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Desenvolvimento econômico

No documento BRUNA ROBERTA RIBEIRO BRUM (páginas 28-33)

2.1 Desenvolvimento

2.1.2 Desenvolvimento econômico

Nos dias atuais, o desenvolvimento econômico e seus conceitos são de alta

complexidade, particularmente quando o objetivo é a determinação dos fatores que os geraram

e motivaram. Levando em consideração todas as variáveis econômicas existentes com uma

ótica macroeconômica das localidades e das regiões, o estudo torna-se ainda mais complexo.

(VIEIRA, 2017)

Baseando-se na literatura proposta por Oliveira (2002) percebe-se que há divergências

de conceituação e de compreensão do que seja desenvolvimento territorial, desenvolvimento

humano e desenvolvimento ambiental em relação ao desenvolvimento econômico. Embora os

temas se confundam, é importante diferenciá-los para se alcançar um nível cognitivo adequado

sobre o que de fato engloba o real significado desses termos.

Dentro das diversas concepções existentes sobre o que significa ou representa o

desenvolvimento econômico, Reis (2018) coloca como definição desse tema a busca pelo

bem-estar geral da população. Mede-se a elevação do bem-bem-estar geral com indicadores quantitativos

e qualitativos da economia como, por exemplo, o PIB e a melhoria contínua da qualidade de

vida da população em geral (expectativa de vida ou distribuição de renda, por exemplo). Na

busca por mostrar a diferença entre o crescimento econômico e o desenvolvimento econômico,

fica claro nas colocações do autor que o desenvolvimento econômico é mais amplo e complexo

que o crescimento econômico que, por sua vez, está inserido no desenvolvimento econômico.

Com isso, nem sempre o crescimento econômico ocorre junto com o desenvolvimento

econômico.

Uma primeira corrente teórica é o Keynesianismo. Essa corrente defende que o Estado

deve atuar diretamente induzindo o crescimento econômico. Ela defende a atuação direta do

Estado, com políticas anticíclicas em momentos de crise. Um bom exemplo seria a elevação da

demanda agregada para frear o desemprego e a inflação (REIS, 2018).

Outro modelo é o formulado por Perroux. Segundo este, a indústria é a peça chave e

fundamental não só para o crescimento, como também para o desenvolvimento econômico. O

modelo engloba a mão-de-obra, estimula o investimento em máquinas e equipamentos, assim

como cria aglomerados industrias. Esse modelo é baseado na geração de emprego que, por sua

vez, estimula a renda e contribui para o bem-estar daquela sociedade impactada no crescimento

e no desenvolvimento econômico (VIEIRA, 2017).

Ainda que o desenvolvimento econômico puramente não seja o suficiente para a

erradicação da pobreza, aquele é necessário para que esta seja, minimamente, acompanhada,

controlada e, possivelmente, superada. Desta forma, pode-se, de fato, falar em um

desenvolvimento que ocorra em todos os sentidos (OLIVEIRA, 2002, p. 41).

De um lado o grau de intervenção do governo na economia, como o grau total é utópico,

ele não existe, cada economia adota certo grau de intervenção do governo. O que se discute é

se uma economia tem mais intervenção ou menos intervenção. Existe o liberalismo laissezfaire.

“Liberalismo entende-se uma determinada concepção de Estado, na qual o Estado tem poderes

e funções limitadas, e como tal se contrapõe tanto ao Estado absoluto quanto ao Estado que

hoje chamamos de social.” (BOBBIO, 2005, p.08). O que diferencia o neoliberalismo é a

adoção de novas práticas de desregulamentação econômica. Focando para os dias atuais em

contraposição a adoção de medidas estatizantes.

Quando o desenvolvimento é abordado, independe de sua vertente, o conceito do

desenvolvimento sustentável emerge junto com o conceito de desenvolvimento econômico.

Para Sachs (2004), o estudo do desenvolvimento econômico deve ser revisado, mas não se deve

deixar de levar em consideração a sua ligação com a sustentabilidade. Para ele, os conceitos de

desenvolvimento econômico, social e ambiental estão diretamente conectados.

Para Vieira (2017), o termo desenvolvimento econômico nos leva a várias

interpretações, devido ao pensamento das diversas escolas existentes. Na visão dele, o

desenvolvimento econômico está diretamente ligado à elevação da renda nacional - medida no

longo prazo - e, também, ao aumento da renda per capita - medido em certo período de tempo.

O desenvolvimento econômico pode, ainda, estar ligado à medição do Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) que considera o crescimento de renda de uma Nação em

relação ao bem-estar social.

O IDH é um indicador que se baseia nos parâmetros de saúde, educação e renda, para

avaliar o desenvolvimento de um país. Ele avalia o estado de desenvolvimento de uma

determinada população. O IDH é medido pela renda, que é associado ao crescimento

econômico, a segunda, é a expectativa de vida, que é impactado pela renda e a terceira é a

escolaridade, também impulsionado pelo crescimento econômico. O crescimento econômico é

a base para a promoção do desenvolvimento econômico. Identidade macroeconômica, onde o

produto agregado equivale à demanda agregada que também equivale a renda agregada. Para

que se obtenha o IDH é necessário promover inicialmente o crescimento econômico

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Abordar o desenvolvimento econômico está diretamente relacionado a abordar o IDH

que, segundo Veiga (2005), representa o início, o ponto de partida para ir em busca da medição

do índice de desenvolvimento econômico. Ele nos leva para a reflexão, quando aponta sobre a

complexidade e a amplitude desse tema e fica ainda mais complexo ao se misturar a outros

índices de medição. Com esse viés, ele aponta que o IDH, não necessariamente, seja uma

medida complacente, pois não possui tudo o que se pode medir de “desenvolvimentos”, como

por exemplo, o respeito com outras pessoas da sociedade (VEIGA, 2005).

