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Uma das soluções adotadas pelas coordenações dos Juizados Especiais Federais, para tentar equacionar os problemas relativos à falta de infra-estrutura desses Juízos, foi a realização de Juizados itinerantes e mutirões. Ressalte-se a alteração do texto constitucional com o advento da emenda constitucional n. 45, no art. 107, § 2º “Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários”.

A idéia de levar ao cidadão a Justiça já está amadurecida em algumas Regiões, ou seja, um modelo de prestação jurisdicional mediante o deslocamento até o cidadão. Segundo Pini, (2002, p. 58) O mais importante é criar juizados descentralizados, tirando os juizados de dentro dos fóruns e os levando para os bairros. Cita o caso da justiça estadual do Amapá, onde implantaram quatro juizados na capital, sendo os quatro instalados fora das dependências do fórum. Neste modelo, a equipe da Justiça do Amapá se desloca até comunidades ribeirinhas, trabalha a semana inteira e retorna depois retorna para a cidade. Ressalte-se que junto com a equipe da Justiça vão também outras instituições que levam outros serviços púbicos essenciais. Oportuno transcrever as palavras de Pini (2002, p.58):

Constatamos que, nesses seis anos de atividades, tal modelo de prestação jurisdicional de ir até o cidadão, de romper a barreira do fórum, de sair do gabinete e ir até à população, sentindo-a de perto, obteve reconhecimento em função de dois fatores muito importantes: o primeiro é a desmitificação, de vez, do acesso do cidadão à Justiça – ele passa a vê-la como algo próximo ao seu cotidiano e passa a ver o juiz como uma figura palpável, de acesso efetivo –; o segundo fator, e o mais importante, é que esse modelo de prestação jurisdicional tem sido um grande auxiliar na mudança de mentalidade dos operadores do Direito: juiz, advogado, defensor, promotor, entre outros.

Outro depoimento interessante é o da Juíza de Direito, Osnilda Pisa (2003, p.50), que compartilha a experiência que teve no Projeto Ronda da Cidadania, que aconteceu em 2001, que teve o objetivo não só de atender a demandas judiciais, mas também de garantir a inclusão social e o amparo integral da justiça a parcela carente, através de prestação de informações e de serviços gratuitos. Segundo a Juíza, cada vez mais, o Poder Judiciário deve se aproximar da comunidade, ir ao encontro do cidadão, somente assim cumprirá sua missão de guardião da Constituição. Ressalte-se que, em ambos os textos, destacou-se a importância de angariar parcerias para a participação nestes projetos, tanto da iniciativa privada como de órgãos públicos. Oportuno citar as palavras da Juíza (2003, p.54):

Muitos foram os magistrados que despertaram do mundo do papel para o mundo das pessoas, descobriram que, além da atividade judicante, possuem um papel social a desempenhar na comunidade. E, certamente, o magistrado que conhece o mundo das pessoas, ao exercer sua atividade jurisdicional, enxergará angústias e dramas humanos, não apenas pilhas de papel.

Por fim, o projeto Ronda da Cidadania teve o condão de construir redes sociais em cada comunidade, agora, depende do compromisso de cada magistrado, no

desempenho do seu papel social, manter sempre viva essa rede e ampliá-la, com o fim de cumprir os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil de organizar uma sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e a marginalização, bem como reduzir as desigualdades sociais e regionais.

O estudo do Conselho da Justiça Federal, Diagnóstico da estrutura e funcionamento dos

Juizados Especiais Federais, analisa a necessidade e a implantação de Juizados itinerantes e a

realização de mutirões em cada Região.

No caso específico da 1ª Região, além de falta de infra-estrutura, a dimensão territorial e a baixa densidade populacional indicam que a implementação dos Juizados itinerantes é uma alternativa para a solução do problema. Foram realizados diversos Juizados itinerantes, por várias localidades da Região. O TRF da 1ª Região dispõe de carretas (ver anexo G) adaptadas para o atendimento às necessidades desses juízos. Inclusive, a aquisição de uma embarcação está nas metas do Tribunal, dado que em diversas localidades na Amazônia as únicas vias são os rios.

Na 2ª Região, não se realizou nenhum Juizado itinerante tampouco mutirão.

Com relação à 3ª Região, o modelo de Juizado itinerante vem sendo adotado, sobretudo na cidade de São Paulo, devido à dificuldade de deslocamento dos jurisdicionados mais humildes na grande cidade.

Na 4ª Região, diversos Juizados itinerantes e mutirões haviam sido realizados quando da coleta de dados do estudo.

Na 5ª Região, somente a Seção da Paraíba já havia realizado Juizado itinerante, mas não havia realizado nenhum mutirão.

O relatório indicou que um grande entrave que impossibilita a realização de Juizados itinerantes é a falta de dois juízes nos juizados para que, possibilitar que enquanto um segue no juizado itinerante o outro fique no juizado. Ressalta o estudo que há uma consciência generalizada da necessidade da realização de Juizados itinerantes para levar o Juizado Especial Federal até a população que mora distante das cidades-sede de Juizados.

Outra crítica do estudo é a falta de estudos para a definição dos locais para onde seguirão os Juizados itinerantes. Estes estudos poderiam definir as localidades a serem

visitadas pelos juizados itinerantes pelo número de processos em tramitação nas varas da Justiça Estadual, pelo número de habitantes em localidade sem vara federal ou, ainda, pelas características da economia da localidade.

Vale empreender esforços nesta direção, dessa forma, teremos a Justiça mais próxima do povo.

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