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da ausência do dever de indenizar

No documento rdj102 (páginas 196-200)

Alegam os autores, L.F.T.B. e L.T. de M., que o réu, Exame Laboratório de Patologia, tem o dever de indenizá-los pelos danos morais e materiais suportados, em razão da falha na prestação do serviço.

Sem razão os autores/apelantes.

Como acima afirmado, não houve erro ou falha na prestação do serviço do réu, cujo resultado do exame deu positivo para a gravidez, não havendo, portanto, nexo de causalidade entre o correto resultado do exame e à submissão da autora à cirurgia, que comprometeu o desenvolvimento de seu filho.

Nego provimento ao apelo dos autores, no ponto.

dispositivo

Ante o exposto, nego provimento ao apelo dos autores, L.F.T.B. e L.T. de M. É como voto.

Desa. Fátima Rafael (Revisora) – Com o Relator. Desa. Carmelita Brasil (Vogal) – Com o Relator.

decisão

Negar provimento. Unânime.

apelação cível

2008011014021-2

Relator – Des. Arnoldo Camanho de Assis Quarta Turma Cível

ementa

Civil e processual civil. Rescisão contratual. Cessão de direitos intermediada por

corretor. Fraude arquitetada pelo mandatário. Celebração do contrato sem a pre- sença dos pactuantes. Elaboração de duas minutas de contratos distintas. Previsão de pagamento a prazo em uma deles. Previsão de pagamento à vista com quitação imediata na outro. Ludibriação de ambos os contratantes. Nulidade da primeira minuta de contrato. Alteração da primeira página e aposição fraudulenta de ru- brica do demandado nesta mesma folha. Anulabilidade da segunda minuta. Erro substancial da autora. Ausência de pedido de anulação. Impossibilidade de inva- lidação. Pagamento feito ao corretor pelo demandado. Exoneração da obrigação. Atribuição dos ônus da sucumbência à demandante.

1. Os litigantes celebraram contrato de cessão de direitos sobre imóvel, intermedia-

do por corretor contratado pela cedente, em que o mandatário, por meio de frau- de, aproveitando-se da circunstância de que as partes subscreveram o ajuste em momentos distintos, após colher as assinaturas e rubricas do cessionário em duas cópias idênticas, alterou a primeira página de uma das vias do contrato, colhendo a assinatura da cedente em duas minutas distintas, entregando uma minuta para cada um dos pactuantes. Na primeira cópia, que ficou em poder da cedente, previu- -se que o pagamento seria feito a prazo e na segunda, que ficou com o cessionário, restou consignado que o pagamento foi feito à vista com quitação imediata.

2. Comprovado que a via entregue à cedente foi fraudada pelo corretor, em razão

da alteração dos termos originais de uma das cláusulas constantes de sua primeira página e da aposição de rubrica falsa do cessionário na primeira folha, e que, por outro lado, a cópia entregue ao cessionário tinha assinaturas e rubricas válidas, tendo as da autora sido inseridas por erro substancial quanto ao conteúdo, há

que se reconhecer a invalidade da primeira e a anulabilidade da segunda. Dessa forma, se a concedente não requereu a anulação do contrato representado pela via que estava em poder do cessionário, há que se reconhecer que o pagamento feito pelo cessionário ao corretor da cedente, ainda que o mandatário não tivesse poderes para recebê-lo e dar quitação em nome desta, exonerou o cessionário de sua obrigação, pois a cedente, ainda que não tenha recebido o dinheiro entregue ao corretor, deu quitação da obrigação do cessionário.

3. Resta à cedente o direito de reaver, pela via própria, o dinheiro que foi recebido

pelo corretor e não lhe foi repassado.

4. Se, em virtude do provimento do recurso do réu, o pedido da autora foi julgado

improcedente, há que se atribuir à requerente a integralidade dos ônus da sucum- bência arbitrados na sentença.

5. Apelo provido.

acórdão

Acordam os Senhores Desembargadores da 4ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Arnoldo Camanho de Assis – Relator, Antoni- nho Lopes – Revisor, Cruz Macedo – Vogal, sob a presidência do Senhor Desem- bargador Cruz Macedo, em proferir a seguinte decisão: dar provimento ao recurso, maioria, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 15 de maio de 2013.

relatório

Des. Arnoldo Camanho de Assis (Relator) – Cuida-se de apelação interposta por

E.B.S.M. contra sentença proferida pelo MM. Juízo da 19ª Vara Cível de Brasília, que julgou parcialmente procedente o pedido de rescisão contratual c/c reintegração de posse e indenização por danos morais formulado por E.N. da C. em face do ora apelante, resolvendo o contrato celebrado entre as partes. Em antecipação de tutela, determinou ao primeiro que restitua à segunda o imóvel objeto da avença, sob pena de multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), por dia de atraso.

