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Desenvolvimento Profissional – Estudo de Investigação “Treino Funcional para desenvolver a condição física”

4. Realização da Prática Profissional

4.3. Desenvolvimento Profissional – Estudo de Investigação “Treino Funcional para desenvolver a condição física”

4.3.1. Resumo

A realização deste estudo emerge da intenção de oferecer aos alunos uma metodologia alternativa de desenvolvimento da condição física nas aulas de educação física, como forma de motivar os alunos para este trabalho. Além disso, teve ainda como propósito melhorar a própria condição física dos alunos, assim como perceber se a utilização desta metodologia de forma organizada traduz-se em resultados efetivos. Num confronto entre esta nova forma de trabalho e as metodologias utilizadas anteriormente, procurou-se perceber quais as diferenças ao nível da motivação, entre as respetivas formas de exercício. A falta de afinidade dos alunos para com a disciplina foi o fator principal para a apresentação deste desafio.

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O propósito deste estudo estende-se sobre o efeito da aplicação de circuitos de treino funcional específicos para cada modalidade de forma regular, na condição física de alunos do ensino secundário. A amostra foi composta por 13 alunos do 10º ano.

Para este estudo os objetivos específicos foram: averiguar o efeito da aplicação de circuitos de treino funcional durante 11 semanas na condição física dos alunos do 10º ano; averiguar a motivação dos alunos do 10º ano para o trabalho de condição física, através do método de treino “convencional” e do método de treino funcional.

A bateria de testes utilizada para levar a cabo as respetivas avaliações da condição física dos alunos foi a “FITSCHOOL”. Relativamente ao tratamento estatístico recorreu-se ao programa Statistical Package for the Social Sciences – Versão 23.0 (SPSS Statistics 23.0). O nível de significância adotado foi fixado em α=0.05 (intervalo de confiança de 95%). A estatística descritiva foi determinada recorrendo à média como medida de tendência central e ao desvio padrão como medida de dispersão. Relativamente à estatística inferencial utilizámos o Wilcoxon test para a comparação de medidas repetidas (cada um dos momentos de avaliação).

Relativamente ao desenvolvimento da condição física concluímos que a implementação de um programa estruturado de treino funcional nas aulas de educação física, traduz-se em melhorias significativas. Concluiu-se ainda que não existiram diferenças ao nível da motivação intrínseca e extrínseca, em ambos os métodos (convecional vs funcional).

4.3.2. Revisão da Literatura

A temática da prática de atividade física tem sido amplamente abordada em reflexões, téses e estudos ao longo dos anos (por exemplo por Caspersen et al., 1985). As divisões deste tema variam de acordo com: o rendimento desportivo (Araújo, 2002), os benefícios para a saúde (Silva & Junior, 2011), os diferentes contextos como escola, treino, etc. (Zenha et al., 2009), as faixas

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etárias (Matsudo et. al, 2002), entre outras. O que é certo, é que de uma forma ou de outra podemos verificar que a promoção da atividade física é importante e esta deve ser estimulada e desenvolvida ao longo de toda a vida do ser humano (Matsudo, 2009).

Muitas estratégias foram surgindo no sentido de incutir o gosto pela prática desde tenra idade, e coloca-se a questão acerca dos resultados da implementação destas estratégias (Garganta & Santos, 2015). Segundo o Eurobarómetro (2014), 42% dos cidadãos da União Europeia praticam atividade física pelo menos uma vez por semana, valor que cresceu 3% desde 2009. Na mesma fonte concluiu-se que em Portugal 64% da população respondeu “nunca” à questão “Com que frequência pratica atividade física ou desportiva?”. São números alarmantes e que não apresentam uma curva decrescente que seria de esperar com o aumento do conhecimento acerca dos benefícios que esta prática apresenta. Segundo a mesma fonte, em Portugal, as duas principais razões para não se praticar atividade física são:

 Falta de tempo para dedicar à atividade física;

 Falta de motivação ou interesse para a prática de atividade física. Garganta & Santos (2015) questionam os resultados efetivos das estratégias que têm sido implementadas, perante os objetivos a que estas se propõem. Quer numa fase adulta, partindo dos dados fornecidos pelo Eurobarómetro (2014), quer nas escolas onde a maioria dos alunos apenas praticam atividade física por serem obrigados (Garganta & Santos, 2015). Se as estratégias propostas por métodos como o programa FITNESSGRAM não têm resultado então é necessário repensar e mudar. As novas estratégias devem contrapor os argumentos apresentados para a inatividade física apontados pelo Eurobarómetro (2014). Algo que não seja demoroso, que motive e suscite interesse. Certamente não iremos encontrar a solução de imediato, mas sim um modelo que deverá aperfeiçoar-se ao longo dos anos perante o conhecimento científico que se irá adquirindo, assim como dos feedbacks por parte da sociedade.

