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Por que um indivíduo – ao apontar as faltas e defeitos do mundo, para pro- por melhorias, sendo movido pelas mais sinceras e honestas intenções, com a finalidade de levar luz e progresso, sem qualquer espírito de polêmica – é jul- gado em seguida como um inimigo com intenções agressivas, sofrendo toda sorte de pressão para se calar? Por que o ato de fazer observações com uma finalidade de bem, para compreender e esclarecer, é entendido, na prática, co- mo uma crítica agressiva e uma ofensa? Quem cai em semelhante mal- entendido deve ser, então, um ingênuo que, deixando-se iludir pelos sinais exteriores, não vê a verdade oculta atrás destas aparências.

A realidade é outra coisa. A forma mental humana – o instrumento que for- nece a verdadeira unidade de medida do juízo – formou-se através da luta pela sobrevivência, pela qual se é levado a ver tudo em função dela. Eis que, na verdade, os ideais, se quiserem existir na Terra, devem estar sujeitos a esta lei de luta, incorporando-se nas formas que os representam, para permanecerem protegidos dentro de castelos armados. Nesta condição, qualquer apreciação feita por estranhos é julgada como uma ação de guerra, de ataque e defesa, sendo considerada suspeita, como uma intromissão indevida na casa alheia, que o dono deve defender acima de tudo. Esta é a realidade, e é por isto que a exposição de uma ideia, na busca pela verdade, tende a se transformar em po- lêmica, pois o instinto humano leva a interpretar tudo em sentido agressivo. A paixão é vencer para submeter e dominar, e não subir espiritualmente.

Se o interesse fundamental estivesse no aperfeiçoamento, de modo que a vida fosse vivida em função de um ideal superior a alcançar, então uma crítica razoável, com um fim benéfico, deveria ser não apenas agradecida, mas tam- bém considerada uma amigável oferta, da qual se poderia aproveitar para as- cender. Mas o ideal interessa a bem poucos e o aperfeiçoamento, menos ainda. Deste modo, a crítica é entendida não apenas como um estorvo inoportuno – do qual, pelo fato de pretender um esforço que não se quer enfrentar, todos se afastam – mas também, e pior ainda, como um ataque de um rival que julga somente para mostrar deficiências e se aproveitar para destruir.

Prevalece então, não a procura do verdadeiro – que, por tender a se inverter em ataques demolidores, é sufocada – mas sim o princípio de autoridade, por- que a preocupação principal na Terra é manter a disciplina e a obediência dos súditos, e não conhecer e subir. O instinto fundamental do homem não é a

conquista da verdade, mas sim a revolta. Também nas religiões, cada lei so- mente se torna válida pela força, mesmo sendo isto obtido através da opressão psicológica para submeter, armada de sanções e castigos adequados para infli- gir dano, ainda que espiritual, aos transgressores. É assim que o instinto de defesa do grupo leva à inibição da discussão esclarecedora do pensamento, congelando-o em afirmações dogmáticas, pois o mais urgente para sobreviver é estabelecer as posições de comando e de obediência, constituindo uma or- dem que impõe barreiras e luta contra todas as outras. Este é o motivo funda- mental da vida, o qual todos entendem e ao qual tudo, portanto também o espi- ritual, é levado e reduzido.

Assim se explica como, ao legítimo desejo de evoluir e fazer evoluir, res- ponde-se, num ato de defesa, com um levantamento de barreiras. Em cada aproximação humana, a primeira ideia que surge, por instintivo produto do subconsciente – filho do passado feroz que o construiu – é a de alguém que se aproxima de nós não para nos ajudar, mas sim para nos agredir, e que, portan- to, deve ser inevitavelmente tratado como um inimigo.

