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Enquadramento teórico

A. Cabral (2001: 243) Na opinião de Ponte et al (1998), “um aspecto fundamental das concepções e

5. Descrição do estudo

Em cada uma das escolas, privilegiou-se trabalhar com professores acompanhados pela investigadora em anos anteriores, enquanto acompanhante local do Programa Ajustado. No entanto, numa das escolas – Escola Secundária da Planície - isso não foi possível relativamente ao 11º ano, pois não houve a abertura necessária por parte da professora para a assistência às suas aulas, e, assim, não foi observado o 11º ano. Das professoras que leccionavam o Programa de Matemática A, nenhuma delas havia sido acompanhada pela investigadora que, no entanto, conheciam pessoalmente, dispuseram-se a colaborar na investigação.

De acordo com os horários de cada uma das turmas, tentou-se organizar um horário semanal de assistências mas tal não foi possível, já que, por força da implementação dos blocos de 90 minutos, a maioria das turmas possuía aulas apenas em 2 dias por semana e maioritariamente concentradas às 3ª e 4ª feiras. Por outro lado, por se tratar de escolas geograficamente distantes umas das outras, não era possível, numa manhã20 assistir a aulas

em mais do que uma escola, o que originou números diferentes de aulas assistidas: entre 1 bloco de 90 minutos (da professora Mila)21 até 14 blocos de 90 minutos e 3 segmentos de

45 minutos (da professora Lena), totalizando 106 aulas assistidas (46 blocos de 90 minutos e 14 segmentos de 45 minutos) dos 7 professores e 13 turmas envolvidos no estudo.

Assim:

- Na Escola da Serra, o Programa de Matemática A do 10º ano de escolaridade era leccionado por duas professoras – a Laura e a Lena. Ambas tinham participado regularmente nas sessões de acompanhamento local dinamizadas pela investigadora e, por isso e porque o horário das turmas era compatível, optou-se por observar todas as suas turmas. O 11º ano de escolaridade era leccionado igualmente por duas professoras – a Lena e a Fátima. Apenas a Lena tinha participado nas sessões de acompanhamento, pelo que se optou por observar as aulas da sua turma.

20 Nas três escolas, as aulas de Matemática eram, preferencialmente, de manhã.

21 Apenas se assistiu a uma aula desta professora e o objectivo desta “visita” foi que os alunos conhecessem a

investigadora e entendessem o seu papel, para que fosse mais fácil concordarem em responder ao questionário final, pois esta verificou-se ser a única escola em que era fácil obter dados da população e não apenas de uma amostra; nessa perspectiva, e apesar de não se ter procedido a uma investigação formal nesta turma – assistência a um número interessante de aulas que permitisse tirar conclusões - era importante perceber quais as representações destes alunos da Matemática e do ensino da Matemática.

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- Na Escola do Mar, dos professores que haviam participado regularmente nessas reuniões de acompanhamento local, um leccionava ao 10º ano de escolaridade, correspondente ao programa de Matemática A – o João, e outra leccionava ao 11º ano com o Programa anterior, ainda em vigor para este ano de escolaridade – a Madalena - e, por isso, foi-lhes solicitada a colaboração neste trabalho, que aceitaram. No entanto, e porque o professor João, por motivos de saúde, teve que faltar durante cerca de um mês no início do ano lectivo e, para que se pudesse respeitar um espaço de tempo necessário ao “arrancar” das aulas nesta turma, a Presidente do Conselho Executivo da Escola solicitou que, na turma deste professor, as assistências se iniciassem apenas no 2º Período, o que veio a acontecer - apenas se iniciou a investigação nesta turma em Janeiro de 2004.

- Na Escola da Planície, o 10º ano de escolaridade, correspondente ao programa de Matemática A, foi leccionado, no ano lectivo de 2003/2004, por duas professoras – a Nilza e a Mila e o programa correspondente aos Cursos Tecnológicos - programa do 10º ano de escolaridade do Programa Ajustado, foi leccionado pela professora Alice.

Das professoras desta escola, as que tinham participado com regularidade nas sessões de acompanhamento local dinamizadas pela investigadora eram a professora Alice, a leccionar neste ano lectivo ao 10º ano – Cursos Tecnológicos, correspondente ao Programa anterior, ainda em vigor para estes cursos e a professora Maribel, que leccionava ao 11º ano (o mesmo Programa) e que não manifestou abertura à assistência às suas aulas.

A professora Mila não havia participado nas sessões de acompanhamento promovidas e dinamizadas pela investigadora, porque, ao tempo, pertencia a uma escola de outra área geográfica; dispôs-se, contudo, a colaborar no que fosse necessário. Por questões de horário lectivo, e porque já estavam a ser observadas aulas de duas colegas da escola – uma delas a leccionar também a Matemática A, a turma desta professora não foi incluída na investigação.22

A professora Nilza também não havia participado nas sessões de acompanhamento promovidas e dinamizadas pela investigadora, porque, ao tempo, esta escola pertencia a outra área de influência; só mais tarde – em 2001/2002, em que o acompanhamento passou a funcionar em moldes diferentes (sessões de formação específicas para tratar temas sugeridos pelos professores, a maioria das vezes as novas tecnologias e os programas informáticos de Geometria Dinâmica ou de Funções), passou a ser acompanhada pela

investigadora e, nesse ano, esta professora não leccionava os níveis em questão. Mas dispôs-se a colaborar na investigação e, por motivos de compatibilidade de horário lectivo, e porque, de todos os professores a leccionar o Programa de Matemática A do 10º ano nas três escolas, era a única a frequentar uma Oficina de formação específica para o efeito, optou-se pela observação das suas turmas.

