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4 O PROGRAMA JUSTIÇA COMUNITÁRIA

4.2 Das Parcerias Institucionais

O Programa resultou da conjugação dos esforços do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, do Ministério Público do Distrito Federal, da Defensoria Pública do Distrito Federal, da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília – UnB e, à época, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-DF (BRASIL, 2008, p. 24), sob convênio firmado com a Secretaria Especial de Direitos Humanos, da Presidência da República.

Essas entidades enfrentaram as questões trazidas no tópico anterior e definiram as minúcias iniciais do Programa, imprimindo a sua contribuição ao momento mais desafiador da Justiça Comunitária. Durante as reuniões e os debates do segundo semestre de 1999, as referidas instituições parceiras foram representadas pelos seguintes membros (BRASIL, 2006, p. 23-24): Fernando Antônio Calmon Reis, defensor público (Defensoria Pública do Distrito Federal); José Geraldo de Sousa Júnior, diretor da Faculdade de Direito, Alayde Avelar Freire Sant.Anna e André Macedo de Oliveira, advogados (Universidade de Brasília); Renato Sócrates Gomes Pinto, procurador de justiça, e Newton Cezar Valcarenghi Teixeira, promotor de justiça (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios); Sandra Ferreira Moreira, Iaris Ramalho Cortês e Tereza de Jesus Pinheiro Montenegro, conselheiras (Ordem dos Advogados do Brasil - Secção do Distrito Federal); Edmundo Minervino Dias, desembargador presidente, Gláucia Falsarella Foley, juíza de direito, Marcelo Girade Corrêa e Vera Lucia Soares, técnicos judiciários (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios).

Tratar-se-á, a seguir, das parcerias contínuas, mantidas com o Programa Justiça Comunitária, após a sua fundação.

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) permanece na coordenação do Programa desde a criação. Na qualidade de unidade executora, responsabiliza-se pela sua implementação direta, pela garantia de seu bom desempenho cotidiano. Para tanto, fornece a infraestrutura dos núcleos (instalações, equipamentos e serviços essenciais) e os servidores da equipe multidisciplinar. Ademais, confecciona os materiais promocional e pedagógico, destinados, respectivamente, a divulgar as ações do Programa e informar a comunidade sobre direitos e deveres. Por fim, em comunhão com os parceiros, realiza (BRASIL, 2008, p. 101):

a elaboração do planejamento anual do Centro de Formação e Pesquisa em Justiça Comunitária, a capacitação dos Agentes Comunitários para o bom desempenho de suas atividades, o registro e controle dos casos levados aos Núcleos Comunitários e o acompanhamento das atividades desenvolvidas pelos Agentes Comunitários e pela equipe multidisciplinar.

A Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), instituição a qual a Constituição confere múnus de prestar assistência jurídico-judiciária gratuita e integral aos hipossuficientes, complementa as atividades dos agentes comunitários ao contribuir com a orientação jurídica e ao representar, em juízo, as demandas que requeiram resposta jurisdicional. No seio das comunidades afetadas pelo Programa, o próprio Centro Comunitário encaminha os pleitos que ensejem a propositura de ação judicial aos núcleos da Defensoria, que goza de instalações em todos os fóruns e cidades satélites do Distrito Federal.

A DPDF também se comunica com o Centro de Formação e Pesquisa em Justiça Comunitária, ministrando cursos e seminário aos agentes, e participando de reuniões, quando necessária a sua presença.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), defensor da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e individuais indisponíveis, contribui para a formação e aperfeiçoamento permanente dos agentes ao instruir as atividades do Centro de Formação e Pesquisa em Justiça Comunitária.

Ademais, mediante a Promotoria de Justiça e Defesa da Comunidade (PROCIDADÃ), encarrega-se de referendar os acordos construídos nas audiências de mediação, conferindo-lhes natureza de título executivo extrajudicial tal qual enuncia o art. 57, parágrafo único, da lei 9.099/95, e o art. 585, II, do Código de Processo Civil (lei 5.869/73).

A Universidade de Brasília (UnB), especificamente a sua Faculdade de Direito, disponibiliza o seu corpo docente e técnico à formulação e execução da Proposta Pedagógica, em colaboração com o Centro de Formação e Pesquisa em Justiça Comunitária e a equipe multidisciplinar. Outrossim, a parceria se estende ao Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ): o NPJ da UnB encaminha ao Núcleo de Justiça Comunitária de Ceilândia os casos compatíveis com a mediação, enquanto os núcleos comunitários remetem aos professores e estagiários as demandas que urjam por resposta judicial.

A Faculdade de Direito, ainda, busca importar a mediação comunitária para o universo acadêmico, incentivando os discentes a desenvolver projetos de pesquisa nessa área.

