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Tendo como objectivo validar marcas gráficas eficazes, este projecto vai criar e operacionalizar uma ferramenta analítica, esquemática, que permita fornecer linhas orientadoras para facilitar a metodologia utilizada por estudantes e por profissionais do Design Gráfico e traduzir, de forma inteligível, fenómenos que são implícitos, que estão ainda no espectro da intuição e trazê- -los para o campo das definições científicas. Que

resultados obter se aplicarmos a ferramenta criada na tese de doutoramento de Eduardo Aires (2006) às marcas gráficas? Pretendemos adaptar essa tese, que analisa os jornais portuenses, aplicando esse conhecimento a esta outra área basilar do design de comunicação. Como contribuir para um projecto exemplificativo e pedagógico? Será que a teoria da percepção de Miller (1956) – autor que estudou a capacidade de percepção e memorização de elementos – e de Silvia (2005) – psicólogo da percepção que investiga sobre o que consideramos como sendo ou não interessante e pregnante – pode ser válida quando aplicada nas marcas gráficas? Contudo, o design pauta-se sempre pela

originalidade; portanto, algo que aparente tocar no vagamente algorítmico pode parecer fora do espectro do design gráfico. No entanto, neste projecto, procuramos encontrar as linhas orientadoras para criar uma marca gráfica eficiente,

A marca gráfica e o ensino no design - Como se pode explicar graficamente

uma marca?

- Como é que uma marca é visualmente coerente e qual o seu intervalo de pregnância?

- Quais as alterações que encontramos no design actual de marcas gráficas e qual a razão?

- São pertinentes, na contemporaneidade, os princípios da Gestalt e do

actual de marcas gráficas e quais as suas razões?; - Quais as relações entre os conceitos

intencionados pelos designers das marcas estudadas e a percepção do público?; - São pertinentes, na contemporaneidade,

os princípios da Gestalt e do semiólogo Jacques Bertin (1983)?;

poderemos contribuir para um modelo estrutural eficiente de design de marcas gráficas, que impeça uma realização inconsciente que pode conduzir à sua rectificação uma vez que a estrutura é um elemento comum às marcas mais recentes e às marcas que tiveram o seu início no anos 50 ou 60. Em suma, verificar se é possível tornar visíveis os princípios da Gestalt apontados nos anos 30, bem como os axiomas de Jacques Bertin do final dos anos 60, do século XX e trazê-los para o século XXI, vendo quais as suas alterações e aplicabilidades. Partimos, portanto, da hipótese de que as conclusões de Eduardo Aires são adaptáveis ao universo das marcas gráficas; de que os preceitos da psicologia da Gestalt e de Bertin são também válidos nas marcas em utilização na contemporaneidade; de que a teria de George Miller, apesar de ser de 1956, pode explicar a forma como, perceptivamente, temos preferência por determinadas marcas gráficas em detrimento de outras.

tal como, nomeadamente, os designers Emil Ruder (2009) ou Willi Kunz (1998) prepararam para a tipografia, em Typographie e Typography:

Macro-+ Microæsthetics respectivamente, desconstruindo-a visualmente, explicando a sua forma de funcionamento, as micro e macro-decisões que envolvem um projecto com esta complexidade como é o caso da construção de um signo identitário da marca: um manual ou um sistema que possa ser utilizado na prática projectual e na pedagogia do Design Gráfico, sem se assumir como um método standard. Caberá ao designer ou ao estudante utilizador desta ferramenta prática, o exercício da sabedoria para a desconstruir. No entanto, quando vivenciamos o que é chamada a pior crise económica global dos últimos 80 anos, qual a pertinência em falar sobre marcas? Um olhar atento irá observar que, actualmente, é importante validar uma marca eficaz.

Portanto, se respondermos às questões:

- Como se pode explicar graficamente uma marca?; - Quando é que uma marca é visualmente coerente?; - Como construir uma ferramenta capaz de ser

um contributo para validar uma marca e ser um projecto exemplificativo e pedagógico?;

- Que resultados obter se aplicarmos a ferramenta de Eduardo Aires às marcas gráficas?;

1. introdução

Partimos também da hipótese de que há signos preferenciais, isto é, ícones representando temas universais, que pela sua conotação, são preferencialmente utilizados para certos temas de actividade (ex: ramo automóvel – círculos e elipses; ramo bancário – elementos da fauna e da flora; transportadoras – forma-cunha); que os ‘silent designers’ (Gorb, Dumas, 1987) estarão a

tornar-se mais evidentes, havendo uma tendência maior para expressar a tridimensionalidade, brilho e flexibilidade na marca, mimetisando as potencialidades das ferramentas e dos media de difusão disponíveis; que assistimos, por um lado, a uma evolução das marcas para uma nivelação e, por outro lado, acrescentando um pouco de complexidade numa evolução que se poderia traduzir no seguinte esquema: nivelamento, síntese ≈ globalização

que é a marca, melhor conseguirá fazer face a este papel, tirando partido da sua função. Mas então, porquê aprender a criar uma marca gráfica quando se pode, simplesmente, descarregar uma já pronta a usar? São vários os sítios online onde isso é possível de se fazer e de forma fácil e gratuita: existem identidades visuais ‘não exclusivas’ (passe a antítese) grátis, e identidades por valores que vão desde os 20€, estas sim, exclusivas.33 No entanto, o design enquanto

disciplina, surge da necessidade de solucionar problemas. Aquelas identidades são exemplos de respostas pré-formatadas que servem para qualquer situação, o que inverte a lógica inerente ao processo de design, ou seja, primeiro temos uma solução e, depois, tentamos adequar o problema à resposta existente. Digamos que aqueles casos representam o self-service das identidades gráficas, enquanto que uma identidade visual preparada como resposta a um enunciado de uma instituição em específico, será uma solução feita à medida. Esta solução da marca gráfica ‘à medida’, tendo em vista o tema e os objectivos de uma entidade é de tal forma importante que, não obstante o facto de o hábito não fazer o monge, a percepção do signo icónico da marca atribui à empresa um certo estatuto. A qualidade do signo identificador da marca gráfica distingue a Foi nosso objectivo conceber um projecto útil

para o entendimento desta temática pelos estudantes. Frequentemente nos deparamos com marcas, com softwares e blogs de criação de signos identitários gráficos, sites com esses signos disponíveis online fazem parte do nosso quotidiano. Este projecto propõe, com os esquemas gráficos, criar uma ferramenta capaz de contribuir para uma literacia visual. A marca, enquanto signo icónico, é muito mais do que um simples ‘boneco’. Cerca de metade das pessoas que trabalham em design não possuem um percurso académico nesta área (Siegel, 2009) e, hoje em dia, virtualmente qualquer pessoa com acesso a um computador pode criar (Shirky, 2008: 98). A preparação do designer de identidade é superior à que se pode conseguir através de blogues ou softwares de ensino de ‘como fazer uma marca em 5 simples passos’ (a aplicação Logo Design Studio Pro para Mac, é um exemplo32

): o designer é também um psicólogo, alguém que ameniza e harmoniza propósitos, não raras vezes discordantes de diferentes personalidades duma mesma entidade (Scher, 2010). Para isso, há, portanto, que criar uma forma gráfica integrada que envolva estas intenções num todo eficaz e de modo eficiente. Assim, quanto mais o designer estiver consciente da teoria e metodologia sobre o signo icónico

1.5. objectivos