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Culturas colaborativas e a iniciativa do professor

2. O CONTEXTO DA PESQUISA: OUVINDO OS SUJEITOS

2.4 Culturas colaborativas e a iniciativa do professor

Como o problema de pesquisa é saber se as parcerias informais mobilizam saberes que colaborem no desenvolvimento profissional e além disso, se isso acontece nas universidades ou se estão presentes na cultura universitária, os entrevistados foram indagados sobre isso na segunda pergunta. Alguns professores entrevistados disseram que existe pouca parceria por iniciativa das instituições, por não valorizarem, embora o Prof. E afirme que algumas instituições percebem a importância disso e gerem espaço e o Prof. G diz que faz parte da cultura da instituição:

Sim, e eu acho que sim, acho interessante inclusive, quando a universidade percebe isso. Algumas tem percebido mais do que outras, e gera espaço, ambientes, que dão oportunidade pra isso acontecer. (Prof. E)

m-a-i-s o-u m-e-n-o-s... (ênfase dada pelo entrevistado, falando bem devagar) eu sinto que de uns tempos pra cá, tá começando a acontecer um pouco mais do que acontecia. (Prof. F)

O tempo todo a gente, nós nos alimentamos dessas parcerias informais. Então, é encontrar um professor e ela tá... é uma cultura da própria instituição, eu acho, né? (Prof. G)

Por outro lado, se vê em instituições, escolas, vamos pensar em instituições do ensino superior, que não primam, ou que não produzem, né, estratégias ou ações que valorizem, que impulsione esse trabalho mais colaborativo [...] não é uma ação que provém da cultura institucional, por parte da gestão ou de um projeto pedagógico, né, da própria instituição, mas é uma ação que provém de professores que vão buscando parceiros afins (Prof. I)

Podemos ver isso na resposta anterior, como é o caso do Prof. C, quando respondeu à primeira pergunta:

O que eu acho é que no ensino superior é mais descuidado. Hã... o trabalho/espaço pra troca e troca colaborativa; ele tá muito mais vinculado ao perfil pessoal e as suas necessidades do que institucionalmente. (Prof. C)

Como aponta o Prof. C, para alguns é algo pontual e quando ocorre é iniciativa dos próprios professores que percebem a necessidade de trabalhar em parceria, como afirma Também o Prof. I em resposta transcrita anteriormente. Isso pode ser visto, de igual forma, nas respostas abaixo:

Assim... a partir da minha experiência eu sinto que não é algo ainda muito valorizado. Então as ações são mais individuais, é, o professor muitas vezes não tem um tempo designado até pra esse trabalho partilhado, compartilhado [...] (Prof. B)

[...] então, isso é bastante pessoal, institucionalmente, até o encontro na sala de professor, que é um espaço interessante tá, não sei, tá mais dificultado, não sei, por conta de... e encontros institucionais, sistemáticos também tem hoje um outro perfil, vivi uma outra história no “Y”, de encontros e de formação [...] (Prof. C)

O Prof. H, apesar de citar experiências colaborativas na sua instituição no decorrer da pesquisa, em resposta à primeira questão diz: “Eventualmente esses projetos tem apoio da instituição”, por se tratarem de projetos que acontecem por iniciativa dos professores, o que ele chama de “disponibilidade e abertura” para que ocorram:

[...] as parcerias acontecem de modo informal, nas conversas entre professores, que surgem desde um encontro casual num café, numa conversa de sala dos professores, até projetos de parcerias que tem

partido das aproximações espontâneas entre professores. Acredito que elas aconteçam, de um modo amplo, mas é preciso ter a disponibilidade e abertura pra isso também. (Prof. H)

Outro fator que já apareceu na primeira resposta, foi a falta de tempo para essa troca, com relação à carga horária dos professores:

Eu acho que ele é bastante difícil ainda, em função da nossa carga horária, o tempo que a gente... falta tempo pra gente tá trocando com os pares [...] Então há um dificultador aí da própria organização da instituição pra esse trabalho colaborativo. (Prof. G)

Em resposta à segunda questão, as muitas atividades e a jornada de trabalho dificultam os encontros para que as parcerias informais ocorram. Podemos constatar isso em outras respostas:

Não sei se a demanda de tantas atividades, de tanta coisa pra fazer, a gente se isolou mais nessas coisas assim, intencionais de fazer programas, entendeu? No todo... (Prof. A)

