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Ministrados durante o mês de fevereiro

Data da Entrega : ________/___________/2021

Semana 1

A ÚLTIMA CRÔNICA FERNANDO SABINO

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca

do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta

perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem

assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.

A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: “Parabéns pra você, parabéns pra você…”

Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura – ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido – vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.”

Fernando Sabino. In: Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1979-1980. 1- Como o próprio título da obra já mostra, o texto acima é uma crônica e como qualquer outro gênero apresenta suas próprias características. Cite as características do gênero que estão presentes no texto acima.

2- De acordo com o narrador por que ele entrou no botequim? Esse foi o real motivo? Justifique sua resposta. 3- Qual a profissão do narrador? Retire do texto que justifique sua resposta.

4- A crônica, quanto à linguagem que apresenta, está mais próxima do noticiário de jornais ou revistas ou mais próxima de textos literários?

5- De acordo com o texto, identifique: a) Foco narrativo;

b) Cenário;

c) Personagens principais; d) Tempo;

Professor (a):

Fabíola Disciplina: Literatura

Visto do professor:

Aluno: Série:

Data de Recebimento:

132

Semana 2

1- Leia, em primeira instância, o que nos diz o crítico literário Antônio Cândido acerca do gênero “crônica”:

A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos, e poetas. Nem se pensariam em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor.

“Graças a Deus” – seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica perto de nós.

Antônio Cândido

Tendo em vista os conhecimentos de que dispõe a respeito de tal gênero, explique suas considerações sobre o fragmento acima, levando em consideração as características do gênero.

2- Leia a crônica abaixo e responda as questões seguintes:

A outra noite

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de Lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.

Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim: – O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?

Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita e linda. – Mas, que coisa. . .

Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.

– Ora, sim senhor. . .

E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.

(BRAGA, Rubem. A outra noite. In: PARA gostar de ler: crônicas. São Paulo: Ática, 1979.

Vocabulário

Torpe: repugnante Veementes: animados

1- Como era a noite vista pelo narrador?

2- A outra noite a que o título se refere seria a vista somente pelo narrador ou aquela que o taxista e seu amigo enxergavam? 3- O que faz com que diferentes personagens vejam diferente noites?

4- Que fato do cotidiano a crônica que você leu explora?

5- Considerando a maneira como é narrada, a reação do taxista (no final), pode-se inferir que ele ficou: a) ( ) sensibilizado com a conversa c) ( ) curioso por mais informações. b) ( ) agradecido com o segredo. d) ( ) desconfiado

Professor (a):

Fabíola Disciplina: Literatura

Visto do professor:

Aluno: Série:

Data de Recebimento:

Semana 3

Leia a página de diário abaixo e responda as perguntas:

Passo fundo, 31 de outubro de 1997 Querido Diário,

Hoje já acordei com uma sensação estranha. Talvez por ser o “dia das bruxas”. Como habitual, fui à escola e logo pude entender que algo inusitado iria acontecer. Tivemos duas aulas vagas, pois o professor de geografia ficou doente. Na sala de aula, a Ana e a Célia ficaram dando risadinhas e olhando pra mim. Depois veio o Hugo e me disse que eu tinha um chiclete no cabelo. A minha questão foi: Quem colocou ele ali? E porque ao invés de me falarem ficaram rindo da minha cara? Fiquei muito chateada com a atitude delas e de outras pessoas que passavam bilhetinho enquanto aproveitavam para olhar pra minha cabeça.

No recreio, não tive coragem de falar com elas e fiquei no meu canto, lendo a matéria de história e aproveitando responder as questões que o prof. passou na aula passada. Quando cheguei em casa, almocei e fiquei enfiada no quarto o dia inteiro pensando que não quero mais voltar pra escola. Nem fome eu tive!