O mal entendido decorre do diverso grau evolutivo dos seres, o que implica em formas mentais diferentes, funcionando cada uma em relação a pontos de referência opostos, em função da Terra ou do Céu, ou seja, em função da atual fase animal de evolução ou da mais avançada fase futura, hoje antecipada teo- ricamente pelo ideal. É natural que cada um não possa ver senão com seus próprios olhos, percebendo, portanto, somente o que estes possam ver. Foi assim que a casta político-religiosa, então dominante, julgou a Cristo, porque ela só foi capaz de ver Nele um perigo para os seus próprios interesses terre- nos, que lhe pareciam ameaçados por um reformador da lei. Elas não compre- enderam nada da verdadeira função Dele, que era dar um grande impulso ao progresso da humanidade. O mesmo fenômeno de incompreensão se repetiu em casos menores, com todos aqueles que seguiram Cristo ao longo do mesmo caminho. Esta é a razão pela qual, com uma forma mental emborcada, enten- de-se tudo ao contrário, de modo que o impulso para melhorar é tomado como um ato de agressão, produzindo assim uma reação de defesa, em vez de grati- dão. O mal-entendido é natural, porque na Terra há de fato outro significado para a presença dos ideais, que existem aqui na forma de castelo armado, den- tro do qual se aninham interesses, sendo sustentados apenas enquanto servem para defender tais interesses. É assim que surgem nas religiões o fanatismo, o sectarismo e o proselitismo, prevalecendo o espírito gregário sobre o espírito

da verdade. Prefere-se então o cúmplice amigo, em vez do idealista, que, sen- do amigo apenas do ideal, pode ainda se tornar inimigo, porque está situado nos antípodas dos interesses terrenos.

No entanto o grupo religioso pode se opor a tais intromissões por parte do idealista, com um justíssimo argumento: “Nós estamos em nossa casa, que foi por nós construída em terreno de nossa propriedade. Por isto temos o direito de mandar aqui e de impor a nosso modo a nossa verdade, expulsando os es- tranhos que pretendem, a seu modo, impor a sua”. Argumento justo mas terre- no. E uma potência espiritual que recorre a ele, apoiando-se na Terra em vez do Céu, pelo menos nesse momento, não é espiritual, porque abdica da sua verdadeira posição superterrena, reduzindo-se a um grupo humano que, como todos os outros, defende com argumentos humanos os seus interesses. Então, se ela não pertence a Deus, mas sim ao mundo, que fique no mundo, deixando de se misturar e de utilizar, para os fins deste o ideal, o espírito e o divino. Não se pode ao mesmo tempo servir a dois senhores. Não é possível seguir dois objetivos opostos, o espiritual e o temporal, sob perigo de acabar utilizando o primeiro a serviço do segundo. Portanto a religião é uma organização humana, que usa os métodos humanos e que, como tal, deve ser considerada.

Os dois pontos de vista são demasiado diversos para poderem coexistir sem que um dos dois deva ser afastado. Para o involuído, o centro da vida está na Terra e no presente, constituindo-se de interesses materiais. Ele considera a vida mais ampla na eternidade, depois da morte, apenas um prolongamento nebuloso, no qual pensará apenas em último lugar, depois de haver-se esgotado a atual, aquela que vale para ele. Para o evoluído, o centro da vida está além da Terra e do presente. Ele considera que sua vida atual vale somente em função de uma outra – maior, situada na eternidade – não sendo um fim em si mesma, mas ape- nas um meio para preparar e alcançar a realização de finalidades mais longín- quas. Assim, perante diferentes amplitudes de horizonte, o problema da vida é conduzido de modos diversos. Enquanto o homem prático se realiza imediata- mente na Terra, o idealista se realiza a longo prazo, depois da morte, mas se- guindo um plano muito mais vasto. Os seus interesses estão fora do mundo. As duas formas mentais são, reciprocamente, uma o emborcamento e a negação da outra, estando por isto empenhadas em se condenarem uma a outra.

