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4.1 Crenças dos alunos sobre a aprendizagem por meio da colaboração em rede

4.1.1 Dados do questionário misto

Ao iniciar o projeto aplicamos um questionário misto18 (Apêndice D) no dia 28/09/2018 em ambos os CIL aos aprendizes para verificar, dentre outros aspectos, o acesso à internet, se eles eram alunos da escola pública ou particular, se comunicavam em mídias sociais, como se comunicavam na língua inglesa, o que achavam sobre trabalhar em grupos, dentre outros. Todos os 24 participantes desta pesquisa responderam ao questionário misto, sendo que 21 participantes eram alunos da escola pública, (o que consideramos pertinente, pois nos colocamos favoráveis à prioridade dos aprendizes de escola pública adquirirem uma língua estrangeira nos CIL), dois eram da escola particular e um já havia concluído o ensino médio. A idade deles variava entre 15 e 18 anos.

As respostas para a primeira pergunta sobre por que decidiram estudar a língua inglesa em um CIL variaram entre a influência de pessoas relevantes, fatos passados e informações que os aprendizes consideram pertinentes, que nos lembram a dinamicidade das crenças, que não

têm uma origem instantânea como ressalta Barcelos (2007). Por exemplo, ao relatarem que foram incentivados pela mãe. Além disso, responderam gostar da língua inglesa, enfatizaram a importância da língua inglesa no mercado de trabalho, ressaltaram a qualidade dos professores dos CIL e também o gosto pelas músicas em inglês. Como exemplo, ilustramos a resposta da aprendiz Paula que destaca o gosto pela língua-alvo, sua universalidade, a influência de cantores da música pop, o mercado de trabalho, dentre outros:

[1] Porque saber falar inglês fluente, por ele ser uma língua universal, é um privilégio para o currículo, mas não só pelas oportunidades de emprego, eu sempre gostei da língua inglesa, quando criança gostava muito de cantores pop teens como: Justin Bieber, Ariana Grande, Demi Lovato, e etc. e assim foi surgindo o meu interesse em aprender a língua. Eu decidi estudar no CILC por conta dos da rede pública terem oportunidade de fazerem o inglês gratuitamente aqui. Gosto de fazer inglês no CILC, gosto do ambiente, dos alunos, dos professores, do ensino. (QM, 26/10/18).

A segunda pergunta do questionário se referia se alunos teriam acesso à internet em casa e todos responderam afirmativamente. Essa informação é considerada relevante, pois há a possibilidade dos alunos efetivarem tarefas em casa quando não há tempo suficiente para que tudo seja feito durante o período da aula.

A terceira pergunta se referia se os aprendizes se comunicavam (em qualquer língua) por meio das redes sociais e quais seriam. A maioria se comunicava por meio de redes sociais como WhatsApp, Instagram e Facebook. Poucos acessavam o Twitter. A partir dessa informação podemos considerar a centralidade (ROKEACH, 1968) das crenças dos aprendizes no que concerne ao uso da internet e consequentemente aos usos das tecnologias digitais e a conectividade entre eles. Consideramos que as crenças dos aprendizes no que se refere ao uso da internet e das redes sociais estão diretamente relacionadas a uma forma de pertencimento a comunidades virtuais, ou seja, uma forma de inserção social. Destacamos que a crença dos aprendizes, segundo a qual a internet é um ambiente de inserção social, tenha potencializado a efetivação das tarefas durante o processo de aprendizagem da língua inglesa por meio da colaboração em rede. Como a plataforma iEARN pode ser vista como uma comunidade virtual, seria importante a experiência do uso das redes sociais para a interação entre os aprendizes.

No que concerne às expectativas sobre trabalhar com um projeto colaborativo em rede, a maioria dos aprendizes disseram que gostariam de aprimorar a habilidade oral e escrita na língua-alvo e interagir com aprendizes de outras culturas o que se concretizou durante o

processo de efetivação das tarefas, conforme discutido e analisado posteriormente neste capítulo. Vejamos a resposta do aprendiz Mateus:

[2] Eu acho que vai nos ajudar na escrita e leitura, isso é muito bom para aperfeiçoarmos a língua inglesa. (QM, 28/09/18).

Como os projetos dos CIL geralmente envolvem trabalhos em grupos e essa também é uma prerrogativa da aprendizagem baseada em projetos (BENDER, 2012), decidimos analisar o que os aprendizes achavam sobre essa possibilidade. A maioria disse que achava interessante para compartilhar ideias e sobre a importância da interação entre alunos e professores. Entretanto, quatro aprendizes disseram que preferiam trabalhar individualmente. Vejamos a fala de Thiago que enfatiza a colaboração de todos:

[3] Trabalhando em grupos podemos adquirir mais conhecimentos e opiniões, além de poder interagir com outras pessoas. (QM, 19/10/18). Quanto à pergunta se consideravam à escrita deles na língua inglesa compreensível, a maioria disse que sim, alguns responderam mais ou menos e apenas um disse que não.

No que concerne a questão do que seria necessário para tornar a escrita eficiente na língua inglesa, a maioria respondeu que seria a prática.

No último item do questionário sobre escrever textos na língua inglesa fora da sala de aula, muitos responderam que sim, como postagens em redes sociais, em legendas de fotos, jogos online, dentre outros. Entretanto, nove disseram que não. Dessa maneira, pudemos constatar que todos os aprendizes fazem uso da internet, independentemente do idioma (língua materna ou estrangeira) para se comunicarem, o que nos levou a inferir após o término do questionário misto que eles acham esse meio de comunicação relevante e como afiança Hine (2015), a internet funciona como algo que já está intrínseco às suas vidas cotidianas.

Em síntese, consideramos que a aplicação do questionário misto foi pertinente para o levantamento de dados como acesso à internet em casa, idade, e por que estudavam em um CIL, por exemplo, auxiliaram inicialmente para dar prosseguimento da pesquisa sobre as crenças dos aprendizes por meio da colaboração em rede, e quais relações existem entre as crenças e ações nesse tipo de aprendizagem.