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7. Metodologia

7.1 Desenho de pesquisa

Para a concretização dos objetivos definidos no capítulo anterior, foi adotada uma metodologia de investigação do tipo qualitativo, interpretativo, de acordo com as sistematizações de Patton (2002) não se tendo excluído, no entanto, uma combinação com dados quantitativos.

Sendo a sala de aula um sistema complexo onde concorrem inúmeras variáveis, revelou-se necessário proceder a uma desconstrução prévia desse sistema, possibilitando o estudo singular das suas partes, para, posteriormente, se proceder à sua reconstrução e a uma compreensão holística dos fenómenos de acordo com os procedimentos descritos por Patton (2002).

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106 Figura 7 - Desenho de investigação

A presente investigação decorreu em sete fases distintas mas que, em termos temporais, por vezes se intersetaram:

• A primeira fase, a que chamaríamos prospetiva, foi destinada à sistematização dos vetores teóricos que serviram de referente ao presente estudo. Foi também realizada uma revisão dos estudos realizados no âmbito da avaliação formativa em Educação Física, principalmente nos últimos quinze anos, com o objetivo de reconstituir o estado da arte. Esta revisão pretendeu evidenciar, de uma forma mais relevante, os estudos realizados em Educação Física, no âmbito da avaliação para as aprendizagens.

• Após a elaboração do projeto de investigação investiu-se na construção, aferição e validação dos instrumentos (entrevistas) e no treino da observação direta em contexto de sala de aula. O reconhecimento prévio das dinâmicas e especificidades de uma aula de Educação Física e das eventuais fragilidades que este método poderia acarretar, nomeadamente ao nível da sua validade e

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fiabilidade, acautelou a necessidade de familiarizar a autora do estudo e única observadora, para as características e desafios que a observação direta, em contexto de aula, poderia criar.

• Na fase seguinte, foi selecionada a amostra inicial que envolveu 32 professores, de seis escolas do distrito de Lisboa.

• Foram-se criando, entretanto, as condições que possibilitaram a recolha de dados:

- Foi solicitada a autorização ao MIME – Sistema de monitorização de inquéritos em meio escolar - do então denominado Ministério da Educação, para aplicar as entrevistas e observar as aulas. A autorização foi obtida em 22 de novembro de 2011.

- Foram elaborados, entregues e recolhidos os consentimentos informados dos diretores das escolas ou agrupamentos, dos professores e dos encarregados de educação de todos os seus alunos, uma vez que todos os alunos envolvidos no presente estudo eram menores (Anexos 12, 13 e 14). - Já numa fase posterior, foi obtido o parecer positivo por parte do Conselho

de Ética da Faculdade de Motricidade Humana.

- Foi negociado, com os envolvidos, um calendário para a aplicação das entrevistas aos professores, para a observação das suas aulas e para a aplicação das entrevistas aos alunos da sua turma, no final de cada uma das aulas.

- Antes de proceder à observação das aulas, foi realizado um treino dessa observação, de modo a identificar eventuais problemas, tal como é sugerido por Patton (2002).

• A fase seguinte, a que chamaríamos instrumental ou procedimental, disse respeito a uma fase exploratória e de desconstrução do sistema, visando a sua descrição:

- Aplicação de entrevistas a 32 professores de Educação Física do ensino básico (2º e 3º ciclo do ensino básico) visando dois objetivos fundamentais:

• Determinar a sua conceção de avaliação e de avaliação formativa e descrever os propósitos e as estratégias de avaliação formativa que dizem utilizar e as decisões que dizem tomar, em função das informações recolhidas.

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• Selecionar de entre os 32 professores, 12 para observar as suas aulas. A seleção foi realizada, tomando por referência os discursos dos 32 professores nas entrevistas. Selecionaram-se 6 professores cujo discurso indiciava uma utilização consciente e sistemática da avaliação formativa com o propósito da melhoria da aprendizagem dos seus alunos e 6 professores, em cujo discurso não conseguimos encontrar evidências nesse sentido.

- Aplicação de entrevistas aos professores selecionados, antes e depois de cada aula observada, com o objetivo de:

• Recolher informação sobre os objetivos definidos pelo professor para essa aula.

• Determinar quais eram os alunos que, na opinião do professor, poderiam indiciar mais dificuldades (esta informação era fundamental para podermos verificar se, durante a aula, o professor adotaria alguma(s) estratégia(s) específica(s), no sentido de suprir essas dificuldades).

• Perceber se o professor considerava se os objetivos definidos para a aula tinham, ou não, sido concretizados e quais as decisões que o professor iria tomar, em função das informações que foi recolhendo na aula.

- Observação direta, em contexto de aula, da avaliação assumida nas suas vertentes formativas, em função das estratégias usadas e dos contextos que lhe deram origem.

- Aplicação de entrevistas aos alunos (4 alunos em cada uma das aulas – 2 que obtiveram sucesso e 2 que obtiveram insucesso nas últimas classificações registadas, 2 de cada género)2 com o objetivo de identificar e caracterizar:

• a sua capacidade de autoavaliação;

• a perceção sobre a sua aprendizagem na aula e na disciplina;

2O sucesso, neste contexto, foi definido pelo facto de o aluno ter obtido nível 4 ou 5 na última classificação e o

insucesso pelo facto de o aluno ter obtido nível 2 ou, mesmo tendo obtido nível 3, o professor considerar que o aluno apresenta muitas dificuldades na disciplina.

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• a sua compreensão dos objetivos da aula e dos objetivos de aprendizagem;

• as relações entre a sua aprendizagem e as práticas de avaliação formativa ocorridas na aula.

• Recolhidas as evidências, seguiu-se uma fase de tratamento e análise dos dados emergentes, tendo procedido, por via indutiva, à sua categorização. • Por último, procedeu-se à reconstrução do sistema, visando a triangulação dos

dados emergentes e sua relação direta com o contexto, fazendo sobressair uma compreensão holística dos fenómenos identificados. Esta abordagem holística é fundamental para, tal como é referido por Patton (2002), se poder ter uma compreensão do todo como um sistema complexo, que é maior do que a soma das suas partes. O foco estará nas complexas interdependências e nas possíveis dinâmicas do sistema.

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