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Mitos Sobre os Empreendedores e o Empreendedorismo

Ao longo dos anos, muitos mitos têm aparecido sobre o empreendedorismo. Estes mitos são resultado de pouca investigação sobre o tema. Como muitos investigadores da área têm notado, o estudo do empreendedorismo está apenas a emergir e o “folclore” tende a prevalecer até ser dispersado com as descobertas das investigações contemporâneas. Os dez mitos mais notáveis sobre os empreendedores, com uma explicação para dissipar cada mito são apresentados a seguir, segundo Kuratko e Hodgetts (1989).

Mito 1: Os empreendedores são executores, não pensadores

Muito embora seja verdade que os empreendedores têm uma tendência para a acção, eles também são pensadores. De facto, são pessoas muito metódicas, que planeiam os seus movimentos de forma muito cuidadosa.

Mito 2: Os empreendedores nascem, não são feitos

Existe a ideia de que as características dos empreendedores não podem ser ensinadas ou aprendidas, que são traços característicos que nascem com eles e prevalecem. Estes traços incluem agressividade, iniciativa, direcção, propensão a arriscar, capacidade analítica e habilidade para as relações humanas. No entanto, o reconhecimento do empreendedorismo como disciplina está a ajudar a dissipar este mito.

Mito 3: Os empreendedores são sempre inventores

A ideia de que os empreendedores são inventores resulta de uma visão mal entendida. Apesar de muitos inventores serem também empreendedores, existem vários empreendedores que, de alguma forma, apresentam actividades inovadoras.

Mito 4: Os empreendedores são académicos e socialmente desajustados

A crença de que os empreendedores são académicos e socialmente ineficazes resulta de alguns casos de proprietários de negócios que iniciaram com sucesso uma empresa depois de abandonarem a escola ou se demitirem do emprego. De facto, historicamente, as organizações educacionais e sociais não reconheceram os empreendedores, abandonando-os como desajustados no mundo das grandes corporações. Hoje, o empreendedor é considerado um herói (social, económica e academicamente) e visto como um profissional.

Mito 5: Os empreendedores devem adequar-se a um “perfil”

Muitos livros e artigos apresentam uma série de listas com as características dos empreendedores de sucesso, mas estas listas não foram completamente validadas, sendo baseadas em casos de estudo. Hoje, a comunidade científica está ciente de que é difícil compilar um perfil padronizado dos empreendedores, pois o ambiente, o negócio e o empreendedor têm efeitos interactivos, que resultam em diferentes tipos de perfis desejáveis. Uma “perspectiva empreendedora” entre os indivíduos é mais aceite do que um perfil particular.

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Mito 6: Para ser um empreendedor, tudo o que precisa é dinheiro

É verdade que um negócio necessita de dinheiro para sobreviver. É também verdade que várias empresas falham devido à carência de financiamento adequado. Neste caso, a falha está associada a outros factores, nomeadamente, incompetência na gestão, carência de entendimento financeiro e investimento e planeamento pobres. Para os empreendedores, o dinheiro é um recurso a ser utilizado, mas nunca um fim por si próprio.

Mito 7: Sorte, é tudo o que um empreendedor precisa

Estar no lugar certo, na hora certa é sempre uma vantagem, mas a sorte aparece quando a preparação encontra a oportunidade, de forma apropriada. O que parece sorte é, na realidade, preparação, determinação, desejo, conhecimento e inovação.

Mito 8: Para os empreendedores, a ignorância é a felicidade

O mito de que planeamento e avaliação em excesso causam constantes problemas e que muita análise causa paralisação, não se adequa ao mercado altamente competitivo de hoje, que exige planeamento e preparação detalhada. Identificar as fraquezas e forças de um negócio, estabelecer calendários com plano de contingência e minimizar os problemas através de uma formulação cuidadosa da estratégia são as chaves do sucesso para os empreendimentos. Deste modo, um plano cuidadoso e não a ignorância, é a marca do empreendedor de sucesso.

