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Preliminares rejeitadas Apelações improvidas Unânime.

No documento rdj102 (páginas 160-172)

da preliminar de inépcia da inicial

em 05 de junho de 1997, torna inequívoca a existência de transação entre o réu da presente ação de improbidade e Jairo Ferreira dos Santos, acom-

9. Preliminares rejeitadas Apelações improvidas Unânime.

acórdão

Acordam os Senhores Desembargadores da 5ª Turma Cível do Tribunal de Justi- ça do Distrito Federal e dos Territórios, Romeu Gonzaga Neiva – Relator, Angelo Canducci Passareli – Revisor, João Egmont – Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador Luciano Moreira Vasconcellos, em proferir a seguinte decisão: co- nhecer. Rejeitar preliminar. Negar provimento aos recursos. Unânime, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 29 de maio de 2013.

relatório

Adoto em parte, o relatório do e. Procurador de Justiça, Dr. Diaulas Costa Ribeiro,

verbis:

Trata-se de Apelações Cíveis interpostas por A.B. e outros (fls. 1986/1993), F.A. de S. (fls. 1997/2068) e A.R. e outros (fls. 2126/2131), contra a r. senten- ça prolatada pelo Juízo da Vara do Meio Ambiente, Desenvolvimento Urba- no e Fundiário do Distrito Federal, que julgou procedente o pedido exordial, ao condenar os requeridos (fls. 1960/1982):

a) elaborar Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD, relativo às áreas do empreendimento ou afetadas direta ou indiretamente por ele, não passíveis de ocupação humana e assim definidas na legislação de regência que eventualmente possam ser recuperadas, ou estudo conclusivo sobre a inviabilidade total da recuperação, no prazo de 60 (sessenta dias) contados do trânsito em julgado da sentença, sob pena de multa de R$ 5.000,00 (cin- co mil reais) por dia de atraso;

b) antes de vencido o prazo supra, submeter e obter aprovação do referido PRAD junto ao órgão ambiental, aprovação que deverá ser comprovada no prazo de 90 (noventa) dias da apresentação do pedido, ou justificação dos motivos da não aprovação ou cumprimento de diligências pertinentes, sob pena de multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por dia de atraso;

c) pagar indenização em dinheiro, pelos custos de readequação e pelos da- nos urbanísticos e ambientais irreversíveis, resultantes do empreendimento comum que implantaram nas chácaras XX e XX da Colônia Agrícola Arniquei- ras, consoante assim se apurar em liquidação de sentença, sem os quais não se dará a regularização fundiária urbana que assim venha ser concebida em políticas públicas de interesse social ou especial para o lugar; e, d) a pagar as custas e despesas processuais.

Julgo procedente, ainda, o pedido determinando aos réus que se abste- nham de vender, prometer vender, reservar lote ou se utilizar de qualquer outro instrumento para esse fim, bem como fazer anúncios, propagandas ou divulgações a qualquer título, de lotes ou frações ideais integrantes do parcelamento em questão, enquanto não se der a efetiva regularização fun- diária urbana do lugar, sob pena de multa no valor correspondente a 50% (cinquenta por cento) do preço do negócio celebrado em descompasso com a presente cominação.

A.B. e outros apresentaram suas razões recursais às fls. 1986/1993 e adu- ziram, preliminarmente, a ilegitimidade passiva. No mérito, sustentaram a ausência de nexo de causalidade entre o evento danoso e a ação dos ape- lantes. Alegaram, também, que o julgamento foi ultra petita, pois o Magistra- do a quo condicionou a eventual comercialização dos lotes à regularização fundiária urbana da área objeto do processo. Por fim, asseverou que houve excesso na condenação no que pertine ao pagamento do Plano de Regula- rização das Áreas Degradadas, bem como à indenização financeira para a readequação dos danos.

F.A. de S. apresentou seu recurso às fls. 1997/2068 e alegou, em síntese, que houve cerceamento de defesa, pois todo o processo transcorreu sem nunca ter sido intimado. Ainda, preliminarmente, aduz que houve violação ao Princípio da Adstrição. No mérito, alegou que não restou comprovada a autoria dos atos que ensejaram o dano ambiental. Almeja a incidência da Teoria do Ato Consumado, sob o argumento de que a reversão dos atos pra- ticados pelas partes provocaria um mal maior do que a sua regularização. Ato contínuo, sustenta que o Distrito Federal deve ser responsabilizado solidariamente por eventual dano causado, posto que os réus ocuparam referida área com a anuência tácita de todos os Órgãos da Administração Pública Direta e Indireta do Governo do Distrito Federal. Defende o Direito de Moradia. Aduz, também, que o Princípio da Isonomia foi violado, pois os proprietários da chácaras limítrofes à área em análise, não estão sendo responsabilizados por eventual dano ambiental.

