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D A NTÓNIO DA C OSTA ( M 1633)

P RODUÇÃO DOCUMENTAL

2.1.1. D A NTÓNIO DA C OSTA ( M 1633)

“D. António da Costa, filho bastardo de D. Álvaro da Costa (...) estudou em Coimbra onde se doutorou em Cânones, e por morte de seus irmãos mais velhos herdou o Morgado de seu pai, e viveu na sua quinta de Mutela termo de Almada. Foi Comendador na Ordem de Cristo e casou com D. Madalena de Mendonça filha herdeira de António Perdigão de Góis Cavaleiro da Ordem de Cristo e senhor do Morgado do Perdigão e de D. Madalena de Mendonça filha de Agostinho Furtado de

Mendonça (...)”404

O filho segundo de D. Álvaro da Costa “o Queimado”, D. António da Costa, legitimado em 1586, estudou entre 1585 e 1594, na Universidade de Coimbra, onde se doutorou em Cânones405. Em 1597 solicitou a sua habilitação do Santo Ofício406. Foi comendador na Ordem de Cristo407. Por morte sem descendência do irmão mais velho, Duarte408, herdou o morgado instituído pelo pai em 1603. Será ele que em 1618 irá contratar com os frades da Santíssima Trindade de Lisboa a instituição da capela que o pai deixara determinada quando da instituição do morgado409.

Casou em 20 de Fevereiro de 1608 com D. Madalena de Mendonça410, filha de Luís de Góis de Mendonça Perdigão, senhor do morgado dos Perdigões, e de sua

404 APVF – Título da família e apeldo dos Costas. Ms.

405

AUC - Índice de Alunos. http://pesquisa.auc.uc.pt/details?id=199266&ht=ant%C3%B3nio|costa|d

406 ANTT – TSO, Habilitações do Santo Ofício, mç. 54, diligª 1160.

407

APVF – Título da família e apelidos dos Costas. Ms.

408 D. Duarte da Costa, filho mais velho do “Queimado”, morreu em vida do pai, antes mesmo da

redacção da cédula de instituição do morgado, iniciada em 20 de Dezembro de 1603, uma vez que D. Álvaro da Costa assim o refere, a propósito de ter determinado de “siguir o custume açertado, que entodos os reinos de Hespanha, e mto geralmente nestes de Portugal, se usa e costuma; o qual he as maes das prinçipaes, e nobres pessoas con q nosso Snnor abundantemente partio de seus bens temporaes a Uinculare todos ou os mais de seus bens q possue ou esperauão possuir unirennos e aiuntarenos, e fazere instituição delles amodo de morgado pello q certifico q sempre esta foi minha tenção e assi o uzey co Dom Duarte da costa meu filho, q foy o maes Uelho q tiue q Ds tem, pore não cheguei a fazer instituição de compromisso senão promessa de cõtrato a effeito de o casar, como casei, o q não teue effto p assi dona Paula da silua sua molher como elle não deixare filho herdrº legittimo; ne macho, ne femea , pello q tudo ficou se ter eff.to nenhu”. Cf. APVF – Cédula de instituição do morgado de D. Álvaro da Costa da Silva. Conhecemos o seu testamento (data ilegível), em que deixa por universal herdeira sua filha ilegítima, D. Filipa da Silva, recolhida no mosteiro do Lorvão com o nome de Maria das Chagas. Cf. ANTT – Feitos Findos, Inventários post-motem, letra D, mç. 59, nº 4.

409 Cf. VILLA FRANCA, Pedro – “D. Álvaro da Costa da Silva (1527-1604?): o primogénito

proscrito”, cit., p. 135, nota 97.

410 Segundo informação de ARRAIS, José António de Mendonça – Genealogia dos Costas. Lisboa,

1934, p. 57, que diz que a escritura foi feita nas notas do tabelião de Almada António de Bivar e o dote montou em 12.000 cruzados. Diz também Mendonça Arrais que a tia-avó da noiva, D. Luísa de Góis, a dotou com muitos bens, na nota de Luís Álvares Vieira, também tabelião em Almada. D. Madalena de Mendonça morreu em Almada em 20 de Setembro de 1650. Cf. ADSTB – Paróquia de São Tiago de Almada, Óbitos, lv. 1, f. 151.

136 mulher D. Maria de Mendonça, herdando por esta razão o morgado dos Perdigões. Viveu na sua quinta da Mutela, no termo de Almada. Morreu com testamento em Outubro de 1633411.

Dos catorze filhos que teve, cinco professaram, e seis morreram na infância. Dos outros três:

D. Maria de Mendonça, nascida em 1613, casou em Almada, em 3 de Agosto de 1642, com D. Pedro José de Melo, governador do Maranhão412.

D. João da Costa, nascido em 1621, herdou a Casa do pai e os seus morgados413. “Viveu na sua quinta da Mutela, termo de Almada e foi comendador da Ordem de Cristo, serviu depois da aclamação de D. João IV em algumas armadas com o posto de capitão de Infantaria. Não casou414 e morreu, sem geração legítima, na quinta da Mutela em 20 de Setembro de 1663, tendo sido enterrado na igreja de Santa Maria do Castelo de Almada415. Por sua morte, os seus morgados passaram para o irmão, D. Luís, cuja descendência se aliou por casamento com a Casa de seus primos os Armadores-mores.

