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Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e sucessores Em valores aproximados, as emissões dos países

1980-1999) Caso estimativaMelhor provávelFaixa

2.9. Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e sucessores Em valores aproximados, as emissões dos países

industrializados são de 4,5 GtC/ano (bilhões de toneladas de carbono por ano). As emissões dos países em desenvolvimento são de 1,5 GtC/ano (MEIRA FILHO, 2005). Uma meta de redução de 10% nas emissões para o conjunto dos países do Anexo I da Convenção corresponderia a 0,45 GtC/ano. Projetos de MDL correspondentes a 10% das emissões dos países que não figuram no Anexo I significariam somente 0,15 GtC/ano. Isso seria suficiente para caracterizar um mercado com excesso de demanda sobre a oferta. O incentivo para a compra de certificados de MDL é a existência de metas quantitativas de limitação ou redução de emissões nos países industrializados, acompanhada de legislação nacional com multas ou incentivos e da previsão de aceitação desses certificados (IPCC, 2008).

Se o regime pós-Quioto for caracterizado pela predominância de políticas e medidas não obrigatórias, desaparecerá a possibilidade de persistência do MDL. Ou poderia haver mecanismos fragmentados pelos quais países industrializados, individualmente, decidiriam aceitar ou não certificados de um MDL modificado. O fulcro da questão é na realidade a implementação do Artigo 4.7 da Convenção, que prevê a transferência de recursos dos países do Anexo I para aqueles que não fazem parte do Anexo I, para financiar os seus programas de mitigação.

Do ponto de vista do objetivo global de mitigação, os mecanismos de compensação de reduções de emissões são neutros por definição, ou seja, as reduções de emissões em um projeto resultam em que se deixe de reduzir emissões em outro país. Por essa razão, pode-se imaginar que os países industrializados interessados na mitigação (necessariamente global) da mudança de clima buscarão estabelecer condicionalidades para o uso dos mecanismos de compensação.

Os créditos de carbono, ou seja, certificados que autorizam o direito de poluir, são um dos mecanismos mais aceitos atualmente. Segundo Amyra El Khalili72,

o princípio é simples: as agências de proteção ambiental reguladoras emitem certificados autorizando emissões de toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes. Inicialmente, selecionam-se indústrias que mais poluem no país e a partir daí são estabelecidas metas para a redução de suas emissões. As empresas recebem bônus negociáveis na proporção de suas responsabilidades. Cada bônus, cotado em dólares, equivale a uma tonelada de poluentes. Quem não cumpre as metas de redução progressiva estabelecidas por lei, tem que comprar certificados das empresas mais bem sucedidas. O sistema tem a vantagem de permitir que cada empresa estabeleça seu próprio ritmo de adequação às leis ambientais. Esses certificados podem ser comercializados por intermédio das Bolsas de Valores e de Mercadorias, como o exemplo do Clean Air, de 1970, e os contratos na bolsa estadunidense (Emission Trading − Joint Implementation)73.

72 Economista e presidente da ONG CTA − Rede Internacional de Comunicação CTA-JMA

(<http://www.anbio.org.br/bio/biodiver_art105htm>).

73 Informação obtida no site: <http://www.saf.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/10.pdf>. Acesso

O desmatamento e a degradação florestal representam fontes importantes de emissões de GEE, sendo, portanto, cada vez mais aceita a tese de que a mitigação das mudanças climáticas globais não será possível sem a inclusão das florestas. Nesse sentido, o município de Joinville encontra-se em uma posição privilegiada por possuir boa parte de suas terras ainda com cobertura vegetal original, principalmente nos contrafortes da Serra do Mar. A plantação de árvores − como um processo absorvedor de carbono − desempenha um papel crítico nas negociações das mudanças climáticas e constitui-se no elemento central no cenário dos limites atmosféricos dos GEE definidos pelo Protocolo de Quioto. Bäckstrand e Lövbrand (2006) sugerem que esses projetos representam um microcosmo de discursos competitivos e repetitivos espelhados em debates de governança ambiental global. Enquanto o ganha-ganha dos discursos da modernização ecológica legitima a inclusão de projetos de absorção no Protocolo, um discurso governamentalista verde providencia a racionalidade científica necessária para tornar operacionais os projetos de reflorestamento tropicais no emergente mercado do carbono. Um discurso ambientalista cívico e crítico contesta projetos de absorção de carbono por florestas desenhando-os como injustos e sem eco nas estratégias de mitigação das mudanças climáticas.

