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Mapa 6 Sobreposição das manchas urbanas nos anos de 1999, 2009 e 2018 na Ride da Grande

1.1 O desenho institucional

Na atualidade brasileira existem três Regiões Integradas de Desenvolvimento (RIDES). Essas regiões possuem na sua composição municípios pertencentes a mais de um Estado, com os quais há formação de aglomerados urbanos. Diante disso, visando a melhoria no desenvolvimento regional desse território, a Constituição de 1988 dispõe sobre ações que, por meio da formação de RIDES, podem proporcionar uma melhor condição urbana a e regional.

O artigo 21 inciso IX da CF/1988 estabelece a competência da União para a elaboração e a execução de planos nacionais e regionais relativos à ordenação do território e ao desenvolvimento econômico e social. Posteriormente o texto constitucional estipula no seu art. 43 que a União poderá articular sua ação dentro de um complexo geoeconômico e social, de forma a fomentar o desenvolvimento e a redução das desigualdades regionais (BRASIL, 1988).

Portanto, a Constituição como uma lei de cunho superior, traz a possibilidade de criação de RIDES, visando estratégias de gestão que amenizem a discrepância econômica e social dessas regiões. Segundo Azevedo e Alves (2007, p. 87) “Essas regiões são formadas por municípios pertencentes a mais de um estado, foram criadas por representarem áreas prioritárias para articulação das ações da União em um mesmo complexo social e geoeconômico, conforme o Art. 43 da Constituição Federal”.

A partir de mudanças no contexto nacional, percebe-se que o Estado não é mais o único ator responsável por estabelecer e promover a distribuição de recursos e realizar ações responsáveis no intuito de desenvolvimento social e econômico. Ocorrendo assim a descentralização de poderes, surgindo novos atores com a função de propiciar melhorias no âmbito econômico e social, e desta forma integrar sua participação na construção de desenhos institucionais e planejamento e execução de políticas públicas. Isso demonstra que a Constituição Federal de 1988, avançou tanto no sentido de descentralizar o poder do Estado colocando a sociedade civil como integrante na participação da gestão, e fazendo a articulação

da União sobre essas áreas regionais, como também com a iniciativa de promover a diminuição na desigualdade social e assim propor ações que auxiliem no desenvolvimento regional (BRASIL, 2011a).

Desta forma, no Brasil a RIDE se caracteriza por um desenho institucional baseado no intuito de distribuir recursos e amenizar certos problemas metropolitanos que ocorrem, com a finalidade de resolver problemas de interesses em comum, e assim possibilitar avanços no desenvolvimento regional e na diminuição da carência de serviços considerados importante nos municípios que fazem parte da RIDE da Grande Teresina.

A justificativa para criação das Rides se dá em razão da necessidade de planejamento voltado para o desenvolvimento urbano regional desses territórios, almejando diminuir as desigualdades e manter um pacto de aliança entre os entes federados que integram a Ride – União, Estados e Municípios - com uma proposta de gestão diferenciada das regiões metropolitanas. Diante disso, afirma BRASIL (2011b) “A RIDE tem como objetivo articular e harmonizar as ações administrativas da União, dos Estados e dos municípios para a promoção de projetos que visem à dinamização econômica e provisão de infraestruturas necessárias ao desenvolvimento em escala regional”.

O ministério da Integração responsável pela gestão desses aglomerados metropolitanos, tem aplicado um novo modelo de gestão, com a finalidade de proporcionar uma política de desenvolvimento que se encaixe na escala regional, tratando dos problemas específicos de cada região a partir das suas carências e especificidades, promovendo assim um planejamento voltado para as fraquezas e otimização de suas potencialidades, trazendo uma participação dos atores tanto federal, estadual e municipal como da sociedade civil, em prol do melhor desencadeamento do desenvolvimento urbano regional. Desta forma, as Rides são bons exemplos de práticas desse modelo de gestão, já que se verifica a presença de municípios que fazem parte de estados diferentes, e que necessitam de uma organização em busca de objetivos iguais (Brasil, 2013). Com base nisso foram criadas as Rides, como forma de uma gestão que tivesse a participação de entes federados, estaduais e municipais em busca do mesmo propósito, e determinando assim uma estratégia de gestão mais integrada.

Com base nisso, contata-se no contexto histórico o surgimento da primeira Ride criada no Brasil, seria a do Distrito Federal e seu entorno, e posteriormente em 2002 foram criadas as Rides da Grande Teresina e de Juazeiro e Petrolina (MINISTRO..., 2013). A criação dessas três

9 Rides, tiveram propósitos parecidos em contexto geral e necessidades singulares perante sua formulação, como pode ser previsto segundo Brasil (2013, p. 34):

As três RIDEs visam promover o desenvolvimento global e se destinam a inclusão social através da educação e cultura; produção agropecuária e abastecimento alimentar; habitação popular; combate a causas de pobreza e fatores de marginalização; serviços de telecomunicação; turismo; e segurança pública, dentre outros aspectos. De fato, as três RIDEs criadas, tiveram motivos particulares para a sua criação, porém temos mesmos objetivos gerais, competências, composição e estrutura. A finalidade de cada RIDE depende dos objetivos específicos estabelecidos durante a criação de cada.

Através da lei complementar n°. 94/98 foi regulado o normativo previsto na Constituição de 88 e implementada a primeira Ride no Brasil em 1998, a do Distrito Federal e entorno, composta por: Distrito Federal, 19 municípios do estado de Goiás e 3 municípios do estado de Minas Gerais. Resultando ao total 22 municípios. Possuí uma extensão territorial de 56.434 km² (AZEVEDO; ALVES, 2010; IPEA, 2018a). Posteriormente data-se no ano de 2002 a criação de mais duas Rides a de Petrolina-Juazeiro e a da Grande Teresina.

