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Diante disso, o apelante recorre para que seja fixada a verba alimentar, não aposta na sentença, no valor de 40% (quarenta

por cento) do salário mínimo, pois o apelado possui condições

financeiras robustas, conforme documentos anexados.

O nobre desembargador do TJSC, Guilherme Nunes Born,

no julgamento da apelação cível, n. 2010.055846-1, decidiu que:

“VOTO

2.1) Do objeto recursal.

É da pretensão de alimentos provisionais em decorrência automática da sentença de procedência da ação de inves-tigação de paternidade.

2.2) Do juízo de admissibilidade.

Conheço do recurso porque presentes os requisitos in-trínsecos e exin-trínsecos de admissibilidade, eis que ofertado a tempo e modo, recolhido o devido preparo e evidenciado o objeto e a legitimação.

2.3) Da quaestio

Cuida-se de pedido de verba alimentar em decorrência de ação de investigação de paternidade, antes procedência, da mesma, com o argumento de ser desnecessário o pedido da mesma.

O recurso é convincente:

Decorre do art. 7º da Lei 8.560/92

art. 7°. Sempre que na sentença de primeiro grau se reco-nhecer a paternidade, nela se fixarão os alimentos provi-sionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite. A recorrente é menor impúbere, tendo três anos, sobres-saltando o interesse protegido em lei própria, dispensando assim requerimento expresso, por se constituir em mera consequência.

Com isso, não incide dentro das questões de julgamento extra petita por haver interesse necessário a sobresis-tência da criança, atendendo a disposto da lei própria, acima transcrita.

Neste esteira, observou o e. Des. Saul Steil:

Apelação cível. Ação de investigação de paternidade. Exame de DNA Indicativo da paternidade do requerido. Sentença de procedência que fixou, de ofício, os ali-mentos definitivos à criança. Possibilidade. Inteligência do art. 7º da lei 8.560/92. Precedentes. Necessidade da criança evidenciada pelo deferimento da assistência ju-diciária gratuita. Alimentos fixados em quantia mó-dica (50% do salário-mínimo). Observância do binômio necessidade/possibilidade. Supremacia do interesse da criança. Exegese do art. 227 e 229, ambos da constituição federal. Recurso conhecido e desprovido.

“A sentença de procedência da ação de investigação de paternidade pode condenar o réu em alimentos provi-sionais ou definitivos, independentemente de pedido ex-presso na inicial. Art. 7º da Lei 8.560, de 29.12.92. (REsp 257.885/RS, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, Quarta Turma, julgado em 21.09.2000, DJ 06.11.2000 p. 208). Precedentes” (STJ, REsp 819.729/CE, Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior, Quarta Turma, julgado em 09/12/2008, DJe 02/02/2009). {{Apelação Cível n. 2006.029234-0, de Curitibanos Relator: Saul Steil Órgão Julgador: Primeira Câmara de Direito Civil data: 03/12/2010}}

No corpo do v.Acórdão anotou o culto Desembargador: Diante da magnitude do direito aos alimentos (art. 229/ CF), sendo evidente a necessidade de a criança perceber a verba alimentar, até porque reconhecida sua hipos-suficiência financeira com o deferimento da assistência judiciária gratuita (fl. 07), tendo sido fixados na módica quantia equivalente a 50% de um salário mínimo, respei-tado está o binômio necessidade/possibilidade (art. 1.694, § 1º, do CC/02).

Também desta Corte:

Apelação cível - investigação de paternidade - decisão extra petita - inocorrência - fixação de alimentos - ausência de pe-dido expresso na exordial - desnecessidade - inteligência do

art. 7º da Lei 8.560/92 - cerceamento de defesa - ausência de produção de prova acerca da possibilidade do alimen-tante - rendimentos comprovados - afirmativa afastada - alegação de impossibilidade de pagamento do quantum fixado - arbitramento exacerbado - redução imposta - de-cisão reformada - recurso parcialmente provido.

Em se tratando de ação de investigação de paternidade, sen-do menor o investigante e presumida, em caráter relativo, a necessidade, devem ser fixados alimentos independente-mente de pedido. Ademais, a condenação ao pagamento de alimentos emana da própria lei que determina que sempre que na sentença de primeiro grau se reconhecer a pater-nidade, nela se fixará a pensão alimentícia.

