• Nenhum resultado encontrado

1.8 Influências Sociais no Empreendedorismo

1.8.2 Desenvolvimento de Redes de Relacionamentos

A capacidade do empreendedor para construir e manter uma rede extremamente alargada é restringida pelas suas limitações de energia e de tempo. Desta forma, os empreendedores devem preocupar-se com a eficiência da rede. É importante para o empreendedor seguir certos passos para tornar o processo de desenvolvimento da sua rede mais eficiente. Isto envolve acções como manter uma posição central de comunicação ou procurar contactos de negócios, profissionais e sociais que forcem o desenvolvimento da rede. O alargamento das redes e a sua eficácia podem ser potenciados através de clubes de pequenos empreendedores, iniciativas de novas empresas baseadas em equipas, empreendedores comunitários e capital de risco (Butler & Hansen, 1991). Conceptualmente, o reconhecimento da oportunidade pode ser atribuído à dimensão e diversidade das redes sociais (Burtler & Hansen, 1991).

Para Feldman (2000), a Internet exerce um efeito directo e positivo no aumento da difusão do conhecimento e do reconhecimento de novas oportunidades. Por outro lado, Teigland (2000) afirma que a Internet não fornece laços sociais fortes, que são extremamente importantes para a eficácia colectiva percebida no processo de formar um novo negócio. Embora seja possível formar

- 61 -

relacionamentos pessoais através da Internet, estes relacionamentos tendem a ser minoritários e fracos em confiança.

Aldrich & Elam (1997) sugerem as seguintes medidas para tornar os relacionamentos mais eficazes:

Reforçar as ligações directas – aspecto que incide sobre as relações fracas2 para as transformar em fortes, com vista a prevenir e a ultrapassar as dificuldades do mercado. As ligações fortes3

encorajam o desenvolvimento de confiança, previsibilidade e voz (fazer com que as reclamações sejam conhecidas e que se negocie sobre elas, mais do que silenciá-las) na rede de relacionamentos. Estes benefícios ajudam a diminuir os riscos de iniciar um negócio;

Cultivar a diversidade – a diversidade é crucial para os empreendedores. Existem duas formas de cultivá-la: usar as ligações fortes ou expandir as ligações fracas e

Planear mais sistematicamente e monitorar as ligações da rede. Uma rede eficaz envolve três passos:

Recolher a informação do contacto no repositório central pessoal (agenda, base de dados, por exemplo) e ser mais metódico para alcançar um maior número de contactos e ligações;

Criar um anel de feedback para manter a informação acessível e rever a colecção de contactos a intervalos regulares e

Incluir algo de pensamento estratégico: a rede está equilibrada? A rede tem retornado os recursos desejados? Tem de se lhe dedicar mais tempo? Quais das ligações fracas merecem maior dedicação, para passarem para as cinco a dez mais fortes?

O desenvolvimento propositado de ligações sociais actua no sentido de aumentar o conjunto de papéis sociais do empreendedor. Estes papéis combinam-se para definir a rede, enquanto a força das ligações entre o empreendedor e os outros, na rede, determina a qualidade de informação recebida (Butler & Hansen, 1991).

Filion (1990), citado por Silvestre (2003), sugere um modelo de desenvolvimento das redes em três fases:

Na fase primária de identificação de uma ideia de negócio, o padrão de contactos é grandemente baseado na família, parentes e amigos, através de relacionamentos afectivos,

2

Ligações fracas são as que ocorrem menos de duas vezes por semana e pelo menos uma vez por ano, e podem ser úteis para a obtenção do acesso a informação, recursos e oportunidades, embora os membros da rede possam não estar motivados para ajudar o empreendedor (Bloodgood, Sapienza & Carsrud, 1995, citados por Silvestre, 2003; Davidsson & Honig, 2003).

3

Ligação forte é um relacionamento social caracterizado por um elevado nível de confiança que se desenvolveu ao longo do período de tempo em que os membros da ligação interagiram frequentemente (Bloodgood, Sapienza & Carsrud, 1995, citados por Silvestre, 2003); são as ligações dentro das famílias, por exemplo, irmãos ou pais ajudando o empreendedor no início de um novo empreendimento (Davidsson & Honig, 2003).

- 62 -

intelectuais e recreativos. Filion (1990) observou que estes primeiros contactos influenciam, consideravelmente, as oportunidades que emergem a outros níveis do sistema de relações. Um empreendedor visionário prosseguirá o desenvolvimento de muitas relações secundárias e terciárias;

As relações secundárias são baseadas em conhecimentos de grupos de negócios, sociais e políticos e

Os relacionamentos terciários são muito mais focados e são seleccionados para satisfazer determinadas necessidades do negócio. O empreendedor com uma visão clara construirá relacionamentos no terceiro grupo para ajudar a realizar a sua visão. Este grupo também inclui a aquisição de competências e ideias que não envolvem necessariamente pessoas, como, por exemplo, ler um livro.

Butler & Hansen (1991) concluem que o desenvolvimento de redes sociais, incluindo amigos, família e conhecimentos de negócios, é extremamente importante para a identificação de oportunidades de negócios no estádio de pré-arranque (pre-start-up). Assim que o negócio cresce, estas redes sociais dão lugar a redes focadas no negócio (advogados, contabilistas e banqueiros), que assumem uma maior relevância para o real arranque do negócio e o seu primeiro desenvolvimento inicial. A fase final de evolução da rede é o desenvolvimento de uma rede estratégica, que liga o empreendedor aos seus concorrentes e procura reforçar a competitividade de todas as empresas na rede. Este modelo é esquematizado na Figura 12.

Figura 12: Modelo de desenvolvimento da rede.

A investigação de Davidsson & Honig (2003) mostra os diversos componentes do capital humano e do capital social no processo de empreendedorismo nascente (Figura 13).

Rede Social Rede focada no negócio Rede estratégica Fase empreendedora

Processo de identificação da oportunidade

Fase de arranque do negócio Processo de formação do negócio

Continuação do negócio Ligar a empresa a outras organizações

- 63 -

Figura 13: O capital social, o capital humano e o empreendedor nascente.

O capital social é operacionalizado pela identificação e relacionamento das redes. Sob uma perspectiva empreendedora, o capital social fornece redes que facilitam a descoberta das oportunidades e a identificação, colecção e alocação de recursos escassos. O capital social também ajuda no processo de exploração da oportunidade, através da difusão e fornecimento de informação crítica e de outros recursos essenciais. O capital social ajuda os empreendedores nascentes durante o processo de reconhecimento, expondo-os a ideias novas e diferentes. Devido ao facto de a informação ser limitada, ambos os capitais sociais (bridging4 e bonding5) melhoram o fluxo de informação (Davidsson & Honig, 2003).

O processo de exploração fornece aos empreendedores a oportunidade para conseguir recursos financeiros da rede social (de amigos, parentes), principalmente para o empreendedor nascente.