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1. REVISÃO DA LITERATURA

1.6. OS PRIMEIROS CURSOS SUPERIORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO

O primeiro curso de formação em educação física foi criado em 1907, na Escola de Educação Física da Força Policial do Estado de São Paulo, que atualmente funciona com o nome de Escola de Educação Física da Polícia Militar (Castellani, 2003; Castellani L. Filho & L. Filho, 2009; Teixeira, 2003).

Os primeiros profissionais graduados eram chamados de mestres de ginástica e/ou mestres em esgrima, sendo a escola em Apreço a primeira instituição do País a diplomar seus alunos (Ramos, 1982).

No ano de 1922, o Ministro da Guerra institui o Centro Militar de Educação Física, que tinha a intenção de modificar as práticas da educação física brasileira (Marinho, 1980). Contudo, o Centro não se solidifica e entra em deficiência. Alguns anos depois o diretor do Centro oferta vagas aos civis em um Curso Provisório de Educação Física, com duração de 8 meses, que se torna um sucesso publico e faz com que o Centro Militar de Educação Física voltasse a funcionar na íntegra (Santini, 2003, janeiro).

Com poucos anos de funcionamento, este Centro tornou-se referencia na formação de profissionais e passou a ser conhecido como um pólo aglutinador de conhecimentos sobre a educação física. Posteriormente, passou

 

a ser chamado de Escola de Educação Física do Exército, que, apesar de ter o corpo docente formado somente por oficiais do exército, apresentava cursos abertos aos civis (Castellani, 2003; Ramos, 1982; Santini, 2003, janeiro).

Os candidatos à disputa de vagas para os cursos de formação em educação física não passavam por exames de vestibular e quando necessitava concorrer a uma vaga, a seleção dos candidatos era feita através de testes físicos (Castellani L. Filho & L. Filho, 2009). Os cursos tinham a duração de dois anos e o corpo docente era composto apenas por militares. Os currículos dos cursos eram repletos de atividades práticas que enfatizavam apenas o “saber fazer” em detrimento, ou ausência total, de aulas teóricas que despertassem nestes profissionais consciências critica e pedagógica (Guiraldelli, 1991; Sobrinho, 2005).

Na década de 30, a educação física começa a conquistar importância perante a sociedade e os cursos de formação nesta passam a serem aceitos como nível superior (Sobrinho, 2005; Melo, 1999).

Em 1934, foi fundada a Escola de Educação Física de São Paulo que ofertava cursos de licenciatura com duração de 2 anos. Esta foi a primeira instituição de formação de professores de educação física que apresentava corpo docente composto por militares e alguns professores leigos, ex-atletas (Castellani, 2003). Neste mesmo ano, são regulamentados novos cursos de formação de professores de educação física nos Estados do Pará, Espírito Santo e Bahia (Marinho, 1980).

Em 1939, a Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), funda, em suas dependências, a Escola Nacional de Educação Física e Desporto. Este curso de Licenciatura renova o currículo da formação em Educação Física e consegue fazer com que este seja aceito pela sociedade como um curso que atenta da prática e do desenvolvimento do físico e que cultiva a teoria e a formação critico intelectual de seus dicentes (Castellani, 2003; González & Fensterseifer, 2005; Ramos, 1982; Steinhilber, 2001, janeiro/junho).

A partir desta nova idéia de formação de professores, os cursos de educação física passaram por transformações, entre elas podemos destacar:

 

nos anos 40 a carga horária dos cursos foram ampliadas, passando a ter uma duração mínima de 3 anos de duração, e nos anos 50 as instituições de ensino passaram a adotar os exames intelectuais (vestibular) para selecionar candidatos (Melo, 1999; Sobrinho, 2005).

A valorização da saúde e da aptidão física foi crescendo; a obrigatoriedade das aulas de educação física escolar; a divulgação pela mídia, que revelou o valor da prática de atividade física esportiva como fonte de mobilização de massas; e a redução das horas de trabalho com conseqüente aumento do tempo livre, fez com que a procura por profissionais de educação física aumentasse demasiadamente (González & Fensterseifer, 2005; Melo, 1999; Passos (Org.), 1988; Ribeiro & Araújo, 2004).

O mercado de trabalho estava à procura de profissionais de educação física e este fato ocasionou o surgimento de novos cursos de graduação em educação física e o desenvolvimento dos já existentes para suprir a carência da sociedade (Bracht, 1999; Castellani, 2003; Dallari, 1994; Ribeiro & Araújo, 2004; Santini, 2003).