Os atores dos setores público e privado nacionais e locais reconhecem cada vez mais a necessidade de ação quanto às mudanças climáticas, apesar de muitas vezes não a colocarem em prática. No município de Joinville essa discussão inicia de forma muito tímida nos meios empresariais e acadêmicos e de forma ainda mais tímida nos meios governamentais. Com a introdução dos “sumidouros de carbono” no diálogo político, a noção de manejo das atividades humanas de mitigação tem se estendido para além dos sistemas energéticos e das emissões de dióxido de carbono para incluir o manejo do ciclo de carbono propriamente dito, por meio da manipulação dos domínios terrestres e aquáticos. O número de tomadores de decisão envolvidos e sua competência para o manejo deliberado do ciclo de carbono com o propósito climático desencadearam enormes desafios para a governança, incluindo a identificação de mecanismos apropriados − os quais ainda nem existiriam −, e adicionaram critérios aos mecanismos atualmente existentes que interferem no ciclo de carbono. Nesse sentido, Dilling (2007) defende a governança do carbono como uma forma efetiva de limitar as quantidades de CO2 na atmosfera.

Os créditos de carbono são um componente essencial das iniciativas nacionais e internacionais para mitigar o aumento das concentrações de GEE. Nesse particular, a partir de 2007, na COP-13, em Bali, passou-se a discutir o conceito do mecanismo REDD (Reducing Emissions from Deforestation and Degradation) ou de desmatamento evitado74, como uma forma de associar proteção de florestas e mercado de carbono. O REDD busca utilizar incentivos tanto de mercado quanto financeiros para reduzir as emissões de GEE oriundos de desmatamento e degradação florestal. Atualmente esse mecanismo vem sendo considerado por empresas e grupos internacionais como forma de reduzir suas emissões atmosféricas diretamente, por meio de mercados independentes do Protocolo de Quioto. Embora inicialmente excluído do setor Land Use, Land Use Change and Forestry (LULUCF) do MDL do Protocolo de Quioto, estima-se que o REDD fará parte do programa que sucederá o Protocolo em 2012. Assim, os créditos de carbono originados pelo REDD oferecem uma oportunidade para utilizar o financiamento pelos países desenvolvidos, com fins à redução do desmatamento, nos países em desenvolvimento (STCP, 2009).

Ainda não existe nenhum protocolo internacional de REDD que force países desenvolvidos a elevarem suas metas de redução de emissões, mas um interesse crescente em projetos com esse foco tem ocorrido em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, que para reduzir suas emissões de CO2 precisa prioritariamente diminuir o desmatamento da floresta amazônica, ainda a principal fonte de GEE (tabela 9). Como em qualquer projeto, existem riscos, e no caso do REDD esses riscos estão relacionados principalmente aos aspectos políticos e metodológicos (uma vez que os protocolos não se encontram totalmente estabelecidos), às fugas de emissões de carbono, às questões sociais, entre outros. No Brasil, um dos principais entraves que já vêm ocorrendo no mercado de carbono diz respeito à inexistência de um marco regulatório com regras para questões tributárias associadas às operações geradoras de créditos. Apesar dos riscos existentes, nada impede que as empresas se beneficiem desde já do mecanismo REDD, a partir de projetos auditáveis por programas de verificação independentes (STCP, 2009).

74 Em termos operacionais, os certificados REDD devem ser similares aos CERs (Certified

Emissions Reduced), presentes atualmente nos projetos de MDL, podendo ser transacionados por governos e investidores privados.