Os Embargos de Declaração opostos por A.R. e outros (fls. 2100/2102) fo- ram rejeitados pelo Juízo a quo à fl. 2104.

A.R. e outros apresentaram as razões da Apelação às fls. 2149/2170. Reque- reram preliminarmente o reconhecimento da nulidade da citação editalícia e a inépcia da inicial.

No mérito, asseveram que a análise quanto eventual dano ambiental deve ser feito de forma fracionada, pois a Chácara XX encontra-se em Área Urbana de Dinamização, enquanto a Chácara XX fica em Área Rural Remanescente.

Requer a incidência do Princípio da Legalidade, sob o argumento de que os proprietários dos lotes desmembrados das demais chácaras da região não forma responsabilizados por eventual dano ambiental.

Aduz que não existe nos autos provas de que os réus foram responsáveis pelo dano ambiental praticado. Pleiteia a incidência da Teoria do Fato Con- sumado, sob o argumento de que o condomínio já está consolidado. Por fim, sustenta que deve ser imputado ao Distrito Federal a responsabilidade solidária no dano ambiental, em razão de sua anuência tácita da ocupação da área objeto dos autos.

O Distrito Federal (fls. 2126/2131 e 2179/2196) e a TERRACAP (fls. 2135/2141 e 2195/2205) apresentaram contrarrazões recursais pelo des- provimento dos recursos.

Acrescento que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios oficiou pelo conhecimento e improvimento dos apelos.

Preparo regular do apelo de A.B. e outros.

Sem preparo o apelo de F.A. de S., haja vista a gratuidade de justiça concedida à fl. 2104. Contrarrazões dos autores, pugnando pelo improvimento dos apelos. É o relatório.

votos

Des. Romeu Gonzaga Neiva (Relator) – Conheço dos recursos, eis que presentes

os requisitos de admissibilidade. Examino as preliminares.

Ressalto que os apelantes reagitam idênticas alegações feitas na contestação, de- vidamente rechaçadas pelo i. Juiz Sentenciante.

De efeito, não há de se falar em nulidade da citação, uma vez que o réus com- pareceram ao juízo e exerceram o contraditório e a ampla defesa, conforme lhes aprouveram, ou seja, em completa amplitude. Assim, sem prejuízo, ainda que se

reconheça irregularidade na citação de fls. 1.326 e 1.385, não se pode declarar a nulidade do ato judicial, até mesmo porque o comparecimento espontâneo supre a falta de citação, nos termos do art. 214, §1º do CPC.

Neste ponto, destaco, por similaridade de alegação, que não há cerceamento de defesa, ao contrário do alegado pelo apelante F.A. de S., uma vez que efetivamente citado, conforme certidão de fl. 897, em razão de que exerceu o contraditório e ampla defesa em sua plenitude.

Da mesma forma, não vislumbro nulidade na citação editalícia, uma vez que a hi- pótese se amolda à previsão legal de exceção à citação por mandado, prevista no art. 231, incisos I a II do Código de Ritos. Ora, é expressiva a quantidade de réus que ocuparam coletivamente a área parcelada irregularmente, e por considerável decurso de tempo, em razão de que são incertos, autorizando a citação editalícia, que se sabe, é desvestida das formalidades previstas no art. 282, inc. II do CPC. Ademais, embora afirmem os réus que existiam meios de localização não utiliza- dos pelos autores, não apontam, por deve de lealdade processual, quais seriam objetivamente, com o fim de obter o necessário êxito da citação.

Vale lembrar que o julgador deve evitar as formalidades exageradas e diligências inúteis ao deslinde do litígio, sobretudo no caso vertente em que, além de incer- tos, os réus estavam em local incerto e não sabido.

Igualmente, não procede a assertiva de inépcia da inicial.