Depois de tanto pensar, resolvi enfrentar o problema e escrevi uma carta pra Ana e pra Célia. Acho que ficou bem legal, ainda que no texto eu não reprovei a atitude delas. Pelo contrário, convidei elas para serem minhas amigas. Gosto delas, mas não gosto de injustiças, de caçoar dos outros. Acho muito feio rir de um defeito ou da desgraça alheia. Eu sei: tenho um coração mole!!!.

Tomara que amanhã isso não aconteça. Sobre isso, estive pensando qual profissão gostaria de ter no futuro e não cheguei numa conclusão concreta. Uma coisa eu sei: quero ajudar as pessoas e fazer diferença no mundo. Tenho fé nisso!!! Termino esse dia com a frase de um autor que gosto muito do Drummond: “Há campeões de tudo, inclusive de perda de

campeonatos.”

Boa noite, Helena

1- Qual a finalidade do gênero diário?

2- A página de diário acima possui todas as características do gênero? Justifique sua resposta.

3- Durante a narrativa, Helena cita um outro gênero. Que gênero é esse? Com que finalidade ele foi criado? 4- Qual o foco narrativo a página de diário acima? É adequado com o gênero?

5- De acordo com Helena, quais são seus planos para o futuro?

Boa Atividade!

Professor (a):

Fabíola Disciplina: Literatura

Visto do professor:

Aluno: Série:

Data de Recebimento:

134

Semana 4

Paraipaba - Ceará, 06 de julho de 2016.

Querido diário!

Lembro-me do dia mais marcante da minha vida, foi nas férias em Paraipaba: a final do Campeonato Paraipabense. Ali vivi um momento inesquecível e único. Quando entrei no estádio e vi aquela multidão de pessoas nas arquibancadas, senti um friozinho na barriga. Meu coração batia fortemente e estava com muita vergonha, pois jogar naquele lugar com tanta gente me olhando precisava de coragem.

Começou o jogo. Levamos um gol logo no início da partida. O treinador permanecia muito chateado, pois estávamos perdendo. Mas finalmente conseguimos empatar. A torcida vibrava e nos pedia mais gols. Faltava pouco tempo pra terminar o jogo quando aproveitei um lance e fiz o gol da vitória. A alegria dos membros do time e dos torcedores nas arquibancadas foi intensa. Todos comemoravam aquela vitória. Eu me senti um verdadeiro herói.

Naquele dia, ganhamos troféu e medalhas. Foi tão marcante aquele momento que quando me lembro hoje ainda fico extasiado.

Antônio Caio dos Santos

Escola João Moreira Barroso, Setembro de 2017. Vieira, Antônio Caio dos Santos. Professor F. Maurício Araújo

1- Em relação ao diário íntimo lido, responda: a) Quem é o remetente? E o destinatário? b) Em que local e data o diário foi escrito? 2- A finalidade do texto é:

a) apresentar dados relevantes do futebol brasileiro. b) registrar algo agradável vivenciado pelo autor.

c) relatar acontecimentos marcantes de vários personagens. d) defender uma opinião por meio de argumentos.

3- O que o narrador-personagem quis inferir ao falar “meu coração batia fortemente”? a) Que ele estava triste, pois jogar com muita gente precisava de muita determinação. b) Que ele estava nervoso, portanto precisava sair dali urgente.

c) Que ele estava totalmente determinado a fazer vários gols naquele jogo.

d) Que ele estava feliz e nervoso ao mesmo tempo, pois no estádio havia muitas pessoas nas arquibancadas. 4- Como foi comemorada a vitória no campeonato pelo personagem e pelos seus companheiros de futebol? 5- O clímax vivido pelo narrador-personagem do texto está em

a) “O treinador permanecia muito chateado, pois estávamos perdendo.” b) “...quando aproveitei um lance e fiz o gol da vitória.”

c) “Eu me senti um verdadeiro herói.” d) “Mas finalmente conseguimos empatar...”

Boa Atividade!

Professor (a):

Fabíola Literatura Disciplina:

Visto do professor:

Aluno: Série:

Data de Recebimento:

PROF.: FABÍOLA