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O Treino Funcional define-se como uma gama de exercícios, baseados nos padrões de movimento, que melhorem o desempenho físico e sirvam de suporto a uma conjunto de tarefas do quotidiano ou de habilidades/técnicas desportivas (Garganta & Santos, 2015). Na área da fisioterapia os especialistas recorriam aos movimentos do quotidiano para o processo de reabilitação motora dos pacientes (Corezola, 2015).Esta metodologia tem vindo a ganhar outra dimensão nos anos que correm, no entanto a sua origem remonta a 7000 anos A.C., segundo Check citado por Garganta & Santos (2015).

Treino Convencional versus Treino Funcional

Segundo Garganta & Santos (2015) é na Roma Antiga e Grécia que se registam treinos com o objetivo de melhorar as capacidades físicas do indivíduo utilizando cargas adicionais, como é o exemplo de troncos e pedras, aliadas ao peso do corpo. Nos anos 50 surgem os primeiros discos e halteres, aparecendo as máquinas de musculação mais tarde. Estes instrumentos procuravam isolar cada um dos músculos e fornecer ao mesmo um estímulo maior (Arthur Jones cit. por Garganta & Santos, 2015).

Tudo varia em função daquilo que se pretende. O adjetivo “funcional” refere-se à eficiência com que se realiza uma tarefa, seja ela qual for (Corezola, 2015). O exercício de supino poderá ser funcional para um halterofilista, mas poderá não o ser para um maratonista. Partindo deste pressuposto, o que torna um determinado exercício numa tarefa dita “funcional”? Se o nosso objetivo é treinar a potência e a força, sabe-se que estas se manifestam de formas diferentes de acordo com cada desporto. O objetivo do treino funcional segundo D’Elia citado por Corezola (2015), trata-se de recorrer a um programa de treino, individual e específico, de desenvolvimento da capacidade funcional do sujeito, utilizando tarefas que se relacionem com a atividade realizada pelo indivíduo, transferindo de forma positiva os efeitos ganhos para o seu quotidiano. Assim sendo, a funcionalidade não dependerá exclusivamente da sua multidimensionalidade, mas também da sua integração, variação da força e do contexto onde cada ação motor se desenvolve (desporto, nível de fadiga, fatores mentais, etc.), segundo Garganta & Santos (2015). Segundo os mesmos

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autores, a arquitetura do corpo humana está projetada para se mover numa variedade de planos, enquanto este tipo de instrumento estão concebidos para estimular os músculos em um dos três planos de movimento. Perante esta informação começa a renascer uma nova abordagem mais abrangente, o “Treino Funcional”. Esta metodologia não é recente, no entanto, a sua versão mais atual surge como forma de reabilitação física, passando a ser utilizado no treino desportivo, como forma de aproximar o treino àquilo que são as exigências reais da modalidade (Gargante & Santos, 2015). Atualmente este método estende-se ainda ao âmbito do exercício para a saúde.

Em termos metodológicos, as principais características e benefícios do treino funcional apresentadas D’Elia & D’Elia (2005) citados por Garganta & Santos (2015) são:

 Utilização de atividades representativas do quotidiano;  Utilização de movimentos primários;

 Movimentos realizados em cadeias cinéticas (ação multiplanar);  Utilização controlada de momentos de instabilidade que promovem uma reação;

 Desenvolvimento da consciência corporal e postural dinâmica que promove a qualidade do movimento.

Segundo Boyle, citado por Corezola (2015), um programa de treino bem sucedido deve cumprir os seguintes passos:

1. Exercícios básicos: iniciar as progressões pelos exercícios mais