Então as ações são mais individuais, é, o professor muitas vezes não tem um tempo designado até pra esse trabalho partilhado [...] ele fica em alguns momentos restrito a algumas situações, quando você tem aí a oportunidade de sentar com seu colega, às vezes você tem mais tempo, menos tempo, depende inclusive da jornada de cada professor. (Prof. B)

O que se pode perceber pelas respostas anteriores e as seguintes é que esses encontros informais partem da iniciativa dos próprios professores que, percebendo essa necessidade, organizam os encontros e as trocas conforme a oportunidade se apresenta. A questão do isolamento, abordado anteriormente pelo Prof. C, torna a aparecer na análise da terceira questão quando tratamos sobre o isolamento. Aqui as trocas aparecem, geralmente, através de redes sociais ou em momentos informais dentro ou fora da instituição. O fato de ir tomar um café ou almoçar juntos, segundo o Prof. D nem sempre expressa o hábito da troca como também podemos observar nas afirmações:

[...] eu acho que é mais intenso na faculdade, no ambiente de trabalho, ou quando você se depara com alguma dificuldade enquanto você está elaborando a aula ou já deu a aula, coisa assim... de ir no grupo e pedir ajuda, pedir informações, entendeu? [...] ... há muito isso pra ajuntamento pra trabalho acadêmico, né? (Prof. A)

[...] ou eles são seus amigos pessoais ou por conta de outros trabalhos você acaba encontrando, trocando, e tendo esse espaço de construção mesmo. (Prof. C)

[...] tá muito ligada às crenças, as concepções do profissional. Assim... eu já trabalhei em outros grupos, em que você até vai tomar lanche junto, almoça junto, e tudo mais, mas você não tem essa... não sei se seria essa palavra, esse hábito de troca, de comentar [...] espaço de informalidade, ele está muito mais ligado quanto à forma que você se percebe como profissional, em alguns espaços. (Prof. D)

[...] mas agora eu sinto o movimento dos professores nas salas dos professores, no cafezinho, né... nas prosas do dia a dia, eu to percebendo um interesse maior de juntar os saberes. (Prof. F)

Na saída esse professor já me mandou um WhatsApp [...] Então, olha como isso acontece, né? Via WhatsApp. A professora vinha lá, organizamos um cafezinho de dez minutos, né? Quando nos encontramos, e aí a gente conversou e planejamos ações pra mediar essa situação [...] (Prof. G)

Essas situações criadas pelos próprios professores, segundo o Prof. D, partem da própria concepção de si mesmo como profissional, de seus hábitos de troca e vai além do que a instituição estabelece. Se essa cultura colaborativa não é incentivada por algumas instituições, segundo alguns professores, ela está presente no corpo docente que a busca através da amizade com os pares, segundo afirma o Prof. C e agregam-se conforme a afinidade, como afirma o Prof. A. De acordo com o referenciado: “A cultura da colaboração é o substrato básico intelectual e afetivo para enfrentar a incerteza e o risco do fracasso” (PÉREZ-GÓMEZ, 2001, p. 174).

Retornando ao pensamento dos teóricos, Nóvoa (2009, p.17) assevera sobre a importância dos colegas de profissão se preocuparem na formação do outro: “Ao recorrer a esta expressão, quero sublinhar a necessidade de os professores terem um lugar predominante na formação dos seus colegas”. Percebemos aqui a necessidade da procura aos parceiros para ajuda mútua, o que já foi visto nas respostas e será ainda analisado na quinta questão.

Dando continuidade ao que alguns afirmaram, de que muitas vezes o trabalho colaborativo parte da iniciativa dos próprios professores, a terceira questão buscou

saber se nas instituições dos entrevistados existem os trabalhos colaborativos e como eles estão sendo constituídos.

