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DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DOS ADVENTISTAS (1848-1863) A maioria dos primeiros adventistas era contrária a qualquer tipo de organização

1 TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA

1.4 DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DOS ADVENTISTAS (1848-1863) A maioria dos primeiros adventistas era contrária a qualquer tipo de organização

eclesiástica acima do nível congregacional (KNIGHT, 2000, p. 49). Somente após quase 20 anos o conflito sobre a organização eclesiástica foi resolvido entre os adventistas sabatistas. Depois de chegar a um consenso sobre o conjunto base de crenças por volta de 1848, os adventistas sabatistas viam-se na responsabilidade de partilhá-las com os crentes incertos sobre o outubro de 1844. Os sabatistas adotaram uma abordagem evangelística notadamente milerita para espalhar suas crenças: organizaram uma série de conferências para transmitir suas doutrinas. ―Devemos considerar essas conferências semi-informais como o primeiro passo organizacional no desenvolvimento do adventismo do sétimo dia.‖ (KNIGHT, 2000, p. 50).

José Bates e o casal White atuaram destacadamente na liderança das primeiras conferências (KNIGHT, 2000, p. 52). A ação inicial na missão mundial dos adventistas sabatistas foi atingir os ―confusos mileritas‖ nos anos finais da década de 1840 (KNIGHT, 2000, p. 53).

Em novembro de 1850 dois dos principais periódicos adventistas da época se fundiram: o Present Truth com a Advent Review se transformaram na The Second Advent

Review and Sabbath Herald (Revista do Segundo Advento e Arauto do Sábado), atualmente

conhecida como Adventist Review (Revista Adventista, em inglês). Por muito tempo a Review

and Herald, como era chamada, foi, se refere Knight (2000, p. 56), a ―Igreja‖ da maioria dos

sabatistas, visto que eles não possuíam templo nem pregador regular. O contato com a Review possibilitava que os adventistas dispersos tivessem notícias de correligionários e acesso a sermões. Por sua vez, em 1852, Tiago White iniciou a publicação do Youth‟s Instructor (Instrutor da Juventude) para os jovens da Igreja. Na sequência, foram estabelecidas as primeiras escolas sabatinas e, por meio do Instructor, publicadas lições bíblicas. Em 1855, os sabatistas abriram sua primeira editora, em Battle Creek, no estado de Michigan. A posse de

uma empresa gráfica, completa Knight, forçou os adventistas sabatistas a organizar uma estrutura formal e legal.

Mediante o largo alcance das conferências e publicações voltadas ao público milerita, os adventistas aumentaram rapidamente seu número de adeptos. Uma estimativa ―que parece bastante precisa‖ mostra que o número de crentes subiu de 200, em 1850, para dois mil, em 1852 (KNIGHT, 2000, p. 57). A partir da supracitada data, surgiram alguns problemas que cobravam uma organização. Os adventistas não tinham meios para credenciar ministros, e, dessa forma, as congregações espalhadas ficavam à mercê de qualquer pregador errante que dizia ser ministro sabatista; não possuíam meios e provisões para efetuarem ordenações ministeriais; não havia como sustentar os ministros, já que não estipularam nenhuma forma de arrecadação sistemática; não dispunham de uma organização legal para a conservação de propriedades. Mudanças ocorreram aos poucos, quando algumas congregações, no início da década de 1850, ordenaram diáconos para celebrações diversas. Em 1853, Bates e o casal White expediram carteiras de identificação assinadas para pregadores na busca de evitar fraudes (KNIGHT, 2000, p. 57-58). A elaboração de um plano de dízimos e ofertas entre os membros, à época, ―permitiu a profissionalização de grande número de pastores em tempo exclusivo.‖ (OLIVEIRA FILHO, 2004, p. 164).

