• Nenhum resultado encontrado

Uma das limitações da pesquisa diz respeito à impossibilidade de generalização dos resultados, haja vista o uso de uma amostra não probabilística. Segundo Stevenson (1981, p. 169), “A finalidade da amostragem é permitir fazer inferências sobre uma população após inspeção de apenas parte dela.” O autor acrescenta que o grau de variabilidade amostral é essencial na inferência estatística, sendo essa uma característica ausente na amostragem não probabilística.

Na definição da amostra dessa pesquisa foram selecionados apenas os bancos que possuíam, em 31/12/2008, títulos classificados como disponíveis para venda, dentre os 50 maiores Bancos brasileiros. Logo, a pesquisa empregou uma seleção “intencional” de dados, de acordo com as características necessárias para a simulação. Logo, os resultados obtidos neste estudo ficam limitados aos bancos que compõem a amostra.

Outro aspecto a ser ressaltado diz respeito à adoção das IFRS no Brasil, cujo prazo, pelo Bacen, é apenas nos balanços consolidados de 31/12/2010. A IFRS 9 tornar-se-á obrigatória

apenas a partir de 2013, sendo optativa ainda no exercício de 2009, para os ativos financeiros, e 2010, para os passivos financeiros. Entretanto, este estudo assume que todos os bancos analisados fariam a opção pela implementação ainda no exercício de 2009, razão para simular o ajuste do exercício de 2008, de modo que fique comparativo.

Quanto à transição, as regras mencionam que a classificação dos instrumentos financeiros deve ser feita de maneira retrospectiva, com base nos fatos e circunstâncias existentes na data da aplicação inicial, de acordo com as novas regras da norma. Entretanto, este estudo considera que todos os instrumentos financeiros, na data de 31 de dezembro de 2008, classificados como disponíveis para venda, mensurados pelo valor justo e com as variações reconhecidas no patrimônio líquido seriam reclassificados para a categoria títulos para negociação. A possibilidade de reclassificação de títulos para negociação para custo amortizado, da reclassificação dos atuais títulos classificados como mantidos até o vencimento para a classificação títulos para negociação, bem como da opção dos títulos patrimoniais terem seus efeitos mantidos no patrimônio líquido não faz parte das premissas assumidas neste estudo.

Ainda no que se refere à aplicação de maneira retrospectiva, a norma define que, se a adoção ocorrer antes de 1° de janeiro de 2012, não é preciso republicar os períodos anteriores e os ajustes de abertura devem ser reconhecidos em lucros acumulados. Entretanto, o presente estudo assume que as demonstrações do exercício de 2008 deveriam ser ajustadas, de modo que fiquem comparativas com as demonstrações do exercício de 2009, data que o estudo assume como a data de adoção da IFRS 9.

Sob o aspecto de mensuração dos efeitos no Índice da Basiléia, mais precisamente no PRE (na parcela do POPR), seria necessária a informação dos ajustes positivos e negativos referentes

aos títulos classificados como disponíveis para venda que já tenham sido realizados, uma vez que, pelas normas vigentes em 31/12/2008, tais saldos são excluídos do cálculo. Considerando a reclassificação para títulos para negociação, tal exclusão não necessitaria ser efetuada. Entretanto, devido à ausência de COSIF específico para controle dos ganhos ou perdas em tais títulos, o saldo não foi considerado na simulação. Para fins de ilustração do efeito que os ganhos ou perdas podem gerar na simulação, o Apêndice 1 apresenta a contabilização de eventos relacionados aos instrumentos financeiros, considerando três diferentes cenários.

No que tange aos efeitos no PR, a reclassificação dos ganhos ou perdas do exercício de 2008 impactaria no resultado daquele exercício, enquanto a reclassificação dos exercícios anteriores impactaria na conta de Lucros Acumulados. Ao impactar no lucro, consequentemente impactaria na base de cálculo dos dividendos. Contudo, para fins desta pesquisa, os possíveis impactos nos dividendos são desconsiderados.

Com relação à data-base para cálculo do Popr, no ano de 2008 existiam diferenças de

interpretações, por parte das instituições financeiras, em torno da Circular Bacen n° 3.383/2008. Alguns bancos interpretavam que o cálculo efetuado com base nos períodos de 31/12/2005 a 30/06/2008 (6 semestres) deveria ser informado ao Bacen, até a data de 31/12/2008 e que os períodos de 30/06/2006 a 31/12/2008 seriam computados apenas no cálculo a partir de janeiro/2009. Por outro lado, outros bancos interpretavam que, em 31/12/2008, o cálculo deveria contemplar o período de 30/06/2006 a 31/12/2008.

Tal diferença de interpretação levou a Febraban67 a efetuar uma consulta ao Bacen, obtendo a resposta que o correto seria ter aplicado a primeira das opções (divulgação em 31/12/2008: cálculo baseado nos períodos de 31/12/2005 a 30/06/2008). Tal regra passou a ser amplamente utilizada a partir dos cálculos de 2009, inclusive com crítica introduzida no final de 2009, por parte do sistema do Bacen, quando do envio da DLO (documento 2041).

Portanto, para fins desta pesquisa, as parcelas do Popr, calculadas pelos Bancos da amostra,

podem ter sido efetuadas por uma das duas interpretações. Logo, ao adotar o ajuste do período de 30/06/2006 a 31/12/2008, há possibilidades de alguns Bancos terem efetuado o cálculo com base no período de 31/12/2005 a 30/06/2008. Portanto, é possível que os ajustes efetuados na simulação apresentem erros de mensuração, interpretação e análise, os quais possam afetar os resultados do estudo.

Ainda sobre o POPR, a metodologia utilizada para a análise dos Bancos da amostra considera

os ajustes dos três períodos anuais (2006 a 2008), sem efetuar análise anual, no que concerne ao fator limitador de máximo zero. Com o objetivo de verificar a coerência de tal metodologia, foi criado um Grupo Controle, para o qual é efetuado o cálculo considerando o

fator limitador, bem como a metodologia sem o considerar, de forma a confrontá-los e verificar se os resultados obtidos apresentam divergências.

No entanto, é preciso ressaltar que a análise foi efetuada apenas para 4 instituições, as quais foram escolhidas de forma intencional, não permitindo, portanto, qualquer inferência. Assim, a conclusão sobre o Grupo Controle permite apenas uma análise sobre a coerência da metodologia empregada, sem assegurar a eliminação dos possíveis erros. Desse modo, o resultado obtido com o Grupo Controle não elimina os possíveis erros de mensuração, interpretação e análise, os quais possam afetar os resultados do estudo.

Por último, o ano de 2008 foi marcado pelo registro de perdas com instrumentos financeiros, em decorrência da crise mundial. Logo, não é possível afirmar que os resultados obtidos neste estudo sejam conclusivos sobre os possíveis efeitos nos indicadores, sendo indicada a repetição da simulação em anos posteriores, a fim de verificar se a atipicidade do período analisado causa distorções no resultado do estudo.

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Considerando o problema de pesquisa, os objetivos e as variáveis operacionais estabelecidas neste estudo, esta seção visa apresentar os resultados da simulação e analisar as hipóteses estatísticas em relação aos possíveis impactos nos indicadores prudenciais e de rentabilidade dos Bancos brasileiros, após a simulação da reclassificação dos títulos disponíveis para venda para a classificação de títulos para negociação, com a introdução da IFRS 9.

Inicialmente, são apresentados os resultados da simulação. Na sequência, analisam-se os pressupostos para escolha do teste estatístico aplicável a cada variável operacional. Por último, são analisados os resultados dos testes estatísticos, sendo o Teste de Wilcoxon aplicado neste estudo.