É cediço que na fixação de alimentos deve-se estabelecer um valor razoável, na proporção das necessidades da menor e dos recursos financeiros do alimentante, de acordo com as provas até então carreadas aos autos. Desta forma, se restou demonstrada a impossibilidade financeira de arcar com o montante arbitrado, a redução do quantum é me-dida que se impõe. (Apelação Cível n. 2003.015147-8, de Palhoça relator: Salete Silva Sommariva Órgão Julgador: Primeira Câmara de Direito Civil Data: 25/05/2004) É o norte aposto em decisão la lavra do e. Desembargador Rui Portanova do estado vizinho Gaúcho:

agravo de instrumento. ação de investigação de pater-nidade. alimentos provisórios fixados em audiência. au-sência de pedido INICIAL de alimentos. inexisTência de nulidade na decisão.

O deferimento de alimentos, uma vez comprovada a pater-nidade, é provimento decorrente e automático do pedido de reconhecimento da paternidade.

Caso em que, não há que se falar em nulidade da decisão, que fixa alimentos provisórios, porquanto, no caso, tal provimento dispensa pedido expresso. Inteligência do artigo 7º da Lei 8.560/92. (AI N. º 70037584075, TJRS) O Dr. Mário Gemin, m.c. Procurador de Justiça, apontou com a sabiência rotineira:

“Oportuno mencionar a lição de Maria Berenice Dias (In Manual de direito das famílias. São Paulo: editora RT, 2009, p. 379):

“Quando se omite o autor em pedir, deve o juiz fixar a verba alimentícia ex offício. {...} O dispositivo legal é claro (L 8.560/1992 7º): sempre que na sentença de pri-meiro grau se reconhecer a paternidade, nela se fixarão os alimento provisionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite. A norma dirige comando cogente ao juiz, que deve fixar os alimentos provisionais quando do início da ação e definitivos na sentença que julga procedente o pedido de declaração de paternidade. Não há necessidade de pedido expresso do autor. Trata-se de pedido implícito, objeto de cumulação própria sucessiva” . (fls. 73v.). Desnecessário, pois, na espécie, pela ordem do art. 7º, da Lei n.8.560/92, a existência do pedido em ação de inves-tigação de paternidade, ponde ser fixado de ofício pelo julgador, sobrepujando o interesse da criança.

Da fixação alimentos

Se impõe a fixação de alimentos provisionais com a análise do binômino possibilidade necessidade.

A apelante autora é criança de 3 anos de idade, exige assistência em todos as área, devendo dentro da normali-dade ser observado esta circunstâncias.

O apelado alimentante está qualificado na peça exordial como “motorista com atividade laborais na Fábrica de R. (no horários das 12:00 horas as 24:00 horas)” (fls. 02). No instrumento de procuração constou o apelado em C. A. S., como desempregado e tendo sido dado a gratuidade. Nesta senha, a base da fixação dos alimentos é o salário mínimo, e para o caso, o importe de 35% (trinta e cinco por cento), para satisfazer as necessidades da alimentada, em princípio, eis que admite reapreciação a qualquer tempo. A periodicidade da verba alimentar é mensal.

O entendimento jurisprudencial do TJSC, é favorável aos

pedidos do recorrente dessa peça.

“Investigação de paternidade - Reclamo declarado proce-dente - Ausência de pedido alimentar - Possibilidade de fixação de ofício - Inteligente do art. 7º, da Lei 8.560/92 - Reconhecimento.

- “O deferimento de alimentos, uma vez comprovada a paternidade, é provimento decorrente e automático do pedido de reconhecimento da paternidade. Caso em que, não há que se falar em nulidade da decisão, que fixa ali-mentos provisórios, porquanto, no caso, tal provimento dispensa pedido expresso. Inteligência do artigo 7º da Lei 8.560/92.” (Des. Rui Portanova)

Alimentos provisionais - Binômio necessidade e possibili-dade - Percentual sobre salário mínimo - Parâmetro inicial. - Ante os informes contidos nos autos serem parcos em atenção ao que percebe o alimentante, adota-se o salário mínimo como parâmetro, in casu no percentual de 35%. Recurso provido.”

(TJSC - Apelação Cível n. 2010.055846-1. Relator: Des. Guilherme Nunes Born. Data: 26/01/2012).

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer o provimento do recurso para