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Com receio de sentar-se no chão, Marta sentia-se insegura na realização de tal atitude e ficava observando de longe. Acostumadas a este momento as crianças a convidavam para ficar mais próxima, aceitando o convite se animava ao perceber a participação de todos, nessa hora os alunos partilhavam o que foi vivenciado no final de semana. Nos primeiros dias ficava apenas a observar, mas no quarto dia, participou pela primeira vez, contando o que havia acontecido no dia anterior “sua ida ao dentista”, fato que estava sendo exposto através da historia contada pela professora “Quem tem medo de que” da autora Ruth Rocha, o livro busca discutir os vários medos das crianças como de injeções, de cachorro, algo que está omitido e muitas vezes causa vergonha, sabemos que o medo quando compartilhado é superado. Assim sendo, percebemos seu raciocínio lógico levando a fantasia para seu cotidiano. Assim continuou a sempre participar desse momento com entusiasmo.

E tantas outras atividades como: Desenho livre; Brincadeira de encaixe e empilhamento de objetos; Brincadeiras no parque; Atividades artísticas; foram observadas, registradas, e serão analisadas profundamente posteriormente.

Assim como O desenvolvimento biopsicossocial observamos os aspectos sócio afetivos, psicomotores e de vida e prática, Marta demonstrava desenvoltura e entusiasmo relacionando-se com os colegas e com as professoras de forma significativa, criando laços afetivos. Tinha grande interesse em desenvolver atividades que envolviam atitudes de cooperação e ajuda em relação aos colegas do seu grupo.

Marta demonstrava crescimento no que diz respeito à realização de hábitos de higiene pessoal, ao ter atitudes de lavar as mãos antes das refeições, assim como a importância de escovar os dentes, apresentava também considerável autonomia em relação aos hábitos alimentares como uma alimentação saudável composta por frutas e cereais, e mantendo a mesinha limpa e arrumada na hora do lanche.

Também apresentava independência no controle de suas necessidades fisiológicas, já sendo capaz de usar o banheiro “sozinha”. Demonstrava certo domínio sobre o seu corpo, adquirindo inclusive a consciência de que ao entrar em um espaço pequeno se faz necessário baixar a cabeça para não se machucar. Como nas brincadeiras nas casinhas de madeira, que são espaços pequenos, necessitando baixar a cabeça para ter acesso ao seu interior.

É importante ressaltar que, no cotidiano escolar de Marta, elementos simples como música, ritmos, movimentos, cores e texturas, entre outros, foram ferramentas valiosas na estimulação de seu desenvolvimento. A arte estimula regiões do cérebro que outras técnicas não conseguem alcançar, de tal forma que consegue elevar a auto-estima das crianças com deficiência, favorecendo sua integração com a

sociedade. Portanto, a escola que tem como proposta uma educação inclusiva deve adotar esses instrumentos como meio indispensável no trabalho diário junto aos seus educandos.

Podemos observar boa desenvoltura no que diz respeito às habilidades motoras, já que Marta realizava com êxito atividades como: pintura, desenho, recorte com os dedos e com tesoura, sendo ainda capaz de amassar, dobrar, manusear a massa de modelar, entre outros. Quanto às atividades que envolvem os grandes músculos, por exemplo, correr, pular, dançar, observamos que Marta também as realizava com grande habilidade, necessitando de incentivos apenas para subir em escadas e em lugares altos.

Podemos ver que a aluna observada teve um acompanhamento constante de sua família e o auxílio das professoras que a estimulavam de forma constante, tratando de igual maneira as outras crianças e estimulando-a sempre que necessário. Marta, como foi relatado acima, apresenta aspectos socioafetivos, psicomotores e de vida prática correspondente a sua faixa etária, pois, mesmo sendo uma criança com síndrome de Down, observamos que ela possui a mesma desenvoltura de uma criança dita normal.

Contatamos portanto, que a criança com síndrome de Down pode se desenvolver com êxito na escola regular de Educação Infantil. Sendo as interações com o meio e a integração com outras crianças extremamente importantes no processo de inclusão, assim como a participação da família no que diz respeito à decisão de colocar a filha em uma escola regular desde a Educação Infantil. Ao nosso ver, o fato de Marta ter sido matriculada na educação infantil aos três anos e meio foi decisivo para sua adaptação e desenvolvimento, assim como a atuação das professoras. Neste sentido, o que se pode constatar é que a inclusão de crianças com síndrome de Down é possível e necessária tanto para o desenvolvimento da criança especial como para as crianças normais.

