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A imunidade relacionada ao processo foi sensivelmente modificada pela Emenda Constitucional nº 35/01, pois antes dela o STF somente iniciava o processo criminal contra o parlamentar se fosse concedida a autorização (prévia licença) da respectiva Casa Legislativa. Como as Casas Legislativas (munidas de forte sentimento corporativista) nunca davam sua autorização, o processo não se iniciava no STF.

Foi na tentativa de eliminar esse espaço de “quase impunidade”, que a EC n° 35 tratou de pôr fim à exigência de prévia autorização.

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Atualmente a imunidade formal referente ao processo refere-se à possibilidade de a Casa Legislativa respectiva sustar (suspender), a qualquer tempo antes de prolatada a decisão final pelo STF, o trâmite da ação penal proposta contra deputado federal ou senador em razão de crime praticado após o ato de diplomação. Vale lembrar que essa sustação não pode se dar de ofício pela Casa, devendo necessariamente ser provocada por partido político que nela esteja representado (art. 53, §§ 3° a 5°, CF). A suspensão da ação penal ocasiona a sustação da prescrição.

Desta forma, são dois os requisitos para que haja a incidência desta imunidade: (i) O crime deve ter sido praticado após a diplomação.

(ii) A Casa Legislativa não vai colocar em votação a suspensão da ação penal de ofício, pois deve ser provocada por um partido político que nela esteja representado. O partido pode provocar a Casa Legislativa a qualquer tempo, durante o trâmite da ação penal. Provocada, a Casa Legislativa terá o prazo improrrogável de 45 dias para decidir a sustação.

Lembremos, por fim, que o STF decidiu (na Questão de Ordem do Inq. 1566) que o novo regime introduzido pela EC nº 35/2001 (que acabou com a licença) era autoaplicável uma vez que se tratava de imunidade processual. Destarte, foram considerados prejudicados os pedidos de licença que estavam pendentes de apreciação nas Casas Legislativas.

INQ (QO) 1566-Acre, Rel. Min. Sepúlveda Pertence: A licença prévia da sua Casa para a instauração ou a sequência de processo penal contra os membros do Congresso Nacional, como exigida pelo texto

originário do art. 53, § 1º, da Constituição configurava condição de procedimentabilidade, instituto de natureza processual, a qual enquanto não implementada, representava empecilho ao exercício da jurisdição sobre o fato e acarretava, por conseguinte, a suspensão do curso da prescrição, conforme o primitivo art. 53, § 2º, da Lei Fundamental. Da natureza meramente processual do instituto, resulta que a abolição pela EC 35/01 de tal condicionamento da instauração ou do curso do processo é de aplicabilidade imediata, independentemente da indagação sobre a eficácia temporal das emendas à Constituição: em consequência, desde a publicação da EC 35/01, tornou-se prejudicado o pedido de licença pendente de apreciação pela Câmara competente ou sem efeito a sua denegação, se já deliberada, devendo prosseguir o efeito do ponto em que paralisado.

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Questões para fixar

[IESES - 2014 - TJ-MS - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento - Adaptada] Julgue o item: Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido antes da diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

Comentário:

O examinador substituiu o termo ‘após’ por ‘antes’. Destarte, o item se tornou falso.

Gabarito: Errado

[CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador - Adaptada] Julgue as assertivas com relação às denominadas prerrogativas parlamentares:

(I) A imunidade formal em relação ao processo se estende aos crimes praticados antes da diplomação. (II) Na imunidade formal em relação ao processo, o partido político pode provocar a respectiva casa legislativa para que haja uma apreciação sobre a sustação da ação penal que esteja em trâmite perante o STF, porém a deliberação no sentido da suspensão da ação penal não suspenderá a prescrição.

Comentário:

Aqui temos dois itens falsos. O primeiro está errado, pois a imunidade formal com relação ao processo não alcança os crimes praticados antes da diplomação. O segundo, em razão de eventual sustação da ação penal ocasionar a suspensão da prescrição.

Gabarito: Errado/Errado

[FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XII - Adaptada] O Deputado Federal “Y” foi objeto de extensa investigação, e diversas reportagens jornalísticas indicaram sua participação em fraudes contra a previdência social. Além disso, inquéritos da polícia chegaram a fortes indícios de diversas práticas criminosas por uma quadrilha por ele liderada. O Ministério Público ofereceu denúncia contra sete acusados, incluindo o parlamentar.

Com relação ao caso apresentado, julgue as assertivas:

(I) Os membros do Congresso Nacional, desde a expedição do diploma, não poderão ser processados criminalmente sem prévia licença de sua Casa; não sendo concedida a licença, ficará suspensa a prescrição, até o fim do mandato.

(II) Os deputados federais não podem ser presos em hipótese alguma, pois são invioláveis, na forma prevista na Constituição da República.

(III) O tribunal competente, recebida denúncia contra o deputado federal por crime ocorrido após a diplomação, dará ciência à Câmara dos Deputados, que poderá sustar o andamento da ação por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, até a decisão final.

Comentário:

Vejamos cada um dos itens:

- Item I: é falso pois tal licença foi extinta pela EC nº 35 de 2001.

- Item II: é falso pois o art. 53, §2º do texto constitucional prevê a prisão em flagrante pela prática de crime inafiançável. Ademais, a jurisprudência do STF edificou a possibilidade de prisão de congressista em razão da prolação de sentença penal condenatória definitiva.

- Item III: tal item é verdadeiro por reproduzir o teor do art. 53, §3º da CF/88.

[VUNESP - 2017 - Prefeitura de São José dos Campos - SP - Procurador] Considerando as regras constitucionais acerca da imunidade parlamentar, a respeito da prisão processual de Deputado Federal, é correto afirmar que o parlamentar:

A) não poderá ser preso em flagrante, independentemente do crime que cometeu, devendo ser obtida a licença da respectiva Casa Legislativa para que possa ser processado criminalmente.

B) poderá ser preso em flagrante, independentemente do crime que cometeu, mas deverá ser obtida a licença da respectiva Casa Legislativa para que possa ser processado criminalmente.

C) poderá ser preso em flagrante se o crime cometido for inafiançável e a manutenção da prisão independerá de autorização da Câmara dos Deputados.

D) poderá ser preso em flagrante, independentemente do crime cometido, mas a manutenção da prisão dependerá de autorização da respectiva Casa Legislativa no caso de crime afiançável.

E) poderá ser preso em flagrante se o crime cometido for inafiançável, devendo os autos ser remetidos em 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

Comentário:

Consoante determina o art. 53, §2º da CF/88, a letra ‘e’ é a nossa resposta.

Gabarito: E