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7. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO

7.2 Lançamento Tributário

7.2.1 Definição

O artigo 142, do Código Tributário Nacional refere-se ao lançamento dizendo que “Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo

lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível”.

Caracteriza-se como um ato privativo da autoridade administrativa, vinculado e obrigatório, sob pena de responsabilidade funcional, e que detém como objetivo a verificação da ocorrência do fato jurídico e a determinação da matéria tributável.

Paulo De Barros Carvalho define o lançamento tributário como “(...) o ato jurídico

administrativo, da categoria dos simples, constitutivos e vinculados, mediante o qual se insere na ordem jurídica brasileira uma norma individual e concreta, que tem como antecedente o fato jurídico tributário e, como conseqüente, a formalização do vínculo obrigacional, pela individualização dos sujeitos ativo e passivo, a determinação do objeto da prestação, formado pela base de cálculo e correspondente alíquota, bem como pelo estabelecimento dos termos espaço-temporais em que o crédito há de ser exigido”.223É

possível observar que na definição do autor, o lançamento assume caráter de ato

administrativo, enquanto norma individual e concreta, demonstrando, ainda, quais são os critérios determinantes para a sua caracterização.

Por sua vez, Eurico Marcos Diniz de Santi define lançamento como “(..) o ato-

norma administrativo que apresenta estrutura hipotética-condicional, associando à ocorrência do fato jurídico tributário (hipótese) uma relação jurídica intranormativa (conseqüência) que tem por termo o sujeito ativo e o sujeito passivo, e por objeto a obrigação deste em prestar a conduta de pagar quantia determinada pelo produto matemático da base de cálculo pela alíquota”.224

Já Lucia Valle Figueiredo define lançamento como “ato administrativo resultante

de procedimento que se preordena a dar à Administração possibilidade de exigência do crédito tributário. Na realidade, constitui-o formalmente, ou, por outra, aparelha o crédito à sua exigibilidade. Definimos o lançamento, pois, como ato constitutivo formal, resultante de procedimento administrativo, que, declarando o quantum debeatur, habilita a Administração a poder exigir a importância devida”.225

E, por sua vez, Hugo de Brito Machado diz: “o lançamento tributário é o

procedimento administrativo de acertamento da relação jurídica obrigacional, da qual resulta o crédito tributário, que é liquido e certo por definição. Nem a autoridade administrativa, fora do lançamento, pode modificar o valor do crédito tributário, que há de resultar sempre da aplicação da lei aos fatos que, nos termos da lei, produzem o efeito de tornar devido o tributo. Os fatos fazem nascer a relação obrigacional tributária cujo acertamento se faz com o lançamento. E este há de ser feito com estrita obediência ao devido processo legal, porque implica incursão do Estado no patrimônio do contribuinte”.226

224 SANTI, E. M. D. de. Lançamento Tributário..., 1996. p. 133.

225 FIGUEIREDO, Lucia Valle. A inscrição da dívida como ato de controle do lançamento. Revista Dialética de

Direito Tributário. São Paulo. n.36. p.83. set. 1998.

226 MACHADO, Hugo de Brito. Lançamento e execução fiscal. Revista Dialética de Direito Tributário. São

A regulação efetiva dos comportamentos sociais somente se dá através da concreção de uma norma geral e abstrata em uma norma individual e concreta. Desse modo, o lançamento tributário caracteriza o ato de aplicação da lei ao particular, mediante a expedição e introdução de uma norma individual e concreta que, guardando subsunção à regra-matriz de incidência tributária, ou seja, à norma geral e abstrata, institui o fato jurídico tributário.

O lançamento tributário é um ato jurídico administrativo que insere no ordenamento positivo uma norma individual e concreta, que deve estar em consonância à regra matriz de incidência tributária, que é uma norma geral e abstrata, objetivando regular as condutas intersubjetivas, mediante a identificação dos elementos componentes da relação jurídica, indicando, assim, os termos componentes da obrigação tributária que devem ser satisfeitos pelo sujeito passivo.

Se perfaz, assim, como uma norma introdutora, pois “é o conjunto de marcas,

identificáveis no texto, que remetem à enunciação. Indica o sujeito competente e o procedimento produtor do enunciado (...)” e uma norma introduzida, pois “lançamento é norma individual e concreta decorrente da aplicação da geral e abstrata que a prevê e autoriza. É composta por um antecedente, que descreve o fato jurídico tributário, e por um conseqüente, composto pelos sujeitos ativo e passivo e pelo objeto da prestação, de pagar quantia identificável pela conjugação da base de cálculo e da alíquota mediante operação aritmética de multiplicação”.227

Para tanto, o lançamento tributário, enquanto ato jurídico administrativo que insere no ordenamento uma norma individual e concreta, deve aludir a um fato, devidamente individualizado no tempo e no espaço, sendo que em seu antecedente deve remeter a um fato jurídico tributário, que afirma o direito subjetivo à percepção do tributo e que ensejou o nascimento no nexo jurídico tributário, mediante o relato do evento tributário, e em seu

227 FERRAGUT, Maria Rita; SANTI, Eurico Marcos Diniz de (coord.). Crédito Tributário, Lançamento e

Espécies de Lançamento. Curso de Especialização em direito tributário: estudos analíticos em homenagem a

conseqüente deve demonstrar a formalização do vínculo obrigacional, mediante a individualização dos sujeitos ativo e passivo e a determinação do objeto da prestação pecuniária, ensejando, assim, o aparecimento da obrigação tributária.

Nesse contexto, para a delimitação do lançamento tributário, assume fundamental importância que o vínculo obrigacional se encontre objetivado, mediante a linguagem competente. É através da linguagem competente que ocorre a instauração da relação jurídica do tributo, mediante a indicação dos sujeitos componentes do vínculo obrigacional e a determinação da base de cálculo e da alíquota. É somente mediante a formalização em linguagem competente que o titular do direito subjetivo poderá exercitar o seu direito, delimitado no conseqüente da norma individual e concreta, perante o sujeito passivo, requerendo o cumprimento do dever jurídico correspondente,