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1980-1999) Caso estimativaMelhor provávelFaixa

1.5. Desafios da governança climática

A Bienal Internacional de Arquitetura de Roterdã (IABR)39 foi fundada em 2001 com a convicção de que a arquitetura é de interesse público e seu maior desafio consiste em projetar moradias decentes para bilhões de pessoas. Para a IABR a arquitetura diz respeito à “cidade”, e

ela afirma, provocativamente, que no século XXI as cidades se tornarão mais importantes que os Estados40. O desafio para o século XXI não está apenas em ordenar a produção e a distribuição de bens e serviços, mas também em organizar, em um projeto comum, as energias, os recursos, as capacidades e as potencialidades de sujeitos e organizações sociais em prol da sustentabilidade de nossa civilização.

Precisamos, portanto, de um novo paradigma mundial. Precisamos aprender como olhar os problemas mais urgentes do mundo – do ponto de vista ecológico e cultural principalmente e sob o prisma da crise econômica e climático-ambiental – através da perspectiva da cidade; ou seja, o mundo necessita de um novo paradigma urbano. E não são diferentes as necessidades da cidade de Joinville.

No mundo todo, mais de um bilhão de pessoas vivem na chamada cidade informal e de acordo com a UN-Habitat41, o número de pessoas que moram fora da cidade formal terá aumentado mais quatrocentos milhões até 2033. Portanto, devemos ajudar a cidade informal a avançar para a cidade formal: fornecer acessos, conectar a infraestrutura, repensar o ciclo de lixo, implantar a agricultura urbana, criar oportunidades de emprego entre outras possibilidades para a economia ilegal/informal. Tudo isso de maneira que as cidades informais se tornem mais flexíveis, economicamente mais viáveis, ecologicamente sustentáveis e mais resilientes às mudanças climáticas globais. Em suma, tão ou mais resistentes às crises quanto a cidade formal.

Nos últimos anos, o debate sobre a cidade informal aumentou e está voltado para o desenvolvimento de espaços que atendam às necessidades de uma comunidade carente e também solucionem a infraestrutura local de um modo ambientalmente responsável e sustentável, não por ser politicamente correto, mas por ser essencial para a sobrevivência de uma metrópole.

Os mecanismos tradicionais de governo são insuficientes para a consecução desse novo intento – um novo programa urbano. Políticas externas em continuidade ao norteamento dado pela Agenda 21 acordam esforços de comprometimento entre países com declarações, tratados, convenções e outros mecanismos visando a padrões de desenvolvimento que diminuam as disparidades sociais por meio da condução de políticas públicas que persigam a sustentabilidade (BRASIL, Ministério da Saúde, 2007).

40 Para mais informações consultar: <http://www.cidadeinformal.prefeitura.sp.gov.br/>.

Essas políticas externas concordam em que se hão de utilizar arquiteturas sociais envolvendo e relacionando diferentes categorias de atores de governo, incluindo as ONGs e as representações da sociedade civil, ampliando gradativamente o processo participativo.

Um conjunto de conceitos e estratégias de governança tem sido proposto em resposta aos desafios oriundos dessa conjunção. As questões sobre o tema não priorizam propriamente os meios técnicos e científicos nem mesmo os recursos financeiros e humanos que fazem falta ao mundo atual, mas a capacidade de combinar todas essas variáveis e orientar a ação, assegurando o pleno desenvolvimento individual e coletivo em busca de um desenvolvimento ativo de novos saberes e competências (BRASIL, Ministério da Saúde, 2007).

Isso significa não apenas o cumprimento ético e transparente da função pública e dos princípios constitucionais do meio ambiente, da saúde, da educação, do trabalho, das cidades ou de outra política setorial, mas o objetivo de organizar, em um projeto comum, a sinergia entre os diversos autores, na formulação e na execução de políticas públicas.

A construção de agendas intersetoriais transversais para o enfrentamento de problemas socioambientais no Brasil, como por exemplo as mudanças climáticas, tem sido objeto de políticas públicas, além dos instrumentos de implementação, como o Estatuto das Cidades42, que estabelece diretrizes gerais da política urbana em prol do bem coletivo, da segurança, de cidades e municípios saudáveis, e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.

A transdisciplinaridade ou mesmo a construção interdisciplinar permitem a aproximação com a integralidade dos problemas. Os segmentos de implementação de políticas têm se preocupado em utilizar categorias que permitam a integração e o envolvimento dos vários aspectos relacionados: territórios, bacias hidrográficas, cidades, municípios, entre outros. Essas categorias, quando tratadas como entes com sua história, cultura, características, predisposições etc., possibilitam a percepção resultante da relação entre a natureza e o desenvolvimento do processo social e de construção de nossas cidades (BRASIL, Ministério da Saúde, 2007).

Sendo assim, as potenciais transformações do ambiente, com determinantes técnicos e políticos, ou mesmo por hábitos com boas ou más formações, podem responder à situação de saúde ambiental encontrada, em especial, a atual condição de mudanças climáticas.

42 Para mais informações acessar: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/leis_2001/l10257.

Para o enfrentamento desse quadro, seja qual for a dimensão, são consideradas fundamentais a inclusão e a qualificação da participação popular. Trata-se de uma condição necessária para o atendimento do princípio da justiça social e da ética. A participação da sociedade é um pressuposto importante das relações horizontais em todos os processos de investigação, planejamento, ação e avaliação do tratamento das questões ambientais que oferecem riscos para a qualidade da vida humana.

Com essa finalidade, as abordagens metodológicas, para que sejam consistentes, precisam constituir-se em processos abertos, decorrentes de diálogos estabelecidos entre os atores sociais envolvidos nas questões em pauta. Esse é um caminho efetivo para se cuidar dos problemas socioambientais, mas é necessário, em favor da ética, que haja flexibilidade para tratar os processos do nível local com a construção de um modelo de gestão criativo para os graves problemas que afligem a população, neste caso, as mudanças climáticas.

A proteção e a promoção da saúde humana, a preservação do meio ambiente e a continuidade do processo de desenvolvimento a caminho da sustentabilidade são aqui sugeridos como pressupostos nucleadores dessa ação comunicativa entre setores distintos para a formulação de uma agenda comum que vise ao enfrentamento das mudanças climáticas em Joinville.

1.6. Metodologia utilizada neste estudo, hipóteses e objetivos