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4 PERCURSO METODOLÓGICO

4.4 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA AÇÃO

As etapas percorridas para a realização da pesquisa-ação, no intuito de preservar a cientificidade do estudo, e garantir o alcance dos objetivos, estarão descritas a seguir, contemplando: o diagnóstico situacional da realidade; o planejamento das ações; a implementação das mudanças planejadas; e a avaliação das ações pelos sujeitos envolvidos.

4.4.1 O diagnóstico situacional da realidade

No intuito de avaliar a viabilidade para a realização do estudo, no mês de agosto de 2010 anteriormente ao desenvolvimento da pesquisa foram realizadas conversas informais, com os membros da equipe da ESF e trabalhadores do CMEI, no intuito de discutir com esses profissionais a problemática a ser trabalhada e investigar a disposição desses para o desenvolvimento do estudo.

Diante da disposição de profissionais da ESF e CMEI foi iniciada a fase de diagnóstico situacional, para obtenção das informações, nessa fase, foram realizadas entrevistas individuais com trabalhadores da ESF e do CMEI, além de entrevistas em grupo com os pais, que foram realizadas em três momentos.

As entrevistas realizadas foram norteadas por um roteiro de entrevista semiestruturado contendo questões fechadas e abertas (APÊNDICE A, B e C), as sessões foram gravadas em aparelho de gravação de voz. As falas foram transcritas na íntegra, no intuito de diagnosticar a atenção prestada à saúde das crianças atendidas no CMEI pela USF.

Para cada grupo de sujeitos utilizaram-se questionamentos distintos como descritos a seguir:

Questionamentos utilizados para educadores e profissionais do CMEI

 Em sua opinião, qual a função de um CMEI no cuidado a criança?

 Quais as ações de saúde desenvolvidas pela equipe da estratégia saúde da família na instituição e quais os profissionais envolvidos nestas atividades?

 Quais as dificuldades enfrentadas no cotidiano da instituição, quanto ao cuidado à saúde da criança? Destas, quais necessitariam de ações por parte da ESF?

 Que ações devem ser desenvolvidas no CMEI para a promoção a saúde dessas crianças?

Questionamentos utilizados para os profissionais da ESF

 Quais as ações de saúde desenvolvidas pela equipe da estratégia saúde da família no centro municipal de educação infantil e quais os profissionais envolvidos nestas atividades?

 Quais as dificuldades enfrentadas no cotidiano da ESF, quanto ao cuidado à saúde da criança de 2 a 5 anos?

 Como a articulação ESF, CMEI pode contribuir no enfrentamento destas dificuldades?  Que ações devem ser desenvolvidas no CMEI para a promoção a saúde dessas crianças?

Questionamentos utilizados para os grupos de pais

 Quais ações de saúde vem sendo desenvolvidas no CMEI?

 Que ações de cuidado a saúde da criança você espera que sejam desenvolvidas no CMEI?

Partindo do pressuposto que o desenvolvimento dessa etapa da pesquisa-ação tem a finalidade de subsidiar o planejamento e elaboração das ações de mudança, empregou-se a observação participante com o objetivo de aprofundar a compreensão sobre a rotina do CMEI

e o manejo da criança nessa instituição. Esta técnica foi selecionada por implicar na inserção do pesquisador na rotina de trabalho do campo pesquisado como se fosse um de seus sujeitos. (RICHARDSON, 2008). Para guiar a autora do estudo, ao realizar a observação e registro de informações, nesse momento, foi utilizado um roteiro de observação (APÊNDICE D).

Como a autora possuía certa vivência e contato com a rotina do CMEI devido a estudos anteriores e acompanhamento de práticas de alunos de graduação em enfermagem na instituição, o tempo necessário a observação participante do funcionamento do CMEI para o diagnóstico situacional foi reduzido. Deste modo, necessitou-se de um período de duas semanas em que a pesquisadora inseriu-se na rotina do CMEI junto a equipe de profissionais acompanhando e participando de todas as atividades desenvolvidas desde o acolhimento da criança no início da manhã até a saída ao final do dia de atividades. Nesta oportunidade pôde- se acompanhar o fazer dos profissionais nos momentos educativos, de alimentação, higiene, de manipulação de alimentos, de repouso entre outros.

4.4.2 O planejamento das ações

A partir da avaliação das informações obtidas no diagnóstico situacional foram realizadas reuniões com os membros da equipe da ESF e com profissionais do CMEI, sendo debatidas as necessidade e sugestões apresentadas pelos sujeitos para a estruturação da proposta de atuação desses na instituição.

Essas reuniões aconteceram através de conversas inicialmente com os profissionais do CMEI (educadores e gestores) em que a autora apresentou a síntese das sugestões emitidas pelos sujeitos durante o diagnóstico situacional, questionando-os sobre as ações a serem desenvolvidas e os atores se manifestaram quanto ao desejo de desenvolvimento das ações concordando e sugerindo temas para os encontros educativos e demais ações com pais e crianças. A seguir aconteceram encontros com os profissionais da ESF a esses foi apresentado a síntese do diagnóstico situacional e o consenso dos profissionais do CMEI quanto as ações a serem desenvolvidas e o planejamento das atividades, diante das informações os profissionais da ESF assinalaram uma concordância quanto as sugestões dos atores do CMEI, o que permitiu prosseguir com a programação das intervenções por ambos os sujeitos.