É assim que na Terra fica-se grato não ao amigo da verdade, mas ao amigo do grupo. Para o evoluído poder ser aceito pelo involuído, é necessário ele se abaixar ao nível deste, que lhe paga este abaixamento, garantindo-lhe o bem-

estar. Se o idealista não se deixa domesticar pelo grupo, é expulso deste. Dessa forma, é aceito quem coopera no interesse material do grupo e é importuno quem deseja levá-lo ao plano espiritual. Ao invés de quem pensa e discute, para compreender e avançar, deseja-se quem crê e obedece, para servir e não incomodar. Isto, moralmente, prejudica o grupo, mas não o indivíduo, cuja vida espiritual ninguém pode limitar, dado que não se necessita do próximo para falar com Deus.

O cristianismo foi implantado por Cristo em posição de antagonismo contra o mundo e, se teve de adaptar-se a este ambiente, não foi culpa sua, pois esta era uma condição necessária para ele poder sobreviver. Mas o fato é que tal sobrevivência teve de ser paga com a corrupção do ideal que a religião afirma- va representar, razão pela qual este, em grande parte, tornou-se mundano, con- tentando-se assim em se realizar na Terra apenas no espaço concedido a ele pelo mundo, senhor na própria casa. Sem dúvida, a evolução se fará de manei- ra tal que, no fim, Cristo vencerá. Mas, na fase atual, após dois mil anos, veri- ficamos que, ao invés do ideal ter vencido o mundo, foi o mundo que venceu o ideal. É verdade que a vida deste germe está cheia de imensas possibilidades futuras, mas, no momento, ela é só vida latente, à espera de se desenvolver. Hoje, nos fatos, o cristianismo está mais do lado do mundo do que ao lado de Cristo, enquanto o verdadeiro cristianismo se encontra ainda no estado de boa- nova. Todavia é lógico e justo que a mente humana não possa expandir-se em direção a mais vastos horizontes, como o ideal cristão preconiza, se ela ainda não está madura para isso. E é lógico também que, nos primitivos, tal ideia deva ser primeiramente usada como instrumento de defesa da vida, em função dos interesses terrenos. Tudo isto está proporcionado às finalidades que a vida quer alcançar, conforme o nível atingido, e responde às leis da evolução. Nu- ma fase inferior, é natural que o inimigo a vencer, contra quem se desabafa o instinto de luta, seja o próprio semelhante, porque a mente não é capaz de en- tender nada além disso. Mas é natural também que, com o desenvolvimento da inteligência, prefira-se enfrentar inimigos mais importantes, lutando para supe- rar a animalidade contida em cada um, conquistar o ignoto, revelar o mistério e fazer que o amor não seja somente para a mulher, com a finalidade de gerar, mas sim para o superser que, através do ideal, encarna um tipo superior de vida. A função das religiões é exatamente cultivar, armazenar e oferecer tais modelos, para que eles possam ser imitados.

É certo que existe contradição entre o programa evangélico, como ele foi traçado por Cristo, e a sua realização prática na vida dos seus seguidores, se- jam eles pastores ou rebanho. O mundo, com os seus cidadãos, não se deixou de nenhum modo vencer por Cristo e continuou com os seus métodos. Mas isto se explica. Quando um ideal desce à Terra, o contraste entre ele e o mundo é inevitável. Isto salta à vista imediatamente. No entanto a contradição é saná- vel, resolvendo-se com o conceito de evolução. A solução está em entender o Evangelho em sentido dinâmico-evolucionista, e não estático-definitivo, ob- servando-o como um processo em formação, que se projeta e se cumpre no futuro, e não como uma posição fixada no presente. Mas se isto explica e justi- fica o estado atual, nem por isso o altera, permanecendo o fato de ser uma con- tradição. A solução está na transformação de tudo por evolução, algo que, só podendo acontecer com o tempo, encontra-se hoje em posição de espera peran- te o futuro. Permanece, no entanto, a contradição, a qual é bom observarmos, para compreendê-la, pois dessa forma, mesmo que isto revele sua negativida- de, é possível prever os seus futuros desenvolvimentos. Observemo-la então.