A Secretaria de Reforma do Judiciário (SRJ) é um órgão específico e singular vinculado ao Ministério da Justiça (MJ) que, criado em 2003, objetiva promover e planejar, no âmbito nacional, políticas de acesso à justiça. Na busca de soluções para os problemas da

morosidade do Poder Judiciário, bem como de sua democratização, a SRJ adotou as seguintes medidas: primeiramente, a aprovação da Reforma Constitucional do Poder Judiciário, com a promulgação da Emenda Constitucional nº. 45, de 2004; e em seguida, objetivando a efetiva implantação da dessa reforma, a construção do “Pacto de Estado em favor de um Judiciário mais rápido e republicano”, firmado pelos chefes do três Poderes em dezembro de 2004, que, desde então, orientou as principais intervenções da Secretaria.

Partindo do pressuposto de que o acesso à justiça é considerado um direito humano e um caminho para a redução da pobreza, por meio da produção da equidade econômica e social, os desafios são no sentido de priorizar a democratização do acesso à justiça, possibilitando a inclusão da maioria da população que se encontra excluída do sistema clássico de justiça. Assim, a SRJ elaborou o Programa Nacional de Democratização do Acesso à Justiça, que tem como diretrizes básicas, fomentar a aproximação e a participação dessa população, mediante a conscientização dos seus direitos e garantias constitucionais e o acesso a mecanismos alternativos de resolução de conflitos.

Acerca da necessidade de desenvolvimento de formas alternativas ao processo judicial clássico, baseadas fundamentalmente na mediação, o Programa Justiça Comunitária, implantado no ano 2000, despertou a atenção da SRJ, de forma que, em 2007, foi elevado à condição de política pública pelo Ministério da Justiça e incluído como ação no Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI). Já no primeiro semestre de 2008, com os recursos do PRONASCI e sob a gestão da SRJ, inúmeros núcleos do Programa Justiça Comunitária foram fundados por todas as regiões do País.

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) é, também, um órgão vinculado ao Ministério da Justiça e, criado em 1997, foi responsável pela criação e implantação da Política Nacional de Segurança Pública e dos Programas Federais de Prevenção Social e Controle da Violência e Criminalidade. Tem ainda por finalidade, conferir sua plena efetividade, no tocante ao planejamento e execução das ações de segurança pública em todo o Brasil, com o objetivo de garantir a eficiência das atividades policiais, num contexto caracterizado pela autonomia das organizações.

Considerando esses objetivos, a SENASP desenvolve e apoia de forma contundente a implementação de tecnologias sociais, tais como a mediação e a resolução pacífica de conflitos, por intermédio da cooperação técnica internacional junto ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), para o que realiza capacitações de profissionais da área de segurança pública, do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública, das Prefeituras, lideranças comunitárias e voluntários.

Em 2007, esse acordo de cooperação técnica se estendeu ao TJDFT para englobar a experiência da Justiça Comunitária, firmado o compromisso de expandi-la às demais unidades da Federação. Tratou-se de “uma iniciativa inédita no combate à criminalidade no país, que articula políticas de segurança com ações sociais, prioriza a prevenção e busca atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das estratégias de ordenamento social e repressão qualificada” (BRASIL, 2008, p. 105).

O PNUD, criado em 1965, tem por escopo combater a pobreza e trabalhar pelo desenvolvimento humano. Desde 2003, quando passou a considerar, entre os fatores determinantes para a retomada do desenvolvimento do país, a questão do apoio à modernização do sistema de justiça brasileiro, o PNUD vem contribuindo significativamente para a área, ao apoiar a introdução de novos modelos de acesso à justiça, como a justiça restaurativa e comunitária, a justiça sem papel, e a descentralização dos juizados especiais federais, em síntese, colaborando para a construção de uma agenda nacional voltada para a reforma do Judiciário.

Nesse contexto, foram firmados com a Secretaria de Reforma do Judiciário (SRJ) diversos projetos de cooperação técnica: em 2003, com recursos do PNUD, a Assistência Preparatória BRA/03/023 (Programa de Modernização da Gestão do Sistema Judiciário); em 2004, com nova inserções de recursos do PNUD, o Projeto BRA/04/023 (Promovendo Acesso Universal e Equidade no Sistema de Justiça Brasileiro) e, posteriormente, o Projeto BRA/05/009 (Promovendo Práticas Restaurativas no Sistema de Justiça Brasileiro) teve sua implementação iniciada; em 2005, para dar continuidade às ações deflagradas na Assistência Preparatória BRA/03/023, foi assinado o Projeto BRA/05/036, com vistas a fomentar a modernização da Justiça brasileira; e em 2006, a colaboração firmada teve o propósito de apoiar o Programa Justiça Comunitária, possivelmente com a concessão de futuros subsídios para o estabelecimento de novas iniciativas em outras localidades do Brasil e do mundo.

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