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CAPÍTULO II: CONFIGURAÇÕES DA FLEXIBILIZAÇÃO DA

2.5 Despadronização da jornada de trabalho

Conforme debatido no início do capítulo, a extensa legislação trabalhista, apesar de regulamentar as relações de trabalho, sempre permitiu um alto grau de discricionariedade por parte do empregador, por meio da informalidade e das possibilidades de adaptação dos elementos centrais da relação de emprego a diferentes ciclos econômicos e setores. A falta de fiscalização e o baixo custo econômico caso a empresa seja autuada por desrespeitar as leis do trabalho corroboram para a baixa efetividade da legislação trabalhista. A permissividade permitida pela lei é agravada pelas características do mercado de trabalho, que conta com excedente constante de mão de obra, trabalhadores sem opção, que aceitam as mais diversas formas de contratação, por mais precária que sejam.

Nessa estrutura, o processo de regulamentação da jornada de trabalho no Brasil se deu também com caráter flexível e colaborou para o estabelecimento de uma jornada de trabalho que apesar de apresentar uma certa regulamentação, sempre permitiu um alto grau de flexibilidade. Esse alto grau de permissibilidade da legislação trabalhista é aprofundado a partir dos anos 1990, com a criação e implementação de novas formas de flexibilização no país, incluindo a jornada.

Os dados da PNAD mostram uma crescente convergência para a faixa entre 40 e 44 horas semanais ao longo dos anos 2000. O dado positivo de redução do número de pessoas que trabalham 45 ou mais horas por semana vem acompanhado de uma crescente flexibilização da jornada. Esta tendência pode ser observada no resultado das negociações coletivas, nas mudanças legais e nos casos analisados, conformando-se jornadas diferenciadas nos diferentes setores e, também, no seu interior, com aparecem em praticamente todas as pesquisas mobilizadas para discutir a hipótese da presente tese de despadronização da jornada. No quadro abaixo, busca-se sintetizar as principais

expressões de flexibilização da jornada nos setores analisados. Em cada setor a flexibilidade aparece de forma distinta.

Quadro 3 – Tipos de flexibilização de jornada encontrados nos casos pesquisados

Tipos de flexibilização de jornada encontrados nos casos pesquisados Ramo Tipos de flexibilização

Professores ensino privado

Contrato horista

Longas horas de trabalho

Tempo de preparo de aula e de correção de prova não remunerado

Incerteza em relação à jornada e remuneração de um semestre para o outro Acúmulo de empregos

Tempo dedicado para qualificação

Baixa remuneração da hora- aula reflete em extensão da jornada.

Trabalhadores ramo químico

Trabalho em turno de revezamento 6x1 e 6x3 a depender do nível de atividade

Não respeita a jornada de 6 horas, via negociação coletiva Trabalho noturno

Intensificação do trabalho do setor administrativo

Programa equilibre (setor administrativo) – flexibilidade de horário para entrada e saída, compensação de jornada e home office

Longo tempo de deslocamento – empresa reduziu o número de ônibus coletivos

Asseio, limpeza e conservação

Longas jornadas de trabalho – 44 horas semanais

Trabalho em turno de revezamento acima das 6 horas diárias Trabalho aos sábados e domingos

Arranjos informais de banco de horas

Compensação de horas trabalhadas aos domingos sem adicional

Comércio e supermercados

Trabalho aos domingos e feriados Jornada flexível

Banco de horas

Pouca antecedência no conhecimento dos dias de folga Escala de trabalho

Teleatendimento

Turno de 6 horas devido à legislação específica Ajuste do horário do turno conforme fluxo de ligações

Folgas aos sábados oferecidas como prêmio pela realização de metas

Profissionais de TI

Trabalho por projeto com prazo pré-estipulado em contrato Múltiplas formas de contratação

Longas jornadas

Hora-extra não remunerada ou compensada (banco de horas)

