DESCRIÇÃO DA EMPRESA E DO PRODUTO

O projeto foi realizado em uma tecelagem localizada na cidade de São José, na região da Grande Florianópolis. A empresa faz parte de um grupo voltado para o mercado têxtil, sendo ela uma prestadora de serviços dentro do grupo. Apesar do crescente aumento da capacidade produtiva que a empresa vinha conquistando ao longo dos últimos anos, os níveis de demanda crescente fizeram com que a fábrica passasse a terceirizar parte da produção de tecidos, pois a produção no período não satisfazia a demanda.

Dentre os principais desafios enfrentados pela empresa para o atendimento da demanda, destaca-se a dificuldade de se encontrar mão de obra qualificada para atuar no ramo. Os chamados “tecelões”, que são os profissionais habilitados para operar os teares, não eram encontrados na região, o que se fazia necessário trazer esses profissionais de outras cidades para suprir essa demanda de mão de obra. Este problema, associado à alta rotatividade dos funcionários, exigia um constante esforço de treinamento da força de trabalho para os ofícios de tecelagem. Em junho de 2018, a empresa contava com uma força de trabalho de 26 colaboradores entre líderes de turno, tecelões, auxiliares de tecelagem e auxiliares logísticos, divididos em 3 turnos. Os turnos funcionavam nos três períodos de segunda à sexta-feira e aos sábados em um turno pela manhã, correspondendo a 132 horas trabalhadas por semana. A empresa também contava com 12 teares circulares automáticos para a tecelagem de tecidos de algodão e 4 teares voltados para a produção de tecidos de poliéster, que à época estavam desativados por conta da baixa demanda.

A estrutura da empresa, em termos de desenho organizacional, se dava através de uma hierarquia onde no primeiro nível estava a diretoria da empresa, no segundo nível estava a supervisão de produção, e depois seguindo as divisões em lideranças de turno, tecelões, auxiliares de tecelagem e assistentes.

A fabricação dos rolos de tecido é parte de um processo produtivo que vai desde a coleta das fibras até a confecção de produtos têxteis de diversos tipos, como de vestuário, roupas de cama, entre outros. Para a fabricação destes produtos, são necessários diferentes tipos de unidades fabris. A fabricação inicia-se na transformação da matéria-prima fibrosa em rolos de fios, que podem ter origem natural, artificial ou sintética, de acordo com Pereira (2008). Os rolos de fios manufaturadas são então

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levados para as tecelagens ou malharias, que são responsáveis pelo entrelaçamento dos fios, formando rolos de tecido.

Figura 13 - Fabricação de produtos têxteis

Fonte: Pereira apud IEL (2000)

Desta forma, as tecelagens são empresas que atuam de forma a transformar os insumos em rolos de que podem ser do tipo “plano”, “malha” ou “não-tecidos”, conforme a ilustração da Figura 14.

Figura 14 - Diferentes tipos de tecido

Fonte: adaptado de Pereira (2008)

No caso da tecelagem que o é foco deste trabalho, os tecidos fabricados são do tipo “Malha” e são divididos em diferentes categorias de acordo com a densidade de fios por cm², denominada “gramatura”. As máquinas responsáveis pela fabricação dos tecidos, os teares circulares, funcionam puxando fios que partem de carretéis (ou “rocas”) alocados em duas gaiolas ao redor da máquina. Os fios são então entrelaçados através de agulhas na parte central da máquina que se movimentam para cima e para baixo ao passo em que o rolo de tecido é fabricado no interior da máquina. O tecelão, por sua vez, tinha a incumbência de carregar as rocas na máquina quando as mesmas se esvaziavam, amarrar o fio das rocas novas às que estavam sendo utilizadas, fazer ajustes e consertos para a máquina continuar produzindo (caso houvesse uma parada) e retirar o rolo de tecido da máquina quando o mesmo estivesse concluído.

O tempo de se produzir um rolo de tecido varia de acordo com o número de voltas que ele deve percorrer na máquina, sendo que a velocidade de giro (rpm) e as paradas que a máquina efetua influenciam no tempo de produção do rolo. Dentre as causas principais das paradas não programadas das máquinas estão: o rompimento de um dos fios do que alimentam o tear; o aparecimento de furos, rasgos ou soltura do tecido dentro da máquina; e a quebra de agulhas do agulheiro. Um exemplo de tear circular da empresa encontra-se na Figura 15.

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Figura 15 - Tear circular

Fonte: da empresa (2018) 3.2 SITUAÇÃO INICIAL

O projeto teve início a partir do alinhamento das expectativas da diretoria com a equipe de trabalho. O principal fator motivador do projeto foi a necessidade de se aumentar a produtividade da fábrica para se alcançar a demanda, que à época estava 15% acima da capacidade produtiva. Essa defasagem, que era suprida através da terceirização da produção, acarretava uma perda potencial de vendas. No gráfico 1, revela- se o histórico da disponibilidade de máquinas da fábrica dos meses de janeiro a junho de 2018, que foi o principal fator de produtividade abordado neste projeto. Os dados apresentados deste trabalho foram multiplicados por um fator aleatório para se resguardar os dados oficiais da empresa.

Gráfico 1 – Disponibilidade de máquinas nos períodos de janeiro à junho de 2018

Fonte: da empresa (2018)

Associada à essa necessidade, também foram apresentados outros problemas por parte da diretoria da empresa, que poderiam ser abarcados no projeto de melhoria da disponibilidade de máquinas. Em resumo, encontram-se abaixo as principais demandas do projeto trazidas pela diretoria no início do projeto:

• Aumento da disponibilidade para o atendimento da demanda defasada;

• Redução da variabilidade dos processos de fabricação; • Início de uma cultura de melhoria contínua na fábrica. Além dos insumos trazidos pela diretoria da empresa, a equipe, no primeiro mês de projeto, passou a fazer constantes visitas à empresa em busca de um aprofundamento da sua realidade, conforme o princípio do

Genchi Genbutsu apresentado neste trabalho. Assim, pôde-se levantar os

principais problemas a serem abordados, através do entendimento da situação atual da fábrica pela própria perspectiva da equipe.

Com isso, foram constatados os seguintes problemas que se relacionam com as paradas não-programadas de máquinas. Este fator se

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revelou, conforme o entendimento da equipe, a principal fonte de perda de produtividade da fábrica e o consequente não atendimento da demanda.