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A RQUIVO DA C ASA DE S OURE

De D. João da Costa (1540-1616), 3º filho varão de D. Gil Eanes da Costa (1502- 1568), descendem por linha masculina, até meados do século XIX, os condes de Soure, cujo arquivo, hoje infelizmente disperso, ainda se conservava intacto no palácio dos condes de Redondo, marqueses de Borba, em Santa Marta (Lisboa), no início do século XX, onde Júlio de Castilho o pôde consultar48.

48 Diz Júlio de Castilho, a propósito da genealogia da família Costa que se propunha fazer: “Foi extraída

dos cartapácios genealógicos que me pareceram mais conceituados e do riquíssimo cartório da Casa de Soure, hoje em poder do sr. Marquês de Borba, que cheio de boa vontade de me ser útil, me franqueou incondicionalmente os seus papéis.” Cf. CASTILHO, Júlio de – Lisboa Antiga: o Bairro Alto. Vol. IV. 3ª ed. Lisboa: Oficinas Gráficas da CML, 1962, p. 79.

Fig. 4

24 O Arquivo foi sendo acrescentado pelos sucessivos casamentos e aquisições de património e terá possivelmente transitado pelas várias casas/palácios que a família ocupou (nomeadamente o palácio da travessa do conde de Soure, no Bairro Alto e o palácio de Monte Agudo na Penha de França), para finalmente se instalar no palácio dos condes de Redondo a Santa Marta, quando, por extinção da linha masculina da Casa de Soure, com a morte sem descendentes legítimos do 7º conde de Soure, D. Henrique José da Costa Carvalho Patalim Sousa Lafetá, a sua Casa passou para a irmã, D. Maria Luísa, casada com o 15º conde de Redondo, D. José Luís de Gonzaga de Sousa Coutinho Castelo Branco e Meneses.

Júlio de Castilho ao consultar o arquivo estava particularmente interessado na documentação referente ao património e casas da família no Bairro Alto, mas, a propósito da genealogia que faz da família, desde o primeiro D. Álvaro da Costa até ao 4º conde de Soure, não deixa de elencar uma série de documentos que nele encontrou49. Pela sua descrição vê-se que o arquivo continuava organizado da mesma forma que o descreve o inventário, elaborado talvez em 1862, que hoje se encontra na Biblioteca do Banco de Portugal50.

O Arquivo Soure nessa data, imediatamente anterior à da extinção dos morgadios, estava organizado em 15 maços:

Índice do cartório das Exmªs Cazas dos Condes de Soure51 Maço 1 – Lisboa (nºs 1 a 96) - 1492-1707

Maço 2 – Lisboa (nºs 97 a 154) - 1707-1844 Maço 3 – Lafetás (nºs 1 a 69) - 1465-1832

49 Diga-se em abono da verdade que Júlio de Castilho faz grande confusão, tal como vários outros

genealogistas, entre os vários Álvaros e Gil Eanes da família, nomes sempre repetidos nas várias gerações.

50

Este inventário intitulado Índice do cartório das Excelentíssimas Casas de Soure, 1862(?), (Biblioteca do Banco de Portugal, FF/M52), foi adquirido por Fausto de Figueiredo (1911-1971) e vendido ao Banco de Portugal pelos seus herdeiros em 1972. Cf. a entrada elaborada por Filipa Lopes em Maria de Lurdes ROSA e Randolph HEAD (eds.) – Rethinking the Archive in Pre-Modern Europe: Family Archives and their Inventories from the 15th to 19th Century. Lisboa: IEM – Instituto de Estudos Medievais, [2016], p. 170.

51 BBP – FF/M52. Outros inventários do mesmo arquivo existentes na Biblioteca do Banco de

Portugal são o FF/M61 - Relação dos documentos existentes no cartório da Casa de Soure e dos bens e rendimentos desta Casa e o FF/M51 –Livro de toda a fazenda que tem o Exmo. Sr. Conde de Soure e seu rendimento feito no mez de fev. de 1731 . Também, na Torre do Tombo, integrado na colecção Adília Mendes, existe um pequeno inventário de documentos deste arquivo, de data posterior a 1803 mas anterior ao FF/M52, cuja cota é: ANTT - Adília Mendes, mç. 4, doc. 1. Este documento está disponível em formato digital em:

25 Maço 4 – Cascaes (nºs 1 a 16) - 1558-1833

Apêndice ao Maço 4 – Cascaes (nºs 1 a 13) - 1585-1764 Maço 5 – Alentejo (nºs 1 a 87) - 1357-1840

Maço 6 – Morgado n’Ilha de S. Miguel (nºs 1 a 62) - 1505-1837 Maço 7 – Monte Agudo (nºs 1 a 12) - 1636-1759

Maço 8 – Colleginho (nºs 1 a 17) - 1594-1837 Maço 9 – Azambugeira (nºs 1 a 124) - 1614-1847 Maço 10 – Azambugeira (sem documentos)

Maço 11 – Sentenças (nºs 1 a 19) - 1714-1833 Maço 12 – Capellas (nºs 1 a 7) - 1635-1821

Maço 13 – Portella, Bolonha, Aldegallega da Merciana e Loures (21 docs. ) - 1546-1839

Maço 14 – Pergaminhos (nºs 1 a 46) - 1418-1747

Maço 15 – Pública forma de varios documentos em pergaminho (nºs 1 a 10) - s/d

Total = 657 documentos em 15 (16) maços

Posteriormente, foram acrescentados mais 2 maços: Maço 16 – Bairro Alto

Maço 17 – Escrituras e vários documentos

No caso da família Costa, interessam concretamente os maços 1 e 2 (Lisboa), o maço 6 (Morgado da Ilha de S. Miguel), o maço 8 (Coleginho) e os maços 14 e 15 (Pergaminhos e Pública-formas de pergaminhos), onde econtrámos a descrição de numerosa documentação procedente das quatro primeiras gerações de Costas com Dom.

Não se conhece com segurança o que aconteceu a este Arquivo na sua totalidade. Tal como já referimos, Júlio de Castilho ainda o consultou no palácio dos condes de Redondo a Santa Marta, hoje pertença da Universidade Autónoma de Lisboa, que o adquiriu em 1985 à última proprietária, uma filha do conde Arnoso casada com Manuel Espírito Santo Silva52. Pelo palácio, que havia sofrido um

52 No dizer do Dr. Justino Mendes de Almeida, reitor da UAL: “(...) nessa altura, viemos para o Palácio

dos Condes de Redondo, um Palácio que pertencia à família Espírito Santo e que depois nos foi vendido por intermédio do embaixador Franco Nogueira, que trabalhava no Grupo Espírito Santo. O Palácio era uma ruína completa, por isso tivemos de proceder à sua recuperação, sempre sob a fiscalização da

26 incêndio na ala sul em 1939, tinham passado algumas “instituições de assistência social, duas escolas primárias e vários estabelecimentos comerciais, além de funcionar como habitação para famílias pobres”53

, pelo que é natural que o arquivo já aí não se encontrasse desde pelo menos a década de 20 ou de 30 do século XX.

Alguns documentos foram sendo vendidos, possivelmente em leilão, ao longo do século passado, encontrando-se hoje um número razoável54 a integrar a colecção dita Adília Mendes no Arquivo Nacional da Torre do Tombo55, sendo um deles uma relação de documentos do arquivo da Casa elaborada cerca de 180256. Outros, como o inventário atrás referido e mais dois – Relação dos documentos existentes na Casa de Soure (Caderno nº 4 – Cascais e Ilha de São Miguel)57 e Livro de toda a fazenda que tem o Exmo. Sr. Conde de Soure58, estão actualmente na Biblioteca do Banco de Portugal. Alguma parte do Arquivo poderá ainda estar nas mãos da família, mas não conseguimos ter certeza de nada.

Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, uma vez que o Palácio era e é considerado um IIP – Imóvel de Interesse Público (Decreto Nº 735/74)”.

Cf. http://aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.pt/2008/02/rua-de-santa-marta.html.

53

Cf. http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6225

54 Pelo menos 75 documentos do Arquivo Soure-Redondo/Borba.

55 ANTT – Adília Mendes: Catálogo. Lisboa, 2014 (ID - L710). Cf. http://antt.dglab.gov.pt/wp-

content/uploads/sites/17/2008/09/Adilia-Mendes-Catalogo-final.pdf

56

ANTT – AM, mç. 4, nº 1, disponível em: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4746839

57 BBP – FF/M61.

58 BBP – FF/M51.

Fig. 5

Índice do cartório das Exmªs Cazas dos Condes de Soure, fl. 1 (BBP – FF/M52)

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