Trabalho aos finais de semana, feriados e a noite em época de fechamento de projeto

Longo tempo de deslocamento entre um cliente e outro e a empresa Trabalho no tempo de deslocamento, na hora do almoço e em casa

Home office

Trabalho on call Indústria

automobilística

Redução da jornada de trabalho Banco de horas

Trabalhadores/as em saúde

Diversas formas de escala 12x36, 12x24, 6x1

Arranjos com jornada diária de 4, 6 ou 8 horas e semanal de 20, 24, 30, 40, 44 horas dependendo da categoria, local de trabalho e forma de contratação

Trabalho on call Banco de horas

Acúmulo de dois ou três empregos

Jornada total dos trabalhadores muito alta, chegando a 120 horas por semana

Bancários

Jornada oficial de 6 horas diárias, 30 semanais

Jornada real da categoria a partir de 2000 fica acima da jornada legal (entre 31 e 40 horas)

Hora-extra não remunerada ou compensada (banco de horas) Intensificação do trabalho por meio de metas e adoção de controle do trabalho via tecnologia

Agentes da cultura

Jornada depende da forma de contratação (regime formal ou autônomo) Jornada do autônomo/a é reduzida (média de 27 horas semanais) Maior distribuição da categoria nas faixas de horas

Proporção de trabalho a tempo parcial da categoria é mais alta que a média do país (17% e 6,1%, respectivamente)

Fonte: Elaboração própria.

Na categoria dos professores a flexibilização da jornada está vinculada às multiplicidades de contratos (horista, parcial e integral). Mesmo ocorrendo uma política explícita do Ministério de Educação na avaliação das Instituições de Ensino Superior de estimular os contratos a tempo integral continuou prevalecendo no setor privado, os contrados como horistas e com tempo parcial. O padrão comum é de o professor trabalhar em mais de um local e cumprindo longas jornadas, acrescidas de longos tempos de deslocamentos. Também ficou evidente que parte importante da jornada não é paga, especialmente o tempo gasto com preparo de aula, correção de prova, atendimento de alunos, reuniões pedagógicas e atividades administrativas. Outro aspecto, para os horistas (com mais intensidade) e os contratos em tempo parcial, a insegurança acompanha permanente a sua estratégia de sobrevivência na profissão, em se sobrecarregar em um periodo e de manter empregos em mais de uma instituição. A expansão do ensino no período veio acompanhado de uma oferta maior de professores e redução do valor da hora-aula. Ademais, houve uma tendência de redução das aulas presenciais e um crescimento das aulas em EAD, que flexibilizam, aumentam e intensificam o tempo de trabalho dentro e fora da sala de aula e muitas vezes tem remuneração inferior.

Na indústria química, a flexibilidade também ficou muito evidente, tanto na produção quando na administração. Nos últimos anos, houve adaptação de diferentes arranjos de jornada dependendo do nível de atividade da empresa. Na produção,

ocorreram três formas diferentes de organização de turnos de revezamento 6x1; 6x2 (sem concordância com o sindicato) e 6x3. Os arranjos, mesmo negociados, conseguiram aumentar jornada para além daquela inscrita na Constituição de 1988 (33,6 horas semanais e 6 horas diárias) e viabilizar o trabalho aos domingos e feriados quando necessário. No setor administrativo o cardápio flexível foi ainda maior, com o programa “equilibre”: flexibilidade diária, trabalho em home office, compensação de jornada. Além disso, na perspectiva de reduzir custos, a empresa diminuiu o número de ônibus fretados, fazendo com que os trabalhadores ocupassem uma parte maior do seu tempo livre no deslocamento.

Nos ramos de asseio e conservação e limpeza urbana, destacam-se as longas jornadas de trabalho, o trabalho em turno e o trabalho terceirizado. A grande maioria de trabalhadores do setor trabalha sábados e parte considerável trabalha domingos e feriados, que são compensados sem nenhum adicional. Quando o trabalho aos domingos é esporádico, a compensação não é negociada, mas informal e organizada pela empresa.