Isso porque, verifica-se, em princípio, que a inicial cumpre os pressupostos do art. 295, parágrafo único do Código de Ritos, eis que indicou o pedido e a causa de pedir, ou seja, o dano, bem como o pedido de reparação destes e os agentes que o provocaram. Narraram-se os fatos e deles decorreu a conclusão lógica do pedido, em que se pretende a recuperação ambiental ou a indenização pelos danos irre- versíveis, se impossível for o primeiro. O pedido é juridicamente possível e, entre eles, não se vislumbra qualquer incompatibilidade.

Ademais, a exordial cumpre o que determina o art. 282 do Diploma Processual Civil, uma vez que permite a plena compreensão do objeto da lide e dos limites objetivos traçados, está fundada em elementos de fato, permitindo o exercício da

ampla defesa e do contraditório e, por fim, permite ao Julgador exercer o seu mú- nus público e compor o conflito, em seus limites objetivos e subjetivos.

Portanto, não há razões para indeferir a petição inicial.

Com relação à ilegitimidade passiva, melhor razão não lhes assiste.

De efeito, a legitimidade passiva, ou a pertinência subjetiva da ação, compreende- -se como relação de fato meramente hipotética, segundo o que afirma a parte autora, ou in status assercionis, de modo a demonstrar um liame obrigacional insa- tisfeito, de natureza legal, contratual ou mista.

No caso vertente, o autor alega que os réus provocaram, em face da ocupação ur- bana desordenada e fora das hipóteses legais, danos ao meio ambiente e à ordem urbanística. Assim, tomando-se por base as alegações que constituem a causa de pedir, verifico que o pedido – condenação a ressarcir os danos – guarda liame lógi- co com aquela, de que decorre, em tese, a sanção cominada em lei aos transgres- sores, ora réus, pois afinal, são obrigados à reparação dos danos ao meio ambien- te, quem de alguma forma, empreendeu, participou, contribuiu, facilitou, usufruiu ou colheu fruto ou benefícios diretos ou indiretos advindos do dano ambiental ou urbanístico, tendo em vista que se trata de responsabilidade objetiva, solidária, integral, de execução subsidiária e, além disso, propter rem.

Quanto à alegada violação ao Princípio da Adstrição e, bem assim, à ocorrência de sentença ultra petita, mais uma vez, sem razão os recorrentes.

Ora, basta examinar os termos da petição inicial do Distrito Federal para verificar que está inclusa, na alínea “h”, a cominação de obrigação de não fazer, veja-se:

h) Seja determinado aos réus ou a quaisquer outros que porventura venha a praticar atos de comércio dos lotes em comento que se abstenham de vender, prometer, reservar lote ou estabelecer qualquer tipo de instrumen- to para estes fins, bem como de fazer anúncios, propagandas ou divulga- ções de qualquer título de lotes ou frações ideais da área em evidência, cominando-se pena de multa diária de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a ser imposta desde a data do efetivo descumprimento da obrigação, multa esta que deverá ser destinada ao fundo de que trata o artigo 13 da Lei 7.347/85 e do regulamento (Decreto 1.306/94, bem como da Lei Federal 9.008/95)

a) sejam impostas, em definitivo, as obrigações constantes do item 58, le- tras “c”, “d”, “e”, “f” e “h”;

b) sejam os réus solidariamente condenados a retornar a área litigiosa às con- dições em que estava antes das atividades de implantação de loteamento ilegal, com base em plano de recuperação de área degradada a ser apresen- tado pelos réus, no prazo de 30 dias, a contar da condenação, e, aprovado pela SEMARH-DF, sobe pena de o Distrito Federal cumprir referida obrigação às custas dos réus. A recomposição deverá compreender necessariamente a restauração da cobertura vegetal, reintrodução de espécies endêmicas de to- dos os gêneros da flora e da fauna silvestre, recuperação dos cursos d´água atingidos, demolição de edificações irregulares, remoção de entulhos, retira- da de posteamento elétrico e de telefone e eliminação de drenos artificiais. c) sejam os réus condenados ao pagamento de indenização pelos danos urba- nísticos e ambientais irreversíveis a serem fixados em liquidação de sentença.

Nessa linha, não há que se falar em sentença ultra petita, eis que resolvida a lide dentro dos limites traçados pelos autores.

Rejeito, pois, as preliminares e avanço no exame do mérito. Neste aspecto, contudo, razão não lhes assiste.