Alguns professores disseram que o encontro entre os professores em suas instituições acontece nas reuniões pedagógicas e são pontuais, (Prof. A, B, F e I), outros já descrevem mais como isso ocorre, (Prof. D, E e G). O Prof. D cita algumas atividades formais, institucionalizadas que, ao serem finalizadas, proporcionam encontros informais que, segundo ele, “acontece nas bordas”, como as visitas externas através do estudo do meio e os projetos interdisciplinares. Através do que se chama eixo comum, citado também pelo Prof. E, os professores se reúnem para programar suas disciplinas e/ou projetos em comum, o que acabou por desencadear a ideia de um grupo de pesquisa e outros encontros informais que geram aprendizado e crescimento. Segundo o Prof. E “[...] as pessoas tem a oportunidade de compartilharem ideias. Uma outra coisa que fica favorecido nesse tipo de situação, é o encontro de pessoas que tem interesses comuns”. Aqui estão trechos das falas desses professores:

Então... nessa parte formal... na formalidade a gente tem o que? As reuniões, né? As reuniões que são programadas antes de começar o semestre, no final do semestre...quatro basicamente, quatro grandes reuniões (Prof. A)

Eu vejo pouquíssimas oportunidades da realização de um trabalho colaborativo. Às vezes quando temos um momento em que precisamos organizar um evento, precisamos organizar uma atividade coletiva, mas é muito pontual. (Prof. B)

na instituição a gente está nesse momento de mudança, que já faz algum tempo... hã, que é interessante, que elas estão mais amplas [...] eu não tenho tarefa institucionalmente delegada pra fazer com meus colegas, até porque não me podem pedir isso porque eu sou professora aulista. Então o que nós fazemos é por afinidade educacional mesmo, na linha pedagógica, na afinidade política, pessoal. (Prof. C)

Eu acho que existe, acho não, com certeza absoluta existe; eu só não saberia separar muito o quanto ela é institucionalizada, [...] em termos institucionais, a gente tem nas semanas de preparação pedagógica alguns espaços e algumas reuniões pra pensar, por exemplo, disciplinas que a gente chama de eixo comum ou disciplinas que são divididas por vários professores. Aí também você cria o grupo de pesquisa, tudo mais, porque você tem uma afinidade ali maior.Projetos Interdisciplinares mudou o desenho da disciplina. Hoje ela tem, aí o estudo do meio tem sido um dos pontos centrais

pra fazer ver esse trabalho colaborativo também [...] É um espaço institucional, no sentido de tá ligado às disciplinas, planejamento, à matriz curricular e o projeto pedagógico do curso, mas por outro lado ele acontece nas bordas, no sentido assim... não existe um horário de planejamento semanal, mensal, enfim... que a gente tenha isso organizado, senão na semana de preparação pedagógica [...] e aí vem a questão da relação das amizades, né...porque muitos desses estudos do meio surgem das propostas e tudo mais, nos cafezinhos e nos lanchinhos (Prof. D)

Acho que houve alguns ganhos que são bem importantes. [...] existem núcleos [...] E há professores que são responsáveis por esses núcleos. Esses professores devem promover reuniões que são formais, com o pretexto de discutir conteúdos, organizar calendários [...] porque dessa reunião se chama pra um café, se chama pra uma visita à biblioteca, se chama pra uma ida ao cinema, mas não só na intenção do passeio, na intenção de um interesse comum pedagógico. Então, hoje, o próprio curso de Pedagogia, ele promove várias saídas... e aí as pessoas tem a oportunidade de compartilharem ideias. Uma outra coisa que fica favorecido nesse tipo de situação, é o encontro de pessoas que tem interesses comuns (Prof. E)

Talvez até haja alguma coisa pontual aqui e ali, mas nada muito oficial. Então, eu particularmente não estou sabendo de nada sobre isso. Acontece mais nas semanas acadêmicas (Prof. F)

Então, eu acho que nessa instituição a gente tem um privilégio, e eu vou dizer do curso específico de Pedagogia, porque desconheço os outros; mas aqui a gente tem um privilégio por trabalhar na área das humanidades; eu creio que seja um facilitador do perfil de professores que trabalham nesse curso, né? Eu vejo como um facilitador. E eu acho que isso se institui e é facilitador. Eu acho que ele tá aí, não resta a menor dúvida, e o tempo todo a gente tá se encontrando. Eu acho que essa instituição, acaba, por exemplo, a gente tem nas semanas de formação, a gente tem a possibilidade de tá escolhendo o que eu gostaria de tá aprofundando o meu conhecimento, na semana de planejamento; eu acho que isso é um facilitador, quando a universidade oferece. Embora creio que seja pouco, porque a gente precisa da formação, mas a gente precisa muito dessa troca entre os pares, e ao longo do semestre ela acaba acontecendo de forma informal. (Prof. G)

