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4 PERCURSO METODOLÓGICO

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, de abordagem qualitativa, do tipo pesquisa-ação, que segundo Thiollent (2005, p.14):

É um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

Como método de pesquisa, a pesquisa-ação agrega diversas técnicas de pesquisa social, sendo tecida a partir de uma estrutura coletiva, envolvendo a participação ativa de todos os sujeitos envolvidos no problema. Oferecendo assim, um maior suporte, ao exercício da prática diária, visto que esta, quando metodologicamente planejada, resulta em uma troca com um produto concreto a cada encontro realizado para ser analisado, rediscutido e reordenado nas várias reuniões a serem desenvolvidas.

Dessa forma, tal pesquisa tem como epicentro de sua ação a promoção à saúde das crianças atendidas em um Centro Municipal de Educação Infantil através da inserção da equipe da Estratégia Saúde da Família da área descrita, a esta instituição.

4.1.1 Referencial teórico-metodológico

Como fio condutor para a realização do presente estudo, empregamos a pesquisa-ação, por se tratar de um método de pesquisa que objetiva alcançar mudanças na realidade dos sujeitos através de ações desenvolvidas e avaliadas no decorrer da pesquisa.

Para o alcance das mudanças na realidade, durante o processo investigativo, a pesquisa-ação compreende um método ou estratégia de pesquisa que alia vários métodos ou técnicas da pesquisa social, no intuito de estabelecer uma estrutura coletiva, participativa e ativa ao nível da captação de informação (THIOLLENT, 2008).

Através deste método de pesquisa podem-se associar diversas formas de ação coletivas dirigidas em função da resolução de problemas ou de objetivos de transformação, de interesse coletivo (THIOLLENT, 2008; GRITTEM; MEIER; ZAGONEL, 2008). Constituindo uma tentativa continuada, sistemática e empiricamente fundamentada de aprimorar a prática (TRIPP, 2005).

Deste modo, Koerich; et al., discorre que:

A pesquisa-ação visa fornecer aos pesquisadores e grupos sociais os meios de se tornarem capazes de responder com maior eficiência aos problemas da situação em que vivem, em particular sob a forma de estratégias de ação transformadora e, ainda, facilitar a busca de soluções face aos problemas para os quais os procedimentos convencionais têm contribuído pouco (KOERICH; et al., 2009, p.718).

Este método de estudo encontra ambiente favorável de realização, na inquietação de pesquisadores que não querem limitar suas investigações aos aspectos acadêmicos e burocráticos, e sim, buscam o envolvimento e participação ativa dos atores, na realidade onde os fatos são observados (THIOLLENT, 2008). Ao possibilitar a utilização do conhecimento dos participantes, como sujeitos que colaboram, propõem e implementam mudanças em suas atividades práticas, a pesquisa-ação, possui um potencial gerador de satisfação, possivelmente superior às pesquisas convencionais, em decorrência do comprometimento dos sujeitos com os resultados (GRITTEM; MEIER; ZAGONEL, 2008).

Dada à ênfase a participação dos sujeitos e aos procedimentos argumentativos no decorrer do estudo a pesquisa-ação privilegia a apreensão qualitativa, o que não implica a exclusão dos procedimentos quantitativos, que podem ser necessários para fortalecer ou enfraquecer um determinado argumento, diante dos problemas ou soluções (THIOLLENT, 2008).

A participação da população envolvida, na realidade, remete a pesquisa-ação certa flexibilidade metodológica, que, contudo não a redime de cumprir algumas condições comuns a outros tipos de pesquisa acadêmica, e algumas exigências de conhecimento associado ao ideal científico, o que proporciona suporte quanto à significância, validade e originalidade dos procedimentos (THIOLLENT, 2008; TRIPP, 2005).

A consecução da pesquisa-ação, segundo Thiollent (2008) compreende um conjunto de 12 fases, que se comunicam e sofrem interligações no decorrer do estudo, a saber: fase exploratória; tema da pesquisa; colocação dos problemas; lugar da teoria; hipóteses; seminário; campo de observação, amostragem e representatividade qualitativa; coleta de

dados; aprendizagem; saber formal e saber informal; plano de ação; e, divulgação externa. Devido a essa complementaridade entre as fases e as trocas de saberes e prioridades por parte dos sujeitos, o planejamento das etapas da pesquisa-ação torna-se muito flexível iniciado com a fase exploratória e terminando com a divulgação dos resultados, as demais etapas são intercaladas no decorrer do processo. Assim, as etapas da pesquisa-ação a partir da fase exploratória podem ser sintetizadas em quatro etapas circulares de: planejamento das ações diante da realidade encontrada; implementação da mudança planejada; descrição dos efeitos da ação; e avaliação das mudanças para a melhoria da prática, formando, o que Tripp (2005) define como ciclo de investigação-ação.

O desenvolver da pesquisa de maneira circular com avaliação e discussão dos achados a cada etapa proporciona um aprendizado por parte dos sujeitos, no decorrer do processo, sobre a prática e a investigação. Dentro desse contexto, a atuação dos pesquisadores consiste em equacionar os problemas evidenciados pelos participantes, no acompanhamento e na avaliação das ações planejadas, desencadeadas em função dos problemas. Exigindo para isso uma estreita relação entre pesquisadores e pessoas da situação investigada que seja de tipo participativo (THIOLLENT, 2008).

A pesquisa-ação exige o desenvolvimento de ação tanto no aspecto prático quanto no da pesquisa (TRIPP, 2005). Essa exigência específica desse estudo implica, por conseguinte, no relacionamento de dois tipos de objetivos, os de pesquisa e os de ação. O objetivo prático dirigido ao levantamento do problema central a pesquisa, suas possíveis soluções e propostas de ação, que possam contribuir na atividade transformadora da situação. E, o objetivo de conhecimento por meio do qual se pretende obter informações que não seriam possíveis de outro modo, e aumentar o conhecimento acerca da situação (THIOLLENT, 2008). A definição destes objetivos acontece nos primeiros encontros entre sujeitos e pesquisadores.

Na área da saúde, esse tipo de pesquisa é utilizado especialmente nas ações de saúde coletiva, pois na interação e cooperação dos atores ocorre a construção social de conhecimento (GRITTEM; MEIER; ZAGONEL, 2008).