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ATUAIS FIGURA 5 – Tema II da Rede Interpretativa

4.4 Despertar do Ser

TEMA IV. DESPERTAR DO SER

Dimensões IVa O SER SAUDÁVEL IVb DESEJOS DE VIDA

FIGURA 7 – Tema IV da Rede Interpretativa

Para tecer este último eixo da teia de significações desveladas, importa recuperamos o ponto basilar desta tese: o acolhimento e a autonomia – tais como aqui

considerados em um modo éticopolítico– põem em questão o poder da pessoa sobre sua vida. Em um emaranhamento de interações e interdependências em que os múltiplos fios são, na realidade, tecidos em conjunto, compreendemos a relação de cuidado manifestada no cotidiano de um dispositivo de saúde como condição de possibilidade de autonomia ao pôr em jogo a produção de vidas dos atores envolvidos. A partir dessa compreensão, pretendemos agora fazer um desvelamento das duas dimensões deste quarto tema, nomeado Despertar do Ser.

Na primeira dimensão, O Ser Saudável, foram revelados os sentidos de ser saudável para os nossos informantes que, antes de tudo, buscam trabalhar em uma perspectiva inclusiva produtora de saúde. Viver bem, estar bem consigo e com o outro, bem-estar e saúde como bem-estar físico, emocional, espiritual foram os primeiros sentidos que emergiram nos depoimentos:

A pessoa viver bem, não ter problema. E aqui eu me sinto bem... Pra mim, até eu passar o dia aqui, ficar por aqui, pra mim é saúde. Me sinto bem aqui, me sinto com saúde vindo pra cá. Fico tranquila... (Informante 8)

Saúde é o bem-esta r, é o... É sentir-se bem física, mentalmente, emocionalmente, espiritualmente, estar bem. É eu estar bem comigo mesma, com o outro. É isso que é saúde. Embora que assim, a gente à s vezes vai falar de saúde e fala na doença, ‘não estar doente’

[maior ênfase]. Não estar doente vai depender de tudo isso. Eu me sinto saudá vel, me sinto saudável. (Informante 11)

Eu valorizo muito a vida, tenho uma grande vontade de viver, assim, e viver é viver plenamente. Tudo o que eu percebo que me faz bem, eu estou praticando para estar bem! (Informante 5)

Acho que saúde é um bem estar físico... Eu me sinto saudável quando eu não tenho nenhuma dor. Às vezes eu sinto qualquer dor. Dor na coluna cervical, que eu tenho. Eu já sinto que eu não tenho uma boa saúde. [...] Pra mim é mesmo esse bem-estar físico, mas às vezes mesmo que eu não esteja bem fisicamente, mas eu estando bem psicologicamente, a minha cabeça, assim [pausa] eu me levanto de manhã, eu vou trabalhar, mesmo sentindo essa dor aqui, eu boto um gelo. [...] Aí eu não posso me abater por essa dorzinha, tá entendendo? É, pra mim realmente a saúde é quando você não ta sentindo dor nenhuma, nem na alma e nem no corpo. (Informante 2)

É você se cuidar, do seu corpo ‘primeiro’ [maior ênfase] pra cuidar do outro. Saúde é fundamental... (Informante 9)

Esses dois últimos trechos resgatam uma percepção mais tradicional, e ainda hegemônica, de saúde reduzida à dimensão física, biológica e corporal, mas já apontam para uma ampliação ao relacionar com ausência de dor na alma. Sobre os sentidos relacionados a bem-estar, encontramos em Ortega y Gasset (2009) a assertiva referente à necessidade fundamental para o homem existir como homem é o bem-estar – a necessidade das necessidades. Segundo o mesmo autor, “O homem não tem empenho algum em estar no mundo. No que tem empenho é em estar bem. Só isto lhe parece necessário e todo o resto é necessidade apenas na medida em que torne possível o bem-estar” (p. 36).