Os estudos revelam que o desenvolvimento e o crescimento econômico representam a

união de diversas teorias existentes e adaptáveis a sua época. Mesmo em se tratando de vários

anos de estudos acumulados, nos dias atuais, essas teorias convergem no que diz respeito à

importância da harmonização entre a existência do homem e da natureza, bem como a

priorização do desenvolvimento sustentável, com o pensamento na geração de hoje e nas

gerações futuras (VIEIRA, 2007).

A produção geral de bens e serviços de um país é medida por intermédio de um

instrumento denominado Produto Interno Bruto (PIB). No cômputo da produção total são

descontados os gastos com insumos utilizados no processo produtivo durante o exercício

econômico. Essa produção é obtida por intermédio da soma do total do valor adicionado bruto

gerado por todas as atividades econômicas do país que abrangem os setores agropecuário

(agricultura, extração vegetal e pecuário), industrial (extração mineral, transformação, serviços

industriais de utilidade pública e construção civil) e serviços (comércio, transporte,

comunicação, serviços da administração pública e outros serviços) (RIBEIRO, FRANCIELLE

et al. 2010).

O PIB é mensurado pelo IBGE de acordo com a metodologia proposta pela Organização

das Nações Unidas (ONU), levando em consideração levantamentos e sistematizações de

informações primárias e secundárias necessárias.

O PIB do Brasil em 2018, por exemplo, foi de R$ 6,8 trilhões. No último trimestre

divulgado (1º trimestre de 2019), o valor foi de R$ 1.713,6 bilhões. A tabela 1 mostra o PIB

dos estados brasileiros (IBGE, 2019).

ESTADO (em milhões R$) PIB em 2016 Acre 13.751 Alagoas 49.456 Amapá 14.339 Amazonas 89.017 Bahia 258.649 Ceará 138.379 Distrito Federal 235.497 Espírito Santo 109.227 Goiás 181.692 Maranhão 85.286 Mato Grosso 123.834

Mato Grosso do Sul 91.866

Minas Gerais 544.634 Paraná 401.662 Paraíba 59.089 Pará 138.068 Pernambuco 167.290 Piauí 41.406 Rio de Janeiro 640.186

Rio Grande do Norte 59.661

Rio Grande do Sul 408.645

Rondônia 39.451

Roraima 11.011

Santa Catarina 256.661

Sergipe 38.867

Tocantins 31.576 Tabela 1 – PIB por Estado – Fonte: IBGE

O PIB realiza a mensuração de tão somente os bens e serviços finais para evitar dupla

contagem. Por exemplo, se um país produz R$100 de trigo, R$200 de farinha de trigo e R$300

de pão, seu PIB será de R$300, tendo em vista que os valores da farinha e do trigo estão

embutidos no valor do pão (IBGE, 2019).

Os bens e serviços finais que compõem o PIB são medidos ao preço em que chegam ao

consumidor. Sendo assim, consideram também os impostos que incidem sobre os

produtos/serviços comercializados (IBGE, 2019).

Todavia, o PIB não pode ser considerado como o total de riqueza existente no país. Esse

é um erro de avaliação muito comum, pois dá a sensação de que o PIB seria um estoque de

valor existente na economia, funcionando como uma forma de tesouro nacional.

Entretanto, o PIB é, na verdade, um indicador de fluxo de novos bens e serviços finais

produzidos durante um determinado período de tempo. Se um país não produzir nada em um

ano, seu PIB será nulo (IBGE, 2019).

2.1.2.1 Cálculo do PIB

Para o cálculo do PIB são utilizados diversos dados, alguns produzidos pelo IBGE e

outros obtidos de fontes externas. Essas são algumas das peças que compõem o quebra-cabeças

do PIB:

 Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) – IBGE

 Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) – FGV

 Balanço de Pagamentos (Banco Central)

 Pesquisa Anual do Comércio (PAC) – IBGE

 Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) – IBGE

 Pesquisa Anual de Serviços (PAS) – IBGE

 Pesquisa Industrial Anual (PIA) – IBGE

 Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) – IBGE

 Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) – IBGE

 Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – IBGE

 Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) – Receita

Federal (IBGE, 2019)

2.1.2.2 Análises feitas a partir do PIB

A partir do desempenho do PIB, pode-se fazer várias análises, como:

 Traçar a evolução do PIB no tempo, comparando seu desempenho ano a ano;

 Fazer comparações internacionais do tamanho das economias dos diversos países;

 Analisar o PIB per capita (divisão do PIB pelo número de habitantes) – que mede quanto

do PIB caberia a cada indivíduo de um país se todos recebessem partes iguais

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O PIB é, contudo, apenas um indicador síntese de uma economia. Ele ajuda a

compreender um país, mas não expressa importantes fatores como distribuição de renda,

qualidade de vida, educação e saúde. Um país pode ter um PIB baixo, como a Islândia, e ter um

altíssimo padrão de vida. Ou, como no caso da Índia, um PIB alto e um padrão de vida

relativamente baixo (IBGE, 2019).

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