No caso das comerciárias a liberalização do comércio aos domingos, o excessivo uso de horas extras e banco de horas são as principais formas de flexibilização. Impressiona a longa jornada realizada e a dificuldade, especialmente das trabalhadoras, de conciliarem o trabalho com a sua vida pessoal e familiar.

No teleatendimento há jornada organizada em turnos ininterruptos de revezamento, respeitando a jornada de seis horas por dia, em que a flexibilidade ocorre pela liberdade da empresa ajustar a jornada ao volume de ligação (demanda). Ou seja, o horário de trabalho é alterado pela empresa a qualquer momento, sem aviso prévio, dando a ela amplo controle do tempo dos trabalhadores, dentro e fora da empresa. A pesquisa de Selma Venco (2006) mostra que o tempo de trabalho é completamente controlado pela empresa, não permitindo tempos mortos e nem espaço para a realização das necessidades básicas.

No caso dos trabalhadores de TI, as diversas formas de contratação, especialmente por projetos faz com que a jornada sofra oscilações, geralmente para mais em função dos prazos combinados. As jornadas adicionais raramente são compensadas ou remuneradas. Outra característica é a flexibilização do local de trabalho, muitas vezes os clientes estão em outras cidades ou até países gerando longos tempos de deslocamento, o que gera mais tempo de trabalho não pago. Por fim, não há uma clara divisão do trabalho realizado na empresa e outros locais, ocorrendo muitas vezes sobreposição entre o tempo

de trabalho e da reprodução social, ao levar trabalho para casa, ao ficar standby para emergências, ao realizar o home office.

No ramo automobilístico, a redução da jornada veio acompanhada do banco de horas, que foi introduzido no Brasil pelo segmento. No caso da Volkswagen ainda foi introduzido também o banco de dias, que combina a redução da jornada e da remuneração, em contexto de permanente ameaça de demissão. Os acordos na VW e Ford foram assinados pelo sindicato em troca de preservação do nível de emprego e da negociação de planos de demissão voluntária.

No ramo da saúde, observou-se uma diversidade impressionante de forma de organização de escalas (12x36, 12x24, 6x1) tanto por empresa como para diferentes profissionais no interior de uma mesma empresa. Nas jornadas fixas, as variações são multiplas (20, 24, 30, 40, 44 horas semanais), dependendo do profissional, do local de trabalho e da forma de contratação. Os profissionais da saúde tentem a combinar vários empregos, caracterizando o setor com de trabalhadores com longas jornadas. Essa combinação é permitida pela organização do trabalho em escalas. Além disso, a pesquisa ainda encontrou outras formas de flexibilização: a residencia médica de 60 horas semanais, o banco de horas e o trabalho on call.

Os bancários, tem jornada oficial de seis horas diárias e 30 semanais em lei. No entando, a jornada real aumentou nos anos 2000, devido a parte significativa do contingente de trabalhadores serem comissionados, forma encontrada pelos bancos para alongar a jornada. Além disso, o controle da jornada ficou mais intenso e, caso o bancário não dê conta de sua tarefa, ele aumenta o tempo de trabalho, geralmente sem receber por hora-extra.

No caso dos agentes de cultura a jornada de trabalho está ligada diretamente à forma de contratação. Os trabalhadores contratados em regime formal têm jornada próxima às 40 horas semanais, já a jornada do profissional autonomo/a é em média de 27 horas semanais. Nesse ramo é observada uma distribuição mais ampla dos trabalhadores nas faixas de horas de trabalho e a proporção de trabalho a tempo parcial é mais alta que a média do país.

A tendência de flexibilização da jornada de trabalho fica muito evidente nos exemplos analisados, nas múltiplas formas de organização do tempo de trabalho, se diferenciando por setor econômico, por empresa, por setor dentro da empresa e até por profissional.

