• Nenhum resultado encontrado

1. REVISÃO DA LITERATURA

1.5. O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO

1.5.2. DESENVOLVIMENTO SOCIO-AFETIVO

A sociedade apresenta-se cheia de regras e normas de funcionamento que devem ser seguidas por todos os seus membros, para que consigam atingir seus objetivos (Corrêa & Massaud, 2004; Oliveira G. C., 2008; Reverdito & Scaglia, 2009). Estas normas trazem às crianças conhecimento sobre respeito às regras e às normas impostas para um bom convívio em sociedade, o que será de grande importância em seu desenvolvimento social-afetivo (Antunes, 2006b; Souza & Loch, 2008; Corrêa & Massaud, 2004).

Através da prática de exercícios (jogos, esportes, lutas...), a criança aprende e se desenvolve integralmente (Antunes, 1937; Gallardo, 2009; Murcia, 2005; Reverdito & Scaglia, 2009; Queiroz, 2006). Esta prática se torna especialmente importante por estar presente em todas as fases de seu desenvolvimento, incentivando a formação de sua personalidade e na tomada de decisões (Murcia, 2005; Oliveira G. C., 2008). Valorizar o que é mais importante ou o que é menos importante, o que é melhor para o participante e/ou para o grupo, noção do certo ou errado, são alguns dos valores que as crianças aprendem durante a execução de atividades individuais e/ou em grupo (Antunes, 2006b; Murcia, 2005; Reverdito & Scaglia, 2009).

O profissional que trabalha com crianças deve estar pronto para proporcionar vivências com momentos de reflexão, para que as mesmas possam adquirir sua criticidade e formação de valores (Murcia, 2005; Reverdito & Scaglia, 2009; Queiroz, 2006). Devemos estar conscientes que estas vivências não acontecem somente com a prática de atividade física, mas também em todos os momentos de suas vidas até que se tornem adultos (Murcia, 2005; Oliveira G. C., 2008).

Na escola, no ginásio de esportes, no parque, no treinamento esportivo, ou em qualquer outra atividade guiada por um profissional de Educação Física, a criança deve vivenciar momentos de aprendizagem positiva (Pimenta & Libâneo, 1992; Souza & Loch, 2008; Queiroz, 2006). Professores que durante suas praticas ensinam disputa excessiva, agressão física, trapaça e jogo sujo estarão contribuindo para a deturpação da vida e do caráter de seus alunos (Murcia, 2005; Reverdito & Scaglia, 2009).

 

Uma aprendizagem positiva é resultante de um processo no qual as crianças aprendem a tomar decisões, a resolver situações-problema, criam estratégias de ação e vivência diversas formas de relação emotiva, percepção e valorização do desenvolvimento pessoal e social (Murcia, 2005; Oliveira G. C., 2008).

À medida que cresce vão desenvolvendo suas habilidades e competências através de jogos e brincadeiras (Murcia, 2005; Oliveira G. C., 2008). A todo o momento encontrarão seres de várias idades, de diferentes padrões de conhecimento, de várias etnias, com os quais terão que aprender a conviver e se relacionar (Antunes, 2006b; Corrêa & Massaud, 2004).

Na primeira infância, as crianças são egocêntricas e costumam praticar atividades individualistas, ao passo que quando crescem vão iniciando o processo de socialização com outras crianças e vão adotando a prática de atividades em grupo (Antunes, 2006b; Murcia, 2005). Durante suas tarefas e experiências, meninos e meninas vão compreendendo as suas reações e as reações do outro; compreendem que o outro existe e que todos possuem suas diferenças; desenvolvem a capacidade de se relacionar e se comunicar de forma compreensiva entre si e de se adaptar ao ambiente social ao qual estar inserido (Coelho, 1982; Souza & Loch, 2008).

