DIÁLOGOS ENTRE OS ACHADOS DA EXPERIÊNCIA:

A finalidade desse estudo foi mostrar como a História da Matemática pode ser usada para ampliar os horizontes tanto dos professores quanto dos educandos, possibilitando aos mesmos a oportunidade de conhecer e manipular os primeiros instrumentos de contar, quantificar, agrupar. É através da História da Matemática, que os educandos poderão desenvolver o pensamento lógico e investigativo na (des) criação e a origem de cada conteúdo ensinado em sala de aula de forma dinâmica pelo professor.

A História da Matemática mostra como procedeu a Matemática em diversas regiões e épocas, o surgimento de novas técnicas, teoremas e axiomas, que surgiram em decorrência da necessidade de cada época e de cada sociedade.

A utilização da História da Matemática como recurso mediador didático e conceitual no ensino de Matemática escolar nos anos iniciais possibilita ao educando a aprendizagem significativa, uma vez que aprende percebendo as origens, relacionando às necessidades da sociedade da época e a importância da utilidade do conteúdo ensinado. No entanto, para que isso ocorra é essencial que haja uma formação adequada de professores para suprir suas dificuldades conceituais, normalmente oriundas da sua formação inicial, para que aprenda a lidar com a História da Matemática, extraindo e aplicando a essência em suas aulas.

O estudo apontou um caminho possível de como ensinar e aprender a Matemática escolar nos anos iniciais, usando a História da Matemática como recurso mediador didático e conceitual. Para tanto se faz necessário que o professor seja capaz de compreender a História pela sua unificação dos aspectos cotidianos, escolares e científicos, associados aos princípios pedagógicos: consciência, ciência e cultura.

A nossa preocupação com a aprendizagem não é apenas com a acumulação de conhecimentos, mas com a compreensão e adoção de posturas críticas, reflexivas do professor acerca dos usos didáticos da História da Matemática em sala de aula nos anos iniciais na escola pública municipal de Teresina. A questão principal é a qualidade no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem da Matemática e o modo como a Matemática é ensinada.

Desse modo, as experiências e práticas realizadas com licenciandas de Pedagogia nos mostraram que a História da Matemática pode constituir ferramenta que media a prática do professor no ensino das operações básicas, pois, trabalhando essas operações por meios de

múltiplos métodos, o educando terá mais facilidade para efetuar as operações e resolver situações/problemas.

Mas para que a intervenção histórica do conhecimento matemático chegue aos educandos, deverá inicialmente passar pelos professores que lecionam nos anos iniciais do Ensino Fundamental, porque esses professores precisam conhecer e compreender como trabalhar a Matemática em sala de aula, preocupando-se em proporcionar a seus educandos uma visão global e adequada de como a Matemática é construída e aplicada em nosso cotidiano.

Esse é o nosso desejo de inserir a Historia da Matemática na vida profissional do professor que ensina Matemática e na vida escolar e pessoal do educando; e, ao mesmo tempo, aprofundando e aperfeiçoando seus conhecimentos matemáticos. Por isso, investigamos e produzimos materiais didáticos com atividades que possam contribuir para o ensino, por meio do uso da História da Matemática nos anos iniciais, incluindo atividades com as Barras de Napier, as Barras de Genaille-Lucas, Gelosia, Ábaco, blocos lógicos, quadrado mágico e a torre de Hanói, mais precisamente direcionado aos professores (pedagogos) que ensinam nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Ao desenvolver esse estudo com uma equipe colaborativa, realizamos discussões sobre as ações pedagógicas, o processo de análise reflexivo acerca das questões que consideramos emergentes nessa complexidade. Dessa maneira, não poderíamos pensar em um estudo sobre o conhecimento e o desenvolvimento profissional de professores que ainda não os tivesse como parceiros da História na construção de um ato de ensinar Matemática consistente. Acreditamos que a pesquisa-ação foi um importante caminho percorrido com a equipe colaborativa, para pensarmos em desenvolver um trabalho com os professores que ensinam Matemática nos anos iniciais.

Buscamos, por meio de um processo de intervenção, promover reflexões sobre o desenvolvimento profissional de um grupo de professoras que ensinam Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental, respondendo às questões sobre a ampliação do conhecimento profissional, ao ensinarem e aprenderem a Matemática escolar.

Temos clareza sobre o quanto adquirimos conhecimentos ao interagir com o outro, nesse processo formativo; este ocorreu em um movimento circular de ensinar, aprender, ensinar, fortalecendo nosso papel e postura de pesquisadora aprendiz, mediando ao longo dos Ateliês na formação continuada de professores que ensinam Matemática.

Cabe destacar também que a preocupação na elaboração das questões de pesquisa foi para investigar se, antes de cursar o Ensino Superior em Pedagogia com habilitação em

Magistério para os anos iniciais, houve uma aprendizagem significativa de conteúdos matemáticos que subsidiam sua ação de ensinar a Matemática escolar. Uma simples curiosidade para subsidiar nossa compreensão sobre o porquê dessas dificuldades didáticas conceituais que presenciamos cotidianamente nos estágios supervisionados, e que continuam articuladas às outras questões de pesquisa; tudo a servir de alicerce para direcionar nosso caminho de ensino, pesquisa e extensão em uma nova caminhada, na prática educativa voltada à formação de pedagogos que ensinam Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Este foi o estudo que propusemos realizar.

