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3. METODOLOGIA

3.2 Definindo o(s) objeto(s) de estudo

Em relação ao objeto de estudo ressalta-se, em decorrência do problema de pesquisa delimitado, que este perpassou pela análise de como se dá a gestão das demandas institucionais, pelos atores organizacionais (unidades de observação) e quais são as características das cooperativas lácteas (unidades de análise) diante a essa perspectiva.

75 Os mencionados autores abordam o fato de que o enfoque qualitativo seria o mais adequado para a

compreensão do processo de construção social envolto na formação de validação das demandas institucionais do ambiente organizacional.

Tomando como pressuposto os preceitos defendidos por Pfeffer e Salancik (1978) de que qualquer entendimento relacionado ao conjunto de ações realizadas pelas organizações, em referência às demandas institucionais, deve se pautar pelo entendimento da visão dos próprios atores organizacionais, o objeto de pesquisa focalizou-se principalmente na visão desses atores para cumprir com os objetivos de pesquisa. Assim, em cada uma das unidades de análise pesquisadas buscou-se a visão interpretativa do negócio, sob o ponto de vista do problema em questão.

Como unidades de análise foram selecionados seis distintos modelos de negócios cooperativos do setor lácteo situadas no estado de Minas Gerais/Brasil, tomando por pressuposto o fato de que Gomes (2000) afirma que o mencionado estado, por seu potencial produtivo representa a realidade do setor lácteo brasileiro, e duas cooperativas lácteas situadas na Austrália.

Nota-se, portanto, que a presente pesquisa se tratou de um estudo de casos múltiplos, cuja finalidade não está voltada à comparação desses casos entre si mesmo, haja vista que a inferência inicial já concebe essas unidades de análise como estruturações distintas, conforme orientação preconizada por Creswell (2012). O pressuposto foi justamente verificar as peculiaridades de cada um dos casos76, de maneira a propiciar condições de comparar os contextos macro ambientais, ou seja, como as cooperativas lácteas, de maneira predominante, respondem as demandas institucionais ambivalentes no Brasil e na Austrália.

Assim, o enfoque esteve pautado em salientar as diferenças e similaridades, ou nas palavras de Creswell (2012), as “diferentes perspectivas para o fenômeno”, com base na questão de pesquisa, em cada uma dos macro cenários analisados, com base nas peculiaridades apresentadas por cada um dos casos pesquisados. As cooperativas lácteas analisadas, bem como suas características taxonômicas classificativas77, são as evidenciadas no Quadro 11.

76 Yin (2010, p. 83) ressalta que a utilização dessa abordagem de pesquisa se deriva da necessidade de

explicar, a partir das peculiaridades de cada cenário, pressupostos “[...] de casos com resultados exemplares em relação a algumas questões de avaliação [...]”.

Quadro 11 – Cooperativas pesquisadas e suas taxonomias distintivas

Unidade de Análise primárias (*)

Unidades de análise

secundárias Taxonomia (Modelo de Negócio) Tipologia

BRASIL Cooperativa Alfa CSA1 CSA2 CSA3 CSA4 CSA5 CSA6 CSA7

Cooperativa central com participação acionária em empresa não

cooperativa. Cooperativa de valor agregado Cooperativa Beta CSB1 CSB 2 Cooperativa Central Cooperativa de Valor agregado Cooperativa do Delta -

Cooperativa singular com parque industrial arrendado

Cooperativa de Valor Agregado Cooperativa do

Triângulo - Cooperativa singular

Cooperativa de Valor agregado Cooperativa do

Queijo - Cooperativa singular

Cooperativa de Nicho Cooperativa do

Oeste - Cooperativa singular

Cooperativa de

Commodity AUSTRÁLIA

Cooperativa

Australiana - Cooperativa singular

Cooperativa de

Commodity

Cooperativa do

Norte Australiano - Cooperativa singular

Cooperativa de Valor agregado

Fonte: dados da pesquisa.

Para fins de representação, bem como para as evidenciações posteriores em relação aos resultados, as cooperativas foram classificadas em dois conjuntos – unidades de análises primárias e unidades de análises secundárias. As unidades de análises secundárias só são pertinentes no caso das cooperativas centrais. Nesses casos, a classificação se refere ao conjunto de cooperativas singulares pertencentes àquelas cooperativas centrais pesquisadas (unidades de análises primárias).

Especificamente em relação às cooperativas singulares pesquisadas, essas foram classificadas com letras abreviativas em relação à cooperativa central a que estão associadas. Nesse sentido, a cooperativa singular de número 1, associada a Cooperativa Alfa foi denominada abreviadamente de CSA1 (Cooperativa Singular Alfa 1) e assim sucessivamente. Para o caso das cooperativas singulares pertencentes ao quadro de cooperativas associadas a Cooperativa Beta, procedeu-se de maneira similar, CSB1 (Cooperativa Singular Beta 1) e assim, sucessivamente.

Admitindo a externalização proposta por Albert e Whetten (1985), ao fato de que em organizações híbridas cada unidade interna da mesma refletirá seu conjunto, a presente proposta de pesquisa optou pela análise de atores localizados em diferentes estratos do contexto

intraorganizacional. Nesse sentido, cada organização cooperativa foi considerada com uma formação estrutural interna a partir de três subunidades de observação.

A estruturação interna da cooperativa, sob a análise aqui proposta, estaria configurada em relação à propriedade, controle e gestão. A esse respeito Katz (1997, p. 486, grifo nosso) é enfático ao afirmar que “a teoria sugere que há uma ligação entre propriedade, controle de decisão e escolha estratégica para a performance da firma”.

Elucidativamente pode se compreender a propriedade como consubstanciada na figura dos associados (contexto social); o controle de decisão pelos diretores eleitos (contexto político); e a escolha estratégica consubstanciada pela figura dos gestores técnicos, conjuntamente com os dirigentes eleitos (enfoque na gestão). É possível notar, portanto, que foram priorizadas, quando possível, as percepções inerentes a três tipos de atores78, destacando-se o fato que na ótica da escolha estratégica considerou-se uma associação entre dirigentes eleitos e contratados nos casos aplicáveis.

Cabe esclarecer, nesse sentido, que conforme ressalta Machado-da-Silva et al. (2006), o enfoque partirá do pressuposto da identificação da compreensão dos diferentes atores organizacionais quanto ao entendimento desses em relação às regras e recursos necessários ao alcance, por parte do empreendimento cooperativo, de uma legitimidade. Inclua-se nesse processo a identificação da estruturação das posições sociais de atores relevantes e o próprio entendimento de tal legitimidade. Ademais, partiu-se do pressuposto de que o entendimento dos atores relevantes e da legitimidade do empreendimento em grande medida poderá explicar os motivos de sua estruturação física, estratégica e operacional. Motivo pelo qual se partiu do pressuposto da relevância de se caracterizar a estruturação taxonômica das unidades de análise pesquisadas.