Neste período de desenvolvimento, a família, a escola, os amigos, os professores, o treinador, os meios de comunicação e a sociedade em geral são chamados de agentes sociais (Murcia, 2005). Estes agentes estarão diretamente relacionados ao desenvolvimento social-afetivo das crianças, já que a todo o momento estarão interagindo com estas, contribuindo cada um à sua maneira e em diferentes níveis de importância (Murcia, 2005; Oliveira G. C., 2008).

Os profissionais de educação física devem, então, oportunizar a seus clientes atividades que desenvolvam os valores pessoais ou individuais e valores sociais e coletivos, sempre de forma equilibrada em prol da vivencia em sociedade (Carlini & Scarpato 2008; Murcia, 2005; Neira, 2006). Estes profissionais devem também atentar-se a etapa de desenvolvimento de cada

 

criança, pois o exercício físico desempenhará diferentes funções de acordo com a fase na qual seu aluno se encontra (Reverdito & Scaglia, 2009).

A primeira etapa do desenvolvimento da criança corresponde a um processo chamado “aceitação de valores” (Murcia (Org.), 2005). Neste período aprendem o que é certo ou errado pelo simples fato deste conhecimento ter sido repassado por um adulto que seja visto como referencia: pais, professores, familiares, treinadores (Murcia, 2005). Professores e treinadores deverão, portanto, observar atentamente o conhecimento que irão repassar a estas crianças, seja em forma de teorias ou de ações (Oliveira G. C., 2008).

A etapa seguinte corresponde a “identificação de valores”. Este é um período de muitas duvidas para as crianças, pois começam a aceitar o que é certo ou errado não somente porque algum adulto disse, mas porque concordam ou discordam do que lhe foi repassado (Antunes, 2006b). Professores e treinadores devem ficar atentos aos conhecimentos e valores que estão repassando, pois estes servirão de base para a formação e solidificação dos valores de cada um de seus alunos; e devem estimular atividades e situações nas quais as crianças cheguem as suas próprias conclusões(Murcia, 2005; Antunes, 2006b).

A última etapa do desenvolvimento infantil, segundo Murcia (2005), corresponde a “convicção dos valores”. Nesta etapa as crianças já se encontram na fase da adolescência e exercitam constantemente sua consciência crítica e seus valores. Professores e treinadores devem oferecer a seus alunos exemplos de coerência de atitudes, momentos de reflexão e respeito a divergências de opiniões e as verdades sociais (Antunes, 2006b; Murcia, 2005; Oliveira G. C., 2008).

A transição de uma etapa a outra ocorre de forma lenta e depende da quantidade de experiências e do grau de maturidade de cada ser (Antunes, 2006b; Oliveira G. C., 2008). Contudo, professores, educadores e treinadores podem apresentar papel fundamental na evolução desta transição, apresentando a seus alunos experiências de aprendizagem estruturadas (Murcia, 2005; Reverdito & Scaglia, 2009). Mas, para que isso aconteça, o profissional de Educação Física deve saber realizar corretamente sua função

 

de mediador entre seu aluno e as novas experiências de aprendizagem (Murcia, 2005).

Devemos então lembrar que um profissional de educação física que trabalhe com crianças deve favorecer o desenvolvimento social-afetivo através de atividades que: sejam fonte de prazer; contribuam no processo de identificação com o adulto; realizem simbolicamente desejos; expressem sentimentos, conflitos, preocupações, medos, fantasias, etc; proporcionem o controle das emoções intensas e aprendizagens de solução de conflitos; proporcionem socialização e superação do egocentrismo; desenvolvam a consciência pessoal para facilitar a convivência em sociedade (Castellani L. Filho & L. Filho, 2009; Neira, 2006; Reverdito & Scaglia, 2009; Saba, 2008).

O desenvolvimento do conhecimento social-afetivo também dependerá do desenvolvimento cognitivo de cada criança, pois através da sua cognição o seu poder de percepção e compreensão do meio social pode ser diferenciado (Coelho, 1982; Corrêa & Massaud, 2004; Oliveira G. C., 2008).