A despadronização da jornada aparece nas seguintes expressões: compensação de jornada, banco de horas, trabalhos aos domingos e finais de semana, trabalho em turno, diferentes combinações de escalas de revezamento, longas jornadas muitas vezes não remuneradas nem compensadas, tempo de deslocamento, realização de trabalho no horário livre, home office, on call, jornada de trabalho remunerado dupla, entre outras.

Essa constatação corrobora com a hipótese defendida nesta tese de que que apesar de as particularidades do desenvolvimento do capitalismo e do mercado de trabalho terem gerado, historicamente, um arcabouço legal e de prática bastante flexíveis, a flexibilidade avançou sobremaneira no período recente, em um contexto de reorganização econômica, tecnológica e produtiva, sob a hegemonia do capital financeiro e da prevalência de valores mais individualistas e liberais, portanto a dimensão da despadronização da jornada de trabalho no capitalismo atual vai além da permissibilidade histórica, não se trata mais de lacunas e exceções à jornada padrão, mas de uma nova forma, despadronizada de organizar a jornada de trabalho, que inclusive está sendo institucionalizada pela Reforma Trabalhista58.

CAPÍTULO III: DESPADRONIZAÇÃO DA JORNADA DE

TRABALHO E GÊNERO

O objetivo deste capítulo é discutir os efeitos da flexibilização e da despadronização do trabalho sob uma perspectiva de gênero. A flexibilização da jornada de trabalho predominante no capitalismo contemporâneo, como visto no capítulo 1, exige que trabalhadores e trabalhadoras se dediquem totalmente ao trabalho, independente das outras obrigações e necessidades que tenham além deste.

Como segmento desta tese, dois conceitos distintos de trabalho serão abordados nesse capítulo. O trabalho produtivo, ou remunerado, realizado nas empresas e o trabalho reprodutivo, ou trabalho doméstico e de cuidados com as crianças, enfermos e idosos, não remunerado, realizado no interior dos lares. Ambos os trabalhos são imprescindíveis à reprodução da vida e assim, da força de trabalho e do capitalismo.

A histórica divisão sexual do trabalho culturalmente aceita em nossa sociedade determina que os homens se dediquem ao trabalho produtivo e as mulheres aos cuidados com a casa e com a família. O papel da mulher na sociedade vem se alterando ao longo do tempo, atualmente parece mais adequado afirmar que a mulher é responsável por conciliar o trabalho produtivo, remunerado, com o reprodutivo. Essa divisão é um determinante na existência de jornadas de trabalho diferentes para homens e mulheres, assim, os empregos de ponta, com maior reconhecimento social e melhor remunerados são, historicamente, ocupados por eles. Às mulheres cabem os empregos mais precários, com jornada e remuneração reduzidas, uma vez que tal renda e participação no trabalho formal são compreendidas como secundário, visto ser obrigação principal deste gênero, os cuidados com o lar e família.

Para reproduzir a força de trabalho em uma sociedade mercantil é necessário o tempo de trabalho produtivo, para a obtenção do salário e o tempo de trabalho reprodutivo, para os cuidados com a alimentação, a casa e as crianças. Caso fosse mercantilizado, o trabalho reprodutivo seria remunerado, o que oneraria os gastos da família e o custo do trabalho, ou seja, o salário59. Dessa forma, o trabalho reprodutivo realizado gratuitamente pelas mulheres gera valor ao poupar despesas para a família e

59 De acordo com Marx (1990) na teoria do valor trabalho, o custo do trabalho representa o tempo necessário

assim barateia o valor da força de trabalho. Portanto, o tempo de trabalho no âmbito da presente discussão é compreendido como a soma do tempo de trabalho produtivo, dedicado à atividade remunerada e do tempo de trabalho reprodutivo, ou seja, o trabalho doméstico não remunerado, dedicado à reprodução da família.