Esta etapa de planejamento compreendeu o desenvolvimento de um calendário de intervenção dos profissionais da ESF na instituição e de grupos educativos junto aos pais/cuidadores e trabalhadores do CMEI. A realização desse planejamento permitiu uma adequação das ações ao planejamento do calendário letivo do CMEI. Nesta etapa a sistematização das informações ocorreu pelo registro em diário de campo das observações do pesquisador.

O calendário de intervenções estabelecido compreendeu:

 A realização de 3 momentos educativos com os trabalhadores do CMEI, os quais foram realizados no dias 15, 18 e 21 de fevereiro de 2011.

 Visitas mensais dos profissionais da ESF ao CMEI, no período de março a julho de 2011, para realização de ações educativas com os pais e avaliação das condições de saúde das crianças.

4.4.3 A implementação das ações planejadas

Durante a implementação das ações utilizou-se a técnica de grupo focal nas três reuniões educativas realizadas com os profissionais do CMEI. A técnica de grupo focal foi elencada para o desenvolvimento das reuniões junto aos participantes por permitir, segundo Hassen (2002, p. 161) que:

A identificação e o levantamento de opiniões que refletem o grupo em um tempo relativamente curto, otimizado pela reunião de muitos participantes e pelo confronto de ideias que se estabelece, assim como pela concordância em torno de uma mesma opinião, o que permite conhecer percepções, expectativas, representações sociais e conceitos vigorantes no grupo.

Os grupos focais estiveram dirigidos à discussão dos temas educativos propostos para cada reunião: promoção a saúde e a rotina do CMEI; os controles no CMEI e as doenças na infância; e, primeiros socorros. As questões norteadoras para cada encontro foram respectivamente: Como promover a saúde da criança no CMEI?; Como manejar a criança doente no CMEI?; Como e quando prestar primeiros socorros no CMEI?

De acordo com Kind (2004) para a organização e constituição do grupo focal são necessários o moderador, o observador e um grupo de participantes que pode variar, em sua maioria, de 6 a 15 elementos. A duração média de cada encontro pode variar em uma média

de 90 a 120 minutos. O número de encontros necessários a discussão de cada um dos temas depende do roteiro temário formulado e da atuação de moderador e observador podendo ser dispensada a necessidade de mais de um encontro para a discussão de cada tema.

Os grupos foram formados pelos profissionais da instituição tendo como único critério de inclusão atuar de forma direta com a criança. Os encontros aconteceram no refeitório do próprio CMEI e tiveram duração aproximada de uma hora e quarenta minutos.

Como os grupos focais estiveram atrelados a uma prática educativa sobre temas sugeridos pelos sujeitos, todos os participantes compareceram aos três encontros. Foi empregado como instrumentos estimulantes, para as discussões dos participantes, o sociodrama, simulações, discussão de textos, e dinâmicas de acordo com o planejamento traçado para cada encontro.

Cada encontro contou com a presença de 14 sujeitos, trabalhadores do CMEI, para as discussões, muito embora apenas 10 mostram-se ativas no processo, o moderador foi à própria pesquisadora e os observadores foram alunas de graduação devidamente treinadas. Para a realização dessa técnica, foi preparado um roteiro de observação participante, construído previamente, para uso dos observadores (APÊNDICE E), os quais também utilizaram câmera e gravador digital de voz a fim de registrar as sessões com maior riqueza de detalhes. Cada encontro contou ainda com um roteiro de avaliação, obedecendo a um padrão único (APÊNDICE F), que foi aplicado ao final de cada sessão. O roteiro de avaliação das reuniões compreendiam as seguintes questões norteadoras:

 Quais as dificuldades vivenciadas sobre o tema tratado no cotidiano da instituição?  Quais as formas que tem sido encontrada para superar estas dificuldades?

 De que forma os conhecimentos discutidos poderão contribuir para a atuação junto à criança?

 Como vocês avaliam o encontro?

Assim, a partir da avaliação realizada ao final de cada sessão, foram feitos planejamentos e replanejamentos visando a organização dos encontros subsequentes entre os participantes e o pesquisador, considerando os aspectos a serem abordados e a metodologia de trabalho.

Como as demais etapas do processo de implementação das ações foram de um caráter eminentemente prático contou-se apenas com a observação participante e com o diário de campo para registro das etapas desenvolvidas.

4.4.4 Avaliação das ações pelos sujeitos envolvidos

Na etapa de avaliação das ações em virtude da dificuldade de reunir os profissionais da ESF e do CMEI para a realização de um grupo focal que possibilitasse a discussão e avaliação por esses sujeitos, foram realizadas entrevistas individuais com os profissionais dessas duas instituições que se mostraram mais envolvidos e participativos durante todo o processo da pesquisa-ação. O critério de saturação foi utilizado em relação às informações emitidas pelos sujeitos, sem distinção quanto a função ou instituição que atua. Dessa forma, nessa última etapa foram entrevistadas a enfermeira da área descrita, a dentista e duas profissionais do CMEI.

Na busca de apreender as opiniões dos sujeitos quanto às ações realizadas, levando em consideração as dificuldades enfrentadas durante o processo e a perspectiva de continuidade das ações, as entrevistas foram norteadas pelos seguintes questionamentos (APÊNDICE G):

 Qual a sua percepção em relação às ações desenvolvidas para a saúde da criança no CMEI?

 Diante das ações desenvolvidas quais seriam as próximas etapas a serem adotadas pelas equipes da Estratégia saúde da família, para a continuidade das ações?