O apelante pugna pela reforma da sentença para que seja julgado improcedente o pedido. Aduz que negociou durante todo o tempo com o corretor da apelada e que fez o pagamento pela cessão de direitos sobre o imóvel diretamente ao man- datário, que tinha poderes para recebê-lo em nome da recorrida. Sustenta que a recorrida conferiu amplos poderes para que o corretor vendesse o imóvel, inclusi- ve o de receber o valor da venda em seu lugar. Assevera que recebeu do corretor cópia da cessão de direitos, em que constava a assinatura da autora, dando plena quitação do imóvel. Aduz que, por essas razões, cumpriu com sua obrigação, sendo incabível a rescisão da avença e restituição do imóvel à requerente. Sucessiva- mente, requer a revogação da antecipação de tutela concedida na sentença, sob o fundamento de que a sentença, ao determinar a restituição do imóvel no prazo de dez (10) dias, quando a autora havia requerido a devolução em quinze (15) dias, incorreu no vício do julgamento ultra petita. Caso mantida a antecipação de tute- la, postula a redução da multa cominatória diária de R$ 2.000,00 (dois mil reais) arbitrada na sentença.

Contrarrazões pugnando pelo improvimento do apelo. É o relatório.

votos

Des. Arnoldo Camanho de Assis (Relator) – Restou incontroverso nos autos que as

partes litigantes contrataram a cessão de direitos do terreno objeto de discussão pelo valor de R$ 47.000,00 (quarenta e sete mil reais), tendo sido o negócio inter- mediado pelo corretor A.F. da S.J.

A autora alega que o ajuste previa o pagamento no prazo de noventa (90) dias, tendo recebido cheques pós-datados que não foram liquidados, ao passo que o réu sustenta ter pago a quantia à vista, ao corretor da requerente, tendo obtido quitação da demandante, consoante a cláusula 2, do contrato.

O ilustre magistrado singular asseverou que o réu pagou mal, pois entregou o di- nheiro ao corretor, sem que este tivesse poderes para receber pagamento e dar qui- tação em nome da autora. Todavia, deixou de analisar a relevante alegação do re- querido, de que a autora assinou contrato, concordando com o pagamento à vista e

dando quitação imediata, consoante previsto na cláusula segunda da avença e que, por esse motivo, exonerou-se da obrigação ao pagar o valor da venda ao corretor. Dessa forma, deve-se indagar o que de fato foi acordado pelas partes. Se restou previsto pagamento a prazo ou se o pagamento foi à vista com quitação imediata. A resposta para tais questionamentos depende, necessariamente, da análise acer- ca da validade das cópias dos contratos trazidas aos autos pela parte autora e pela parte ré, às fls. 102/105 e 118/121, respectivamente. Na cópia da requerente, pre- viu-se que o pagamento seria feito a prazo, ao passo que, na via apresentada pelo requerido, consignou-se que o pagamento foi feito à vista, com quitação imediata. Do que emerge dos elementos constantes dos autos, o contrato, redigido pelo re- presentante da autora, foi subscrito pelas partes em momentos distintos. Como se verifica dos depoimentos prestados pela requerente (fls. 283), pelo requerido (fls. 284) e pelo corretor (fls. 286), o instrumento contratual foi levado à demandante, que o assinou em duas vias, e depois ao demandado, que as subscreveu.

Cada uma das partes ficou com uma via do pacto.

Entretanto, percebe-se a ocorrência de três pontos divergentes entre a primeira página da via do contrato que ficou em poder da parte autora (fls. 102/105) e a primeira lauda do instrumento que ficou com o réu (fls. 118/121). Tais divergên- cias estão na redação da cláusula segunda – a via da requerente prevê pagamento a prazo e a via do requerido dispõe que o pagamento foi feito à vista com quitação imediata –, na rubrica do demandado e na formatação gráfica. Isso foi atestado pelo laudo pericial, que afirmou o seguinte: “em razão de a via do Réu apresen- tar perfeita harmonia entre os diversos componentes da respectiva formatação, conclui-se que esse era o texto originário, do qual foram impressas as duas vias do contrato. Após as respectivas assinaturas por parte do Réu, o texto da segunda cláusula foi alterado na matriz, e a respectiva folha foi reimpressa e substituiu, na via da Autora, a folha originária. Nessa folha nova foi falsificada a rubrica do Réu”. A contrafação foi admitida pelo corretor A., em seu depoimento judicial de fls. 286. Daí, podem-se extrair as seguintes hipóteses: a) A. apresentou versões distintas do contrato para cada um dos contratantes, fazendo a autora acreditar que realizou negócio com pagamento a prazo e, o réu, que a requerente deu quitação do pa-

No documento rdj102 (páginas 196-200)