O Evangelho fala clara e repetidamente a respeito da posse de bens, de um modo que não deixa dúvidas. “Se quiseres ser perfeito, vai, vende o que tens e dê tudo aos pobres (...)”; “Em verdade vos digo que dificilmente um rico en- trará no reino dos céus. Sim, repito-vos: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”; “Não acumu- leis tesouros na Terra (...)”; “Ninguém pode servir a dois senhores: ou amará um e odiará o outro, ou se afeiçoará a este e desprezará àquele. Não podereis servir a Deus e a Mamom”; “Quem dentre vós não renuncia a tudo o que pos- sui não pode ser meu discípulo”.

Os banqueiros mais bem informados calculam valer entre dez a quinze bi- lhões de dólares as riquezas do Vaticano, que possui grandes investimentos em bancos, seguros, produtos químicos, aço, construções, imóveis etc. Os divi- dendos servem para manter de pé toda a organização, inclusive as obras de beneficência. Sobre estas entradas, o Vaticano, pelo menos até hoje, no início de 1965, na Itália, não paga impostos. Que se dizer então dos séculos passa- dos, quando a Igreja, com o poder temporal, tinha-se submergido no mundo até ao pescoço, exigindo impostos, armando exércitos e ligando-se à política? A contradição justifica-se, mas é evidente.

O que a justifica são as inderrogáveis exigências do ambiente social do “mundo”, onde não sabemos nos imaginar fazendo parte de alguma organiza-

ção que não possua meios. Eles são indispensáveis à Igreja, para ela cumprir a sua função. Mas, então, o erro de previsão é de Cristo, pois, para poder funci- onar na Terra, o cristianismo devia renunciar a ser perfeito, indo contra o con- selho de Cristo. Os primeiros a estar em falta são os próprios pastores. E, se semelhante exemplo vem deles, que deverão fazer então os seus discípulos? Mas será culpa da Igreja o fato de estar ela obrigada a isto, para poder cumprir o seu mandato? E, se a culpa não é da Igreja, como não lançá-la sobre Cristo? Se um representante do Vaticano perguntasse a Cristo: “Que devo fazer para obter a vida eterna?”, certamente Cristo não poderia responder outra coisa se- não: “Se quiseres ser perfeito, vai, vende o que tens (...)”. E a Igreja deveria objetar: “Se queres que eu cumpra a tua ordem de representar-Te na Terra, devo possuir os meios do mundo”. Mas a ordem é clara: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (...); “Apascenta as minhas ovelhas”. Não havia, portanto, outra escolha: para poder obedecer de um lado, era necessário desobedecer do outro; para poder cumprir o mandato, era imprescindível re- nunciar a ser perfeito. Não havia outra alternativa, senão adaptar-se à Terra e pactuar com o mundo inimigo. Assim, não seguindo o conselho de Cristo, a Igreja apossou-se de bens, ainda que isto necessariamente a tornasse um ins- trumento imperfeito. Tendo de viver em casa alheia, o ideal devia aceitar as leis do mundo. A este preço, o cristianismo conseguiu sobreviver por dois mil anos, habitando a casa do inimigo.

O problema está em saber se isto, que é uma necessidade imposta pela rea- lidade da vida, representa uma traição de princípios, uma prostituição do ideal. É lícito arrogar-se a posição de representantes de Cristo, sem, no entanto, se- guir os seus ditames? E, se tais ditames presumem a presença de heróis e már- tires, que não existem na prática, quem sobraria então para constituir a Igreja no cumprimento do seu trabalho? Se a aplicação integral do Evangelho no mundo conduz à morte, de que serviria na Terra uma Igreja de santos transfe- rida para o Céu? Ela deve ser constituída de homens que saibam viver no mundo, e não de santos devotados à morte. É assim que a Igreja, estando sujei- ta às leis do mundo, do qual fatalmente ela faz parte, teve de se tornar uma organização terrena, sendo construída com o material humano corrente, pois não havia outra maneira para representar a Cristo. Tal fato, porém, ainda que seja inevitável, rebaixa imediatamente o nível desta organização até ao plano terreno, colocando-a lado a lado com todas as demais, para ser tratada como tal. Temos então uma Igreja que, mesmo sendo isso para santificá-lo, tornou-se