Peço vênia, mais uma vez, ao e. Procurador de Justiça, para transcrever excerto do conspícuo parecer de fls. 2220/2223, que passam a integrar as razões de decidir in litteris:

1. Do recurso de A.B. e outros (fls. 1986/1993) (...)

No que pertine à ausência de nexo de causalidade entre o evento danoso e a atuação dos recorrentes, temos que a implantação do parcelamento do solo para fins urbanos nas chácaras informalmente numeradas como XX e XX, da Colônia Agrícola Arniqueiras/DF é fato incontroverso.

Da mesma forma, os recorrentes não comprovaram que a Administração os autorizou a promover as edificações.

No mesmo sentido, o Laudo Pericial é claro ao apontar que houve dano am- biental em razão da edificação promovida pelos apelantes, como ressaltou o Perito ao responder a questão número 18 de fl. 1865:

Os danos ambientais de ordem ecológico e hidrológico gerados pela im- plantação de um condomínio residencial é resultado do desmatamento e da impermeabilização do solo. Os custos das obras necessárias para a destrui- ção de todas as obras civis do condomínio, o replantio de espécies nativas e demais ações que possam retornar aquela área ao cenário natural que ali outrora existia, é passível de ser financeiramente dimensionado.

Logo, não existe razão aos recorrentes, posto que foi demonstrado, de fato, o nexo causal entre a atuação dos Apelantes e os danos ambientais provocados.

Tal fato, também foi sopesado na sentença objurgada, como se vê:

Certamente que o Sr. Perito encontrou degradação ambiental decorrente de atividade “... extração mineral que ocorreu por volta do ano de 1978 (fl. 1.848), embora não seja o dano único lá ocorrido. No entanto, o empreen- dimento dos réus causou outros danos conexos, entre eles aqueles que se apresentam irreversíveis: “... os danos são irreversíveis enquanto perduram suas causas. O retorno do ambiente físico ao seu estado natural, e o replan- tio das espécies nativos do cerrado, a médio e longo prazo, a recuperação da fauna e consequente retorno a um cenário natural”. (fl. 1.851). Essa situ- ação se agrava em face da constatação pericial ao dizer que “Para que a área em debate retorne ao seu estado natural, sob o aspecto ambiental, faz-se necessária a demolição de todas as obras civis que compõe o condomínio, reposição da topografia, do solo orgânico e plantio de espécies nativas do ecossistema Cerrado.” (fl. 1856)

Trata-se de questão antiga, revelando o sr. Perito que a “A chácara XX está inserida na antiga Colônia Agrícola Arniqueira, cuja ocupação irregular ini- ciou-se já na década de 70, onde se espraiou, naquela região, vários lotea- mentos irregulares, transgredindo, desde então, com as normas ambientais e urbanísticas da cidade.” (fl. 1.856)

Logo, diante das constatações periciais na área, concluiu-se pela existência de danos ambientais, comprometendo-se de vários modos o ecossistema, sendo que não foram tomadas medidas para impedir ou mitigar os impactos ambientais já produzidos.

Além disso, o sr. Perito confirma que a área do empreendimento está in- serida na Área de Proteção do Planalto Central. Desse modo, mantém-se firme conclusão no sentido de que as alterações ilegalmente introduzi- das no meio ambiente natural onde se deu o empreendimento dos réus constituem danos ambientais irreversíveis na medida em que não foram apontadas possibilidades reais de restauração integral, a principiar pela via- bilidade do desfazimento da ocupação e recomposição do bioma que foi substancialmente alterado.

2. Do recurso de F.A. de S. (fls. 1997/2068)

(...) Também não merece sucesso o pleito de recorrente de incidência da Teoria do Ato Consumado, pois, conforme esclarecido pelo Perito (fl. 1.865) os danos ambientais são passíveis de serem recuperados.

3. Do recurso de A.R. e outros (fls. 2126/2131)

Os apelantes asseveram, em síntese, que a análise quanto a eventual dano ambiental deve ser feito de forma fracionada, pois a Chácara XX encontra-se em Área Urbana de Dinamização, enquanto a Chácara XX fica em Área Rural Remanescente.

Requerem a incidência do Princípio da Legalidade, sob o argumento de que os proprietários dos lotes desmembrados das demais chácaras da região não foram responsabilizados por eventual dano ambiental.

Alegam que não existe nos autos prova de que os réus foram responsáveis pelo dano ambiental praticado. Pleiteia a incidência da Teoria do Fato Con- sumado, sob o argumento de que o condomínio já está consolidado. Por fim, sustenta que deve ser imputado ao Distrito Federal a responsabilidade solidária no dano ambiental, em razão de sua anuência tácita da ocupação da área objeto dos autos.”