Tabela 9. Desmatamento médio anual na Amazônia (km2/ano por período) Estados 1990 – 94Desmatamento médio (período) (km1995 – 99 2000 – 04 2/ano)2005 – 08

Acre 459 595 731 357 Amazonas 608 1.023 984 694 Amapá 232 19 20 51 Maranhão 730 1.091 957 865 Mato Grosso 4.795 7.127 8.837 4.354 Pará 4.205 5.812 7.075 5.656 Rondônia 2.047 2.709 3.138 2.010 Roraima 266 212 286 312 Tocantins 419 436 192 141 Amazônia legal 13.668 19.018 22.216 14.439

(Fonte: INPE, 2009 − http://www.inpe.gov.br/desmatamentos)

Existem hoje pelo mundo várias empresas especializadas no desenvolvimento de projetos que reduzem o nível de gás carbônico na atmosfera e na negociação de certificados de emissão de GEE, preparando-se para vender cotas dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento para os que poluem mais. Enfim, o mundo dos negócios prepara-se para comercializar contratos de compra e venda de certificados que conferem aos países desenvolvidos o direito de poluir. O município de Joinville, por sua vez, com sua cobertura vegetal privilegiada e locais propícios a reflorestamento, ainda não descobriu suas potencialidades locais para essa questão.

Sérgio Besserman Vianna, Presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística − IBGE −, declarou ao jornal Folha de São Paulo, em 6/3/200975, que “o aquecimento global é uma realidade inegável. Se ele não for tratado pelo mercado financeiro, algum outro mecanismo terá de ser criado para fazê-lo”. O presidente Barack Obama, prêmio Nobel da Paz em 2009, em sua segunda entrevista coletiva em horário nobre desde que tomou posse (26/3/2009), manifestou entusiasmo em ver o quanto antes um mercado de limite e comércio de emissões (cap-and- trade) em funcionamento nos EUA. “Minhas expectativas são as de que o pacote de novas medidas energéticas [que inclui o cap-and-trade] passe rapidamente pela Câmara e Senado. Tenho certeza de que será autorizado e eu vou sancionar”, enfatizou Obama. A princípio o plano

propõe que haja uma redução nas emissões da ordem de 14% em 2020 e de 83% em 2025, em relação aos números de 200576.

Medidas de mitigação exigirão necessariamente a modificação de alguns paradigmas tecnológicos. É conveniente que, nas negociações de um regime pós-Quioto, o Brasil insista no fato de que os países em desenvolvimento têm peculiaridades que devem ser consideradas. O caso do álcool combustível no Brasil é um bom exemplo disso. Há outros casos, no entanto, em que a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico estão sendo feitos principalmente em outros países, e não há por que não levar isso em conta. Até porque o Brasil, com um comércio internacional crescente em exportações e importações − o que também ocorre no parque industrial de Joinville −, só terá a ganhar se puder se manter atualizado quanto a tendências tecnológicas de todos os tipos, como as tecnologias de sequestro e captura de carbono e as de uso do hidrogênio como combustível veicular, por exemplo.

Straayer, Wrinkle e Polinard consideram que a Terra entrou em um período de alterações hidrológicas, climatológicas e biológicas que diferem de outros episódios de mudanças globais como extensão do que é humano em sua origem. E eles acrescentam que:

Para explicar ou predizer o curso das mudanças ambientais globais presentes, precisamos ao menos entender as origens humanas, consequências e respostas, e algumas delas podem alterar o curso das mudanças globais. Mudanças ambientais globais são alterações nos sistemas naturais e cujos impactos não são e não podem ser localizados. Algumas vezes as mudanças em questão envolvem uma pequena, mas dramática alteração em sistemas que operam no âmbito de toda a Terra, como a mudança na mistura de gases da estratosfera ou nos níveis de dióxido de carbono ou outros gases do efeito estufa através da atmosfera. Nós falamos de mudanças globais do tipo sistêmico na natureza porque mudanças iniciadas por ações em qualquer lugar da Terra podem diretamente afetar eventos em qualquer lugar da Terra. [...] as mudanças em questão resultam de uma agregação de mudanças localizadas em sistemas naturais, como a perda da diversidade biológica pela destruição ambiental e mudanças nas fronteiras dos ecossistemas resultantes do desflorestamento, da desertificação e do ressecamento do solo, e mudanças nos padrões dos assentamentos humanos. Mudanças globais desse tipo nós descrevemos como cumulativas por natureza; podemos considerá-las globais porque seus efeitos são mundiais, mesmo que suas causas sejam localizadas (STRAAYER, WRINKLE; POLINARD, 2008, p. 25-26).