Saúde não é algo que se possa fazer, nem é de caráter instrumental ou estado estático ou um valor absoluto. Na realidade, é uma experiência de caráter contrafático, pois “envolve a construção compartilhada de nossas idéias de bem-viver e de um modo conveniente de buscar realizá-las na nossa vida em comum.” (AYRES, 2007, p. 50), através da produção de sujeitos e intersubjetividades e não especificamente da construção de objetos e objetividade, afirma ainda Ayres (2001). Saúde só pode ser avaliada de forma relativa e como co-produção em um processo dinâmico de perdas e aquisições sempre gradativas (ONOCKO CAMPOS; CAMPOS, 2012). Na realidade, fica escondida a maior parte do tempo, não se revelando apenas como

um sentir-se, mas [sobretudo, como um] estar-aí, estar-no-mundo, é um estar-com- os-outros, um sentir-se satisfeito com os afazeres da vida e manter-se ativos neles. [...] É o ritmo da vida, um processo contínuo em que o equilíbrio se estabiliza sempre de novo. (GADAMER, 2002, p. 109, grifo nosso)

Os próximos depoimentos têm mais proximidade com a noção ampliada de saúde como um continuum relacionado à vida boa, a prazer, à mente sã, à capacidade de trabalhar e de movimentar-se no mundo:

Saúde é não só saúde física... Mas a saúde é saúde completa, bem-estar, que a gente tenha uma vida tranquila, uma vida boa assim, uma vida saudável, saudável [pausa] que não tenha doenças que me prejudiquem na s minhas atividades diárias [pausa] que não prejudique nas minhas idas e vindas... Ah, saúde é ter um bom tr abalho, desenvolvê-lo bem, fazer o que tu faz com prazer, com gosto, com a mente bem sadia também... (Informante 7)

Saúde é [pausa]. É a pessoa viver bem. Poder se movimentar, poder trabalha r. (Informante 1)

Faz-se necessário estar em movimento e em contínua transformação, o que possibilita, tal como Canguilhem (2010) tão bem compreendeu, criar para si novas normatividades. O desafio é produzir novas funcionalidades, muitas vezes necessária e saudavelmente distintas das antigas, haja vista nossas possibilidades de existir como devires. Estamos sempre

em devir, e porque somos finitos no tempo e no espaço e não temos a possibilidade de compreensão da totalidade de nossa existência, individual ou coletiva, é que estamos sempre, a partir de cada nova experiência vivida, em contato com o desconhecido e buscando reconstruir o sentido de nossas experiências. O contínuo e inexorável contato com o novo desacomoda -nos e reacomoda-nos ininterruptamente no modo como compreendemos a nós mesmos, nosso mundo e nossas relações. (AYRES, 2007, p. 50, grifo nosso)

Outro aspecto que emergiu nos depoimentos, e muito entrelaçado à possibilidade de movimento e circulação acima exposta, é o sentido de saúde como uma ruptura ou saída diante das amarras de um rótulo diagnóstico para o despertar da consciência, fortalecendo tanto o posicionamento do sujeito no seu mundo, quanto o cuidar de si para cuidar do outro. É o que desvelamos dos próximos excertos:

então eu comecei a me conscientizar disso ‘também’ [maior ênfase], disso, da questão da alimentação [...] saúde é ter consciência; saúde pra mim vem dessa questão da consciência. Consciência do se cuidar, prevenir, de evitar assim... (Informante 3)

Eu vou tentando ajudar mostrando porque eu tô aqui fora, eu tô vendo o mundo maior; lá dentro, quando tá ali dentro, a gente vê tudo tão pequenininho e aqui fora a gente vê mais largo e dá pra gente chega r nela [paciente] e mostrar assim os caminhos que dá pra ela sair dessa tristeza, desse aperreio que tem no juízo, essa impaciência. (Informante 10)

Alguns chegam rotulados. Determinado profissional disse que eu tinha isso e que eu preciso estar tomando o medicamento para esta r bem. Então você perceber essa pessoa chegando com a consciência de um rótulo e com o desenvolver do processo que a biodança traz, porque a biodança a gente trabalha enfatiza a saúde do seu ser, a sua luz, a sua expressão plena,

pura, fortalecimento da sua identidade – são fatores muito fortes que a gente traz dentro do encontro – então quando ele começa a ter uma proximidade mais consigo mesmo, a ter uma consciência de quem é, por que está aqui e revela r a sua própria identidade e se dar conta de que os rótulos não pertencem a eles, o comportamento existencial muda assim ‘radicalmente’ [maior ênfase]. (Informante 5)

Essa última informante, de modo singular, nos explicita que em sua prática de cuidado desenvolvida no Movimento o convite feito, como facilitadora, é para o outro – o participante do grupo, muitas vezes tão rotulado e engessado em suas possibilidades – simplesmente ser ele mesmo para poder despertar o saudável em si. Nesse despertar, há a possibilidade de romper, segundo Cardinalli (2004), a privação de realização mais livre do próprio existir, como a condição do adoecimento ocasiona, e assim poder dispor de maior abertura às condições de possibilidades de estar no mundo com os outros.

