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Inovação e empreendedorismo têm sido duas das palavras mais usadas nos últimos anos. E as duas últimas décadas têm sido de mudança e inovação em todas as áreas – negócios internacionais, política, economia e tecnologia. A área mais inovadora é a própria gestão – com conceitos como “outsourcing” e “downsizing”, análise dos valores económicos, reengenharia, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento avassalando o mundo da gestão. Diante destas mudanças rápidas, a única forma de fazer um negócio prosperar, ou mesmo sobreviver, é inovar. É a única forma de converter a mudança em oportunidade. Drucker (1994) afirma que a inovação deve ser uma actividade organizada e sistemática.

Aldrich & Zimmer (1986) estão entre os primeiros autores a examinar as ligações entre os componentes chave do processo de inovação e o empreendedorismo. Estes autores sublinham que os empreendedores devem estabelecer ligações entre os recursos e os nichos, configurando uma estrutura de oportunidade e interrogando-se até que ponto terão sido afectados pelas relações com os agentes socializadores que os motivam.

Para Drucker (1994), inovação é a ferramenta específica dos empreendedores, é a forma como eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente. A

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inovação é apresentada como uma disciplina, capaz de ser aprendida e praticada. Os empreendedores necessitam procurar, intencionalmente, fontes de inovação, pelas mudanças e seus sintomas, que indicam oportunidades para a inovação com sucesso. Eles precisam de conhecer e aplicar os princípios da inovação bem sucedida.

A inovação empreendedora baseia-se num processo gerador de aprendizagem, que visa o desenvolvimento de novas estruturas de conhecimento, envolvidas num produto ou processo inovador. Este tipo de aprendizagem é o resultado de um processo colectivo, que está sob o controlo parcial do empreendedor (Ravasi & Turati, 2005).

Existe uma grande urgência na inovação nos últimos anos, pois esta é necessária para diferenciar a oferta, encontrar espaços não ocupados no mercado e manter-se à frente dos concorrentes. Sendo a inovação a regra principal do sucesso de um negócio, as organizações estão a esforçar-se para encontrar formas de conseguir inovar de forma mais efectiva. À medida que se progride na era da informação e do conhecimento, aumenta cada vez mais a proporção de orçamento voltada para a inovação. Fazer com que este dinheiro gasto em inovação valha a pena, torna-se a chave de uma liderança efectiva (Pinchot e Pellman, 1999).

Geralmente, os líderes que iniciam um negócio inovador direccionam a maior parte da sua energia para a criatividade. Mas, se as boas ideias contribuem para a inovação, a parte central do processo de inovação está na capacidade do sistema para implementar essas ideias de forma rápida e com um custo efectivo. A implementação requer empreendedores capazes de transformar o conceptual em real (Pinchot e Pellman, 1999).

Os fundamentos de uma inovação efectiva estão, nomeadamente, em fornecer uma visão que guie a energia empreendedora da organização e em conseguir que os empreendedores alcancem essa visão. Focar e libertar o espírito empreendedor, nem que seja de uma parte da empresa, resulta num aumento da inovação. O sucesso da inovação depende da aprendizagem rápida e da resposta rápida ao que está sendo aprendido (Pinchot e Pellman, 1999).

Para Drucker (1994, 28), “a inovação não tem de ser técnica, sem dúvida, não tem de ser uma “coisa” de modo geral. Poucas inovações técnicas podem competir em termos de impacto com as inovações sociais. As inovações sociais foram muito mais críticas do que as técnicas (locomotivas ou o telégrafo) e, em termos de desenvolvimento, como as escolas e universidades, elas foram muito mais difíceis de ser alcançadas, quando comparadas com as locomotivas e telégrafos. A tecnologia pode ser importada a custo baixo e sob pouco risco cultural, já as instituições, pelo contrário, necessitam de raízes culturais para crescerem e prosperarem. Deste modo, a inovação é um termo económico ou social, ao invés de ser um termo tecnológico. A inovação sistemática consiste na procura organizada das mudanças e na análise sistemática das oportunidades; tais mudanças oferecem inovação económica e social”.