Esse "despertar" da sociedade à procura de formação em educação física desencadeou a formação de uma quantidade superior a 4.000 profissionais egressos desses cursos por ano (Melo, 1999; Passos, 1988; Steinhilber, 2001). Nesta época os cursos física de educação no nível de graduação eram desenvolvidos com a característica de licenciatura, teoricamente voltados para a formação de professores a nível escolar (Andrade N. F., 2001; Scheibe, & Bazzo, 2001; Tojal, 2004). Contudo, na prática, a maioria dos cursos continuavam a ofertar formações puramente desportivas e tecnicistas, com valorização demasiada dos conhecimentos biomédicos e de ideologias de saúde (Castellani, 2003; González & Fensterseifer, 2005; Passos, 1988; Sobrinho, 2005).

A busca pela equiparação aos demais cursos de licenciatura fez com que ocorressem transformações curriculares nos cursos de educação física. No ano de 1969, foram implantadas aos currículos disciplinas de cunho pedagógico. Entretanto, a maioria dos cursos de formação continuava a se

 

caracterizar como acrítica objetivando a conquista de rendimentos no âmbito da educação e do desporto de alto nível (Sobrinho, 2005).

Os primeiros cursos de bacharelado surgiram por volta da década de 80, na Universidade Estadual de Campinas, na Universidade de São Paulo e na Universidade Federal de Viçosa (Passos, 1988). O bacharelado corresponde a um curso de graduação em educação física como reflexão e aprendizagem de como fazer ciência (Steinhilber, 2006). O bacharel caracteriza-se por ser um profissional generalista que tem como objetivo aumentar as possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável, estando impedido de atuar na formação básica (Andrade N. F, 2001; Steinhilber, 1996).

O surgimento dos cursos de bacharelado em desporto e bacharelado em educação física vieram somar-se à licenciatura em educação física e esta soma proporcionou qualificação aos profissionais da área, que, a partir de então, tinham a oportunidade de escolher o Curso que dava maior foco à escolha de atuação profissional (CONFEF, 2002; González & Fensterseifer, 2005).

Segundo Nunes (2004, p. 14), o profissional de educação física pode atuar:

[...] nas perspectivas de prevenção de problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físico- esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizam ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e esportivas.

Intitulada de ginástica a educação física chega ao Ceará no século XX como disciplina escolar, porém a carência por profissionais formados e aptos para desenvolver esse trabalho dificultou a implantação desta (MEC, 1997).

As instituições de ensino superior começaram a entender a necessidade de implantação deste curso para atender as carências profissionais do Estado. Contudo, somente no ano de 1973 é que surge o primeiro curso superior para formação de profissionais de educação física. Atualmente, o Ceará apresenta

 

16 cursos de formação de profissionais de educação física nas seguintes instituições: Universidade de Fortaleza, Universidade Vale do Acaraú, Universidade Federal do Ceará, Faculdade Estácio do Ceará, Universidade Estadual do Ceará, Faculdade Católica do Ceará - Marista, Faculdades Nordeste, Universidade Regional do Cariri, Faculdade Grande Fortaleza, Faculdade Católica Rainha do Sertão, Faculdade Católica do Ceará, Instituto Federal do Ceará, Faculdade Leão Sampaio, Faculdade Tecnológica do Nordeste, Faculdade Vale do Jaguaribe, Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará, e Instituto Superior de Tecnologia Aplicada (FCC, 2012; FCRS, 2012; FAECE, 2012; FATENE, 2012; FIC, 2012; FGF, 2012; FLS, 2012; FANOR, 2012; FVJ, 2012; IFCE, 2012; INTA, 2012; MEC, 2012a, 2012b; 2012c; 2012d; 2012e; 2012f; 2012g; 2012h; 2012i; 2012;j; 2012l; 2012m; 2012n; 2012o; 2012p; 2012q; 2012r; UNIFOR, 2012; UECE, 2012; URCA, 2012; UVA, 2012).

As duas instituições de ensino superior que ofertam cursos de licenciatura em educação física que fazem parte deste estudo localizam-se na cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, Brasil. Ambos os cursos estudados são oficialmente regulamentados pelo Ministério da Educação e pelo Conselho de Educação do Estado, classificam-se na modalidade de licenciatura, um curso pertencem ao Centro de Ciências da Saúde e o outro curso pertence ao Centro de Educação de suas respectivas universidades (Ministério da Educação, [MEC], 2012n; Universidade pública 1, 2010; Universidade pública 2, 2006).