Nesse contexto, a despadronização da jornada de trabalho, como movimento geral da jornada no capitalismo contemporâneo, “oferece” diversos arranjos de jornada de trabalho, que em um primeiro momento parecem facilitar a acomodação desses tempos de trabalho. No entanto, este capítulo defende a hipótese de que a despadronização da jornada perpetua a divisão sexual do trabalho e reforça a desigualdade de gênero, por um lado impondo às trabalhadoras jornadas longas e antissociais, incompatíveis com os cuidados da casa e da família, não levando em conta o trabalho reprodutivo, sua não-divisão sexual e o peso que impõe às mulheres; por outro, oferecendo jornadas flexíveis, precárias e mal remuneradas que permitem que as mulheres se permaneçam no papel de cuidadoras do lar, e de toda forma, mantendo as mulheres sob o teto de vidro.

Para debater esta hipótese, o capítulo discutirá algumas formas de inserção das mulheres no mercado de trabalho e o efeito da despadronização da jornada em cada uma delas. Assim serão analisadas: a inserção precária em trabalhos por conta própria; em ramos de baixa qualificação, remuneração e jornada, como o teleatendimento; de baixa qualificação e remuneração e longas jornadas, como os ramos asseio e conservação e comércio; ramos tipicamente femininos, com jornada crescente, como o magistério, cuidados com a saúde e bancário; ramos tipicamente masculinos, como o metalúrgico e químico; ramos qualificados tipicamente masculinos, como tecnologia da informação; ramo misto, como professores universitários; e por fim, a rara inserção de mulheres em posições de liderança60.

O setor, ramo e até área de atuação dentro da empresa influencia as formas de inserção das mulheres e dos homens no mercado de trabalho. Ademais, como observado no capítulo II, os tipos de flexibilização são diferentes e variam de acordo com o ramo. Alguns ramos contam com maior presença de trabalhadores e outros de trabalhadoras fazendo com que a flexibilização da jornada de trabalho perpetue e intensifique as diferenças de jornada entre os sexos, mantendo as mulheres em jornadas que “permitam” a conciliação do trabalho produtivo e do reprodutivo e os homens em

60 A discussão e exemplificação das categorias se baseia ramos e as pesquisas utilizadas são de fontes

jornadas mais extensas, flexíveis que dificultam ainda mais a divisão do trabalho doméstico e de cuidados. Nos ramos mistos, a flexibilização sendo a mesma, traz consequências diferentes para trabalhadores e trabalhadoras, já que o tempo de não trabalho produtivo é utilizado de forma diferente por homens e mulheres. Por fim, as mulheres que conseguem se inserir em ramos e profissões melhor reconhecidas e remuneradas, ramos majoritariamente masculinos, terão de suportar jornadas ainda mais longas e flexíveis e a cobrança da sociedade e delas mesmas em manter o trabalho doméstico e o cuidado com os filhos inalterados, apesar da jornada.

Este capítulo está dividido em três seções. A primeira (3.1), intitulada “Tempo de trabalho e divisão sexual do trabalho” tem por objetivo discutir brevemente a importância do tempo de trabalho, tanto produtivo quando reprodutivo, e da divisão sexual do trabalho no capitalismo e as consequências dessa divisão para as mulheres. A segunda (3.2), “Mulheres e mercado de trabalho no Brasil” procura descrever o estado das artes no que tange a inserção da mulher no mercado de trabalho no Brasil no período recente abordando mudanças demográficas e de estrutura familiar, enquanto que a terceira e última seção (3.3), “Despadronização, jornada de trabalho produtivo, reprodutivo e consequências para a vida das mulheres” analisa oito formas de inserção das mulheres no mercado de trabalho e os impactos resultantes da despadronização da jornada em cada setor/tipo de inserção no que se refere à vida profissional e pessoal das mulheres abordando o tempo de trabalho produtivo e reprodutivo.