[...] a cultura da colaboração nem que ela parta, muitas vezes, de um processo de colegialidade, que seja mais burocrático, com reuniões que sejam muitas vezes convocações, pra que haja, né, esses momentos de encontro entre os professores, mas é possível por uma prática constante, buscar construir uma cultura de colaboração [...] Então, quando não há esse incentivo, essa prática institucional de uma valorização, de uma busca por uma cultura de colaboração, você não tem esse trabalho colaborativo no sentido de uma contribuição mútua entre os professores, deste corpo docente, mas

isso também não quer dizer, no meu entendimento, que os professores não possam ser solidários entre eles ou buscar parcerias entre eles (Prof. I)

Alguns professores citam que os encontros pedagógicos são encontros burocráticos, em que os professores não têm espaço para discutir e expor suas ideias, e se tornam ouvintes ou que as reuniões pedagógicas, que envolvem a universidade toda, tomam o espaço das discussões entre os professores:

Agora, não sei se porque tá mais amplo, porque envolve a universidade toda... é gostoso, a gente encontra os professores... a gente discute... é interessante porque ao mesmo tempo que ele tá mais amplo, envolve mais pessoas, tem os convidados, e convidados ilustres, outros não tão ilustres, mas bem renomados... hã... tem a temática, sistemática são mais abrangentes, mas a gente acaba discutindo menos o micro, acaba discutindo menos, por exemplo, com os encontros da Pedagogia, eles estão mais restritos, por incrível que pareça; com a semana pedagógica, que é pedagógica, que é pra universidade toda, que é interessante, mas as reuniões entre o grupo de professores ficou mais restrita. Antigamente a gente muito tempo, atrás tinha uma prática mais sistemática (Prof. C)

Quando há os encontros entre os professores, esses encontros se dão por uma forma mais burocrática, em forma de reuniões pedagógicas, que muitas vezes elas se constituem no formato de avisos, né, de informações. (Prof. I)

Em resposta à terceira questão, o Prof. E, mostra como esses encontros acontecem e afirma que anteriormente as reuniões pedagógicas, com um número grande de professores, geravam um auditório de escuta e serviam para que os gestores trouxessem informações, como aponta também o Prof. I de outra universidade, e dificultavam a conversa, mas que a universidade desenvolve hoje núcleos por áreas, nos quais o contato se torna mais próximo e com condições de interação:

[...] o que aconteciam eram reuniões numerosas, em que todos os professores participavam o tempo todo, e essa reunião numerosa, tende a gerar um auditório de escuta, é muito difícil promover... tende a ser um momento em que o líder, seja diretor ou coordenador ele traz informações, e ele compartilha tudo aquilo que é necessário, mas é difícil estabelecer uma conversa ali, porque são muitas pessoas, né? Então, com a configuração desses núcleos, acho que se promoveu essa interação, porque menos professores fazem parte de cada reunião [...] (Prof. E)

Não havendo a cultura de colaboração por parte da instituição e seus gestores, como aponta o Prof. I, essa parceria colaborativa não acontece com todo o corpo docente, ficando limitado à algumas parcerias.

Embora algumas instituições não incentivem essas parcerias, as respostas anteriores levam-nos a crer que estejam começando a se movimentar para proporcionar mais encontros, talvez já percebendo o quanto são importantes e de que modo colaboram para o crescimento da instituição, como abordou o Prof. B em sua primeira resposta: “Então, o meu desenvolvimento pessoal, ele acaba contribuindo para o desenvolvimento institucional”. Se essas instituições percebessem a importância desse trabalho colaborativo entre os pares, a saber, essa parceria produtiva informal, elas poderiam proporcionar maior tempo para que o encontro produtivo ocorra, como aponta o Prof. I: “[...] a instituição tem que buscar ter uma cultura de colaboração para que haja um trabalho colaborativo que é fundamental, não só pro desenvolvimento profissional docente, mas pro desenvolvimento institucional”, e se a gestão se aperceber dessa importância, pode acontecer que: “mesmo que a instituição, num primeiro momento, não valorize, com o passar do tempo ela vai percebendo que esse trabalho contribui e ela mesmo vai incentivando” (Prof. B).