Essa condição de abertura ao mundo é também possibilitada pela apropriação do poder e criatividade da própria pessoa no seu processo de conscientização (ROGERS, 2007), o qual, segundo Freire (1980), é permanente ao longo da existência e se manifesta sempre na relação homem-mundo. Quanto mais conscientização, mais a realidade é desvelada, pois somos apenas nós, homens, que temos a capacidade de tomar posse de nossas realidades. É nesse processo que o homem assume o papel de sujeito que faz e refaz o mundo e isso exige “que os homens criem sua existência com o material que a vida lhes oferece” (FREIRE, 1980, p. 26).

Desse modo, precisamos do outro, do encontro com a alteridade, das relações para nos constituirmos no mundo e buscar produzir outros modos de andar a própria vida. E quanto mais consciente estamos de quem somos, sentimos e queremos – seja nas relações consigo, seja com o outro e com o mundo –, maiores são as possibilidades de uma nova tomada de posição no mundo, pois maiores também são as experienciações da própria força na tentativa de sermos a melhor expressão possível de nós mesmos num determinado momento.

Entrelaçado ao processo de assunção – marca singular do eixo da autonomia – de

nossa lente compreensiva do cuidado em um modo éticopolítico, o sentido desvelado de saúde como o despertar do saudável em si vai enlaçar-se ainda com nossa compreensão crítica hermenêutica de saúde. Nesta, a ênfase é a mútua constituição da pessoa no seu mundo e a produção de outros significados de vida, marcados pelo poder de realizar e de ser livre, de modo processual e, acima de tudo, experiencial e indissociável do contexto social.

Reconhecer a pessoa saudável como fruto de seu relacionamento com o mundo (MARIOTTI, 2002) é ir de encontro a noção de saúde isolada do entrelaçamento homem- mundo e assim superar a mera ausência de doenças ou como uma questão de ordem física. Vemo-nos, portanto, mais alinhadas à compreensão abaixo reveladora de saúde em sua complexidade e estreitamente associada à condição de maior presença:

Saúde ela tem um ponto de vista assim muito amplo. É bem complexo falar sobre saúde. Posso definir como... O olhar da maioria, como é que eu estou saudável? Ah, eu estou inerte de alguma doença? [...] Posso definir saúde ausência de doença? Posso definir a saúde como... Eu não quero usar termos científicos [...] Posso definir saúde quando eu sou capaz de me ‘sensibilizar’ [maior ênfase] com o que está acontecendo a minha volta. Posso definir saúde quando eu tenho consciência que eu faço parte do mundo, eu não estou no mundo. Eu posso definir saúde quando eu posso brotar meu sorriso todo dia; posso definir saúde quando meu coração pulsa pra ‘amar’ [maior ênfase]. Aí eu estou saudável... (Informante 5)

Essa capacidade de afetar-se com o entorno também foi desvelada junto a outros informantes que consideram não ser possível falar em saúde sem abordar as condições sociais e o respeito para consigo, com os outros e com o entorno ao reconhecerem-se responsáveis pela sustentação da própria condição de saúde. É o que podemos apreender dos próximos trechos:

Saúde pra mim é tudo, quando a gente tem saúde o resto não interessa, não tem pressa. A saúde [pausa] o resto a gente conquista, a saúde você tem que manter. A minha saúde é tudo: é o lazer, é ter uma casa pra mora r, é ter uma escola, é ser bem recebida, é ser humilde, não ser mal tratada... Isso pra mim a saúde é tudo, começando daí. (Informante 10)

Tá saudável é ter condições de ter uma alimentação, aí isso gera... Ter um tempo disponível pra praticar alguma coisa [pausa] alguma coisa de atividades, atividade física. Aí isso mexe, gera saúde. Então saúde pra mim é isso, é ter condições de ter uma alimentação saudável, ter um tempo disponível... Eu falo isso porque eu a cho que eu não to tendo, sabe assim? [risos] (Informante 3)

A última informante traz ainda uma interrogação sobre seu modo de cuidar de si, preterido e diminuto atualmente diante de suas possibilidades, e desvela, em outro momento, de sua entrevista uma busca por mudança no modo de andar a própria vida ao buscar criar os primeiros passos. Alinhado a esse aspecto, desvelamos em outro informante a produção de saúde como um desalojamento de si.