Mito 9: Os empreendedores procuram sucesso, mas experienciam altas taxas de insucesso

É verdade que muitos empreendedores sofrem várias falhas antes de obterem sucesso. Eles seguem o provérbio, “se não obter sucesso no início, tente e tente novamente”. De facto, o erro ensina muita coisa aos que estão desejosos de aprender. No entanto, as estatísticas das taxas de falha dos empreendedores foram corrompidas ao longo dos anos.

Mito 10: Os empreendedores arriscam de forma extrema

O risco é um elemento importante no processo de empreendedorismo. No entanto, a percepção do público em relação ao risco assumido pela maioria dos empreendedores é distorcida. Ao invés de trabalhar com risco elevado, o empreendedor prefere o risco moderado ou calculado. A maioria dos empreendedores trabalha muito no planeamento e preparação, para minimizar os riscos envolvidos, a fim de controlar melhor o destino das suas visões.

Um estudo levado a cabo por Roure (citado por Birley e Muzyka, 2000), mostra que, enquanto alguns empreendedores na Europa estão a prosperar, a ideia das empresas empreendedoras, em geral, necessita ser revista. A amostra da investigação foi limitada às médias empresas, com menos de 500 funcionários. Teve início em 1989 e estendeu-se até 1994 (ano final do estudo). Em todas as empresas, o(s) empreendedor(es) detém uma significante percentagem da posse. O

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estudo permitiu desmistificar algumas das ideias feitas acerca do empreendedorismo, nomeadamente:

Mito 1: As pequenas e médias empresas (PME) são as criadoras dos empregos

Realidade: Somente um determinado tipo de PME (as “empresas dinâmicas e empreendedoras”) são altamente criadoras de emprego.

Mito 2: As novas empresas são a fonte fundamental de crescimento de empregos Realidade: Elevado crescimento de emprego é produzido tanto pelas novas, como pelas velhas empresas.

Mito 3: As empresas em crescimento vêm de sectores novos e de elevado crescimento Realidade: As empresas dinâmicas vêm de todos os sectores da economia.

Mito 4: Os empreendedores das empresas em crescimento são jovens e altamente educados

Realidade: Os empreendedores dinâmicos são de todas as idades e de todos os níveis educacionais.

Mito 5: As empresas em crescimento são desenvolvidas por um empreendedor energético e auto-suficiente

Realidade: As empresas dinâmicas são construídas por equipas ou por um parceiro dos empreendedores, com uma abordagem profissional da gestão.

Mito 6: As empresas em crescimento têm como alvo os grandes mercados e os mercados em crescimento

Realidade: As empresas dinâmicas têm como alvo segmentos de mercado onde podem ser líderes ou concorrentes fortes.

Mito 7: As empresas em crescimento têm como alvo, principalmente, os mercados domésticos onde podem dominar

Realidade: As empresas dinâmicas têm como objectivo exportar parte significativa das suas vendas para os mercados onde podem aprender e crescer.

Mito 8: As empresas em crescimento, que atingem o sucesso, usam estratégias de baixo custo para competirem

Realidade: As empresas dinâmicas competem com produtos de elevada qualidade e serviços superiores.

Mito 9: As empresas em crescimento, que alcançam o sucesso, fiam-se, primariamente, em tecnologias únicas

Realidade: As empresas dinâmicas fiam-se, primariamente, nas pessoas que recrutam, treinam e desenvolvem de forma cuidadosa.

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Mito 10: As empresas em crescimento usam fontes sofisticadas de financiamento Realidade: As empresas dinâmicas são predominantemente auto-financiadas com recurso a empréstimos bancários.

Em conclusão, os empreendedores dinâmicos continuam a ter um profundo impacto na riqueza e criação de empregos na Europa. O estudo sobre os empreendedores está apenas num estágio inicial, mas os resultados já alcançados desafiam muitos mitos sobre o empreendedorismo, desenvolvidos ao longo dos anos.