A Tabela 1 mostra a distribuição do número de aulas assistidas por escola/professor/programa/turma.

10º ano 11º ano

Matemática A Matemática23 Matemática

Laura Lena Lena

Escola da Serra 10x90 2x45 6x90 2x45 8x90 1x4524 João Madalena Escola do Mar 4x90 2x45 10x90

Mila Nilza Alice Escola da Planície 1x90 2x90

7x45

5x90

Tabela 1 . Distribuição do número de aulas assistidas por escola/professor/programa/turma em blocos de 90 minutos e segmentos de 45 minutos

No final de cada aula, habitualmente na sala dos professores, reservava-se sempre um espaço de tempo para uma ligeira conversa sobre cada aula entre professor(a) e investigadora, quase sempre sobre as opções metodológicas tomadas, sobre a reacção dos alunos, ou para contextualizar aquela aula no tema que estava a ser tratado num conjunto de aulas a que não seria possível assistir na totalidade, ou ainda sobre questões de avaliação – métodos e instrumentos previstos.

Além da observação das aulas, registada em diários de bordo, observou-se também uma sessão de formação relativa ao Programa de Matemática A atrás referida para se tentar

23 Programa de 1997, que resultou do Ajustamento do de 1993 e que, no ano lectivo de 2003/2004 ainda se

encontrava em vigor para os Cursos Tecnológicos

24 Aula de REDU – compensação no horário dos professores pela redução dos tempos lectivos de 50 para 45

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perceber qual o modelo que os professores entendiam ser mais eficaz em termos da sua repercussão na docência.

Foi também possível participar numa reunião de grupo na Escola da Planície e em duas reuniões de grupo na Escola da Serra para avaliar a dinâmica e interacção dentro do grupo.

Realizaram-se entrevistas a membros dos Conselhos Executivos das escolas envolvidas no estudo, para se confirmarem as opções relativas às condições logísticas e administrativas disponibilizadas na escola para a leccionação da disciplina e como era vista a Matemática pela comunidade educativa.

Finalmente, no final do ano lectivo, aplicaram-se aos professores e alunos intervenientes, questionários, com os quais se pretendia saber em que medida a sua opinião corroborava ou não a análise que foi feita das sessões observadas.

6. Tratamento dos dados

Depois de recolhidos todos os dados possíveis - observações directas, entrevistas ou conversas informais registadas nos respectivos diários de bordo, documentos/artefactos e respostas aos questionários dadas por alunos e professores, havia que organizar toda aquela informação por categorias para tentar dar resposta às questões de investigação.

Em primeiro lugar, separaram-se todos os dados por escolas e, para cada uma delas, seleccionaram-se os que permitissem responder a cada uma das questões.

Assim, para categorias como: (1) localização e acessos, dinâmica da escola ou os cursos que proporcionam aos seus alunos, procurou-se resposta por análise das páginas da Internet de cada uma das escolas, na observação directa ou nas entrevistas ou conversas informais com os intervenientes; (2) as condições que eram proporcionadas aos professores para a realização do seu trabalho – os espaços especificamente destinados à leccionação da disciplina, a carga horária ou a composição e dinâmica do grupo disciplinar, na observação directa e nas conversas informais com os intervenientes; (3) a formação proporcionada ou procurada pelos professores no que respeita aos Programas de Matemática e as principais diferenças entre os dois modelos de formação - acompanhamento no caso dos Programas Ajustados ou Cursos de Formação, no caso dos novo Programa de Matemática A -, na observação directa e nas conversas informais com os intervenientes na sessão de formação

a que se assistiu e na análise dos questionários dos professores cujas aulas foram observadas; (4) como são implementados os programas de Matemática na sala de aula e as dificuldades por sentidas por professores e alunos – quais os conteúdos abordados e como se interligam, quais as metodologias adoptadas e os recursos utilizados, quais os tipos e instrumentos de avaliação que privilegiam – e quais as consequências de todo este ambiente de trabalho na motivação dos alunos, na observação directa, nas conversas informais com os intervenientes e nos questionários respondidos por professores e alunos.

A sistematização dos dados em cada uma das categorias foi feita, na generalidade dos casos, recorrendo a tabelas e gráficos, e assinalando, para posterior utilização, excertos que evidenciassem as nossas opiniões.

É o que se apresenta no capítulo seguinte em que a ordem de análise das diversas categorias, seguirá a ordem por que são abordadas nos questionários.

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CAPÍTULO IV