Quando realmente existem tais dificuldades didáticas conceituais com relação a esse conteúdo ensinado ─ e se existiam ─ o que se pode fazer para minimizá-las no ensino dessa Matemática escolar nos anos iniciais? Talvez seja esta a diretriz norteadora da busca constante no interior da sala de aula. Foi necessário, entretanto, ouvir o professor e analisar qual a sua compreensão do problema e o que ele apontava como necessário ser feito para minimizar tais dificuldades.

Todavia, quanto à teoria que fundamenta a prática do professor que ensina Matemática nos anos iniciais, foi preciso saber em que estava fundamentada sua prática, se em alguma teoria, e, se possível, incluirmos a História da Matemática como uma fundamentação teórico- metodológica que contribua para a formação da prática de professores formados em Pedagogia.

Quando nos referimos à História da Matemática usada como recurso mediador didático e conceitual no ensino da Matemática escolar, pensamos na possibilidade de contribuir também para a formação continuada desses professores que ensinam a Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Esperávamos possibilitar a esses professores formados em Licenciatura Plena em Pedagogia com habilitação para o magistério formarem um quadro de referência na sua orientação didática e conceitual do desempenho do processo de ensinar e aprender a Matemática.

Nessa perspectiva, com a construção do conhecimento Histórico da Matemática, o professor poderá escolher as melhores técnicas ou fatos históricos na aplicação em suas aulas. Logo, com essa intenção, foram construídos materiais didáticos para os professores dos anos iniciais na intenção de aplicá-los às aulas de Matemática, como um recurso mediador didático e conceitual, o qual foi enfatizado nesse estudo.

A História da Matemática mostrou caminhos que possibilitam resgatar e conhecer melhor a História dos conteúdos, na criação e manipulação de instrumentos usados pelos antigos para solucionar situações/problemas do cotidiano, de acordo com as necessidades da

época; comprovamos que é possível usá-los atualmente, podendo, assim, repensar melhor nas práticas pedagógicas do ensino e dar novo direcionamento a suas futuras concepções matemáticas.

Entendemos que a História da Matemática contém a potencialidade de criar e recriar possibilidades, para que novas formas de rever e entender a disciplina sejam buscadas, tornando-a mais contextualizada e integrada com as outras. A História propicia mostrar que a Matemática tem um processo histórico, na construção humana, gerada pelas necessidades práticas construídas para atender a certas demandas da sociedade contemporânea.

Portanto, no nosso entendimento, os ateliês de História e Pedagogia da Matemática para os anos iniciais forneceram elementos fundamentais para a compreensão de como se desenvolveu e se desenvolve a Matemática no decorrer da História, oferecendo excelentes alternativas didáticas para aprendê-la e ensiná-la de forma mais significativa, dinâmica, esclarecedora e acolhedora no desenvolvimento do processo de ensinar e aprender.

Com isso, o projeto que desenvolvemos parcialmente, na construção desta tese, pode vir a tornar-se um caminho viável, que poderemos ampliar e seguir, na tentativa de mostrar a Matemática como uma criação humana, que envolve as necessidades e preocupações de diferentes culturas. Ao estabelecer comparações entre a formação dos conceitos e dos processos matemáticos do passado e do presente, tem a possibilidade de desenvolver atitudes e valores mais favoráveis acerca do conhecimento matemático. E, além disso, os conceitos abordados através da sua história constituem fontes imensuráveis de informação cultural, sociológica, psicológica e antropológica, servindo de instrumento de resgate da própria identidade cultural dos indivíduos na sociedade.

É necessária a presença da História da Matemática na sala de aula em diferentes contextos; a Matemática deve ser demonstrada de forma lúdica com situações/problemas nos quais se evidenciem enigmas que despertem o interesse e agucem a curiosidade dos professores e dos educandos, e que sirvam como fonte de pesquisa e conhecimento, no desenvolvimento de conteúdos matemáticos ou atividades didáticas complementares de leitura e interpretação matemática em equipe ou individual.

Com base nas experiências realizadas nas sessões dos ateliês que desenvolvemos durante o segundo semestre de 2011, podemos assegurar que a Matemática faz parte do nosso cotidiano, porque é histórica, cultural, social, psicológica e antropológica. Enfim, a História da Matemática nos mostrou como a Matemática escolar é construída nas vivências de todos os povos ao longo da história. Ficou evidente que é possível utilizar essa Matemática produzida

por esses povos de outras épocas para produzir ou aprimorar a Matemática dos tempos atuais, na sociedade contemporânea, e, com isso, ampliar o conhecimento já existente.