No caso da Ride Petrolina-Juazeiro, a sua formação é composta pelos estados de Pernambuco (Petrolina) e Bahia (Juazeiro) teve como criação a partir da lei complementar n°113, no dia 19 de setembro de 2001, e foi regulamentada logo no ano seguinte no dia 9 de setembro de 2002, através do Decreto n°4.366. Tem sua formação com quatro municípios de cada estado que faz parte desse aglomerado, e possuí uma extensão territorial de 35. 436, 697 km² (IPEA, 2018b).

A Ride da Grande Teresina foi estabelecida através da Lei Complementar n°112,de 19 de setembro de 2001, a qual determina no seu art. 1º que o Poder Executivo está “autorizado a criar a Região Integrada de Desenvolvimento da Grande Teresina, com o objetivo de articular e harmonizar as ações administrativas da União e dos Estados do Piauí e Maranhão” (BRASIL, 2001).

Posteriormente, no ano seguinte foi regulamentada através do Decreto n°4.367, de 9 de setembro de 2002 a criação da Região Integrada de Desenvolvimento da Grande Teresina. Conforme o artigo 1° desse decreto retrata “Art. 1° Fica criada, para efeitos de articulação da ação administrativa da União, dos Estados do Piauí e do Maranhão, a Região Integrada de Desenvolvimento da Grande Teresina” (BRASIL, 2002). E estabelecendo como órgão público responsável para executar ações a serem desenvolvidas na Ride, seria o Ministério da

“responsabilidade de executar a Política Nacional de Desenvolvimento Regional – PNDR, promovendo o crescimento das regiões do país, através da redução das desigualdades e da ativação das potencialidades regionais de desenvolvimento”. Como procedimento utilizado para a formação da Ride e dos seus municípios pertencentes, de acordo com SILVA; JÚNIOR e TEIXEIRA (2018), no qual afirmam que “Com relação a metodologia utilizada para definição dos municípios que integram uma RIDE, são levados em consideração os fluxos de pessoas, serviços e de mercadorias no espaço, o compartilhamento de manifestações culturais e de herança histórica”.

A escolha dos Municípios integrantes da Ride da Grande Teresina, é estabelecido no Decreto n° 4.367, de 9 de setembro de 2002, através do art. 1°como também suas possíveis alterações no contexto da grade dos municípios estabelecidos até aquele momento para compor a Ride até a sua criação. Como pode ser observada segundo Brasil (2002):

§ 1° A Região Integrada é constituída pelos municípios de Altos, Beneditinos, Coivaras, Curralinho, Demerval Lobão, José de Freitas, Lagoa Alegre, Lagoa do Piauí, Miguel Leão, Monsenhor Gil, Teresina e União, no Estado do Piauí, e pelo Município de Timon, no Estado do Maranhão. § 2° Integram-se automaticamente à Região Integrada os municípios que vierem a ser constituídos em virtude de desmembramento de Município mencionado no §1°.

A partir da criação até o momento, ocorreu o acréscimo de mais dois Municípios (Nazária e Pau D’Arco do Piauí), seguindo normas estabelecidos conforme o parágrafo 2°, do art. 1° do Decreto n° 4.367, de 9 de setembro de 2002. Atualmente a Ride da Grande Teresina (figura 1) é composta por 15 municípios, sendo 14 do estado do Piauí, e 1 do estado do Maranhão. São eles: “Altos, Beneditinos, Coivaras, Curralinhos, Demerval Lobão, José de Freitas, Lagoa Alegre, Lagoa do Piauí, Miguel Leão, Monsenhor Gil, Pau D’Arco, União, Nazária e Teresina, além do município maranhense de Timon” (SEMPLAN, 2015).

O intuito da criação da Ride da Grande Teresina tem como finalidade o desenvolvimento regional e a diminuição da desigualdade, com isso, é importante se tratar de aspectos de interesse em comum para que se possa atingir os objetivos e resultados esperados. Para isso foram estabelecidos atores responsáveis pela execução dos serviços, a fim de manter uma organização e melhor desempenho das atividades geridas pela gestão em atuação.

Mapa 1- Região Integrada de Desenvolvimento da Grande Teresina

A Ride da Grande Teresina, depois de legalmente constituída, ganhou alguns privilégios na arrecadação de investimentos por parte dos fundos públicos como estratégia para resolução dos problemas de interesses em comum. Dentre esses recursos destinados, acontece a abrangência de uma série de serviços públicos e infraestruturas que propiciem um desenvolvimento regional de forma igualitária nesse aglomerado urbano. Isso permitiu mais ações administrativas que propiciem e dinamizem a economia e a provisão de infraestruturas consideradas necessárias para o desenvolvimento integrado da região (BRASIL, 2011). Os serviços considerados segundo Brasil (2002), levando em consideração o Decreto n° 4.367 são os seguintes:

I – infra–estrutura; II – geração de empregos e capacitação profissional; III – saneamento básico, em especial o abastecimento de água, a coleta e o tratamento de esgoto e o serviço de limpeza pública; IV – uso, parcelamento e ocupação do solo; V – transportes e sistema viário; VI – proteção ao meio ambiente e controle da poluição ambiental; VII – aproveitamento de recursos hídricos e minerais; VIII - saúde e assistência social; IX – educação e cultura; X – produção agropecuária e abastecimento alimentar; XI – habitação popular; XII – combate às causas de pobreza e aos fatores de marginalização; XIII – serviços de telecomunicação; XIX – turismo; e XV – segurança pública.