Assim, eu não tô me sentindo, mas já dei o primeiro passo, já fiz um check-up, já comecei a caminhar porque eu tava ‘muito’ [maior ênfase] sedentária. (Informante 3)

Eu dizia pra ela [psiquiatra do Movimento]: ‘queria voltar ao que era antes’ e ela: ‘não, você não será igual... Vai nascer outro [nome do informante]... E acho que tá nascendo.

Ainda não tá 100% ainda não, mas já tô com 80%. Eu me acho uma pessoa melhor, mudei meu jeito de ser... Eu era um ignorante, não queria saber do próximo nem nada, acho que mudei, mudei completamente. (Informante 1)

Outros significados revelados no campo foram as associações de saúde à questão do saber do especialista, do poder médico, dos preconceitos e necessidade de aceitação dos próprios usuários ou familiares e a própria precariedade da assistência pública à saúde do nosso país – e quando o tema é saúde mental ainda são precárias as condições de trabalho, as questões políticas e de assistência, bem como a aceitação social. Outro item faz referência aos horrores e maus tratos das práticas manicomiais e do desejo de maior ampliação de espaços não invalidantes de produção de saúde – marca significativa do movimento em curso da reforma e seu projeto de desinstitucionalização, já aludidos nesta tese – tal como revelam os próximos trechos:

Acho que é cuidar e não excluir a s pessoas como aconteceu comigo, acho que é cuida r mesmo. (Informante 4)

Porque ainda hoje a questão da saúde mental, do problema de... Existe ainda o ‘preconceito’ [maior ênfase], existe ‘muito’ [maior ênfase], aí as pessoas que... Às vezes não aceitam que

estão com aquele problema... (Informante 3)

É a questão do médico, do psicólogo [sussurra]... [...] Não me realizo totalmente na saúde que falta muito. Às vezes se precisa do médico e não se tem. Nem sempre tem um médico. Por exemplo, eu precisei de me tratar uns sinais que eram uns 30, 40 nas costas, então eu passei mais de um mês esperando na fila de espera. Então ainda a saúde tá muito a desejar. (Informante 6)

(Ressalta o mesmo informante em outro momento de seu depoimento): e ‘hoje’ [maior ênfase] graças a Deus uma coisa eu penso assim, na minha simplicidade, graças a Deus surgiu os movimentos de saúde mentais que são aqueles que o pa ciente não precisa mais tá internado lá no manicômio. Eu acho aquilo um crime [...] Então aquilo ali né coisa pra um paciente que quer ‘se tratar’ [maior ênfase]. [...] Então essa questão da saúde do país em relação a mental, aquilo me... Aquilo ali é doloroso, é terrível! Não é pra existir... Aquilo ali não é pra existir aquilo, que aquilo, no lugar de melhorar, faz é cada vez mais é piorar o paciente. Sou ‘contra’ [maior ênfase] aquilo ali. (Informante 6)

Diante da demarcação de saúde como própria de um saber tradicional, revelada por um trabalhador do campo, importa recuperarmos a definição de campo da saúde mental marcada por pluralidade e polissemia de saberes e práticas não centrados na tradição dos saberes médicos ou psicológicos (AMARANTE, 2007; TENÓRIO, 2002). Compreendemos o campo da saúde mental assentado muito mais na interseção de várias vozes, atores, saberes e poderes, incluindo os populares, que tencionam a produção de novos modos de cuidado e de invenção de saúde.

Uma última subdimensão, já manifestada em outros temas de nossa rede interpretativa, é a questão da fé e da espiritualidade, aqui acrescentado do elemento milagre, que se relacionou à produção de saúde e à possibilidade da pessoa não se entregar à doença, potencializando a autonomia e a produção de novos projetos de vida. É o que revelam os trechos a seguir; o primeiro, referente a uma paciente, extremamente fragilizada no início do acompanhamento na prática de cuidado da massagem proporcionado por nossa informante:

Tenho uma paciente que ela chegou aqui gente botava ela numa maca, eu pegava ela, ela era magrinha, botava ela assim [gesticula com os braços] que ela não andava que ela ‘achava’ [dá mais ênfase] que tava com a coluna dela não deixava mais ela andar [pausa] e eu botava ela na maca e dava a massagem nela [...] E assim com 3 massagens que eu dei nela, ela já chegou aqui e sentou na cama e deitou [sozinha]... Ai foi uma coisa assim que você ‘puxa, por isso que o pessoal diz que é milagre!’, entendeu? O pessoal diz ‘Ah, é milagre!’. Porque o milagre é na fé e você acreditar. [...] quando a gente chegou na [pausa] que terminou dez sessões nela dona F. já tava andando; já ia pro comércio comprar pão. A filha dela vinha com ela e chegava aqui ‘cheia’ [maior ênfase] de vida... (Informante 10)

às vezes quando a gente não tá, a gente não tá bem, a gente não... Você não sonha, você não tem projeto, você... Por exemplo, você ta fazendo o seu doutorado, se qualquer coisa te acontece na tua saúde, tu vai lá pra baixo. [...] Então assim, com a saúde você fica já, seus projetos ficam mais pra... (Informante 2)

No tocante às perspectivas desveladoras de saúde assentadas no despertar do ser, na possibilidade de circulação e produção de maior autonomia, bem como na transformação e criação de sonhos e novas projetualidades, somos provocadas a tecer a segunda e última dimensão deste tema que denominamos Desejos de Vida. Aqui, abordaremos os desejos de projetos e de liberdade de desvelados nos depoimentos dos nossos informantes quando lhes interrogamos sobre como gostariam de se ver dali a cinco anos e de encontrar tanto os usuários de suas práticas de cuidado, quanto o próprio dispositivo nessa mesma dimensão temporal.

Sobre a projetualidade relacionada ao próprio trabalhador, foram desvelados desejos de projetos de movimento e de despertar do e no mundo, de resgate da autonomia e de maior possibilidade de mais fluidez e presença na dança da vida, tal como pudemos apreender dos excertos seguintes:

Meu desejo daqui a 5 anos, eu quero estar morando lá no Pacoti, andando de bicicleta, antiga ‘lazy’ que eu ‘adoro’ [maior ênfase], dançando, desenvolvendo biodança em outros lugares, eu quero, pretendendo ter 2, 3 grupos de biodança e desenvolver alguns projetos da naturologia também, vida saudável, alimentação, eu tenho um olhar muito... Muito forte sobre alimentação saudável, reeduca ção alimentar, consciência alimentar... Então eu quero estar contribuindo, quero já ter publicado o meu livro, que é a minha síntese da minha

proposta de biodança, pretendo bem antes dos 5 anos. [...] Quero esta r vivendo, amando. (Informante 5)

quando eu entrei aqui, eu tinha só o nível médio e aí eu me formei, fiz as especializações, fiz psicopedagogia, fiz terapia familiar... Então tem esse lado que eu cresci e a nível emocional também. Porque eu acho assim, que antes eu era só casa, família, casa... (Informante 11) Ele [médico do trabalho] me limitou totalmente a ssim, ele achou como se eu não servisse pra nada. Agora, eu tenho uma família, tenho esposa, tenho filho e uma vida normal, tô fazendo o primeiro ano e pretendo assim continua r estuda ndo e quem sabe um dia fazer um curso superior ou alguma coisa assim, então agora sim eu posso acredita r em mim, que é possível né ter sonho. [...] Que agora eu tenho sonhos, consigo sonhar, e que dentro de mim existe, sempre existiu potencial, só eu que não percebia isso e que talvez ainda existam mais e eu preciso explora r isso (Informante 4 – entrevista realizada em 2008)

conhecimento de saber olhar o que que a gente tem de oportunidade pra gente conviver, mesmo a minha comunidade, convivência, entender mais o outro, entender mais o outro, compreender mais...(Informante 7)

Sei lá, acho que eu gostaria de ter mais autonomia, sabe? Eu acho que ainda sou muito tímida ainda, eu gostaria de ser mais, de ter mais decisão. Olha que eu acho que eu tenho, mas eu já fui bem pior, então eu gosta ria de ser uma pessoa de ter mais autonomia, ser mais corajosa... Às vezes eu tenho vontade de viaja r sozinha, assim sei lá o que de ir pro Rio de Janeiro. Eu só viajo em grupo. Eu só viajei sozinha quando eu fui pra Itália. Eu fui. Já te falei que eu fui fazer um projeto que o padre R. me proporcionou um intercâmbio pra apresenta r o Movimento lá na cida de dele, na paróquia dele e ele perguntou se tinha alguém que me recebesse por seis meses e eu fiquei lá por seis meses. Aí eu apresentei o Movimento,