Segundo o referencial, essas parcerias não podem ser impostas, mas sugeridas e, em se havendo tempo hábil para isso ocorra, redunde em crescimento pessoal e institucional. Retomando o pensamento de Nóvoa (2009, p. 20): “A colegialidade, a partilha e as culturas colaborativas não se impõe por via administrativa ou por decisão superior”. O Prof. H aborda a parceria informal como não imposta:

As parcerias informais, aquelas que não são propostas ou impostas até, por projetos ou por acordos entre as disciplinas comuns enfim, aquelas que são espontâneas, aquelas que a gente se aproxima por afinidade, por afetividade, essas são sem dúvidas enriquecedoras, prazerosas. (Prof. H)

A não imposição da cultura colaborativa por parte dos gestores da instituição é importante, contudo o extremo pode acontecer, como a falta de visão ou a busca de outras prioridades, como é citado por um entrevistado:

No meu ponto de vista, esse trabalho colaborativo não tem acontecido por uma visão institucional, que de uma certa forma

também não tem buscado isso ou colocado isso como ponto de importância... é, talvez hoje a instituição tenha outras prioridades. (Prof. I)

Outro fator abordado pelo Prof. I foi o fato do crescimento da instituição dificultar a cultura da colaboração: “Não sei se em razão da instituição ter crescido muito, o corpo docente ter crescido muito, departamentalizado demais, criado muitas seções, e isso também tenha desviado um pouco esse foco da cultura da colaboração”. Mesmo diante dessa situação, o entrevistado acredita que a gestão poderia favorecer a colaboração criando estratégias para os encontros:

Porque a gestão, porque muitas vezes institucionalmente não há esta intenção da cultura da colaboração, mas se os gestores de curso veem como algo importante, garantir a colaboração entre sua equipe de professores, eles podem criar estratégias pra buscar agrega- los. No momento atual, onde eu trabalho, não há essa intenção e essa prática; nem por parte da instituição e tão pouco por parte da gestão do curso. (Prof. I)

O Prof. D afirma que “eu só não saberia separar muito o quanto ela é institucionalizada, no sentido de ser pensado os espaços próprios pra isso, e o quanto acontece por conta dessas outras relações, de aproximação de amizade, de pesquisa, e tudo mais”. Essa dificuldade em separar o “institucionalizado” das relações que provém dele, chamadas de “informais”, pode reforçar a ideia de que a Instituição que idealiza e organiza espaço/tempo para os encontros formais, pode gerar através deles outros espaços/tempo para as trocas informais. Isso pode ser percebido pela resposta do mesmo professor à outra questão:

Então, todo semestre, apesar de a gente ter um rol já de textos, que há algum tempo não muda e tem os documentários que vão ser passados, sempre os professores se reúnem pra pensar quais estratégias, até a própria questão do relatório de estágio e tudo mais. Esse é um espaço institucional pra pensar e pra tentar nutrir essa questão colaborativa. Acho que seria um bom exemplo, porque, por exemplo, do último semestre pra cá, essa disciplina de docência acabou se tornando um grupo de pesquisa [...] (Prof. D)

Tardif e Lessard (2005, p.183) se referem a essa dificuldade de categorizar o formal e o informal porque em alguns aspectos elas podem se fundir:

Os limites entre os aspectos formais e informais, evidentemente, nem sempre são claros e óbvios, pois a vida concreta de um estabelecimento repousa tanto em relações codificadas quanto sobre

amizades, conflitos pessoais, colaborações pontuais, intercâmbios imprevistos, etc.

O Prof. H que também leciona na Pedagogia, comentou que alguns professores que possuem disciplina em comum acabam se aproximando e colaborando em um projeto do curso de Publicidade. A iniciativa, porém, parte do grupo de professores. Essas práticas são exemplos da junção do formal com o informal:

Essa experiência já foi compartilhada na Semana Pedagógica, com outros professores da instituição. No entanto, é um projeto que parte de um grupo de professores, e não de uma proposta da coordenação, ou algo similar. Fazemos por que queremos! (Prof.H)

Em relação ao curso de Pedagogia o mesmo entrevistado aponta que através da disciplina de Projetos Interdisciplinares trabalha-se “oficialmente”, portanto é institucionalizada, mas a coordenadora da área do ensino de Arte incentiva, provoca e estimula a outras produções a partir das disciplinas, o que seria uma ação informal