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Assim, a Defensoria Pública deverá ser intimada pessoal- pessoal-mente para apresentar memoriais no prazo legal

O nobre desembargador do TJRS, Ricardo Moreira Lins

Pastl, no julgamento do processo n. 70043316751, apelação cível,

decidiu que:

“Trata-se de recurso de apelação interposto por L. K. L., inconformado com a sentença que julgou parcialmente o pedido da ação de investigação de paternidade, cumulada com pedido de alimentos, movida em seu desfavor por A. R. da S.

Inicialmente, diz que a sentença deve ser declarada nula, posto que a Defensoria Pública não intimada pessoal-mente para a apresentação de memoriais, violando, assim, o art. 128 da Lei Complementar n. 80/94.

No mérito, afirma que a pensão alimentícia fixada em 50% do salário mínimo é extremamente elevada, aduzindo que não pode trabalhar em razão de sofrer de esquizofrenia. Refere, ainda, que reside com a sua mãe e que não há nos autos qualquer documento a indicar que os aluguéis dos imóveis de propriedade da sua genitora lhe sejam revertidos.

Manifesta que sua companheira é doméstica, o que de-monstra, também, a sua impossibilidade de arcar com a verba estabelecida.

Por fim, aduzindo que somente pode pagar 20% do salário mínimo, requer o provimento do recurso (fls. 98/101). Apresentadas as contrarrazões (fls. 108 e 109), foram os autos remetidos a esta Corte, opinando o Ministério Pú-blico pelo provimento do recurso (fls. 118 e 119).

Registro que foi observado o disposto nos arts. 549, 551 e 552, todos do CPC, tendo em vista a adoção do sistema informatizado.

Eminentes colegas, conheço do recurso, que é próprio, tem-pestivo (interposto no 23º dia do prazo legal, fls. 97 e 98) e dispensado de preparo (benefício da gratuidade judiciária). Com efeito, na espécie, verifico que a Defensoria Pública não foi intimada pessoalmente para a apresentação de me-moriais, como bem apontou em seu parecer o ilustre Pro-curador de Justiça, Dr. Antonio Cezar Lima da Fonseca, tendo a instrução sido encerrada, sobrevindo sentença de parcial procedência do pedido, o que, penso, caracteriza prejuízo a ser reconhecido, dada a violação dos princípios do contraditório, do devido processo legal e da ampla defesa. A Defensoria Pública goza da prerrogativa legal da inti-mação pessoal de todos os atos processuais, nos termos do art. 128, I, da Lei Complementar n. 80/94, acarretando a sua não realização a nulidade dos atos processuais sub-sequentes, por cerceamento defensivo.

Nesse sentido, por esgotar com absoluta propriedade a análise do presente questionamento, peço vênia para adotar como razões de decidir as lúcidas observações realizadas no parecer do douto Procurador de Justiça, Dr. Antonio Cezar Lima da Fonseca, in verbis:

Quanto à alegação de nulidade, de fato, ela existe. Na fl. 82 o juízo determinou vista às partes, pelo prazo de dez dias, iniciando pela parte autora, para apresentação de memoriais. Isso em 30.03.2009 (fl. 83). A Defensoria Pública não foi intimada pessoalmente a respeito da determinação.

Em 28-5-2009, a autora mudou de advogado (fls. 84 e 86), quando se estabeleceu uma discussão paralela manifes-tando-se a Defensoria e o Ministério Público a respeito da visitação, apenas (fls. 91 e 94).

Em seguida, sem nenhuma manifestação das partes ou do Ministério Público acerca do mérito da demanda,

sobreveio sentença de mérito (fls. 95/96), violando-se, s.m.j., o devido processo legal.

Como se sabe, a Defensoria Pública deve ser intimada pes-soalmente para os atos do processo, sob pena de nulidade. Em se tratando de memoriais, que substitui as alegações orais finais, trata-se de ato importante da instrução, sendo que, no caso, não observou o julgador as devidas inti-mações para os memoriais e, sem a necessária intimação pessoal do órgão público prolatou a sentença, que é claramente prejudicial à apelante.

Tendo havido prejuízo à ampla defesa, a sentença não pode subsistir.

Pelo provimento do recurso, para que se reabra a instrução, oportunizando-se memoriais para ambas as partes. ANTE O EXPOSTO, dou provimento ao recurso para que se reabra a instrução, oportunizando-se memoriais para ambas as partes.”

Os entendimentos jurisprudenciais do TJRS, são favoráveis

aos pedidos do recorrente dessa peça.

“Apelação cível. Ação de investigação de paternidade, cumulada com alimentos. Nulidade do processo. Ausência de intimação pessoal da defensoria pública para a apre-sentação de memoriais.

A Defensoria Pública goza da prerrogativa legal da inti-mação pessoal de todos os atos processuais, nos termos do art. 128, I, da Lei Complementar n. 80/94. A não-reali-zação dessa comunicação, inclusive para a apresentação de memoriais, que substituem os debates orais, acarreta a nulidade dos atos processuais subsequentes, por cercea-mento defensivo.

Apelação provida.”

(Apelação Cível n. 70043316751, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 15/09/2011).

Alimentos. Revisão. Processual civil. Defensoria Pública. Audiência de instrução. Falta de intimação pessoal para a apresentação de memoriais. Prerrogativa constante na LC n. 80/94, art. 128, i.

Prejuízo presumido, decorrente da improcedência da ação. Nulidade do processo.

Apelação provida.”

(Apelação Cível n. 70038000311, Oitava Câmara Cível, TJRS, Relator Luiz Ari Azambuja Ramos, 07/10/2010). “Ação revisional de alimentos. Defensoria Pública. Inti-mação pessoal para oferecimento de memoriais. Ausência. Nulidade. Cerceamento de defesa. Preliminar de nulidade acolhida.

É cediço que a intimação pessoal dos atos processuais é uma prerrogativa dos membros da Defensoria Pública, a teor do disposto no art. 128 da Lei Complementar 80/94, sob pena de nulidade.

Recurso provido.”

(Apelação Cível n. 70035049055, Oitava Câmara Cível, TJRS, Relator Claudir Fidelis Faccenda, 10/06/2010). “Apelação cível. Investigatória de paternidade. Alimentos. Defensoria Pública. Intimação pessoal. Cerceamento de defesa. Art. 128, i, LC 80/94.

Não oportunização de prazo para oferta de memoriais. Identificada a falta de intimação pessoal do defensor público, declara-se nulo o processo a partir de quando a providência deveria ter sido levada a efeito.

Em casos como este, em que a discussão envolve direito indisponível, não há falar em prescindibilidade do natural prosseguimento do processo, com a consentânea oportu-nização às partes de apresentação de memoriais. O que deflui do exame destes autos é o descumprimento dos ditames esculpidos no art. 454 do CPC, especialmente seu Parágrafo 3º. Precedentes.

Nulidade decretada. Sentença cassada.”

(Apelação Cível n. 70011614278, Oitava Câmara Cível, TJRS, Relator José Ataídes Siqueira Trindade, 25/08/2005).

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer o provimento do recurso para