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Para Drucker (1994), a inovação sistemática significa monitorar sete fontes de oportunidades inovadoras. As primeiras quatro fontes de oportunidades dizem respeito à empresa (negócio, instituição de serviço público, indústria ou serviços), são visíveis para as pessoas dentro da empresa e são indicadores fiáveis das mudanças que aconteceram ou podem acontecer, empregando-se pouco esforço. Estas quatro fontes são:

O inesperado – o sucesso inesperado, a falha inesperada, o evento externo inesperado;

A incompatibilidade – entre a realidade como ela é e a realidade como é assumida ou como se desejava que fosse;

Inovação baseada na necessidade do processo e

Mudanças na estrutura da indústria ou na estrutura do mercado, que alcançam todos desprevenidos.

O segundo conjunto de fontes de oportunidades de inovação envolve mudanças fora da empresa, nomeadamente:

Demográficas (mudanças na população); Mudanças na percepção e no humor e

Novo conhecimento, científico e não científico.

As sete fontes exigem análise separada, já que cada uma tem as suas características distintas e nenhuma área é considerada mais importante ou mais produtiva do que as outras (Drucker, 1994). Na visão de Drucker (1994), os requisitos necessários para o conhecimento baseado na inovação diferem dos requisitos de qualquer outro tipo de inovação. Estes requisitos são:

Em primeiro lugar, o conhecimento baseado na inovação requer uma análise cuidadosa de todos os factores sociais, económicos e do próprio conhecimento. Esta análise deve identificar quais os factores que ainda não estão disponíveis;

Focalização clara na posição estratégica. O facto de a introdução da inovação criar excitação e atrair muitos outros, significa que o inovador tem que conseguir introduzi-la à primeira, pois é improvável que consiga uma segunda oportunidade. Nos outros tipos de inovação, o inovador que for bem sucedido na sua inovação permanece sozinho nesta posição por algum tempo; Finalmente, a inovação baseada no conhecimento – especialmente quando baseada em

conhecimento científico e tecnológico – necessita aprender e praticar a gestão empreendedora. De facto, a gestão empreendedora é mais crucial na inovação baseada no conhecimento do que em qualquer outro tipo de inovação; os seus riscos são elevados e, como consequência, enfatiza muito mais a necessidade de previsão financeira e de gestão.

A inovação baseada numa ideia clara supera todos os outros tipos de inovação. As ideias claras são as fontes de oportunidades inovadoras mais arriscadas e as que proporcionam menos sucesso, pois ninguém sabe que ideia tem possibilidade de obter sucesso ou falha (Drucker, 1994).

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A inovação, segundo Pinchot e Pellman (1999), funciona melhor quando as cinco regras (ideia, condições motivadoras, empreendedor, patrocinadores e equipa empreendedora), apresentadas na Figura 11, são bem executadas. Mas, ter boas ideias não basta, o importante é que as boas ideias capturem o entusiasmo e a atenção do empreendedor, pois é o empreendedor que torna a ideia numa realidade dentro da organização. Ele pode ser, ou não, a pessoa que criou a ideia, mas ele é o sonhador que a realiza.

A equipa empreendedora é o grupo que permanece no projecto desde o seu início até à sua comercialização ou implementação. A qualidade da equipa vem dos atributos individuais de cada um e do relacionamento que os componentes mantêm entre si; também vem da forma como cada um entende as fraquezas e forças dos outros e da forma como trabalham juntos, no sentido de reforçar as suas forças e superar as suas fraquezas.

O patrocinador suporta as ideias das pessoas, protegendo-as do sistema imunitário corporativo e ajudando as equipas a conseguir os recursos necessários.

No mundo de hoje, é necessário mais que um “climate maker” para criar um ambiente que atraia os empreendedores e patrocinadores. Exige-se uma crença elevada na inovação e uma determinação sincera para mantê-la viva.

Figura 11: As cinco regras cruciais na inovação.