Pelo exposto, fica evidente que mesmo possuindo alguma síndrome, limitação ou deficiência, a criança tem plenas condições e possibilidades de inclusão escolar e social, desde que lhe sejam oferecidos formas e estímulos para desenvolver suas habilidades.

A escola do Terceiro milênio deve estar baseada em princípios da inclusão. Neste sentido, professores, alunos, e demais componentes da equipe desta escola precisam estar preparados para não apenas conviver ou respeitar, mas intervir contribuindo para a inclusão da pessoa com deficiência.

CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho enfatizamos a importância da inclusão de crianças com síndrome de Down na educação infantil, descrevendo suas potencialidades, seu desenvolvimento, como também suas possibilidades de contribuir e interagir com a sociedade apesar da limitação que possuem. Isto por que, embora a inclusão de pessoas com deficiência, preferencialmente da rede regular de ensino se caracterize por prerrogativa legal, muitos precisariam ser os avanços para sua efetivação, tendo em vista que a grande maioria de nossas escolas e educadores se encontram despreparados para atuar frente a essa realidade.

Como resultado de nossa pesquisa, descobrimos que, uma vez criadas as devidas condições e estímulos por parte do ambiente, a criança com síndrome de Down tem plenas condições de desenvolver-se satisfatoriamente, sendo capaz de aprender e interagir com o meio, tanto quanto uma criança dita normal, fazendo-se necessário, é claro, que se respeitem seus limites e seu ritmo.

Porém, para alcançar tais objetivos algumas modificações se fazem urgentes na organização e no funcionamento dos sistemas escolares. O educador deve demonstrar credibilidade e comprometimento com a causa da inclusão, estimulando os educandos a direcionarem sua aprendizagem de modo

a aumentar sua autoconfiança, a participar plenamente da sociedade, utilizando seu poder pessoal no sentido de desafiar a sociedade para mudanças de atitude e sobretudo de mentalidade. Para tanto é preciso que haja convicção de que toda criança é capaz de aprender. Assim a escola deve transformar-se para atender a diversidade e não fundamentar-se na lógica da homogeneidade.

Estamos cientes de que o processo de inclusão não é algo fácil e sim gerador de conflitos, angústias, entretanto, trata-se de um projeto que implica na prática da justiça e da dignidade social, fato para o qual nosso sistema educacional não pode deixar de apontar, tendo em vista que, por si só, o educador não garante a inclusão da criança com deficiência.

Incluir não se trata apenas de permitir que crianças com deficiência estejam entre paredes comuns, transitem pelos mesmos corredores, pátio, refeitório e demais dependências. É essencialmente tornar essa criança um cidadão consciente de seus direitos e deveres. Sendo capaz de conviver de cabeça erguida numa sociedade ainda marcada por um grande índice de preconceito.

Sendo assim, devemos ter claro que somente quando esgotadas as possibilidades de ensino da escola da rede regular, necessitaremos serviços especializados que venham favorecer este processo. Não queremos com isso considerar escolas especializadas como um mal a ser evitado, pois, para significativa parcela da população com deficiência, esta escola tem se constituído como único espaço que acolhe e aceita estas pessoas, sem levar em conta os padrões de normalidade impostos pela sociedade.

Para que a escola possa atender qualitativamente a todos os educandos independente do grau de sua deficiência é necessário redefinir e colocar novas alternativas pedagógicas compatíveis com este grande desafio. Para isto, é necessária

uma nova escola, corajosa, criativa e questionadora, capaz de traçar novos paradigmas com relação à inclusão ou até mesmo colocar em prática os que já existem.

Algumas escolas correm o risco de permanecer no conformismo da lei, recebendo alunos com deficiência sem, no entanto, buscar meios eficazes para de fato incluí-los no sistema educacional. Aqui nos vemos diante de uma missão complexa a qual dependerá essencialmente da visão de homem e de sociedade assumida por cada educador.

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Como educadora especial e professora