Em 1969, quando o homem chegou à Lua e de lá observou nosso planeta, certamente algo mudou na mente humana. Anteriormente víamos um vasto mundo a ser ocupado e usufruído sem receio, apoiados nas descobertas da ciência e, a partir deste momento, nos demos conta que

vivemos isolados numa “grande nave”, com recursos finitos e limitado espaço para dejetos. A realidade que não sentíamos agora se impõe, sob a forma de mudanças climáticas, montanhas de lixo, conflitos por água, petróleo e outros recursos. Nos Estados Unidos,

o ano de 1988 será lembrado por uma série de eventos históricos. Os EUA realizaram o maior tratado de controle de não proliferação de armas com os soviéticos e elegeram um novo presidente. Contudo, os eventos mais significativos foram uma série de desastres naturais que tiveram seu lugar no verão de 1988. [...] uma forte estiagem atingiu uma vasta área do continente norte- americano. A condição de ressecamento que estragou grãos nos solos mais produtivos da Terra foi acompanhada dos mais baixos fluxos da história no leito do rio Mississípi. Em agosto, enormes incêndios florestais queimaram milhões de acres de solo do oeste americano. E a onda de calor que acompanhou esses eventos trouxe recordes de temperatura para muitas comunidades americanas. [...] seria de bom senso fazer todo o possível para atingir a previsibilidade de nosso clima. [...] Aquecimento global é um desafio mais urgente e imperativo do que o controle de armas nucleares porque, infelizmente, não podemos negociar com o clima. Entretanto, nações de todo o mundo necessitam fazer escolhas, unilateral ou coletivamente, para adaptar nosso comportamento no sentido de manter as condições climáticas atualmente existentes. Como poderemos responder às evidências científicas de que a Terra em seu todo poderá se aquecer de 1,5 a 4,5oC até a metade do próximo século? [...] Existem quatro principais áreas por onde poderemos começar: negociações internacionais, política energética, política de recursos naturais e política populacional. [...] Encontros internacionais deverão ser imediatamente iniciados para organizar pesquisas internacionais e começar a desenvolver um consenso entre as nações sobre as estratégias de reduzir os riscos de

uma mudança climática. [...] Minha última sugestão seria para os líderes e cientistas de todo o mundo iniciarem uma campanha de educação pública. Nós estamos entrando em uma nova era, eu acredito, na qual o futuro da vida em nosso planeta dependerá sempre de amplos e informativos debates. Sem o reconhecimento e a ação, iremos continuar em um curso que alterará rápida e fundamentalmente a composição de nossa atmosfera. Não fazendo nada estaremos arriscando o futuro da vida no planeta77 (HAAS; KEOHANE; LEVY, 1993, p. 17).

Para superarmos essa crise há enormes obstáculos a serem transpostos. Talvez o maior seja o desafio institucional da globalização. Os 192 países que hoje compõem a ONU nada mais são que invenções humanas, criadas há poucas centenas de anos, consolidadas em meados do século XVII, com a Paz de Vestfália78. A globalização atual torna mais evidente que falta algo nesse modelo: falta combinar como organizaremos e dirigiremos nosso planeta sem fronteiras – sem esquecer, obviamente, a autonomia de cada país. Além de elementos naturalmente globais – como o clima, as aves migratórias, os vírus –, temos hoje criações globais humanas, como a poluição, os mercados, as telecomunicações e a cultura de massa.

Já percebemos a necessidade urgente de enfrentar unidos os desafios planetários. Mas, para isso, dispomos apenas de instituições nacionais ou, na melhor das hipóteses, de um sistema internacional que não é de fato global, acima das nacionalidades, pois apenas reúne países que continuam inevitavelmente enredados em suas agendas nacionais. Os tropeços e impasses na recente conferência do clima (COP-15) são um dramático exemplo desse cenário.

O desafio de construir instituições verdadeiramente globais é gigantesco. A crise de representatividade dos Estados nacionais e dos políticos que os dirigem é gritante no mundo todo. Confiar apenas no mercado, sem regulamentações, é perigoso, como mostrou a recente crise financeira de 2008. Intensificadas pelas modernas tecnologias da informação, iniciativas mundiais de cooperação e articulação são cada

77 Discurso do Senador Timothy E. Wirth no encerramento das atividades do Senado

Americano em 1988 (apud HAAS; KEOHANE; LEVY, 1993).

vez mais frequentes. Elas mesclam Estados nacionais com representantes de segmentos auto-organizados da sociedade planetária – empresários, investidores, cientistas, trabalhadores, consumidores e ONGs.

