• Nenhum resultado encontrado

D D UARTE DA C OSTA (1567-1613)

P ATRIMÓNIO :

3.1. D Á LVARO DA C OSTA (c.1531-1575)

3.1.1. D D UARTE DA C OSTA (1567-1613)

“D. Duarte da Costa que renunciou à sucessão, se fez Padre da Companhia a quem

deixou a sua Fazenda e fundou o Colégio da Vila de Santarem.”584

Como filho mais velho de D. Álvaro da Costa, D. Duarte da Costa, nascido em 1567, foi por morte do avô o chefe da família, senhor da Casa. Não temos prova que tenha sido armador-mor, como alguns pretendem, mas herdou a capitania de Peroaçu e Jaguaripe, que o rei lhe confirmou em 7 de Abril de 1587585.

Por morte do pai, o rei passa-lhe uma carta de padrão de 50.000 rs em 7 de Dezembro de 1575586 e, em 4 de Janeiro de 1576, outra no valor de 31.432 rs, que havia pertencido a D. Álvaro587. Por morte do avô D. Duarte, o seu quinhão na herança montou em 519.976 rs, que ele recebeu em dinheiro de contado e bens móveis e de raiz, em que se incluíam casas em Lisboa, casais em Loures e em Carenque (Sintra), a tença de São Vicente da Beira e o rendimento da comenda588. Da mãe, D. Leonor de Sousa, herdou a quinta da Labruja e diversa fazenda no termo da Golegã e da Azinhaga, bem como uma herdade em Campo Maior.

Em 1584 a sua irmã, D. Francisca, freira em Odivelas, renuncia nele 10.000 rs da tença que tinha herdado da avó D. Maria da Silva589 e, por testamento de 1588, a tia, D. Isabel da Silva, deixa-lhe a tença de 15.000 rs590 que também tinha herdado de D. Maria da Silva, sua mãe, bem como umas casas na Tanoaria em Lisboa591.

Mais tarde, em 1590, com a entrada do irmão D. Francisco na Companhia de Jesus, este renuncia as suas legítimas havidas e por haver nos irmão D. Duarte e D. António, com certas reservas expressas nas escrituras de doação de 19 de Fevereiro e de 10 de Setembro de 1590592. Por morte de D. António, D. Duarte virá também a herdar um padrão de 10.000 rs que tinha cabido àquele na doação anteriormente

584

APVF – Título da família e apelidos dos Costas. Ms.

585 ANTT – ANTT – Chanc. D. Filipe II, lv. 13, f. 144v.

586 ANTT – Chanc. D. Sebastião e D. Henrique, lv. 35, f. 197v.

587 ANTT – Chanc. D. Sebastião e D. Henrique, lv.40, ff. 48v-49.

588

ANTT – AJCJ, Cartório dos Jesuítas, mç. 98, nº 217.

589 ANTT – Chanc. D. Filipe I, lv. 6, ff. 223-225.

590ANTT – AJCJ, Cartório dos Jesuítas, mç. 98, nº 223. Padrão de 15.000 rs de juro, in ANTT – Chanc.

D. Filipe II, lv. 27, ff. 162-166.

591

ANTT – Casa de Abrantes, lv. 10V, nº 3886 (Testamento de D. Isabel da Silva de 5 de Junho de 1588.

187 referida593.

A todo o seu património renunciou ele nos Jesuítas por testamento redigido na Casa de São Roque, em 30 de Maio de 1606594, “para se fundar um colégio ou casa de aprovação da Companhia de Jesus em a vila de Santarém”, antes de professar na Companhia, com 40 anos, em 1607.

Dele diz o Pe. António Franco, em Anno Sancto da Companhia de Jesu em Portugal: “No mundo vivia com grande honestidade e exemplo. Sua família parecia convento de religiosos. Nunca se punha à janela de suas casas que eram sobre o Arco do Ouro. Um dia acertando de chegar a ela, vendo em outra defronte algumas mulheres, logo voltou as costas como corrido, com vergonha de sua desatenção. As mulheres, que eram gente grave e honesta, ficaram muito edificadas de ver tal modéstia em um moço fidalgo e rico. Uma destas contando o sucedido a um nosso padre acrescentou: E fez D. Duarte o que nós houveramos de fazer. Nunca permitia, por causa desta sua honestidade, que algum criado o vestisse ou desse fé do seu corpo, havendo-se como o faria o mais pudico religioso. Entrou na Companhia em Coimbra aos 25 de Dezembro de 1607. Brevemente passou para Lisboa e viveu no Colégio de Santo Antão padecendo grandes indisposições que sofreu com admirável paciência. Na última doença, lembrado de sua honestidade, rogou que quando o ungissem fosse de modo que lhe não descobrissem o corpo. Faleceu com uma morte em tudo ajustada e santa. Seus ossos, andando anos, foram tresladados para o Colégio de Santarém e colocados em uma sepultura no meio da capela-mor com sua campa e letreiro. Sua morte foi no ano de 1613 [em 13 de Junho]” 595.

593

ANTT – Chanc. D. Filipe II, lv. 11, f. 148v.

594 ANTT – AJCJ, Cartório dos Jesuítas, mç. 98, nº 198.

188 PRODUÇÃO DOCUMENTAL Tipologia Documentos % Carta de padrão 5 33 Composição/Concerto 2 13 Certidão 2 13 Carta de capitania 2 13 Compra e venda 1 28 Inventário/Partilhas 1 Testamento 1 Obrigação 1 Total 15 100

Herdeiro da Casa por morte do avô, seu homónimo, D. Duarte da Costa não casou e com 40 anos deixou o mundo e fez-se jesuíta, como vimos. Foi também, por morte da mãe, herdeiro de parte do património de seu avô materno. Toda essa herança pretendeu deixar à Companhia de Jesus, mas tanto quanto se sabe, isso só se efectivou quanto à herança materna.

Na sua produção documental destacam-se cinco cartas de tença (uma tença de 50.000 rs que lhe foi concedida pelo rei depois da morte do pai e outra de 31.432 rs que nele renunciou D. Duarte da Costa, seu avô, também por morte do pai, outra tença de 15.000 rs que lhe foi deixada em testamento pela tia D. Isabel da Silva e duas tenças de 10.000 rs cada, a primeira que nele renunciou a irmã D. Francisca e a segunda herdada do irmão D. António) e quatro documentos referentes à capitania de Peroaçu e Jaguaripe, herança do pai, que viu confirmada pelo rei. Dois documentos dizem respeito à aquisição e gestão de propriedades, e três documentos a heranças (do avô, das tias paternas, Leonor e Isabel, e da mãe). Por fim, temos o seu próprio testamento, feito na Casa de São Roque, em Maio de 1606, quando já ingressara na Companhia de Jesus mas ainda não professara.

Assunto Documentos %

Padrões de tença / Juros 5 33

Bens / Mercês da Coroa 4 27

Documentos pessoais 4 20

Património imóvel 2 13

189