CDs, numa iniciativa da exclusiva responsabilidade do Instituto Cultural de Pon- ta Delgada (ICPD), da antologia sonora das campanhas de Artur Santos na ilha de São Miguel intitulada O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Ilha de São Miguel, cuja 1ª edição em 1965 em suporte analógico fora já uma iniciativa do ICPD, assim como no ano seguinte, 2002, a edi- ção de nova antologia sonora em 2 CDs, relativa às recolhas realizadas na ilha de Santa Maria. Um trabalho nunca acabado - pela sua própria natureza e pela dinâmica, hoje vertiginosa, da evolução tecnológica -, o do registo sonoro de manifestações de índole cultural, é também ainda um trabalho imenso apenas começado, ao nível mundial, do país e, naturalmente, dos Açores.

Legislação:

Decreto Regulamentar Regional n.º 13/2001/A, de 7 de novembro Decreto Regulamentar Regional n.º3/2006/A, de 10 de janeiro Decreto-Lei n.º139/2009, de 15 de junho

Portaria n.º196/2010, de 9 de abril

Decreto Legislativo Regional n.º 21/2011/A, de 4 de julho Portaria n.º 80/2012, de 13 de julho

Bibliografia

AA.VV. 2007. Semblantes e Rumores. Artur Santos e as campanhas etnomusicológicas nos Açores (1952-

1960), Angra do Heroísmo: Presidência do Governo Regional dos Açores/Direção Regional da Cultura.

AA.VV. 2005. Roteiro dos Museus dos Açores, Ponta Delgada: Presidência do Governo Regional dos Açores/ Direção Regional da Cultura.

Cabral, Clara Bertrand. 2011. Património Cultural Imaterial. Convenção da Unesco e seus contextos, Lisboa, Edições 70.

Cruz, Cristina Brito da. 2001. Artur Santos e a Etnomusicologia em Portugal (1936-1969). Dissertação de Mestrado em Ciências Musicais, Etnomusicologia, sob a orientação da Professora Doutora Salwa Castelo- Branco, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa [não publicado].

Sites acedidos http://www.asasdoatlantico.pt/?sec=1&op=2 http://www.culturacores.azores.gov.pt/ http://www.iac-azores.org/ http://www.icpd.pt/ http://www.rcangra.com/quem/index.php

Carla Raposeira

[

Fundação INATEL

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Licenciada em Ciências Musicais. Colaborou de 1997 a 2009 com o Instituto de Etnomusicologia (INET). Em 1998 desempenhou funções de técnica para a a área da música na Câmara Municipal de Oeiras. Em 1999 entra como técnica para o Sector de Etnografia do Departamento Cultural do então INATEL IP, tendo em 2003 assumido funções de Chefe de Divisão e já em 2009 de Diretora-adjunta da já Direção Cultural da Fundação INATEL.

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