A análise da extensão do dano ambiental não deve decorrer de forma fra- cionada, como pretendem os recorrentes. No caso em tela, independen- temente de a área compreendida pelas Chácaras XX e XX ser passível de regularização, é de se ressaltar que os Apelantes, quando da ocupação, descumpriam com os trâmites legais para o requerimento de regularização fundiária dos condomínios.

Nesse diapasão, mesmo que estivéssemos diante de terrenos localizados em Área Urbana de Dinamização, a ocupação ou comercialização dos lotes somente poderia ocorrer após o cumprimento de todas as etapas de estu- dos, licenciamento e aprovação dos projetos pertinentes ao conjunto do empreendimento, sobretudo com autorização que emanasse da vontade do proprietário, o que não ocorreu no caso em tela.

A alegação de suposta violação ao Princípio da Legalidade também não me- rece ser acolhida. No caso em tela, restou demonstrado que os recorrentes foram os responsáveis pela degradação ambiental da área em que foram erigidos seus condomínios.

Assim, não guarda nenhuma relação impeditiva com a presente ação o fato de o Distrito Federal ter sido omisso em tentar responsabilizar os morado- res de áreas que supostamente foram degradadas.

Reitera-se a argumentação quanto à incidência da Teoria do Fato Consuma- do apresentada anteriormente neste parecer.

Por fim, a tentativa em atribuir ao Distrito Federal a responsabilidade solidá- ria pelo dano ambiental também deve ser afastada. Não se mostra razoável a condenação do ente federativo em razão da atuação exclusiva de particu- lares, que se beneficiaram com o parcelamento irregular do solo. Ademais, há de se ressaltar que a presente Ação Civil Pública foi ajuizada pelo Distrito Federal, fato que afasta a alegada omissão.

O TJDFT possui o mesmo entendimento sobre o tema, como se vê do aresto abaixo colacionado:

CIVIL. PROCESSUAL. INTERESSE E LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROMOVER AÇÃO CIVIL PÚBLICA EM DEFESA DE DIREITOS DIFUSOS,

COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. LEGITIMIDADE DO DISTRITO FE- DERAL PARA FIGURAR NO polo PASSIVO DA AÇÃO – PRELIMINARES REJEITA- DAS. DEMOLIÇÃO DAS CONSTRUÇÕES ERIGIDAS E REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS. PROVIMENTO DO APELO INTERPOSTO PELO DISTRITO FEDERAL E DA REMESSA OFICIAL E DESPROVIMENTO DOS APELOS INTERPOSTOS PE- LOS OCUPANTES DE ÁREAS PÚBLICAS INVADIDAS. DECISÃO POR MAIORIA. 1. O Ministério Público pode mover ação coletiva para a defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos, em defesa do meio ambiente e do patrimônio artístico, cultural, paisagístico, arquitetônico e social. 2. O Distrito Federal é parte legítima para figurar no polo passivo da ação civil pública. 3. Não havendo nos autos prova de proposital omissão do Distrito Federal, deixando de coibir a ocupação irregular das áreas públicas, não há como condená-lo pelos atos dos invasores. Ninguém pode ser punido, nem mesmo o Estado, pela sua impotência ou sua incapacidade de defe- sa. 4. Escorreita se mostra a sentença que, julgando ação civil pública, im- põe aos invasores de áreas públicas a obrigação de demolir as construções erigidas e condena-os a reparar os danos causados. (Acórdão n.222933, 20010150078522APC, Relator: ROMÃO C. OLIVEIRA, Revisor: ADELITH CASTRO DE CARVALHO LOPES, 2ª Turma Civel, Publicado no DJU SECAO 3: 06/09/2005. Pág.: 102)

Noutro giro, não há como responsabilizar o Distrito Federal pela permissão ou le- niência na ocupação e parcelamento irregular de áreas, para fins de habitação e loteamento, pois, embora lamentável, isto por si só, não exclui a conduta ilícita dos réus, mormente por que não comprovada a prática de conduta omissiva culposa, ou seja, culposa ou dolosa. A mera incompetência ou falta de trato com a coisa e inte- resses públicos, não deve ser erigida em razão para responsabilizar o Estado, se, não

No documento rdj102 (páginas 160-172)