D. Luís da Costa, nascido em 28 de Setembro de 1626, “foi moço Fidalgo do serviço do rei D. João o IV e serviu muitos anos na guerra do Alentejo, ultimamente com o posto de tenente general de Cavalaria. Foi também comendador da Ordem de Cristo e vereador da Câmara de Lisboa em cujo emprego faleceu (...)”416

. Casou com sua prima D. Maria de Noronha (de que só se conhece a data da morte em Almada a 24 de Outubro de 1672417), filha de D. Pedro da Costa, armador-mor, e de sua mulher D. Violante Henriques, por cujo casamento se uniram os dois ramos da família, descendentes ambos dos filhos varões de D. Álvaro da Costa, D. Gil Eanes e D. Duarte da Costa. Além do morgado instituído pelo avô paterno, herdou também o morgado dos Perdigões de seu avô materno, bem como o morgado instituído por

411 APVF – Inventário post-mortem de D. António da Costa, 1634.

412 Cf. registo de casamento em ADSTB – Paróquia de São Tiago de Almada, Casamentos, lv. 1, f. 96.

413

Em 4 de Novembro de 1662, recebeu a mercê “de 40.000 reis de pensão em uma das commendas de Ordem de Christo com o habito della que lhe mando lançar, e das saboarias pretas das villas de Alemquer, Arruda e Atouguia, que vagaram de Luis de Góes, seu avô, passando-se-lhe o despacho e mostrando não renderem mais de 40.000 réis, tendo consideração aos serviços feitos em campanhas e ao seu denodo e coragem”. Nessa mesma data foi-lhe também feita a mercê do “lançamento do habito de Christo com 40.000 réis de pensão em alguma commenda da Ordem, de que tinha promessa”. Inventário dos livros das Portarias do Reino. Lisboa: Imprensa Nacional, 1912. Vol. II, p. 357.

414 APVF – Título da família e apelidos dos Costas. Ms.

415

Cf. registo de óbito em ADSTB – Paróquia de São Tiago de Almada, Óbitos, lv. 1, f. 163v.

416 APVF – Título da família e apelidos dos Costas. Ms.

137 Fernando de Sousa para o filhos segundos, o que D. Luís era418. Fez testamento em Estremoz, em 16 de Julho de 1665, mas só veio a morrer em Lisboa em 5 de Dezembro de 1681419. Com seu filho D. António Estêvão da Costa, continuou a Casa dos Armadores-mores, feitos viscondes e depois condes de Mesquitela.

PRODUÇÃO DOCUMENTAL Tipologia Documentos % Arrendamento 1 10 Certidão 1 10 Compra e venda 1 10 Contrato de capela 1 10 Dote e arras 1 10 Fretamento e obrigação 1 10 Habilitação 1 10 Inventário/Partilhas 1 10 Sentença 1 10 Testamento 1 10 Total 10 100

Conforme referido, D. António da Costa foi, por morte do irmão primogénito sem descendência, o herdeiro do morgado instituído pelo pai.

418 Em 11 de junho de 1660, recebeu a mercê “de uma commenda do lote de 10.000 réis, e do habito de

Christo, e emquanto não entrar na posse da mesma commenda, se lhe darão 120.000 réis de renda effectiva, em alguma das commendas da Ordem, os quaes 120.000 réis se lhe consigna nos bens que foram do Marquês de Castello Rodrigo, nas Ilhas dos Açores”. E na mesma data a mercê “de lançamento do habito de Christo a titulo de uma commenda da Ordem do lote de 200.000 réis, de que tinha promessa”. Em 27 de Setembro de 1662, “mercê a D. Luis da Costa, para que por conta da promessa da commenda de 20.000 réis e da pensão de 120.000 réis de tença noutra tanta quantia que provou vagar por fallecimento de D. Leonor de Milão, religiosa do Mosteiro de Santa Clara de Coimbra”. ARQUIVO NACIONAL–TORRE DO TOMBO – Inventario dos Livros das Portarias do Reino. Lisboa: Imprensa Nacional, 1912. Vol. II – 1653-1664, p. 357.

419 APVF – Testamento de D. Luís da Costa, de Estremoz, 16 de Junho de 1665; APVF - Certidão dos

autos de inventário de D. Luís da Costa, que faleceu em 7 de Dezembro de 1681.

Class. Documentos % Património imóvel 3 30 Documentos pessoais 3 30 Morgados / Capelas 2 20 Diversos assuntos 2 20 Total 10 100

138 Terá certamente recebido toda a documentação referente a este morgado mas, de sua produção, só conseguimos identificar dez documentos: no que se refere ao património, três documentos são referentes à gestão de propriedades nos Açores e um é relativo ao arrendamento das saboarias que recebera do sogro em dote. Dos outros seis documentos, dois referem-se ao seu testamento e inventário orfanológico que se conserva no original no arquivo de um seu descendente, e quatro, um de cada, têm a ver: com a instituição da capela do pai (cujo contrato com os frades da Santíssima Trindade de Lisboa ele assinou somente em 1618), com o contrato de dote e arras para casar com D. Madalena de Mendonça, com a seu processo de habilitação a familiar do Santo Ofício, e por fim, com o fretamento de uma caravela para ir aos Açores buscar trigo.

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