Os líderes denominacionais convocaram uma ―‗associação geral‘ dos sabatistas‖ (KNIGHT, 2000, p. 62) entre 28 de setembro e 1º de outubro de 1860. Mesmo com o ―clima acalorado dos argumentos‖ contrários, os presentes decidiram registrar a editora dos sabatistas como pessoa jurídica, com o nome ―adventistas do sétimo dia‖, por julgaram ser o que melhor representava as crenças da denominação que se formava. A Associação Publicadora dos Adventistas do Sétimo Dia foi registrada em 3 de maio de 1861, no estado do Michigan. Em outubro do mesmo ano fundava-se a Associação dos Adventistas do Sétimo Dia do Michigan, com a presidência do leigo William A. Higley. No ano seguinte, organizaram-se mais sete Associações locais: Iowa Sul, Iowa Norte, Vermont, Illinois, Wisconsin, Minnesota e Nova York.

Os representantes das associações locais organizaram, por sua vez, em maio de 1863, em Battle Creek, a Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, com John Byington como o primeiro presidente. Assim, ―a recém-formada Igreja Adventista do Sétimo Dia possuía aproximadamente 3.500 membros e cerca de 30 ministros.‖ (KNIGHT, 2000, p. 63). Sobre a organização inicial da Igreja Adventista, Lima (2013a, p. 11-12) expressa que:

Os adventistas não foram peculiares apenas em sua teologia, mas também no seu modelo organizacional. A estrutura escolhida era simples: três níveis administrativos – Igreja local, associações estaduais e sede mundial, escritório que tinha três funcionários e recebia reuniões anuais. O modelo era singular, porque misturava elementos episcopais (figura do bispo em paralelo com a do presidente de associação), congregacionais (a autoridade da assembleia de crentes) e presbiterianos (comissões e sistema de representação). É provável que essa mistura tenha sido mais acidental do que proposital. Os pioneiros buscavam um modelo que atendesse melhor as necessidades de uma Igreja que começava. Não sistematizaram uma eclesiologia bíblica, apesar de partirem de pressupostos inspirados, como a mordomia individual.

No tocante ao trabalho missionário, aos poucos, a mentalidade da ―porta fechada‖ altera-se. Ellen G. White, por exemplo, reviu seu ponto de vista sobre no início da década de 1850. Em 1852, seu esposo, Tiago, alterou sua perspectiva evangelística para uma abordagem de ―porta aberta‖ (KNIGHT, 2000, p. 63-64).

Por volta do início da década de 1850, as principais peças estavam no lugar. O erro quanto à missão foi útil no sentido de conceder aos sabatistas tempo para construírem tanto a base doutrinária quanto a base populacional em direção ao próximo passo em seu programa missionário. Perto do fim da década de 1850 a denominação em vias de desenvolvimento também havia formado uma base editorial, financeira e organizacional de onde lançaria sua missão. Mas seus membros ainda não estavam prontos para agir. (KNIGHT, 2000, p. 65).

Os adventistas ainda recuavam perante o evangelismo mundial (KNIGHT, 2000, p. 65). Isso se justifica pela pequena quantidade de membros e limitados recursos financeiros. Alguns sabatistas acreditavam que os mileritas já tinham transmitido a primeira mensagem angélica a todo mundo por conta da distribuição de literatura ao redor do planeta. Outros seguiam o argumento de Urias Smith, editor da Review (KNIGHT, 2000, p. 66). Ele disse, inspirado em Guilherme Miller, que, visto que os Estados Unidos aglutinava pessoas de várias nações, ao se pregar para um representante de cada nacionalidade que se encontrava no país, cumpria-se a missão de Apocalipse 10:11 de proclamar a mensagem do advento para toda a Terra. Para Knight, por mais que a postura da ―porta fechada‖ se alterasse, os adventistas sabatistas se portavam como ―missionários relutantes‖, cenário que se alteraria consideravelmente próximo ao fim do século XIX.

1.5 CONSOLIDAÇÃO DO ESTILO DE VIDA E DE INSTITUIÇÕES ADVENTISTAS

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