mundo, assemelhando-se assim àquilo que deveria ser o seu maior inimigo. Desse modo, ela se tornou administração de bens, burocracia, negócio, política etc., descendo ao nível comum da luta pela vida. Mas podem os homens mudar seu modo de ser e assumir a forma mental evangélica, tão afastada do seu mundo, só pelo fato de fazerem parte da organização eclesiástica? O resultado desta simbiose entre Cristo e mundo é que de cristão não resta ao cristianismo atual senão pregação, retórica e hipocrisia. Impõe-se, pelo contrário, e prevale- ce o que na Terra é mais importante, ou seja, a necessidade de administrar, algo indispensável tão logo se forma uma comunidade.

Um pastor, vivendo com sua congregação perto de Roma, escrevia para mim e, por ser honesto, expressava sinceramente o seu pensamento, que se resumia em afirmar: “O Evangelho mata, e que morte! Por isto existe a autori- dade da Igreja, à qual confiar-se”. Eis, portanto, a solução: põe-se Cristo de lado e exercita-se o comando em seu nome. De resto, esta é a tendência normal dos administradores. Quem trabalha em nome de outros acaba por se tornar o produto do seu trabalho. Isto significa que o cristianismo atual não se constitui somente dos ensinamentos de Cristo, mas é um seu produto, manipulado e adaptado depois pelos homens, para seu próprio uso. Resultou disso uma Igre- ja que, misturando humano e divino, tornou-se um produto de aparência híbri- da, querendo ser as duas coisas, mas não sendo exclusivamente nem uma nem outra. É como um jovem que, não sendo nem menino nem homem, está, po- rém, destinado a ser homem.

Não se trata, portanto, de um produto híbrido, mas sim de uma forma de transição. Temos, tal como a alma e o corpo, um composto através do qual o humano imperfeito, para melhorar, lança-se em direção ao divino, e o divino, para elevar o humano, desce até ele. Isto não significa que Cristo tenha de- monstrado desconhecer a natureza do homem, ao ditar-lhe um programa irrea- lizável, exigindo algo que esta pobre criatura não tem a capacidade de fazer. De fato, Cristo não lhe propôs o impossível. Pelo contrário, foi precisamente por conhecê-lo que Ele, através do Evangelho, estabeleceu para o homem uma meta distante, em direção à qual este devia avançar, para alcançá-la no fim. O estado atual do cristianismo não é, portanto, uma farsa perante Cristo, mas apenas a fase inicial de um processo evolutivo do qual Ele, no Evangelho, ex- pressou o ponto de chegada, a posição final. Trata-se de um estado de imper- feição transitória, que parece uma negação de Cristo, porque ainda não O al- cança na sua plenitude, mas isto sucede apenas como uma primeira aproxima-

ção, constituindo uma imperfeição que, no entanto, está em marcha para che- gar à perfeição evangélica e à plena afirmação de Cristo.

É natural que, no meio do caminho, o ideal deva adaptar-se às condições do ambiente, assumindo posições humanas e até mesmo, quando não encontra outro modo para sobreviver na Terra, transformando-se em hipocrisia. Mas isto não é tão importante, pois, mesmo tendo de lutar para nascer num ambien- te adverso, a semente está no terreno. Também o ideal possui força. Alguma coisa do seu poder acaba por penetrar na alma humana. Torcido, vilipendiado, transviado e explorado, o ideal, apesar disso, existe na Terra e aí permanece, funcionando também à sua maneira entre outras tantas forças da vida. Entre- tanto espera e trabalha, serpenteia, penetra, enxerta-se e, depois de longa insis- tência, fixa-se finalmente nos espíritos. Trabalho lento, mas que, no fim de cada milênio, consegue fazer o homem avançar um passo em frente, mesmo se pequeno. Pode-se fazer do ideal os mais diversos usos, mas quando se maneja

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