O ser humano é um observador ativo, porque ele modifica o conhecimento experimentado conforme suas reais necessidades. E para que isso ocorra existe um componente importante, o fato histórico, pois os fatos históricos fazem com que as transformações aconteçam. Neste sentido, afirmamos que toda história construída em épocas passadas tornar-se-á uma história de conhecimento atual, e a veracidade desse conhecimento histórico vai depender da necessidade de quem a gerou. Ou seja, a história escrita é seletiva e depende do modo como os fatos históricos são selecionados, controlados e construídos.

Com base nos conhecimentos históricos, pode-se chegar à conclusão que o ser humano manipula a história e conta o que lhe interessa. Portanto, a historia é construída a partir de conhecimentos e ações já ocorridos, mas que se podem transformar no que é utilizado atualmente.

Lamenta-se que ainda são poucos os livros didáticos que trazem no seu bojo a História da Matemática como um mediador, no processo de ensinar a Matemática nos anos iniciais. Talvez seja esse um dos motivos pelos quais muitas crianças, ao iniciar o processo de aprendizagem nos primeiros anos, não têm gosto pela Matemática; mas se o professor se preocupar em mostrar a Matemática de forma lúdica, dinâmica, inclusiva e significativa poderá transformar suas aulas em momentos de felicidades, de prazer e um ambiente de criatividade reflexiva.

Por isso, é de extrema importância a utilização da História como recurso mediador didático e conceitual no desenvolvimento da formação de professores visando contribuir para a melhoria da aprendizagem e do ensino da Matemática escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental nas escolas públicas municipais de Teresina.

Entretanto, para que isso ocorra, faz-se necessário primeiramente capacitar os professores para que conheçam as importantes contribuições da História da Matemática, no intuito de transformar suas estratégias metodológicas. Só assim ficará bem mais prático no trabalho com os educandos. É preciso que haja uma adequação dessa História para o ensino da Matemática escolar para os anos iniciais do Ensino Fundamental tornando assim uma alternativa positiva. E que a História da Matemática seja incluída nos currículos como obrigatória para licenciandos do Curso de Pedagogia, pois muitos não conheceram e não aprenderam nos anos escolares a importância da contribuição da História da Matemática no desenvolvimento de prática pedagógica.

O aprofundamento da história dos conteúdos se considera um dos passos positivos para que professores e educandos tomem gosto pela Matemática, procurando a melhor forma de ensinar através do lúdico, em que a criança aprende brincando, não se esquecendo de deixar claro para elas que brincar não significa só diversão, mas o desenvolvimento do pensamento lógico, afetivo e psicomotor.

A história capacita às crianças da Educação Infantil e os educandos dos demais níveis do Ensino Fundamental a construir seu pensamento lógico e senso criativo, para que possam questionar e formar suas opiniões sobre determinado assunto. Ou seja, que a história subsidie a construção de seus pensamentos críticos e criativos. Entretanto, para que dê resultado positivo é preciso estabelecer uma aproximação sociocultural da Matemática, através do dialogo entre os aspectos do cotidiano escolar e científico dentro da sala de aula, para que gere debates e argumentos, estimulando o interesse entre os educandos a participar do processo de ensino e aprendizagem.

Com base no que foi mencionado anteriormente, podemos ver a história como um caminho viável para intervir na melhoria do ensino e aprendizagem da Matemática escolar. Sempre procurando relacioná-la ao cotidiano do educando e ao lúdico, facilitando assim o processo do ensinar. Nessa perspectiva, é preciso que os professores formadores transformem suas dimensões de competência para direcionar e ampliar sua visão a essa temática, buscando alternativas que orientem os professores que atuam desde nos anos iniciais do Ensino Fundamental ao Ensino Superior, fazendo adaptações nos livros didáticos utilizados em sala de aula no ensino da Matemática escolar.

Nossa experiência com os ateliês de História e Pedagogia da Matemática foram fundamentais para que pudéssemos posteriormente desenvolver uma proposta ampliada dos ateliês formativos, no sentido de contribuir para a formação continuada dos egressos do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Piauí, bem como para os professores das escolas públicas municipais de Teresina, conforme vislumbramos ao longo da construção desta tese.

É importante deixar claro que, se o professor tivesse e usasse a História na sua formação inicial de como se utilizar a História no ensino da Matemática, verificaria bem mais a compreensão dos conteúdos matemáticos, por parte dele (professor) e pelos educandos. Por esse motivo a proposta aqui lançada e experimentada, mesmo que parcialmente, pode viabilizar uma formação continuada de pedagogos, centrada no uso da História da Matemática como um recurso mediador didático e conceitual.

A História é mediadora porque vai intervir no desenvolvimento do conhecimento dos conteúdos matemáticos que serão ensinados pelo professor; daí a importância do mediador

didático e conceitual no desenrolas do processo de ensino da Matemática; ou seja, a forma do saber fazer em sala de aula dos anos iniciais do Ensino fundamental. Portanto, com a finalidade de contextualizar o ensino da Matemática, pretendemos dar continuidade aos Ateliês de História e Pedagogia da Matemática como recurso mediador didático e conceitual na contribuição na formação de professores que ensinam Matemática nos anos iniciais em outras escolas municipais de Teresina.

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