Um exemplo disso é a ISO 2600079, norma internacional de responsabilidade social. Trabalhando juntas num processo altamente inovador, centenas de pessoas de todo o mundo dedicam-se a compilar as expectativas embutidas nos acordos internacionais produzidos pelo sistema Nações Unidas e combiná-las com as mais consagradas práticas da boa gestão administrativa. O resultado é um guia de diretrizes que mostra a qualquer organização – empresarial ou não – o que espera dela a comunidade global. Esse exemplo demonstra que está em plena construção um novo paradigma, uma cidadania global, que pode também vir a ser o caminho para a solução de nossos problemas ambientais, no caso, as mudanças climáticas globais.

De acordo com Lipschutz (1996, p. 21), “a fronteira entre mudanças cumulativas e sistêmicas não é definida; ela depende de quão rápido uma mudança ambiental pode espalhar-se no espaço”. Do final do século XX para os dias atuais, fica claro que a atividade humana está mudando o meio ambiente − e não para melhor − de uma maneira como nunca antes ocorreu, em nenhuma outra era.

Embora a questão das mudanças climáticas tenha sido discutida nos círculos científicos por mais de 150 anos (ver o Anexo F, na página 384), foi somente nos anos 80 que ela emergiu como um assunto político internacional (BULKELEY; BETSILL, 2003). Entre 1980 e 1990, cientistas, governos e atores não-governamentais organizaram uma série de encontros para discutir a questão e identificar maneiras de negociar com a ameaça em uma base multilateral. Um dos primeiros esforços para facilitar a cooperação política internacional para as questões relativas às mudanças climáticas foi em 1988 com a “Conferência Mundial da Mudança Atmosférica: Implicações para a Segurança Global” (Conferência de Toronto)80. Organizada pelo governo canadense, reuniu governos, ambientalistas, cientistas e representantes de indústrias para discutir um pacote de questões atmosféricas, incluindo depreciação da camada de ozônio, chuva ácida e mudança climática como temas

79 Informação obtida no site: <http://www.aronbelinky.com>. Acesso em: fevereiro/2010.

80 Em 1988 realizou-se em Toronto a 1ª. Conferência Climatológica Mundial, quando houve

consenso de que as emissões de GEE deveriam ser neutralizadas consideravelmente. Mais informações no site: <http://www.homologa.ambiente.sp.gov.br/proclima/negocia_inter/pre_ convencao.asp>.

centrais. Os participantes determinaram que para a mitigação da ameaça das mudanças climáticas os países deveriam reduzir as emissões de CO2 em 20% abaixo dos níveis de 1988 até 2005. O então chamado “alvo de Toronto” tornou-se uma influência em nível internacional, nacional e local, por estabelecer a necessidade do desenvolvimento de metas e datas para a redução dos GEE como resposta apropriada à ameaça das mudanças climáticas. A Conferência induziu ações unilaterais da parte de alguns governos e levantou o perfil político da questão (NEWMAN et al., 2009).

No fim dos anos 1990, o clima político era tal que as negociações em direção a uma convenção internacional eram virtualmente inevitáveis (PATERSON, 2001). Desde então, alguns países têm assumido posições pouco conflitantes com suas economias, mais preocupados com a difícil e custosa reforma em suas políticas de energia e de consumo. Assim, deixam a preservação dos recursos naturais relegada a segundo plano.

Extensas negociações internacionais levaram ao desenvolvimento de importantes estruturas e processos para reduções nos GEE. Muitos, entretanto, consideram que o progresso está sendo lento e inadequado, à luz das evidências científicas da taxa de mudanças na atmosfera global e de recomendações da UNFCCC de reduzir as emissões ao menos em 60% nos próximos 50 anos. Na ausência de uma ação governamental internacional mais efetiva, esforços alternativos para a governança da mudança climática e ações sociais têm emergido. Tais abordagens reconhecem que os tratados internacionais – se implementados – proverão somente um projeto parcial que pode direcionar a mitigação da mudança climática, mas mudanças confiáveis nas ações das várias