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Da quantidade de juizados especiais federais cíveis e de pessoal

Para um amplo acesso à justiça, faz-se necessário um quadro de pessoal suficiente e qualificado para a prestação jurisdicional. Oportuno, então, analisar a situação dos servidores e magistrados, no âmbito da Justiça Federal.

Segundo dados de 30 de setembro de 2005, a Justiça Federal possui 1.486 cargos criados e 1.102 cargos providos de juízes (ver anexo C). A população estimada do Brasil, segundo o IBGE, no dia 22 de outubro de 2005, era de aproximadamente 184.800.000. Assim, tem-se aproximadamente 167.695 pessoas para cada Juiz Federal. Os salários dos juízes no Brasil, na esfera federal, quando comparados com os de outros países, em 2000, encontrava-se no topo da lista, de acordo com dados do Banco Mundial, considerando a paridade do poder de compra (ver anexo D). 69. Ademais, os juízes federais da 1ª instância apresentaram salários superiores aos de todos os países, à exceção do Canadá.

Com relação à questão de se o número de juízes é suficiente para a demanda, destaque- se o estudo realizado pelo Conselho da Justiça Federal, Subsídios para a ampliação do

número de juízos federais. Segundo o estudo, para a 1ª e 2ª Região o número ideal de

processos a serem julgados por cada juiz de um Juizado Especial Federal Cível é de 207 processos, para as demais Regiões, 213 processos. Assim, chega-se à seguinte conclusão: são necessários 151 Juizados Especiais Federais Cíveis em todo o Brasil (ver anexo E). O estudo

sugere a criação de mais 60 Juizados Especiais Federais Cíveis e a criação de 130 cargos de juiz, ressalte-se que o estudo foi baseado na quantidade de Juizados Especiais Federais Cíveis instalados até dezembro de 2003, isto é, antes dos criados pela Lei n. 10.772/03 (ver anexo E). Ocorre que há uma alta taxa de reprovação nos concursos para a magistratura federal, em razão da baixa qualidade do ensino jurídico do País, justificando a carência de juízes federais. A título ilustrativo, segundo dados supracitados, a Justiça Federal possui 1486 cargos criados e somente 1102 cargos providos de juízes, isto é, uma taxa de vacância de aproximadamente 25,84%. Com relação aos servidores, pode-se deduzir que, se há carência de juízes, há também carência quantitativa de servidores. Necessário, pois, a criação e provimento de cargos para a Justiça Federal.

No mesmo diapasão, o estudo, Diagnóstico da estrutura e funcionamento dos Juizados

Especiais Federais, abordou-se esta questão. Primeiro, no que tange à questão das

necessidades quantitativas de recursos humanos nos juizados, diz-se que os Juizados Especiais Federais foram instalados seis meses após a promulgação da Lei a qual não criou cargos de magistrados ou servidores. O número de servidores nos juizados visitados variou muito, independentemente do número de processos em andamento, porém, uníssona a reclamação do número de servidores, tanto o juiz do Juizado com quarenta e quatro servidores ou com apenas cinco. Todos os juízes entrevistados se manifestaram pela necessidade de destacar mais servidores para os Juizados Especiais Federais e Turmas Recursais.

Oportuno analisar, outrossim, a carência qualitativa de recursos humanos nos juizados. Os servidores e os juízes federais não podem seguir os mesmos ritos da Vara Federal, dado que o novo sistema rechaça os formalismos existentes em varas comuns. Deve haver, portanto, uma preocupação de formar servidores e magistrados para o novo sistema, por meio de cursos de formação, palestras, intercâmbio de experiências entre os juizados de outras seções, enfim, atividades que conscientizem estes profissionais da diferente realidade. Faz-se necessário gerar uma cultura, no seio dos juizados, voltada à conciliação, à celeridade e à oralidade. Destaque-se o que dispõe a Lei n. 10.259/01, que atribuiu ao Conselho este mister, no art. 24:

Art. 24. O Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal e as Escolas de Magistratura dos Tribunais Regionais Federais criarão programas de informática necessários para subsidiar a instrução das causas submetidas aos Juizados e

promoverão cursos de aperfeiçoamento destinados aos seus magistrados e servidores.

Para Pini (2002, p.59), “os juizados especiais estão tirando a Justiça de um vaso e

plantando-a no campo, como se estivesse nos desengessando, para que possamos ser mais livres, mais simples para exercer o Direito”.

Em todos os juizados visitados, em razão da realização do estudo realizado pelo Conselho da Justiça Federal, constatou-se que foram realizados pelo menos um treinamento específico para os servidores do JEF, à exceção da Seção Judiciária de Sergipe. Ademais, foi instituída uma Comissão de magistrados, pelo Conselho da Justiça Federal, com a finalidade de elaborar manuais e rotinas para que houvesse padronização de procedimentos e facilitasse o desenvolvimento dos sistemas automatizados. Esse Manual, até hoje disponível nos sítios dos Tribunais. No entanto, quando questionados sobre a necessidade de se realizar treinamentos, juízes se manifestaram pela essencialidade dos mesmos. Afirmou-se também que estaria havendo uma omissão quanto à promoção de treinamentos. Parece-me que os treinamentos realizados não foram homogêneos, entre as Regiões, e insuficientes.

Não se deve olvidar da função primordial que exercem os conciliadores nos juizados. Destaque-se que, segundo o art. 18, da Lei n. 10.259/01, o Juiz presidente do Juizado designará os conciliadores pelo período de dois anos, admitida a recondução, sendo o exercício dessas funções gratuito, assegurados os direitos e prerrogativas do jurado. Ressalte- se que os mesmos não são servidores públicos, mas sim meros agentes particulares colaboradores. Não basta designá-los, tem que qualificá-los para essa função. Faz-se oportuno transcrever as palavras de Joel Dias Figueira Júnior (2002, p.164):

Em qualquer hipótese, os pretensos conciliadores, mesmo que venham indicados pela Escola da Magistratura ou selecionados do quinto ano das faculdades conveniadas, haverão de receber um preparo todo especial por parte do juiz presidente dos Juizados, em sintonia com o Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal e as próprias escolas responsáveis pelo aperfeiçoamento dos servidores que atuarão nos Juizados (art. 24) e, no caso, no que se poderia denominar de ‘formação’ mínima desses ‘conciliadores’, sob pena de frustrar-se ou não se realizarem a contento as atividades de autocomposição, como se verifica em algumas comarcas, em sede estadual, naqueles Estados que não tiveram preocupação de preparar e aperfeiçoar o seu pessoal de apoio, serventuários, auxiliares da justiça e, em alguns casos, até mesmo magistrados.

Esse preparo dos conciliadores é fundamental porque as atividades que realizarão – oferecimento da proposta de conciliação e a presidência do respectivo ato processual – não são tarefas tão simples quanto possam parecer à primeira vista, sobretudo quando realizadas por um bacharel recém-formado em Direito, um aluno do último ano da faculdade ou, quiçá, um leigo.

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